Favela mais antigasuporte arbetyBuenos Aires passa por urbanização para ‘sair do isolamento’:suporte arbety

"Era como se a Villa 31 não existisse para o restante da populaçãosuporte arbetyBuenos Aires. Queremos integrar essas duas pontas que estiveram afastadas durante tanto tempo", disse o secretáriosuporte arbetyIntegração Social e Urbana, Diego Fernández, enquanto percorria o local com a BBC Brasil, na semana passada.

Se os projetos anteriores buscavam formassuporte arbetylevar a comunidade local para outros bairros, liberando valiosos metros quadrados da capital argentina, a ideia agora é transformar a Villa 31 no "Barrio 31".
"(Será) um bairrosuporte arbetyBuenos Aires, acabando com seu isolamentosuporte arbetyrelação ao restante da cidade", acrescenta Fernández.
Como parte do projeto, o prefeitosuporte arbetyBuenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, passou a despachar às terças-feirassuporte arbetydentro da favela, onde foram instalados postos da administração pública, quadrassuporte arbetyesportes, praças e centrossuporte arbetysaúde.

As obras, iniciadassuporte arbety2016, também preveem a construçãosuporte arbetyum complexosuporte arbetyescolas para adultos e crianças esuporte arbetyuma nova sede para a Secretariasuporte arbetyEducação, que passará a funcionar dentro da Villa 31.
O presidente do BID, Luis Alberto Moreno, também informou que o escritório argentino do banco será instalado na favela.
Gentrificação
Mas os autores da leisuporte arbetyurbanização da Villa 31, aprovada há sete anos, criticam o projeto do governo atual.
Eles temem que a revitalização faça com que os donossuporte arbetyimóveis elevem o preço dos aluguéis, desalojando inquilinos antigos que acabariam "expulsos" pela alta dos preços.
É a chamada gentrificação, processosuporte arbetyvalorização imobiliária que acaba levando à mudançasuporte arbetyperfil dos moradores locais, substituídos por novos ocupantessuporte arbetyrenda mais elevada.
"Do jeito que está sendo feito, vai gerar uma grande especulação imobiliária", criticou o ex-parlamentarsuporte arbetyoposição Facundo Di Filippo, integrante do Centrosuporte arbetyEstudos e Ação pela Igualdade (CEAPI).
Ele defende que o Estado financie uma casa "definitiva e sem custos para cada família que vive ali".

O trecho da lei que regula a urbanização foi baseado na proposta do arquiteto Javier Fernández Castro, professorsuporte arbetyprojeto urbano e arquitetônico da Universidadesuporte arbetyBuenos Aires (UBA). Ele se inspirou no programa Favela-bairro do Riosuporte arbetyJaneiro, como contousuporte arbetyentrevista à BBC Brasil.
Mas também faz ressalvas:
"Nós teríamos optado por um projeto mais integral. Primeiro faríamos as ruas e avenidas e resolveríamos o saneamento básicosuporte arbetytoda a comunidade. Depois construiríamos as casas (que precisamsuporte arbetymelhorias ou devem ser demolidas)", disse.

Segundo ele, ao "fragmentar" o trabalho, fazendo o saneamento e a reforma das casas por etapas, pode haver o riscosuporte arbety"alguma parte" da Villa 31 não receber atenção integral.
Assim como Di Filippo, o arquiteto entende que os moradores não deveriam pagar pelas melhorias nas residências ou pelas casas novas para onde alguns terão que se mudar - mesmo a prestações suaves e compatíveis com seus ganhos, como está previsto.
"Essas pessoas (moradores) vão passar a ter crédito hipotecário, que antes não tinham. Com a reurbanização da Villa 31, o valor dos terrenossuporte arbetytorno dela vai disparar, o governo da cidade arrecadará mais impostos e com esse dinheiro poderia ele mesmo financiar essas casas", avalia Fernández Castro.

Em outubro, um pequeno gruposuporte arbetymoradores da Villa 31 saiu às ruas para protestar, alegando que não teriam como pagar pelas escrituras das novas moradias e queixando-sesuporte arbetyque o planosuporte arbetyurbanização não tinha sido amplamente discutido.
Além do papel
Já um dos moradores mais antigos da comunidade, o argentino Juan "jala jala" Romero, dono da emissorasuporte arbetyrádio Villa 31, refuta as críticas às obras. Segundo ele, o projeto está saindo do papel pela primeira vez.
"Não apoio o governo e fiz muitos protestos quando Macri (atual presidente) era prefeitosuporte arbetyBuenos Aires. Nós queríamos luz, água limpa, esgoto, queríamos que melhorassem as casas, as ruas, as calçadas, queríamos viver dignamente. E tudo isso está sendo feito", disse à BBC Brasil.
O maior problema, segundo Romero, é a segurança pública.
"Já melhorou, mas isso precisa melhorar mais. Ainda tem muito furto e roubo aqui", afirmou.

Enquanto isso, o gruposuporte arbetymoradores que terásuporte arbetydeixar suas casas,suporte arbetydecorrência da obra da nova avenida que cruzará o local, está mergulhadosuporte arbetydúvidas e incertezas.
"O governo disse que eles também terão casas novas dentro da própria Villa 31, mas tem gente que não queria se mudarsuporte arbetyonde está agora. Além disso, estamos vendo casas novas que estão sendo entregues com as instalações incompletas", explica Dora Mackoviak, representante dos moradores nos conselhos criados para levar as demandas da comunidade à prefeitura.
Dora afirma que o saneamento básico já melhorou na área onde ela mora, mas que ainda precisa chegar a outras partes da comunidade.
"Com as obras, nós já temos rua asfaltada e esgoto. Mas outros moradores ainda estão esperando saneamento básico."
Nas quase duas horassuporte arbetycaminhada da BBC Brasil com o secretário Fernández pela Villa 31 , um morador se aproximou para se queixar das motos que passavamsuporte arbetyalta velocidade na rua recentemente asfaltada.
"Estamos vendo como resolver estas questões também. Peço um poucosuporte arbetypaciência", disse Fernández.

Avenida vai virar parque
O projetosuporte arbetyreurbanização também prevê "unir fisicamente" a favela ao restante da cidade - atualmente, os trilhos que partem da estação Retiro impedem que isso aconteça.
Para tal, a Avenida Illia, que hoje passa sobre a comunidade, será transformadasuporte arbetyum parque público elevado (inspirado no High Line,suporte arbetyNova York), aberto a toda população portenha. E uma nova avenida será construída para escoar o tráfego da Illia.

Mas a construção da nova avenida, que prevê a realocação dos moradores que vivem ali atualmente, gera polêmica.
"Não faz sentido gastar dinheiro com uma nova avenida", disse o ex-parlamentar Facundo Di Filippo.
Para ele, a atual avenida deveria ser mantida para o trânsito.
Mas o governo argumenta que, alémsuporte arbetyquerer "unir" a Villa 31 à cidade, está preocupado com a estrutura do atual do elevado, sob o qual casassuporte arbetyaté dois andares foram construídas.

A Villa 31 expandiu principalmente nos últimos anos. Hoje, segundo dados da Prefeitura, conta com cercasuporte arbety10 mil casas, maissuporte arbety800 pequenos comércios e aproximadamente 40 mil habitantes - sendo 50% dos moradores argentinos. e os demais divididos entre bolivianos, paraguaios e peruanos.
Aindasuporte arbetyacordo com os dados oficiais, as disparidades sociais entre os moradores da Villa 31 e o restante da cidade são gritantes - incluindo níveissuporte arbetyescolaridade, faixa salarial, taxasuporte arbetydesemprego e índicesuporte arbetygravidez na adolescência.
O secretário diz, no entanto, que o projeto "não se limita a urbanização da comunidade", mas sim à "melhoria das condiçõessuporte arbetyvida dos moradores e à integração da Villa 31 com outros bairros".








