Copa do Mundo: ONG critica CBF por 'silêncio' sobre trabalhadores mortos no Catar:jogos de sobrevivência multiplayer

Dois trabalhadoresjogos de sobrevivência multiplayerandaime, pertojogos de sobrevivência multiplayerconstruções

Crédito, Reuters

Legenda da foto, ONGs pedem a criaçãojogos de sobrevivência multiplayerum fundojogos de sobrevivência multiplayerao menos US$ 440 milhões para compensar imigrantes que foram vítimasjogos de sobrevivência multiplayerabusos e fatalidades nos trabalhos da Copa do Mundo no Catar

Segundo o escritório da ONG HRW no Brasil, uma carta pedindo apoio à iniciativa foi enviada à Confederação Brasileirajogos de sobrevivência multiplayerFutebol (CBF)jogos de sobrevivência multiplayersetembro deste ano e nunca foi respondida.

"O que a gente tem visto na América Latina é um silêncio vergonhosojogos de sobrevivência multiplayerrelação ao que estájogos de sobrevivência multiplayerjogo nessa Copa do Catar", diz Maria Laura Canineu, diretora da HRW no Brasil.

Retratojogos de sobrevivência multiplayerMaria Laura Canineu, sorrindo contidamentejogos de sobrevivência multiplayerestúdio

Crédito, Divulgação/HRW

Legenda da foto, 'O que a gente tem visto na América Latina é um silêncio vergonhosojogos de sobrevivência multiplayerrelação ao que estájogos de sobrevivência multiplayerjogo nessa Copa do Catar', diz Maria Laura Canineu, diretora da HRW no Brasil

"Nós latinos somos muito apaixonados pelo futebol, mas temos uma dificuldade muito grandejogos de sobrevivência multiplayerapontar violações graves a direitos humanos relacionadas ao esporte. Acho que a gente tem uma culturajogos de sobrevivência multiplayerseparação das duas coisas."

"É uma pena, pela responsabilidade e pelo peso que essas seleções têm ao redor do mundo, especialmentejogos de sobrevivência multiplayerpaísesjogos de sobrevivência multiplayertrabalhadores impactados pela construção absolutamente abusiva da infraestrutura da Copa", completa Canineu, afirmando que o Brasil tem muitos fãs na Índia, Bangladesh e Nepal, origemjogos de sobrevivência multiplayermuitos dos imigrantes que buscaram trabalho no Catar, inclusive durante a preparação para a Copa.

A diretora da HRW afirma que, no Brasil, uma exceção à regrajogos de sobrevivência multiplayer"silêncio" que ronda a CBF é uma fala do técnico da seleção masculina brasileira, Tite, que respondeu à perguntajogos de sobrevivência multiplayerum jornalista estrangeiro sobre o fundo durante entrevista coletivajogos de sobrevivência multiplayersetembro.

"Eu me considero um humanista, acimajogos de sobrevivência multiplayertudo", afirmou, na ocasião, o técnico brasileiro. "Eu gostaria que tivesse sempre um sentidojogos de sobrevivência multiplayerigualdade social maior, eu gostaria sempre que tivesse um respeito à mãojogos de sobrevivência multiplayerobra, que seja respeitada e valorizada no seu devido tamanho."

Titejogos de sobrevivência multiplayerbraços cruzados no gramado

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Em entrevista coletiva recente, o técnico da seleção masculina brasileira, Tite, apoiou fundojogos de sobrevivência multiplayercompensação para trabalhadores da Copa

"Não só no Catar. Lájogos de sobrevivência multiplayerSão Braz [em Caxias do Sul, RS], onde eu nasci, se for, eu vou apoiar."

"Em relação ao fundo também? Também", completou Tite.

Maria Laura Canineu afirma que, apesar a importância da declaração, ela foi "bastante individual" e deveria ser endossada pela CBF.

Desde quarta-feira (16/11), a BBC News Brasil tenta contato com a assessoriajogos de sobrevivência multiplayerimprensa da CBF via e-mails, telefone e WhatsApp. Até a publicação desta reportagem, as solicitaçõesjogos de sobrevivência multiplayerposicionamento não foram atendidas.

Números divergentes sobre mortes

Anunciadojogos de sobrevivência multiplayer2010 como país a sediar a Copajogos de sobrevivência multiplayer2022, o Catar ergueu uma grande infraestrutura para o evento desde então, incluindo sete estádios, um novo aeroporto e novas estradas.

Mas a mão-de-obra empregada nesta expansão, como erajogos de sobrevivência multiplayerse esperarjogos de sobrevivência multiplayerum país que tem 85% dajogos de sobrevivência multiplayerpequena população composta por imigrantes, foijogos de sobrevivência multiplayergrande partejogos de sobrevivência multiplayerpessoasjogos de sobrevivência multiplayeroutras nacionalidades.

Dado um históricojogos de sobrevivência multiplayeracusações relativas aos direitos humanos e aos direitos dos trabalhadores, a situaçãojogos de sobrevivência multiplayerimigrantes trabalhando nos preparativos da Copa foi acompanhada por organizações internacionais.

Em fevereirojogos de sobrevivência multiplayer2021, o jornal britânico The Guardian publicou que pelo menos 6.500 trabalhadores imigrantes da Índia, Paquistão, Nepal, Bangladesh e Sri Lanka morreram no Catar entre 2010 e 2020.

O jornal chegou a esse número com dados dos governos desses países, mas não foi possível especificar quantas dessas vítimas estavam atuando nos preparativos para a Copa.

O governo do Catar afirma que esses dados podem incluir mortes naturaisjogos de sobrevivência multiplayertrabalhadores e que as fatalidades estãojogos de sobrevivência multiplayeracordo com o esperado para o tamanho e a para as características demográficas do país, embora tenha escrito ao jornal britânico que "toda vida perdida é uma tragédia e nenhum esforço é poupado na tentativajogos de sobrevivência multiplayerevitar qualquer morte" no país. Segundo o país árabe, entre 2014 e 2020 houve 37 mortesjogos de sobrevivência multiplayertrabalhadores que atuaram na construçãojogos de sobrevivência multiplayerestádios — mas 34 delas não estariam "relacionadas ao trabalho".

A Organização Internacional do Trabalho (OIT), porjogos de sobrevivência multiplayervez, compilou dados e afirmou quejogos de sobrevivência multiplayer2020 houve pelo menos 50 mortes e 500 ferimentos graves relacionados ao trabalho no Catar — não especificando os números referentes a projetos da Copa. Cercajogos de sobrevivência multiplayerdois terços dos ferimentos graves ligados ao trabalho no Catar e três quartos dos ferimentos leves a moderados foram sofridos por imigrantesjogos de sobrevivência multiplayertrês países: Bangladesh, Índia and Nepal.

No relatório, porém, a organização afirmou que há muitas lacunas e divergências nos dados, fazendo com que "ainda não seja possível apresentar um número categóricojogos de sobrevivência multiplayerlesões ocupacionais fatais" no país.

Mas além dos númerosjogos de sobrevivência multiplayervítimas, o Catar já é há anos monitorado pelas altas temperaturas sob quais os trabalhadores atuam, pelas longas horasjogos de sobrevivência multiplayertrabalho, pela dedução punitivajogos de sobrevivência multiplayersalário e pela extrema subordinaçãojogos de sobrevivência multiplayerfuncionários imigrantes.

Um símbolo disso foi o sistema "kafala", que dava aos patrões controle quase total sobre a movimentação e a situaçãojogos de sobrevivência multiplayerimigração dos trabalhadores. Embora a kafala tenha sido oficialmente extinta, a Anistia Internacional afirma que alguns resquícios permanecem.

Se sob este regime os trabalhadores antes precisavam da permissão do patrão para deixar um trabalho, hoje eles ainda enfrentam enormes burocracias quando decidem deixar seus postos, segundo a ONG.

Tratores e trabalhadoresjogos de sobrevivência multiplayerterreno amplo e arenoso

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Terrenojogos de sobrevivência multiplayerobrasjogos de sobrevivência multiplayerárea fronteiriça do Catar, destinado a se tornar um estacionamento para torcedores da Copa

Maria Laura Canineu reconhece que, nos últimos anos, autoridades do Catar fizeram reformas que ampliaram as garantias dos trabalhadores, mas afirma que tais mudanças foram "insuficientes, restritas e tardias".

De acordo com a diretora da HRW no Brasil, o Catar teria todas as condições e documentos para mapear e compensar migrantes vitimados na preparação da Copa.

Alémjogos de sobrevivência multiplayerpedir apoiojogos de sobrevivência multiplayerum totaljogos de sobrevivência multiplayer32 federaçõesjogos de sobrevivência multiplayerfutebol, as ONGs que estão reivindicando o fundo também procuraram 14 patrocinadores oficiais do evento. Apenas quatro deles demonstraram apoio à proposta: AB InBev/Budweiser, Coca-Cola, Adidas e McDonald's.

CBF e Fifa pedem 'foco no futebol'

Em uma carta enviada recentemente às seleções que vão competir, a Fifa pediu "foco no futebol". A BBC Sport teve acesso ao documento, o qual pede que o futebol não seja "puxado para toda batalha ideológica ou política que exista".

"Sabemos que o futebol não existe no vácuo e estamos igualmente conscientesjogos de sobrevivência multiplayerque há muitos desafios e dificuldadesjogos de sobrevivência multiplayernatureza política ao redor do mundo", diz o texto.

"Na Fifa, tentamos respeitar todas as opiniões e crenças, sem dar liçõesjogos de sobrevivência multiplayermoral ao resto do mundo. Nenhum povo, cultura ou nação é 'melhor' do que qualquer outro."

Dias depois da carta da Fifa vir à tona, a CBF publicou um texto com título "Foco no futebol", afirmando: "Concordamos com o pedido da Fifa para que o principal foco da comunidade desportiva esteja no futebol antes e durante a próxima Copa do Mundo."

Canineu afirma que a ONG da qual é diretora não defende o boicote e nem que as pessoas deixemjogos de sobrevivência multiplayercelebrar "um evento tão importante como a Copa do Mundo".

"A gente entende que o esporte é um lugar propício para respeito, solidariedade, fraternidade e principalmente o respeito à dignidade da pessoa humana. Então o esporte é uma forma muito importante para promover direitos humanos, e por isso que a gente vem desde o começo pressionando a Fifa para que ela incorpore regras mais rígidasjogos de sobrevivência multiplayerinspeção dos países que vão receber a Copa", afirma.

"O que a gente está pedindo não é que a CBF pague o fundo com seus recursos, mas pressione a Fifa, que vai lucrar com a Copa do Mundo, para que minimamente dedique recursos para recompensa das famílias que tiveram seus entes queridos mortos por conta da construção da infraestrutura da Copa."

"As federações (de futebol) também lucram com a Copa do Mundo, e a gente entende que assim como a Fifa, elas também têm obrigações com direitos humanos."

- Este texto foi publicado em http://www.mi-rob.com/geral-63671329