O que foi e como terminou a Primavera Árabe?:sugar rush unibet
- Rogério Simões
- De Londres, especial para a BBC News Brasil
sugar rush unibet Tudo começou com um vendedorsugar rush unibetfrutas no interior da Tunísia. Mohamed Bouazizi,sugar rush unibet26 anos, era um ambulante na pequena cidadesugar rush unibetSidi Bouzid, onde era constantemente intimidado por policiais — faltasugar rush unibetlicença, problemas com seus produtos, pedidossugar rush unibetpropina.
No dia 17sugar rush unibetdezembrosugar rush unibet2010,sugar rush unibetnovo episódiosugar rush unibetintimidação, policiais confiscaram seu carrinhosugar rush unibetfrutas por ele não ter licença para vender no local onde supostamente era necessária.
Bouazizi foi à sede do governo local reclamar e tentar recuperar seus pertences, mas não foi recebido. Sem conseguir mais trabalhar e afetado há anos pelo desemprego, a situação o levou ao desespero. Bouazizi adquiriu um galãosugar rush unibetcombustível, jogou o líquido sobre o corpo e, diante do prédio do governo, ateou fogo a si mesmo.
Com a ajuda da internet e das mídias sociais, a notíciasugar rush unibetseu gesto espalhou-se como o fogosugar rush unibetseu corpo — e rapidamente transformou-sesugar rush unibetprotestos contra o desemprego e a corrupção na Tunísia.
O país árabe, no norte da África, era governado pelo presidente Zine al-Abidine Ben Ali havia 23 anos, tendo sido reeleito pela última vezsugar rush unibet2009.
Apesarsugar rush unibetnão permitidos pelo governo, os protestossugar rush unibetrua multiplicaram-se, incluindo choques com a polícia, pressionando Ben Ali e chamando a atenção da comunidade internacional.
O presidente chegou a visitar Mohamed Bouazizi no hospital, mas o vendedorsugar rush unibetfrutas morreusugar rush unibet4sugar rush unibetjaneiro. Enquanto a tensão no país aumentava, Ben Ali tentava manter a ordem, dizendo que os protestos eram "inaceitáveis" e organizados por "uma minoriasugar rush unibetextremistas".
A velocidade dos acontecimentos surpreendeu a todos. Em meadossugar rush unibetjaneirosugar rush unibet2011, o governo negava a informaçãosugar rush unibetque pelo menos 50 pessoas haviam sido mortas, dizendo que haviam sido 21.
No dia 13, Ben Ali disse que não mais disputaria a reeleição no pleito previsto para 2014, promessa que não diminuiu a ira dos cidadãos nas ruas.
Vinte e quatro horas depois — e menossugar rush unibetum mês desde a imolação pública do ambulante Mohamed Bouazizi , o antes todo-poderoso presidente da Tunísia abandonou o paíssugar rush unibetdireção à Arábia Saudita, para nunca mais voltar. Ele morreu no exíliosugar rush unibet2019.
Ben Ali deixou como herança não apenas um paíssugar rush unibetcrise, com um governo interino e sob estadosugar rush unibetemergência, mas também a ideiasugar rush unibetque era possível derrubar um ditador árabe com protestos pacíficos.
Estava lançada, na entrada do inverno, a sériesugar rush unibetprotestos e revoluções contra regimes autoritários no Oriente Médio, conhecida como Primavera Árabe.
Quedasugar rush unibetMubarak
A maior parte das nações árabes, inclusive as que desfrutavam da riqueza fácil do petróleo, sofria dos mesmo males que levaram à quedasugar rush unibetBen Ali.
A crise financeira globalsugar rush unibet2008 agravara a situação econômica na região, e as taxassugar rush unibetdesemprego eram altas, especialmente entre a população jovem.
Como a Tunísia, outros países também eram governados por autocratas, que historicamente reprimiam dissidências e protestos com extrema violência.
Empobrecidos e com pouca esperança no futuro, cidadãos da região viram na crise tunisiana um exemplo a ser seguido.
O novo Iraque, mesmo após uma ocupação devastadora, também sugeria ser possível adotar um regime mais democrático, baseadosugar rush unibetconsultas populares.
O país aonde essas mensagens chegaram mais rapidamente foi o Egito, a maior nação árabe, com cercasugar rush unibet90 milhõessugar rush unibethabitantes.
O Egito era então governado pelo presidente Hosni Mubarak, no cargo desde outubrosugar rush unibet1981. O antecessorsugar rush unibetMubarak e ganhador do prêmio Nobel da Paz, Anwar El Sadat,sugar rush unibetquem ele era vice, foi assassinado a tiros num impressionante ataquesugar rush unibetmilitantes islâmicos durante um desfile militar no Cairo — outras dez pessoas foram mortas, e o próprio Mubarak foi ferido.
Os responsáveis pelo ataque eram oficias das Forças Armadas egípcias descontentes com o fatosugar rush unibetSadat ter sido o primeiro líder árabe a firmar (em 1979) um acordosugar rush unibetpaz com Israel.
Diante do perigo do avanço da militância radical islamista, governos autoritários simpáticos ao Ocidente eram tolerados como um mal menor no começo deste século.O que foi e como terminou a Primavera Árabe?
A Primavera Árabe, no entanto, parecia mudar essa realidade. Em janeirosugar rush unibet2011, enquanto Ben Ali renunciava ao poder na Tunísia, ativistas por democracia no Egito começaram a convocar protestos por reformas no país - como na Tunísia, aproveitando o potencial da comunicação via internet e redes sociais.
Ruas e praças, especialmente na capital, Cairo, foram rapidamente tomadas pela população pedindo melhoras econômicas e reformas políticas. A praça Tahrir (em português, "Libertação"), no Cairo, tornou-se o centro do movimento por democracia.
Centenassugar rush unibetpessoas foram mortassugar rush unibetconfrontos envolvendo manifestantes, forçassugar rush unibetsegurança e simpatizantes do regime. Cercada por tanques do Exército, a praça Tahrir tornou-se uma pequena cidade-protesto, com acampamento, comércio, coletasugar rush unibetlixo e um mural homenageando os mortos.
Apesar da violência mais acentuada, o roteiro final acabou sendo quase uma cópia daquele vivido pela Tunísia: o governo Mubarak inicialmente reagiu com violência, mas menossugar rush unibetum mês depois, perdeu o controle da situação.
Em 12sugar rush unibetfevereiro, após 29 anos com plenos poderes sobre o Egito, Hosni Mubarak renunciou ao cargo.
As condições econômicas propícias para um levante popular no Egito já eram conhecidas da comunidade internacional, particularmente o FMI (Fundo Monetário Internacional) - que desde os anos 1990 impunha reformas liberalizantes ao país.
Em 1ºsugar rush unibetfevereiro, o The Wall Street Journal citava o então diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Khan, que dissera que os altos níveissugar rush unibetdesemprego entre jovens no Egito eram "uma bomba-relógio".
"Claramente, essa situação poderia ter sido esperada não apenas no Egito, quando você vê o problema criado pelo alto nívelsugar rush unibetdesemprego."
A reportagem lembrava que os níveissugar rush unibetdesemprego entre jovens era na épocasugar rush unibet25% no Egito, 30% na Tunísia e 21% no Líbano - e que programassugar rush unibetcriaçãosugar rush unibetempregos eram necessários tambémsugar rush unibetpaíses como Jordânia, Marrocos e Síria.
Monarquias sob pressão
Alguns autocratas do Mundo Árabe perceberam que a repressão violenta a protestos poderia fazer com que tivessem o mesmo destinosugar rush unibetBen Ali e Mubarak.
No dia 20sugar rush unibetfevereirosugar rush unibet2011, a entidadesugar rush unibetdefesasugar rush unibetdireitos humanos Human Rights Watch noticiou que uma jornadasugar rush unibetprotestossugar rush unibetvárias cidades do Marrocos havia ocorridosugar rush unibetforma pacífica.
Segundo a organização, as forçassugar rush unibetsegurança marroquinas haviam "às vezes" utilizadosugar rush unibetviolência contra manifestantessugar rush unibetdias anteriores, mas aparentemente o regime do rei Mohammed VI mudarasugar rush unibetestratégia.
"Hoje as forçassugar rush unibetsegurança permitiram que os cidadãos do Marrocos marchassem pacificamente para exigir mudanças profundas na forma como seu país é governado", disse a Human Rights Watch.
Cercasugar rush unibetduas semanas depois,sugar rush unibet9sugar rush unibetmarço, o rei Mohammed VI anunciousugar rush unibetcomunicado na televisão um planosugar rush unibetreforma constitucional. A proposta, afirmou o monarca, daria mais poderes ao primeiro-ministro e ao Parlamento, mais autonomia a regiões do país, garantiria igualdadesugar rush unibetdireitos às mulheres e resultariasugar rush unibetmais liberdadesugar rush unibetexpressão aos cidadãos.
Apesarsugar rush unibetcriticada por integrantes do movimento que liderou os protestossugar rush unibetfevereiro, a reforma marroquina foi aprovada quatro meses depois,sugar rush unibetjulho,sugar rush unibetum plebiscito nacional. Segundo números do governo, a participação foisugar rush unibet73% dos eleitores, com as mudanças aprovadas por 98,5%.
Com a nova Constituição, o rei passaria a escolher o primeiro-ministro entre os representantes do partido com a maior bancada no Parlamento. As eleições parlamentares foram antecipadas para o fimsugar rush unibet2011, e um novo Executivo, liderado pelo premiê Abdelilah Benkirane, assumiusugar rush unibetnovembro daquele ano.
Na Primavera Árabe, havia diferenças no comportamentosugar rush unibetmanifestantes e na reação das autoridadessugar rush unibetacordo com o grausugar rush unibetliberdades democráticassugar rush unibetcada país.
Além disso,sugar rush unibetmonarquias cujos reis desfrutavamsugar rush unibetsignificativa credibilidade, a insatisfação das ruas era mais direcionada contra os políticos que chefiavam o Executivo. Foi o que aconteceu, além do Marrocos, na Jordânia.
Inspirados pelos tunisianos, jásugar rush unibetjaneirosugar rush unibet2011, os jordanianos foram às ruassugar rush unibetprotesto contra o desemprego, a pobreza e a corrupção. Pediram a renúncia do primeiro-ministro Samir al-Rifai, que ocorreu poucos dias depois.
Em 1ºsugar rush unibetfevereiro, o rei Abdullah colocou no cargo Marouf Bakhit e pediu que ele iniciasse imediatamente um processosugar rush unibetreforma política.
Bakhit não foi capazsugar rush unibetestabilizar a situação, e um mês depois manifestantes já pediamsugar rush unibetrenúncia. Em novembro, o rei Abdullah decidiu substituí-lo por Awn Khasawneh, que também não duraria muito tempo no cargo - apenas seis meses.
Apesar das constantes crises políticas, acompanhadassugar rush unibetprotestos relativamente pacíficos, o regime monárquico da Jordânia evitou uma revolta maior. O rei Abdullah ofereceu concessões, implantou algumas reformas internas e sobreviveu à fase mais difícil da Primavera Árabe.
Kuwait e Arábia Saudita
Outros regimes monárquicos, como na Arábia Saudita e no Kuwait, enfrentaram protestossugar rush unibetruasugar rush unibetmenores consequências.
No Kuwait, manifestações começaramsugar rush unibetfevereiro e reuniram principalmente árabes que viviam ou mesmo nasceram no país, mas não eram considerados cidadãos kuwaitianos.
Em seguida, outros passaram a exigir melhoras no país, especialmente no combate à corrupção. Em novembrosugar rush unibet2011, manifestantes invadiram o Parlamento do Kuwait - ação que levou à condenação à prisãosugar rush unibetvárias pessoas, sete anos mais tarde, incluindo três parlamentares.
Já o regime saudita, diantesugar rush unibetmanifestações por reformas políticas, concentrou-se no aspecto financeiro.
Entre fevereiro e marçosugar rush unibet2011, foram anunciados dois pacotes totalizando cercasugar rush unibetUS$ 130 bilhões para desempregados e como ajuda para quem tentava adquirir seu primeiro imóvel, além da criaçãosugar rush unibetmilharessugar rush unibetempregos.
O governo, entretanto, continuava reprimindo manifestaçõessugar rush unibetrua, a maioria no leste do país,sugar rush unibetáreassugar rush unibetpopulação xiita.
O regime saudita, no entanto, não se preocupava apenas comsugar rush unibetprópria estabilidade. O minúsculo Bahrein - um arquipélago ricosugar rush unibetpetróleo na costa da Arábia Saudita - enfrentou uma real ameaça revolucionária.
A partirsugar rush unibet14sugar rush unibetfevereirosugar rush unibet2011, uma sériesugar rush unibetprotestos abalou o pequeno país,sugar rush unibetmaioria xiita (cercasugar rush unibet60%), mas governado, como os outros reinos do Golfo, por uma família sunita.
As manifestações, compostas emsugar rush unibetmaioria por xiitas e reprimidas com violência pelo governo, concentravam-se na chamada Rotatória Pérola, na capital, Manama.
A área da rotatória acabou ocupada por milharessugar rush unibetpessoas, que instalaram um acampamento, reproduzindo a estrutura montada por egípcios na praça Tahir.
Em março, porém, o rei do Bahrein, Hamad bin Isa Al Khalifa, autorizou uma intervenção militar liderada pela Arábia Saudita, com apoio dos Emirados Árabes, para encerrar a nascente revolução.
Cercasugar rush unibet2 mil soldados e policiais não apenas expulsaram os manifestantes, numa ação que deixou dezenassugar rush unibetmortos, mas também destruíram a Rotatória Pérola, pondo a baixo o monumento que dava nome ao local.
Intervenção e caos na Líbia
Para outros países, a Primavera Árabe teve consequências ainda mais significativas - e graves. A Líbia, governada desde 1969 com mão-de-ferro pelo coronel Muammar Khadafi, possui as maiores reservassugar rush unibetpetróleo e gás da África.
O país já era caracterizado por diferenças históricas entre o leste, onde estão as principais reservassugar rush unibetpetróleo, esugar rush unibetparte oeste, onde fica a capital, Trípoli.
Em fevereirosugar rush unibet2011, o impacto das revoluções na Tunísia e no Egito levou a protestossugar rush unibetrua, iniciadossugar rush unibetBenghazi, segunda maior cidade do país, localizada no leste. A resposta do regimesugar rush unibetKhadafi veio na formasugar rush unibetuma repressão violenta.
Os protestos espalharam-se para outras cidades, e Benghazi tornou-se o centrosugar rush unibetum movimento contra o regimesugar rush unibetKhadafi.
O governo enviou tropas para a cidade, prometendo destruir a revolução que se formava no leste da Líbia. Pouco antessugar rush unibetuma invasão, porém, o Conselhosugar rush unibetSegurança da ONU (Organização das Nações Unidas) aprovou uma zonasugar rush unibetexclusão aérea no país, impedindo o regimesugar rush unibetKhadafisugar rush unibetusar aviões para bombardear Benghazi.
A resolução do Conselho da ONU foi além: aprovou também o bombardeiosugar rush unibettanques líbios que se dirigissem à cidade rebelde. As medidas seriam implementadas pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte, a aliança militar ocidental).
Aviões da França, do Reino Unido e do Canadá, alémsugar rush unibetnavios que incluíam forças americanas, passaram a bombardear posições do regime líbio.
O quadro então tornou-se osugar rush unibetuma guerra civil entre o regimesugar rush unibetKhadafi, baseado do lado oeste do país, e os rebeldes, na parte leste.
Apesar da intenção manifestada inicialmente pela resolução do Conselhosugar rush unibetSegurança da ONUsugar rush unibetproteger a população civil, os bombardeios das potências ocidentais favoreceram os rebeldes e criaram as condições para que passassemsugar rush unibetuma posiçãosugar rush unibetdefesa para uma ação ofensiva.
Em 23sugar rush unibetagostosugar rush unibet2011, soldados rebeldes tomaram o palácio presidencialsugar rush unibetMuammar Khadafi, controlandosugar rush unibetseguida a capital. Khadafi conseguira fugir.
Forças rebeldes concentraram-se então na tomada da cidade natal do agora ex-ditador, Sirte, onde havia uma concentraçãosugar rush unibetcombatentes leais ao regime. Khadafi estava na cidade.
Em outubrosugar rush unibet2011, ele e um gruposugar rush unibetsoldados tentaram escapar, mas foram logo capturados por rebeldes, ajudados por um ataque aéreo francês contra seus veículos.
Detido, Khadafi foi espancado esugar rush unibetseguida morto a tiros. Imagens do ex-ditador ainda vivo, cobertosugar rush unibetsangue e pedindo clemência, esugar rush unibetseu corpo já sem vida foram divulgadas na internet.
Era o fim da versão líbia da Primavera Árabe, mas o começo da guerra pelo poder no país.
A composiçãosugar rush unibetuma nova ordem na Líbia mostrou-se muito mais difícil do que imaginavam as potências ocidentais que apoiaram a quedasugar rush unibetKhadafi. Diferentes facções passaram a disputar o domínio do país, enquanto o crescente caos permitiu o avançosugar rush unibetradicais islâmicos.
Em 2012, no dia 11sugar rush unibetsetembro - mesma data dos ataques ao World Trade Center,sugar rush unibetNova York,sugar rush unibet2001 - a embaixada dos Estados Unidossugar rush unibetBenghazi foi atacada.
Quatro pessoas, incluindo o embaixador americano, foram mortas. O episódio, que Washington inicialmente descreveu como decorrentesugar rush unibetum protesto espontâneo, expôs o grausugar rush unibetinstabilidade na Líbia.
O grupo Ansar al-Sharia, formadosugar rush unibet2012 com o objetivosugar rush unibetimplementar a lei islâmica na Líbia e baseadosugar rush unibetBenghazi, foi acusadosugar rush unibetter organizado o ataque.
Ficou claro que extremistas não apenas operavam com liberdade na nova realidade líbia, como o país se tornara mais um camposugar rush unibetbatalha no constante combate contra grupos que o Ocidente considera terroristas.
A disputa pelo poder e pelos campossugar rush unibetpetróleo na Líbia pós-Khadafi, além da presençasugar rush unibetjihadistas, lançou o país num estadosugar rush unibetguerra civil que se seguiu por anos.
Uma tentativasugar rush unibetestabilização levou à constituiçãosugar rush unibetum governosugar rush unibetTrípoli apoiado pelas Nações Unidas, enquanto o leste do país foi inicialmente tomado por islamistas e posteriormente por um grupo secular liderado pelo general Khalifa Haftar.
Na segunda metadesugar rush unibet2020, após anossugar rush unibetguerra civil, a Líbia continuava dividida, com a maior parte do território controlada por Haftar.
Devido à influênciasugar rush unibetgrupos islamistas na composição do governosugar rush unibetTrípoli, nações como Rússia, Egito e França apoiavam o general dissidente. Já países como Turquia e Itália seguiam apoiando o regime baseado na capital.
Em outubrosugar rush unibet2020, os dois lados assinaram um acordosugar rush unibetpermanente cessar-fogosugar rush unibetGenebra (Suíça) e deram esperanças para uma futura reunificação do país.
Revolução e guerra na Síria
Em 22sugar rush unibetnovembrosugar rush unibet2011, a agência Reuters reproduzia as palavras do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan: "Olhe para o assassinado líder da Líbia, que virou suas armas para seu povo e apenas 32 dias atrás usou as mesmas palavras que você".
A mensagem era endereçada ao presidente da Síria, Bashar al-Assad, que dissera que lutaria até a morte para continuar no poder.
Assad parecia estar numa posição semelhante àsugar rush unibetMuammar Khadafi, enfrentando uma revoluçãosugar rush unibetseu país, nascidasugar rush unibetprotestos no início daquele ano.
Os efeitos da Primavera Árabe na Síria foram dos mais danosos parasugar rush unibetpopulação e a estabilidade regional.
O regimesugar rush unibetAssad - que herdara a posiçãosugar rush unibetseu pai, Hafez al-Assad, que chegou ao poder com um golpesugar rush unibetEstadosugar rush unibet1970 - era conhecido como um dos mais repressivos da região.
Prisões, torturas e assassinatos eram usados com frequência para calar qualquer possível dissidência política.
Representante da minoria alauíta, um segmento do lado xiita do Islã, Assad era também um dos principais aliados do Irã no Oriente Médio.
Em marçosugar rush unibet2011, foram registradas as primeiras manifestações contra o governo, incluindo uma pequena reuniãosugar rush unibetdezenassugar rush unibetpessoas na capital, Damasco.
Na cidadesugar rush unibetDeraa, no sul do país, a repressão armada causou as primeiras mortes - alguns jovens morreram durante protesto contra a prisão e torturasugar rush unibetadolescentes que haviam pichado dizeres contra o governo.
A partirsugar rush unibetDeraa, os protestos cresceramsugar rush unibetoutras cidades importantes, como Homs e Hama, na região central, e Banias, na costa oeste. Para cada uma delas, o regime adotou tática semelhante, com o enviosugar rush unibettanques que sitiavam e bombardeavam a área - serviços básicos como água, eletricidade e telefone eram cortados.
As autoridades diziam sempre que seus alvos eram "terroristas". Os manifestantes, porsugar rush unibetvez, cresciamsugar rush unibetnúmero e determinação. O que começara com pedidossugar rush unibetmais direitos e liberdade rapidamente tornou-se um esforço para derrubar o regime.
Ao longosugar rush unibet2011, a repressãosugar rush unibetAssad ficou cada vez mais violenta, com o usosugar rush unibetarmamento pesado contra as concentraçõessugar rush unibetmanifestantes.
Em Aleppo, segunda maior cidade do país, localizada no norte, estudantes da universidade local passaram a se manifestar e exigir o fim do cercosugar rush unibetoutras cidades, num exemplo do envolvimento dos jovens na crescente revolta popular.
Como relatou anos depois a União dos Estudantes Livres da Síria (UFSS), criada durante os protestos:
"Estudantessugar rush unibetdiferentes universidades por todo o país uniram forças para registrar as violações do regimesugar rush unibetAssad contra eles e contra a populaçãosugar rush unibetHoms e Banias, que foram alvos nos estágios iniciais da revolução".
O governo, porém, seguiu com suas ações repressivas, cada vez mais violentas, apesar da crescente pressão internacional para que interrompesse a repressão.
Com o tempo, os confrontos mudaram a natureza do que ocorria na Síria. Em junho, centenassugar rush unibethomens atacaram forçassugar rush unibetsegurança na cidadesugar rush unibetJisr al-Shughour, matando cercasugar rush unibet120 soldados e policiais.
Foi o primeiro sinal clarosugar rush unibetque a revolução pacífica já incluía confrontos armados.
No segundo semestresugar rush unibet2011,sugar rush unibetvezsugar rush unibetmanifestantes ou estudantes, Bashar al-Assad já enfrentava rebeldes organizados. A Primavera síria se transformava numa sangrenta guerra civil.
Em janeirosugar rush unibet2013, as Nações Unidas informaram que um levantamentosugar rush unibetseu Alto Comissariado para Direitos Humanos identificou "uma listasugar rush unibet59.648 indivíduos mortos na Síria entre 15sugar rush unibetmarçosugar rush unibet2011 e 30sugar rush unibetnovembrosugar rush unibet2012".
Era mais uma prova do tamanho da tragédia humana no país.
Cinco meses antes,sugar rush unibetagostosugar rush unibet2012, o então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmava que o possível usosugar rush unibetarmas químicas e biológicas na Síria poderia levar a uma intervenção americana.
"Temos sido muito claros, para o regimesugar rush unibetAssad, mas também para outros atores no terreno, que uma linha vermelha para nós é começarmos a ver armamentos químicos sendo transportados ou utilizados."
Um ano depois,sugar rush unibetagostosugar rush unibet2013, rebeldes denunciaram a ocorrênciasugar rush unibetum ataque químico, nos arredoressugar rush unibetDamasco, que deixaram maissugar rush unibetmil mortos.
O governo sírio negou o uso dos armamentos, dizendo que a acusação era fabricada, mas o incidente colocou forte pressão por uma intervenção dos Estados Unidos e do Reino Unido na guerra.
Dias depois, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, tentou aprovar no Parlamento uma autorização para o bombardeiosugar rush unibetposições do regime sírio no país.
Com os britânicos ainda sob os efeitos da trágica guerra no Iraque e diante do caos que tomara conta da Líbia, após os ataques aéreos contra as forçassugar rush unibetKhadafi, o Parlamento rejeitou a proposta.
Sem apoio do Reino Unido, Obama desistiusugar rush unibetuma intervenção americana direta. A decisão permitiu que o ditador sírio ganhasse terreno, com a participaçãosugar rush unibetcontingentes do grupo xiita libanês Hezbollah, a assistência do Irã e um crescente apoio da Rússia.
Oposição fragmentada
Nos primeiros anos do conflito na Síria, o FSA (Free Syrian Army, ou Exército Sírio Livre), formadosugar rush unibetagostosugar rush unibet2011 por desertores do Exército nacional, foi o principal grupo a combater o regimesugar rush unibetAssad.
Ao longosugar rush unibet2012 e 2013, porém, com o agravamento do conflito, centenassugar rush unibetoutros grupos rebeldes foram formados, alguns pequenos e locais, outros com conexões e estruturasugar rush unibetvárias partes da Síria.
Em dezembrosugar rush unibet2013, a BBC News publicou uma lista dos principais grupos atuando na guerra civil.
"Acredita-se que existam até 1 mil grupos armadossugar rush unibetoposição na Síria, comandando cercasugar rush unibet100 mil combatentes", dizia o texto.
Além do FSA, a BBC News listava duas grandes coalizõessugar rush unibetorganizações jihadistas sunitas espalhadas pelo país. A primeira, Frente Islâmica, era a maior delas, com cercasugar rush unibet45 mil combatentes.
A aglomeração reunia vários grupos que, apesarsugar rush unibetabertos à participaçãosugar rush unibetcombatentes estrangeiros, não estavam ligados à Al-Qaeda.
A segunda coalizão, a Frente Síriasugar rush unibetLibertação Islâmica, era menor, mas potencialmente mais influente nos rumos da guerra.
Entre suas organizações, estavam a Frente Al-Nusra, um braço da Al-Qaeda na Síria, e o Estado Islâmico no Iraque e no Levante, também conhecido como Isis, Isil ou Daesh.
Apesar da intenção inicial do Isissugar rush unibetse aliar à Al-Nusrasugar rush unibetum só movimento, a frente rejeitou a união e manteve-se fiel à Al-Qaeda.
Nascido da temida Al-Qaeda no Iraque, e inicialmente chamado apenas Estado Islâmico no Iraque, o Isis avançousugar rush unibetforma impressionante na Síria.
Comandado pelo iraquiano Abu Bakr al-Baghdadi, a organização logo se beneficiou do caos sírio.
Em janeirosugar rush unibet2014, pouco depois que suas forças tomaram Falluja, no Iraque, o Isis derrotou outros grupos rebeldes na disputa pela cidade síriasugar rush unibetRaqqa.
Em junho, Baghdadi declarou que o Estado Islâmico no Iraque e no Levante era agora um califado, e ele era o califa.
Em seu auge, entre 2015 e 2016, o chamado Estado Islâmico controlou cercasugar rush unibetum quarto do território sírio, especialmente o nordeste, onde implantou o terror das execuçõessugar rush unibetmassa esugar rush unibetvisão extremista do Islã.
Alvosugar rush unibetbombardeiossugar rush unibetaviões americanos e britânicos, a partirsugar rush unibet2014, e russos, desde 2015,sugar rush unibetmarçosugar rush unibet2016, o Isis foi expulso definitivamente da cidade históricasugar rush unibetPalmira, que tomara um ano antes. Grande parte das ruínas históricas foi destruída pela organização.
A guerra ao Isis foi um esforço conjunto, mesmo que não coordenado.
O regime sírio, o libanês Hezbollah, a Jordânia, outros grupos islamistas e as Forças Democráticas Sírias - aliança secular rebelde formadasugar rush unibet2015 - participaram,sugar rush unibetuma forma ousugar rush unibetoutra, do combate ao chamado Estado Islâmico na Síria.
Ganhou destaque a luta travada pelas Unidadessugar rush unibetProteção das Mulheres (YPJ), facção apenas feminina das Unidadessugar rush unibetProteção do Povo (YPG) - organização militar do Curdistão sírio, no norte do país.
Em outubrosugar rush unibet2017, o Isis perdeu o controlesugar rush unibetRaqqa,sugar rush unibetonde foi expulso pelas Forças Democráticas Sírias. Dois anos depois, o Isis foi eliminado da cidadesugar rush unibetBaghuz,sugar rush unibetúltima base na Síria. Era o fim do califadosugar rush unibetAbu Bakr al-Baghdadi.
Durante a luta contra o chamado Estado Islâmico, a preocupação da comunidade internacional com a derrubada do regimesugar rush unibetAssad diminuiu.
Com o passar dos anos, o ditador sírio fortaleceu-se e evitou a queda prevista pelo presidente turco, Recep Erdogan, graças à preciosa ajudasugar rush unibetseu grande aliado, a Rússia.
Os incansáveis bombardeios russos que contribuíram para derrotar o Isis também visavam localidades tomadas por outros grupos rebeldes - e a Rússia foi acusadasugar rush unibetdestruir vários hospitais e matar um grande númerosugar rush unibetcivis.
Assad aos poucos recuperou o controlesugar rush unibetcidades como Homs e Aleppo e afastou o riscosugar rush unibetser derrubado militarmente.
Segundo uma estimativa do Observatório Síriosugar rush unibetDireitos Humanos,sugar rush unibetmarçosugar rush unibet2011 a marçosugar rush unibet2020 a guerra civil na Síria deixou meio milhãosugar rush unibetmortos - cercasugar rush unibet384 mil mortes foram documentadas pela entidade.
O conflito também destruiu completamente as construções e a infraestruturasugar rush unibetmuitassugar rush unibetsuas cidades.
Em 2020, a Síria seguia dividida, com o leste controlado por rebeldes seculares liderados por curdos e apoiados pelos Estados Unidos, a parte oeste e central nas mãos do governo, alguns pontos ocupados por extremistas religiosos e outros tomados pela Turquia, acusadasugar rush unibetapoiar os jihadistas.
A cidadesugar rush unibetIdlib, último focosugar rush unibetresistência rebelde cercado pelas forças do governo, continuava sob bombardeio russo. O regimesugar rush unibetBashar al-Assad sobrevivia, mas o futuro do país era incerto.
Primavera dos retrocessos
Enquanto a Síria enfrentava quase uma décadasugar rush unibetguerra civil, outra guerra devastadora recebia menos atenção da comunidade internacional.
No Iêmen, a história começousugar rush unibetforma parecida àsugar rush unibetseus vizinhos. Manifestantes também saíram às ruas no iníciosugar rush unibet2011 com esperançasugar rush unibetobter mais democracia e melhores condições econômicas do regime do autoritário presidente Ali Abdullah Saleh.
Em abril, os protestos já reuniam dezenassugar rush unibetmilhares na capital, Sanaa, esugar rush unibetoutras cidades. Saleh resistiu durante meses, indicando várias vezes que renunciaria, decisão que foi confirmadasugar rush unibetnovembro.
No iníciosugar rush unibet2012, após 33 anos no poder, Saleh deixou o posto. Passou o comando do país a seu vice, Abdrabbuh Mansour Hadi, numa transição que não resistiu às pressões por maiores mudanças.
Após dois anossugar rush unibettensão e protestos, liderados pelo movimento xiita Houthi, a crise do Iêmen tornou-se guerra civilsugar rush unibet2014.
No ano seguinte, os rebeldes acabaram tomando o podersugar rush unibetSanaa, enquanto Hadi recebeu o apoio da Arábia Saudita, preocupada com o aumento da influência do Irã na Península Arábica por meio do movimento Houthi.
Forças sauditas, com apoio estratégicosugar rush unibetEstados Unidos, Reino Unido e França, realizaram uma campanhasugar rush unibetataques aéreos no país, que ficou fatiado, com os rebeldes na capital e o governo Hadi baseado na cidade portuáriasugar rush unibetAden, no sul.
A guerra atingiu um impasse, tendo provocado uma das maiores crises humanas do mundo e deixando ao menos 100 mil mortos.
A tragédia iemenita foi mais um capítulo triste da Primavera Árabe, que acumulou poucos casossugar rush unibetreconhecido sucesso.
O único país que derrubou seu ditador e conseguiu implementar um sistema democrático, num processo lento e repletosugar rush unibetdesafios, foi a Tunísia.
No Egito, a quedasugar rush unibetHosni Mubarak foi cercadasugar rush unibetmuita festa e entusiasmo da população, que apostava num futuro democrático para o país.
As primeiras eleições livres da história egípcia ocorreramsugar rush unibet2012, mas a vitória do partido Liberdade e Justiça, ligado ao movimento islamista Irmandade Muçulmana, levou a um retrocesso.
O líder do partido, Mohamed Morsi, assumiu a Presidência como o primeiro presidente do Egito eleito democraticamente.
Após um ano, manifestantes voltaram às ruas para protestar contra o que consideravam medidas antidemocráticassugar rush unibetMorsi, que estaria perseguindo grupos seculares e iniciando uma islamização do Egito por meiosugar rush unibetuma nova Constituição.
Os protestos pediram a saída do presidente, no que foram atendidos pelo Exército.
A intervenção - na prática um golpe militar - levou à prisãosugar rush unibetMorsi e centenassugar rush unibetativistassugar rush unibetseu movimento e ao banimento da Irmandade Muçulmana. A Constituição foi suspensa, e o general Abdel Fattah el-Sisi assumiu o poder.
Em 2014, Sisi foi eleito presidente,sugar rush unibeteleições sem a participaçãosugar rush unibetpartidos islamistas. Com a segurança interna como prioridade, o governo Sisi passou a ser acusadosugar rush unibetabusos contra direitos humanos, especialmente prisões arbitrárias, lembrando características do regimesugar rush unibetHosni Mubarak.
Guerras, milhõessugar rush unibetrefugiados e esperança
Guerras civissugar rush unibetgrandes proporções na Síria, Líbia e no Iêmen. Tentativa frustradasugar rush unibetdemocracia no Egito e campanha sangrenta do Estado Islâmico. Pequenos e pontuais avançossugar rush unibetmonarquias árabes como Marrocos, Jordânia e Arábia Saudita - ondesugar rush unibet2018 as mulheres finalmente ganharam o direitosugar rush unibetconduzir veículos. Para uma onda revolucionária,sugar rush unibetque milhõessugar rush unibetpessoas no Mundo Árabe sonhavam com direitos individuais e melhor qualidadesugar rush unibetvida, o saldo parece desolador.
As guerras na Síria e no norte da África geraram um êxodosugar rush unibetproporções enormes, com milhõessugar rush unibetcivis se lançandosugar rush unibetrotas perigosas na esperançasugar rush unibetchegar a portos mais seguros. A maioria teve a Europa como destino final, outros porém cruzaram oceanos e, sugar rush unibetmenor número, foram acolhidossugar rush unibetpaíses longíquos como Estados Unidos e Brasil.
Na pequena Sidi Bouzid, entretanto, Mohamed Bouazizi é lembrado: um monumento emsugar rush unibethomenagem, com uma estátuasugar rush unibetseu carrosugar rush unibetfrutas, foi erguido aindasugar rush unibet2011.
A vida sob o novo sistema político da Tunísia, com eleições, um presidente e um primeiro-ministro, continuou repletasugar rush unibetdesafios, principalmente econômicos.
Em Sidi Bouzid, porém, é impossível ignorar que uma décadasugar rush unibetprotestos, conflitos e transformações começou com um gesto desesperado esugar rush unibetgrande sofrimento humano numa rua da cidade.
O monumento a Bouazizi simboliza a esperançasugar rush unibetque seu sacrifício não tenha sidosugar rush unibetvão.
Este artigo é parte da série "21 Histórias que Marcaram o Século 21", da BBC News Brasil.
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