Como a Alemanha usa as escolas contra mentiras sobre o nazismo e o Holocausto:1xslot

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"A excursão foi uma experiência muito mais marcante do que a abordagem1xslotsala1xslotaula. Acho que é impossível compreender profundamente a dimensão do Holocausto sem nunca ter estado num campo1xslotconcentração", diz Willy,1xslot17 anos.
Franz,1xslot18 anos, teve a mesma impressão que o colega e destacou outra experiência que o marcou: uma palestra1xslotum sobrevivente do Holocausto. "Essas atividades são importantes, pois somente imagens1xslotpreto e branco não são suficientes para compreender completamente o que aconteceu", ressalta.
Os dois jovens fazem parte do Comitê1xslotAlunos1xslotBerlim que defende a implementação da obrigatoriedade da visita a campos1xslotconcentração financiada pelo governo no currículo escolar - o que atualmente não acontece. "Vivemos atualmente um período cultural muito frágil, precisamos sempre relembrar o que aconteceu e como aconteceu para isso nunca voltar a acontecer", diz Franz.
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Contra equívocos e falta1xslotinformação
No episódio recente, um grupo1xslotbrasileiros que contestam a existência do Holocausto rebateram nas redes sociais o vídeo da embaixada alemã, alegando que as informações publicadas ali eram inverídicas e que o nazismo seria uma ideologia criada pela esquerda.
Nas escolas da Alemanha, a abordagem pedagógica sobre esse capítulo histórico procura promover uma reflexão crítica sobre o passado e a sociedade, além1xslotbuscar evitar que esses crimes voltem a ocorrer no futuro.
"O ensino sobre o Holocausto lembra as pessoas dos perigos que elas mesmas estão vulneráveis se expostas a propaganda intolerante, preconceitos, injustiças, humilhação e violência potencial", afirma Peter Carrier, coordenador1xslotum projeto1xslotpesquisa da Unesco sobre o Holocausto na educação, promovido pelo Instituto alemão Georg Eckert.
Atualmente, o Holocausto faz parte da grade curricular na 9ª ou 10ª série, quando os alunos têm cerca1xslot15 anos. "A tematização do Holocausto e do Nazismo é uma parte obrigatória no currículo1xslotHistória1xslottodos os Estados da Alemanha", afirma Detlef Pech, professor1xslotpedagogia na Universidade Humboldt1xslotBerlim.
Apesar1xslota política educacional na Alemanha caber aos governos estaduais, a Conferência1xslotSecretários1xslotEducação, órgão nacional que faz recomendações sobre o ensino, começou a sugerir na década1xslot1960 uma abordagem mais profunda sobre o Holocausto1xslotsala1xslotaula.
Os professores têm liberdade para desenvolver diversas atividades pedagógicas sobre o tema, entre as quais estão visitas a memorais. Porém, essas atividades não são obrigatórias e1xslotrealização depende exclusivamente da vontade e do empenho dos educadores.
Controvérsia e resistência
O modelo pedagógico atual é resultado1xslotum debate público que floresceu no fim da década1xslot1970 na Alemanha Ocidental, com a exibição da série americana Holocausto, que retratou a história do genocídio a partir da perspectiva1xslotuma família1xslotjudeus alemães e contou com a participação1xslotMeryl Streep e James Woods.

Além1xslotcontribuir para o debate sobre o tema1xslotsala1xslotaula, a exibição da série introduziu o termo Holocausto no país. Até então, o episódio era tratado como perseguição e morte1xslotjudeus. Essa discussão pública também impulsionou mudanças na abordagem pedagógica sobre o tema.
"Foi um processo que começou no fim da década1xslot1970 com a adoção da perspectiva das vítimas nos livros escolares. Esse processo, porém, variou bastante entre os Estados e dependeu muito dos governos que tinham na época", afirma a historiadora Juliane Wetzel, do Centro para Pesquisa Antissemita da Universidade Tecnológica1xslotBerlim.
Segundo Peter Carrier, há duas maneiras principais1xslotcontextualizar o tema1xslotescolas: no âmbito1xslotsistemas políticos num bloco classificado como "Democracia e Ditadura", como ocorre1xslotBerlim; ou no âmbito1xslotregimes políticos históricos chamado1xslot"Nacional-Socialismo", como no Estado1xslotHessen.

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Formação do professor e desafios
A transformação na visão1xslotensino sobre o Holocausto ao longo das últimas décadas refletiu ainda1xslotmudanças na formação dos professores. Atualmente, diversos cursos extracurriculares para educadores sobre a abordagem pedagógica do tema são oferecidos por, entre outros, memoriais e instituições1xslotensino.
Ao longo deste processo1xslotadoção desta visão mais crítica, porém, nem sempre essa abordagem fluiu perfeitamente. Wetzel conta que, no passado, houve casos1xslotexageros cometidos por professores, que acabaram culpando e chocando alunos com os horrores do Holocausto, o que levou alguns jovens a não querer mais tocar no tema.
Além destes percalços, essa transformação pedagógica enfrentou ainda, desde o início, resistências1xslotconservadores1xslotdireita, que argumentavam contra a cultura1xslotmemória alegando que o tema é passado e um ponto final deveria ser colocado na questão.
Atualmente, com o avanço1xslotpopulistas1xslotdireita, que possuem representantes1xslot14 das 16 assembleias estaduais e também no Parlamento alemão, essa abordagem tem sido colocada novamente1xslotdúvida por esse grupo.
Em junho, o líder do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), Alexander Gauland, minimizou o nazismo. "Hitler e os nacional-socialistas não foram mais do que um cocô1xslotpássaro1xslotmil anos1xslotuma história alemã1xslotsucesso", disse. Outro integrante da legenda, Björn Höcke chegou a chamar o Memorial aos Judeus Mortos da Europa, localizado1xslotBerlim,1xslot"monumento da vergonha".
Diante dessas tentativa1xslotminimizar o passado, para muitos educadores essa visão1xslotensino se faz mais necessária do que nunca. "O Holocausto é um ponto central da história da Alemanha, numa época1xslotque a Alemanha trouxe muita desgraça para o mundo. O significado central deste período não deve ser subestimado. As ameaças da democracia e o que ocorre com o fim democracia também são aspectos importantes", destaca Tobias Funk, diretor na Conferência1xslotSecretários1xslotEducação.

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Carrier ressalta que o ensino sobre o Holocausto é importante para lembrar as pessoas dos perigos aos quais elas estão vulneráveis.
Já Wetzel destaca que o conhecimento sobre esse passado é fundamental para o entendimento1xslotdebates e decisões políticas atuais da Alemanha. A pesquisadora acrescenta ainda que a compreensão sobre o Holocausto, o nazismo e o assassinato1xslotminorias praticados nesta época pode ajudar a desenvolver empatia por temas atuais, como a crise migratória e os refugiados que vieram para o país.
O avanço da extrema-direita e a divulgação1xslotnotícias falsas representam, no entanto, um desafio para educadores. "Os professores precisam aprender como ajudar os jovens a não acreditar1xslottudo que leem na mídia e a questionar", afirma Carrier. Para isso, memoriais oferecem excelentes materiais didáticos, muitos disponíveis na internet.
Para Wetzel, a abordagem pedagógica sobre Holocausto é um processo1xslotconstante transformação. "A cada nova geração, a abordagem e transmissão desse tema aos jovens deve ser repensada. Atualmente, ela é mais histórica, mas não deve ser tratada como o Império Romano, por exemplo. A responsabilidade alemã deve ser deixada clara, porém, sem sobrecarregar os alunos e sem declará-los culpados", avalia a pesquisadora.