Como usar a ansiedade a seu favor:as casas de apostas
Quando eu era criança nos anos 1980, estresse era sinônimoas casas de apostasdesconforto emocional. Como estão os planos do seu casamento? Oh, estão ótimos, mas estou estressada. Como está saindoas casas de apostasquimioterapia? Muito estressante, mas estou conseguindo.
Hoje, parece que estamos vivendo na era da ansiedade. A ferramenta Google Trends mostra que as buscas pela palavra "ansiedade" aumentaramas casas de apostasmaisas casas de apostas300% desde 2004.
A ansiedade está na nossa mente por bons motivos. Até 31% da população norte-americana sentirá um transtornoas casas de apostasansiedadeas casas de apostasalgum momento das suas vidas, que pode variar desde o transtornoas casas de apostasansiedade generalizada até o transtorno do pânico e o transtornoas casas de apostasansiedade social, que é um dos mais comuns.
Essa palavra também parece ter saído dos diagnósticos médicos e se infiltrado no nosso vocabulário comum. Ela substituiu o estresse como sinônimoas casas de apostassensação desconfortável - ficamos ansiosos com uma apresentação, um encontro às escuras, o inícioas casas de apostasum novo trabalho.
A palavra "ansiedade" agora é onipresente e absorve significados, como uma ameba, englobando tudo, desde o pavor até uma antecipação agradável. Muitas vezes, seu simples uso coloca essas experiênciasas casas de apostasum foco negativo, transformando-asas casas de apostasameaças com um toqueas casas de apostasinquietação.
E existem os transtornosas casas de apostasansiedade. Eles são os diagnósticos mais comunsas casas de apostassaúde mental - mais que a depressão e a dependência. Centenasas casas de apostasmilhõesas casas de apostaspessoasas casas de apostastodo o mundo serão diagnosticadas com algum transtornoas casas de apostasansiedade ao longo da vida.
As taxasas casas de apostasincidência desses transtornos, especialmente entre os jovens, continuam a aumentar há pelo menos duas décadas. Existem ainda dezenasas casas de apostasterapias validadas, 30 medicações diferentesas casas de apostascombate à ansiedade, centenasas casas de apostasexcelentes livrosas casas de apostasautoajuda e milharesas casas de apostasestudos científicos rigorosos.
É claro que essas soluções podem ajudar as pessoas, mas claramente elas não conseguiram reduzir a escala do problema. Por quê?
Para que serve a ansiedade?
Como aponto no meu livro Future Tense ("Tempo futuro",as casas de apostastradução livre), uma razão desse fracasso é o fatoas casas de apostasque nós, os profissionaisas casas de apostassaúde mental (e aqui me incluo), inadvertidamente informamos as pessoas erroneamente no passado - e esse mal-entendido nos prejudicou.
Proponho agora uma abordagem mais útil e promissora para compreender e viver com a ansiedade no século 21, fazendo uso delaas casas de apostasnosso benefício.
Emoções negativas como a ansiedade têm má reputação há muito tempo. Ela é irracional, na melhor das hipóteses, e destrutiva no pior dos casos.

Crédito, Getty Images
O poeta da Roma antiga Horácio escreveu, há maisas casas de apostas2 mil anos, que a "raiva é uma pequena loucura". Mas, ao longo dos últimos 150 anos, a partir do livro A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais,as casas de apostasCharles Darwin, passamos a realmente compreender que emoções como a raiva, o medo e a ansiedade são mais convenientes do que perigosas.
Como o polegar opositor e a linguagem, as emoções são ferramentas para nossa sobrevivência, forjadas e refinadas ao longoas casas de apostascentenasas casas de apostasmilharesas casas de apostasanosas casas de apostasevolução para proteger os seres humanos e garantir o seu progresso. Elas agem fornecendo duas coisas: informações e preparação.
A ansiedade informa sobre um futuro incerto: pode ocorrer algoas casas de apostasruim, mas, também, algoas casas de apostasbom. A ansiedade aguarda se o seu testeas casas de apostascovid deu positivo ou negativo ou antecipa aquela conversa difícil com seu chefe, que pode sair bem ou se desviar completamente do esperado.
Mas a ansiedade não informa sobre certas ameaças presentes - quem faz isso é o medo. Quando você vê uma barbatanaas casas de apostastubarão se erguendo da água a poucos metrosas casas de apostasdistância, enquanto está nadando, por exemplo. O medo primeiramente nos prepara para lutar, fugir ou congelar.
Já a ansiedade constrói a civilização. Ela nos prepara para persistir, permanecer vigilantes e agiras casas de apostasforma a evitar desastres futuros, podendo também transformar possibilidades positivasas casas de apostasrealidade.
Quando estamos ansiosos, não somos apenas criativos e inovadores. Nossos cérebros reagem com maior concentração e eficiência quando enfrentamos o imprevisível.
A ansiedade, por isso, é mais do que o "circuito elétrico do medo" no cérebro. A ansiedade também ativa nossa necessidadeas casas de apostasrecompensa e conexões sociais, impelindo-nos a trabalhar por aquiloas casas de apostasque cuidamos, a conectar-nos com os demais e a ser mais produtivos.
Por isso, do pontoas casas de apostasvista da teoria da evolução, a ansiedade não é destrutiva. A ansiedade incorpora a lógica da sobrevivência.
Mas a teoria da evolução e as pesquisas não atingiram a consciência pública, nem a maioria dos profissionais médicos. Longeas casas de apostastratar a ansiedade como uma possível aliada, nós a tratamos como um inimigo fazendo barulho no portão.
Os transtornos da ansiedade podem ser paralisantes, mas o uso disseminado do termo "ansiedade" para indicar uma sensação ruim é problemático, porque isso diz que nós aceitamos duas falácias fundamentais: (a) a experiência da ansiedade é perigosa e destrutiva; e (b) a solução para aas casas de apostasdor é evitá-la ou erradicá-la.
Esta formaas casas de apostaspensar nos levou a perceber nossas ansiedades diárias como distúrbios a serem reparados. Mas somente os transtornos da ansiedade - quando a ansiedade extrema e nossas tentativasas casas de apostaslidar com ela interferem no nosso dia a dia - são reconhecidos como condiçõesas casas de apostassaúde mental. Já a emoção da ansiedade deve ser considerada normal, saudável e até benéfica.
A lógica inexorável dessa metáfora da doença nos convoca a levá-la ainda mais longe: comoas casas de apostasoutras enfermidades, desde doenças infecciosas até o câncer, enquanto não suprimirmos a ansiedade, não podemos ter saúde mental, da mesma forma que a simples presençaas casas de apostasuma célula cancerosa significa que estamos doentes.
E essa metáfora da doença nos aprisiona,as casas de apostasvezas casas de apostasnos animar. Ela nos faz confundir a ansiedade normal com uma doença. Passamos a temer, evitar e suprimir qualquer sensação ansiosa assim que ela surge.
Ao contrário das doenças infecciosas ou do câncer, evitar e suprimir a ansiedade certamente a amplificará, o que nos faz perder a oportunidadeas casas de apostasprocurar formas produtivasas casas de apostasenfrentar e estabelecer técnicasas casas de apostasresiliência emocional.
Este é o círculo vicioso da ansiedade, que cresce até sairas casas de apostascontrole: sentir que a ansiedade é perigosa, ter medo dela e, por fim, fugir dela, suprimindo-a e evitando-a.
E os danos causados para a ansiedade pela metáfora da doença não param por aqui. Eles também nos impedemas casas de apostasobservar que a ansiedade não é simplesmente algo a ser mitigado ou controlado.
Por que ela incomoda tanto?
A ansiedade é algo a ser canalizado e aproveitado. Ela evoluiu para nos ajudar a persistir, inovar, aumentar nossas conexões sociais e manter nossa esperança face às incertezas, para podermos criar um futuro melhor.
Mas, se a ansiedade é algo tão bom, por que a sensação que ela traz é tão ruim?

Crédito, Getty Images
A ansiedade precisa causar mal-estar para fazer o seu trabalho. A própria origem da palavra, derivada das palavrasas casas de apostaslatim e grego para engasgado, dolorosamente restrito e desconfortável, reflete essa sensação desagradável, que é essencial.
Somente algo tão desagradável pode nos compeliras casas de apostasforma consistente a parar e prestar atenção, exigindo efetivamente que trabalhemos mais para evitar perigos futuros e traçar um curso mais positivo. E, ainda assim, a maioriaas casas de apostasnós aprendeu a evitar e ignorar essa emoção tão útil, para nosso prejuízo.
Pense na ansiedade como um alarme contra incêndios, avisando que a casa está pegando fogo e alertando para que você tome alguma providência. O que aconteceria se,as casas de apostasvezas casas de apostassairas casas de apostascasa e chamar os bombeiros, você simplesmente ignorasse o alarme, retirasse a bateria do aparelho ou evitasse lugares da casa onde o alarme soa mais alto?
Em vezas casas de apostasse beneficiar do alarme, apagando o fogo e evitando incêndios futuros, você iria simplesmente esperar, rezando para que a casa não fosse destruída.
Não podemos ignorar o papel desempenhado pelas adversidades e pelo estresse implacável. Às vezes, a vida simplesmente não dá folga e qualquer pessoa nessa situação sentiria ansiedade, que pode ser intensa e esmagadora.
Mas, independentemente da causa, ouvir a nossa ansiedade - acreditando que exista sabedoria inerente no que ela tem a nos dizer e que podemos usá-laas casas de apostasnosso benefício - é a primeira etapa para aprendermos a ser ansiosos da forma correta. E esta mudançaas casas de apostasmentalidade traz um impacto positivo poderoso.
A ansiedade como ferramenta
Um estudo da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, demonstrou que, quando pedimos a pessoas socialmente ansiosas uma tarefa realmente estressante - dar uma palestra pública perante um painelas casas de apostasjuízes sem tempoas casas de apostaspreparação - mas também ensinamos a elas a pensar nas suas reações ansiosas como sinalas casas de apostasque estamos prontos para enfrentar um desafio (em vezas casas de apostasum sinalas casas de apostasangústia), elas apresentam melhor desempenho sob pressão.
As pessoas foram mais confiantes, menos ansiosas e apresentaram batimentos cardíacos mais estáveis e pressão sanguínea mais baixa quando estavam envolvidas e concentradas.
Interagir com a ansiedade, muitas vezes, é a chave da cura.
Existem pesquisas com veteranosas casas de apostasguerra que reduzem seu riscoas casas de apostasdesenvolver estresse pós-traumático quando prestam mais atenção a informações que provocam ansiedade,as casas de apostasvezas casas de apostasse distanciarem delas.
Existem também pacientesas casas de apostastransplanteas casas de apostascoração que precisaramas casas de apostasmenos diasas casas de apostashospitalização enquanto esperavam pelo transplante e, portanto, apresentavam mais probabilidadeas casas de apostasse qualificar para a cirurgia enquanto estavam ansiosos.
Aprender a ser ansioso da forma certa significa encontrar formasas casas de apostastrabalhar a ansiedade,as casas de apostasvezas casas de apostascontorná-la, a alavancar e canalizar a ansiedade para atingir objetivos, discernir quando a ansiedade não é útil e deixá-la passar.
Pense neste círculo virtuoso da ansiedade como divididoas casas de apostastrês partes: ouvir, canalizar e deixar passar.
Ouvir
A ansiedade ajuda a ampliar nossa concentração e motivação enquanto nos aproximamos do ponto onde queremos estar. É por isso que a ansiedade traz esperança. Podemos observar ameaças futuras, mas também temos os olhos voltados para o prêmio à nossa frente, acreditando que podemos trabalhar para transformar as boas perspectivasas casas de apostasrealidade.
Mas, para que a ansiedade nos leve até lá, ela precisa ser desconfortável para podermos nos levantar, prestar atenção e ouvir o que ela está dizendo. Sentimentos terríveis, que não podem ser ignorados, também nos fazem querer nos afastar deles. É por isso que, quando o assunto é ouvir a ansiedade, a curiosidade é a nossa melhor amiga.

Crédito, Getty Images
Canalizar
Encontrar informações úteis na ansiedade nos prepara para canalizar e dirigir nossas energias para os objetivos e buscar propósitos. Dedicar tempo para pensar no nosso propósito melhora o ânimo e aumenta a concentração e o aprendizado. Esses benefícios podem durar meses ou até anos.
Quando canalizamos nossa ansiedade para buscar e priorizar nossos propósitos, ela se transformaas casas de apostascoragem. A ansiedade alimenta nossos impulsos e libera nossas forças.
Deixar passar
Mas a ansiedade nem sempre é útil ou direta. Às vezes, ela demora para revelaras casas de apostasmensagem.
Em algumas ocasiões, ela é sem sentido - a vida é mesmo desafiadora e existem muitas emoções sem informação útil. A ansiedade nos lançaas casas de apostasum rodopio para o futuro, tensos, preocupados e oprimidos. Qual a melhor formaas casas de apostasdeixá-la passar?
Procure atividades relaxantes e que causemas casas de apostasimersão no presente. Leia um poema favorito ou busque consolo na música. Ouça aquele novo podcast. Faça exercícios ou dê uma boa caminhada.
Ligue para o terapeuta ou para aquele amigo que sempre traz um pontoas casas de apostasvista útil. É nesses momentos que também construímos a consciência emocional e as técnicas para lidar com nossas emoções difíceis, sem nos afastarmos delas, e buscar apoio quando precisamos.
Ansiosos da forma certa
Nestes temposas casas de apostaspandemia, polarização política e mudanças climáticas, muitosas casas de apostasnós certamente nos sentimos sobrecarregados pela ansiedade com o nosso futuro. Para lidar com isso, aprendemos a lidar com a ansiedade como fazemos com qualquer doença - queremos preveni-la, evitá-la e eliminá-la a todo custo.
Mas o fato é que, com isso, estamos andando para trás. O problema não é a ansiedade. A ansiedade é o mensageiro que nos conta que estamos enfrentando incertezas e precisamos lidar com as dificuldades; ou que nos mostra que a nossa vida precisa mudar ou estamos precisandoas casas de apostasajuda.
Na verdade, um dos principais problemas é que as nossas crenças sobre a ansiedade nos impedemas casas de apostasacreditar que podemos lidar com ela; que podemos ter acesso a estratégiasas casas de apostassobrevivência, aos tratamentos existentes e nos beneficiar deles; e que podemos aprender a usá-laas casas de apostasnosso benefício.
E, quando nossas crenças aumentam a ansiedade, temos maior riscoas casas de apostascaminhar rumo à ansiedade debilitadora e seus transtornos.
O principal problema para alguém diagnosticado com um transtornoas casas de apostasansiedade não é a intensa ansiedade que ele está sentindo, mas que as ferramentas àas casas de apostasdisposição para desligar esses sentimentos estão causando impedimento funcional. Elas impedem o autocuidado, o trabalho, a conexão com os demais e uma vidaas casas de apostasrealizações.
Mudar nossa abordagem sobre a ansiedade pode ajudar, independentemente da nossa posição no espectro da ansiedade. E todos nós estamosas casas de apostasalgum ponto desse espectro.
Maisas casas de apostas180 anos atrás, o filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard escreveu: "Qualquer pessoa que aprender a ficar ansiosa da forma correta aprendeu o que háas casas de apostasmais elevado".
Todos nós nascemos ansiosos. A tarefa do ser humano é aprender que a ansiedade pode ser difícil e, às vezes, até aterrorizante. Mas podemos aprender a transformá-laas casas de apostasum aliado, um benefício e uma fonteas casas de apostascriatividade. Quando resgatarmos a ansiedade, resgataremos a nós mesmos.
*Tracy Dennis-Tiwary é autora do livro "Future Tense: Why Anxiety is Good for You (Even Though it Feels Bad" ("Tempo futuro: por que a ansiedade é boa para você (mesmo causando mal-estar)",as casas de apostastradução livre), professoraas casas de apostaspsicologia e neurociências e diretora do Laboratórioas casas de apostasRegulação das Emoções da Faculdade Hunteras casas de apostasNova York, nos Estados Unidos.
Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.
- Este texto foi publicadoas casas de apostashttp://www.mi-rob.com/geral-63815685









