Os benefícios do exercício físico para o funcionamento do intestino:na casa de aposta

Níveis abaixo do normalna casa de apostauma das bactérias mais abundantes no intestinona casa de apostaadultos saudáveis (uma bactériana casa de apostaformana casa de apostabastão chamada Faecalibacterium prausnitzii) foram associados a doenças inflamatórias.

Diversos fatores - incluindo nossos genes, os tiposna casa de apostamedicação que tomamos, o estresse que vivenciamos, nossa alimentação e os efeitos causados pelo fumo - podem se associar para alterar o equilíbrio dos micro-organismos no nosso intestino. A composição dessa comunidade interna é,na casa de apostafato, muito dinâmica.

Mas, da mesma forma que simples escolhasna casa de apostaestilona casa de apostavida podem prejudicar nossos micróbios intestinais, também existem decisões que os ajudarão a florescerna casa de apostaforma mais saudável.

Manter alimentação diversificada, incluindo maisna casa de aposta30 alimentos vegetais diferentes por semana, pode ajudar. Também pode ser benéfico ter uma boa noitena casa de apostasono e reduzir os níveisna casa de apostaestresse. E, surpreendentemente, passar algum tempo na natureza pode trazer efeitos positivos.

Mas o mais surpreendente é que os exercícios físicos também podem influenciar nossas bactérias intestinais.

Todos nós sabemos que os exercícios trazem benefícios para a nossa saúde física e mental, mas uma corrida após o trabalho pode fazer com que os nossos micróbios do intestino também fiquemna casa de apostaforma?

"O exercício parece afetar nossos micróbios intestinais, aumentando as comunidades bacterianas que produzem ácidos graxosna casa de apostacadeia curta [SCFAs, na siglana casa de apostainglês]", segundo Jeffrey Woods, professorna casa de apostacinesiologia e saúde comunitária da Universidadena casa de apostaIllinoisna casa de apostaUrbana-Champaign, nos Estados Unidos, que estuda os efeitos dos exercícios físicos sobre o corpo humano.

"Os ácidos graxosna casa de apostacadeia curta são um tipona casa de apostaácido graxo produzido principalmente por micróbios e sabe-se que eles modificam nosso metabolismo, imunidade e outros processos fisiológicos", acrescenta Jacob Allen, professorna casa de apostafisiologia do exercício da Universidadena casa de apostaIllinois, colegana casa de apostatrabalhona casa de apostaWoods.

Estudosna casa de apostacamundongos

Ao longo dos últimos 10 anos, pesquisas voltadas para os animais e os seres humanos ajudaram a revelar como é poderosa essa ligação entre os exercícios físicos e as mudanças da comunidade dos micróbios intestinais. E, o mais importante, elas vêm destacando como esse equilíbrio pode ser benéfico.

Algumas das primeiras indicações podem ser encontradasna casa de apostaestudos sobre os animais. Camundongos que puderam andar voluntariamentena casa de apostauma roda quando quisessem, por exemplo, desenvolveram quantidades significativamente menoresna casa de apostauma bactéria específica chamada Turicibacter. A presença desta bactéria é associada ao aumento do riscona casa de apostadoenças intestinais, segundo Woods e Allen, que conduziram o estudo.

Já os camundongos sedentários ou que foram suavemente cutucados para incentivá-los a correr apresentaram números muito mais altos da bactéria. Acredita-se que forçar os camundongos a correr tenha causado estresse crônico entre os animais, o que pode anular os efeitos benéficos do exercício.

Os micróbios intestinais nos ratos também parecem ser beneficiados quando eles correm voluntariamentena casa de apostauma roda. Pesquisadores descobriram que o exercício também parece aumentar os níveisna casa de apostaum ácido graxona casa de apostacadeia curta específico chamado butirato, que as bactérias intestinais produzem pela fermentaçãona casa de apostafibras e é relacionado a diversos benefícios à saúde.

O butirato tem diversas funções no corpo: é o principal combustível para as nossas células intestinais, ajuda a controlar a funçãona casa de apostabarreira intestinal e regula inflamações e as células imunológicas do intestino.

O micróbio intestinal Faecalibacterium prausnitzii é considerado uma das principais bactérias responsáveis pela produçãona casa de apostabutirato.

Bactérias produtorasna casa de apostabutirato foram associadas a efeitos benéficos sobre o metabolismona casa de apostacamundongos e seres humanos. Particularmente, quantidades reduzidasna casa de apostaFaecalibacterium prausnitzii foram relacionadas a doenças inflamatórias intestinais, poisna casa de apostapresença é necessária para que o intestino tome ações anti-inflamatórias.

Diversos estudos recentes com animais indicaram que o exercício físico pode aumentar a quantidade dessas bactérias no intestino dos camundongos.

Em 2018, pesquisadores norte-americanos também concluíram que o transplantena casa de apostamicróbios intestinaisna casa de apostacamundongos treinados com exercíciosna casa de apostacamundongos livresna casa de apostagermes reduziu o volumena casa de apostainflamação intestinal nos camundongos que receberam os micróbios.

E o efeito nas pessoas?

Os estudosna casa de apostaanimais indicam como os exercícios físicos podem melhorar o equilíbrio dos micróbios do intestinona casa de apostacamundongos. E o que nos dizem os estudos com seres humanos?

Existem certamente muitos estudosna casa de apostaseres humanos que demonstram que exercícios moderados a vigorosos, como correr, andarna casa de apostabicicleta e exercíciosna casa de apostaresistência podem aumentar a diversidade das bactérias intestinais, o que foi relacionado à melhora da saúde física e mental.

Sessõesna casa de apostaexercícios aeróbicosna casa de apostaaté 18-32 minutos aliadas a exercíciosna casa de apostaresistência, três vezes por semana por um totalna casa de apostaoito semanas, podem fazer a diferença, segundo indicam os estudos.

Os atletas também costumam ter maior diversidadena casa de apostamicróbios intestinais,na casa de apostacomparação com as pessoas sedentárias. Isso pode também se dever,na casa de apostaparte, às dietas especializadas que os competidores costumam adotar.

Mas diversos estudos demonstraram que a combinaçãona casa de apostaexercícios e alimentação pode aumentar a populaçãona casa de apostaFaecalibacterium prausnitzii e a produçãona casa de apostabutiratona casa de apostamulheres ativas, muitas vezes com aumento da função intestinal.

"Alguns estudos, mas não todos, demonstraram que o exercício físico aumenta [os níveis de] Faecalibacterium", segundo Woods. Ele acrescenta que pessoas com baixos níveis deste tipona casa de apostabactéria parecem ter mais riscona casa de apostasofrer doença inflamatória intestinal, obesidade e depressão.

Os estudosna casa de apostaWoods e Allen destacaram que sair para correr por 30 a 60 minutos ou um breve exercício na esteira da academia pode trazer impactos sobre a quantidadena casa de apostabactérias produtorasna casa de apostabutirato no intestino, como Faecalibacterium.

Em um estudo que envolveu 20 mulheres e 12 homens com diversos índicesna casa de apostamassa corporal (IMC), Woods e seus colegas tentaram determinar se exercícios aeróbicos por seis semanas poderiam alterar os micróbios intestinaisna casa de apostaseres humanos adultos que antes eram sedentários.

Eles pediram aos participantes que fizessem três sessõesna casa de apostaexercícios aeróbicos com intensidade moderada a vigorosa por semana, seja correndo na esteira ou andandona casa de apostabicicleta, por 30-60 minutos.

Amostrasna casa de apostasangue e fezes foram coletadas ao longona casa de apostatodo o estudo. A alimentação dos participantes foi controlada a cada três dias para garantirna casa de apostaconsistência antesna casa de apostacada coleta, assim limitando as mudanças causadas pela alimentação sobre os micróbios intestinais.

Suas conclusões demonstraram que a quantidadena casa de aposta"produtoresna casa de apostabutirato" aumentou muito com os exercícios, independentemente do índicena casa de apostamassa corporal. E, acompanhando as mudanças na comunidade microbiana, os participantes magros tiveram aumento dos ácidos graxosna casa de apostacadeia curta, como butirato, nos seus examesna casa de apostafezes.

É interessante observar que, quando as pessoas que participaram do estudo retornaram ao seu estilona casa de apostavida sedentário nas seis semanas seguintes, os pesquisadores descobriram que os micróbios intestinais dos participantes haviam retornado ao seu estado inicial. Esta conclusão indica que, embora o exercício possa melhorar a saúde da comunidade bacteriana no intestino, as mudanças são transitórias e reversíveis.

Outro pequeno estudo, publicadona casa de aposta2019 por uma equipe liderada pela professora Jarna Hannukainen, do Departamentona casa de apostaClínica Médica da Universidadena casa de apostaTurku, na Finlândia, observou mudanças mais específicas nos micro-organismos intestinaisna casa de aposta18 participantes sedentários, que haviam sido diagnosticados com diabetes tipo 2 ou pré-diabetes.

Os participantes praticaram exercíciosna casa de apostaalta intensidade com intervalos (pedalar por 30 segundos, com quatro minutosna casa de apostarecuperação a cada quatro, cinco e depois seis períodos curtos) ou treinamento contínuo moderado (andarna casa de apostabicicleta por 40-60 minutos), três vezes por semana, por duas semanas.

Os pesquisadores observaram que as duas formasna casa de apostaexercício aumentaram a quantidadena casa de apostabactérias Bacteroidetes - um grupo fundamentalna casa de apostabactérias intestinais que participam da decomposiçãona casa de apostaaçúcares e proteínas e induzem o sistema imunológico a produzir moléculas anti-inflamatórias no interior do intestino. Níveis reduzidos dessas bactérias foram associados à obesidade e à síndrome do intestino irritável.

Os exercícios também reduziram os níveisna casa de apostabactérias Clostridium e Blautia. Acredita-se que estas bactérias,na casa de apostaaltos níveis, prejudiquem parte do sistema imunológico, aumentando as inflamações.

De fato, Hannukainen ena casa de apostaequipe observaram níveis significativamente menoresna casa de apostamoléculas indicadorasna casa de apostainflamações no sangue e no intestino,na casa de apostaparticipantes que haviam praticado exercícios. Particularmente, havia níveis mais baixosna casa de apostamarcadores inflamatórios conhecidos por se ligarem a lipopolissacarídeos - componentes encontrados nas paredes celulares das bactérias intestinais.

Sabe-se que os lipopolissacarídeos causam inflamaçõesna casa de apostabaixo grauna casa de apostatodo o corpo e também influenciam a resistência à insulina e o desenvolvimentona casa de apostaarteriosclerose - que, porna casa de apostavez, aumenta o riscona casa de apostaataque cardíaco e derrame cerebral.

Hannukainen e seus colegas afirmam que seu trabalho também demonstrou que os exercícios físicos reduziram especificamente as bactérias intestinais associadas à obesidade.

Por que isso acontece?

Woods afirma que ainda não está claro como os exercícios promovem mudanças na comunidadena casa de apostamicro-organismos intestinais, embora haja diversas teorias.

"Quando nos exercitamos, nosso corpo produz lactato, que pode servirna casa de apostacombustível para certas espéciesna casa de apostabactérias", segundo ele.

Woods explica que outro possível mecanismo podem ser as alterações induzidas pelos exercícios no sistema imunológico, especialmente o sistema imunológico intestinal, pois nossos micróbios intestinais estãona casa de apostacontato direto com as células imunológicas do intestino.

Os exercícios físicos também causam mudanças no fluxo sanguíneo para o intestino, que pode afetar as células que revestem as paredes intestinais e, porna casa de apostavez, gerar mudanças nos micróbios. Alterações hormonais causadas pelos exercícios também podem causar mudanças nas bactérias intestinais.

Mas nenhum desses possíveis mecanismos "foi definitivamente testado", segundo Woods.

Alguns atletasna casa de apostaelite costumam sofrer estresse induzido por exercícios físicos, devido à alta intensidade dos seus treinamentos. Estimativas indicam que até 20-60% dos atletas sofremna casa de apostaestresse devido ao excessona casa de apostatreinamento e recuperação inadequada.

Mas as bactérias intestinais podem ajudar a controlar a liberaçãona casa de apostahormônios acionada pelo estresse relacionado aos exercícios e também ajudar a liberar moléculas que melhoram o humor.

Elas podem ainda ajudar os atletas a lidar com certos problemas intestinais, mas são necessárias mais pesquisas neste campo.

Ainda existe muito mais que podemos aprender sobre como nossa atividade física afeta as criaturas que vivem dentro do nosso intestino, como os tipos e a duração dos exercícios que podem alterar a comunidade microbiana.

Essa influência pode também variarna casa de apostaum indivíduo para outro, dependendo do IMC, dos micróbios que moram no intestinona casa de apostacada um ena casa de apostaoutros fatoresna casa de apostaestilona casa de apostavida, como a alimentação e os níveisna casa de apostaestresse e sono.

À medida que os cientistas continuarem a desvendar os segredos escondidos no nosso trato gastrointestinal, poderemos encontrar novas formasna casa de apostamelhorar nossa saúde com as vibrantes e diversificadas comunidadesna casa de apostaorganismos que habitam o nosso corpo.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.

- Este texto foi publicadona casa de apostahttp://www.mi-rob.com/geral-62826557

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