Os pequenos descansos que ajudam cérebro a aprender coisas novas:great rhino

  • Paula Adamo Idoeta
  • Da BBC News Brasilgreat rhinoLondres
Pessoa aprendendo piano

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Ao aprender algo novo, como uma música no piano, é mais eficiente fazer pequenas pausas do que praticar sem parar até a exaustão, indicam estudos

great rhino Para aprender algo novo, é preciso praticar, praticar, praticar, diz o senso comum — aquela ideiagreat rhinoque "a prática leva à perfeição".

Mas uma sériegreat rhinoestudos científicos vem apontando que a prática incessante pode não ser o jeito mais eficientegreat rhinoaprender uma nova habilidade: o cérebro precisagreat rhinodescansos para consolidar o conhecimento recém-adquirido e transformá-logreat rhinouma memória transitória para uma memória duradoura.

E uma das descobertas mais recentes égreat rhinoque pequenas pausas intercaladas com a prática da atividade levam a grandes ganhosgreat rhinoaprendizado: o cérebro aproveita essas pausas para fazer um "replay" mental superveloz do que acabougreat rhinoaprender, reforçando a habilidade recém-adquirida.

Esses pequenos intervalos podem ser particularmente produtivos para o cérebrogreat rhinoquem pratica novos movimentos minuciosos e repetitivos, como atletas ou músicos - ou mesmo pacientes que estejam tentando recuperar habilidades perdidas após um derrame (veja mais adiante na reportagem).

"Imagine um cenáriogreat rhinoque a pessoa começa a aprender a tocar uma nova música no piano. A gente descobriu que, durante pausas, o cérebro repete uma versão 50 vezes mais rápida dos movimentos usados para tocar a música, várias e várias vezes, o que reforça a conexão dos neurônios das áreas associadas àquela memória nova", explica à BBC News Brasil o pesquisador brasileiro Leonardo Claudino, um dos coautoresgreat rhinoum estudo sobre o tema feito pelos Institutos Nacionaisgreat rhinoSaúde dos EUA (NIH, na siglagreat rhinoinglês) e publicadogreat rhino2021 no periódico Cell Reports.

Cérebro

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Legenda da foto, Nos momentosgreat rhinodescanso é que o cérebro consegue, segundo se acredita, transferir memórias para áreas do cérebro onde ela vai ser consolidada

Nesse estudo, ele e outros pesquisadores dos NIH registraram a atividade cerebralgreat rhino33 voluntários destros enquanto eles aprendiam a digitar, no teclado, uma sequênciagreat rhinonúmeros com a mão esquerda. Os voluntários tinhamgreat rhinodigitar o máximo possívelgreat rhinosequências durante dez segundos, e daí fazer um intervalogreat rhinodez segundos.

Alguns membros dessa mesma equipegreat rhinopesquisa, liderados pela cientista Marlene Bönstrup, já haviam observadogreat rhinoestudos prévios que, depois dos breves intervalos, os voluntários melhoravam a velocidade e a precisão com que digitavam sequências numéricas desse tipo.

Agora, o objetivo era entender o que acontece no cérebro nesse processo. E, por meiogreat rhinoexamesgreat rhinomagnetoencefalografia, os cientistas puderam observar os rápidos "replays" que o cérebro fazia daquilo que havia acabadogreat rhinoaprender.

"E a gente descobriu que (a consolidação) acontecegreat rhinouma escalagreat rhinotempo muito mais rápida do que se acreditava até então", aponta Leonardo Claudino. "Uma habilidadegreat rhinodois segundos passa a ser repetida no cérebro na escalagreat rhinomilissegundos."

Ao fazer esses "replays", o cérebro consolida, então, o aprendizado.

O caminho da memória no cérebro

Nadadora

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Legenda da foto, A mesma ideia vale para atletas que estejam treinando um novo movimento: é nas pausas que o cérebro consolida o aprendizado dessa habilidade
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Mesmo antesgreat rhinoestudar o efeito dessas pequenas pausas, os cientistas já sabiam que o cérebro precisavagreat rhinodescanso para consolidar as memórias — na prática, segundo o conhecimento científico até agora, isso passa por transferir a memória do hipocampo, onde ficam os registros temporários, para áreas do neocórtex, onde fica a memóriagreat rhinoduração maior.

Mas, até essas descobertas mais recentes, acreditava-se que era só durante o sono — quando o cérebro fica mais livregreat rhinoestímulos sensoriais externos — que esse processogreat rhinoconsolidação acontecia.

Com os novos estudos, aponta Claudino, é possível perceber que as memórias se consolidam tambémgreat rhinomodo quase simultâneo à prática — um processo que parece ser complementar ao que acontece enquanto dormimos.

Mas isso é algo que ainda precisa ser confirmado por mais pesquisas.

"Ainda não se sabe muito, e certamente são (pausas) fisiologicamente diferentes. (...) Mas talvez o sono codifique uma experiência mais completa — todo o contexto (daquela memória), quem estava lá, como era o ambiente. Já a pausa rápida talvez registre detalhes mais minuciosos: a sinergia entre os dedos na digitação, o movimento. É uma hipótese para alguém investigar no futuro", pondera Leonardo Claudino.

Como colocargreat rhinoprática

Como, então, tirar proveito prático do conhecimento científico acumulado até agora?

"Vejo uma utilidade mais direta quando pensogreat rhinopráticas esportivas ou performance musical, que envolvem sessõesgreat rhinoque o atleta ou artista vai realizar o mesmo movimento várias vezes", explica Claudino.

"Uma lição a se tirar é: quando se iniciar o aprendizadogreat rhinouma nova técnica, evite a prática até a exaustão, até a falha. Em vez disso, é melhor fazer pausas. A perfeição vai ser obtida mais rapidamente se você der tempo pro cérebro consolidar (o aprendizado),great rhinovezgreat rhinopraticar sem parar visando a perfeição."

"Geralmente a gente aprende uma nova técnica repetindo várias vezes — você repete, repete, e chega uma horagreat rhinoque você já sabe as sequênciasgreat rhinomovimentos que vão produzir a atividade final. A ideia é que você,great rhinovezgreat rhinopraticar aquilo até a exaustão, faça-a dez vezes, por exemplo, daí dê uma parada, e volta a fazergreat rhinonovo."

O mesmo raciocínio pode orientar também práticas pedagógicasgreat rhinoescolas ou universidades.

"Em um ambientegreat rhinoensino, talvez o professor, quando for introduzir um conceito fundamentalmente novo, possa pensar na sessão do aprendizado já incluindo essas pausas. É importante que o estudante tenha esses períodosgreat rhinodescanso, porque o cérebro dele vai estar ativo, apesar do descanso — essa que é a nossa descoberta. O hipocampo e o córtex dele vão estar realizando essas trocas, que vão consolidar o aprendizado recente", detalha o pesquisador.

O que ainda não se sabe ao certo é qual a duração idealgreat rhinouma pausa para a consolidação ótimagreat rhinoum novo aprendizado.

"Esse é um dos desafios da aplicação prática", afirma Claudino, lembrando que isso pode depender também do tipogreat rhinohabilidade aprendida egreat rhinocaracterísticas individuaisgreat rhinocada praticante.

Mas, nos estudos dos NIH, aquelesgreat rhinoque os voluntários digitavam sequências no teclado, os pesquisadores observaram que o ganhogreat rhinoaprendizado era maior quando a prática e os intervalos tinham duração parecida. Por exemplo, dez minutosgreat rhinoprática e dez minutosgreat rhinopausa.

Claudino ressalta, porém, que se tratagreat rhinoestudos controlados, feitosgreat rhinolaboratório, então suas conclusões não necessariamente se transpõem exatamente para a vida real.

cérebro

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Cientistas observaram que,great rhinopequenas pausas da práticagreat rhinoalgo novo, o cérebro faz um "replay" do que aprendeu

Como fazer uma pausa produtiva para o cérebro?

Da mesma forma, o fatogreat rhinoos experimentos ocorreremgreat rhinoambientes totalmente controlados dificulta que haja uma "receitagreat rhinobolo" para o tipogreat rhinopausa mais eficiente para ajudar o cérebro a aprender.

No caso dos estudosgreat rhinolaboratório, durante a pausa, cada voluntário ficava parado, sem digitar no computador.

Na vida real, o pesquisador sugere dar um pequeno sossego para o cérebro do que quer que ele esteja aprendendo.

"Se a pessoa está aprendendo a tocar uma música, imagino que (a pausa) seria simplesmente parargreat rhinotocar, pensargreat rhinooutra coisa ou não realizar outra atividade que possa interferir com aquela — por exemplo, não tente aprender uma outra música quando estiver descansando da primeira, porque você usa as mesmas regiões e capacidades", explica.

Outras linhasgreat rhinopesquisa também já contribuíram para a ciência do aprendizado — e trazem conclusões complementares que podem ajudar na consolidação do conhecimento.

Em entrevista à BBC News Brasilgreat rhino2020, a pesquisadoragreat rhinopsicologia cognitiva Barbara Oakley, autora do livro Aprendendo a Aprender, explicou que o cérebro trabalhagreat rhinodois jeitos diferentes, que se complementam no aprendizado: o modo focado (quando estamos prestando atenção a um exercício, a um filme ou ao professor, por exemplo) e o modo difuso (quando o cérebro está relaxado).

Segundo Oakley, o cérebro precisa alternar entre o modo difuso e o focado para aprendergreat rhinoforma efetiva. Relaxar a mente — seja fazendo uma caminhada ou mudandogreat rhinoatividade —, portanto, ajuda diretamente a melhorar o aprendizado e a resolver problemas.

"Quando você estiver empacadogreat rhinoum exercíciogreat rhinomatemática, o melhor a fazer é mudar o foco e estudar um poucogreat rhinogeografia. Assim, você conseguirá avançar quando voltar à matemática", sugeriu Oakley.

Pacientesgreat rhinoderrame

De volta às pesquisasgreat rhinoLeonardo Claudino, um dos focos no estudo da consolidaçãogreat rhinomemória durante pequenas pausas é ajudar pessoas que estejam recuperando suas habilidades depoisgreat rhinoterem sofrido um derrame. Isso pode acontecer, no futuro, otimizando ao máximo as sessõesgreat rhinoreabilitação.

"Passamos a ter um marcador biológicogreat rhinoquando o cérebro está consolidando a habilidade e onde isso está acontecendo", explica o cientista. "Podemos pensargreat rhinodesenvolver um sistemagreat rhinomonitoramento enquanto a pessoa estiver passando por terapia ocupacional ou uma técnicagreat rhinoneuroestimulação ou neuromodulação, (...) e fazer com que o sistema maximize as repetições da habilidade."

Esse estímulo ótimo ao cérebro pode fazer com que a reabilitação produza resultados mais rápidos, diz Claudino.

"Nossos resultados sugerem que pode ser importante otimizar o timing e a configuração dos intervalosgreat rhinodescanso ao se implementar tratamentosgreat rhinoreabilitaçãogreat rhinopacientesgreat rhinoderrames ou quando se aprende a tocar piano entre voluntários normais", explicougreat rhinocomunicado o médico Leonardo Cohen, chefe do laboratório responsável por essas pesquisas nos NIH.

São, por enquanto, camposgreat rhinopesquisa ainda abertos, agrega Leonardo Claudino. O importante é entender que, mesmo durante descansos, o cérebro nunca paragreat rhinoaprender.

"O que vai contra o senso comum é que, quando você está parado, o seu cérebro não está parado. A gente ainda está entendendo esse fenômeno, mas (nessas pausas) você ocupa o seu cérebro com menos processamentogreat rhinoestímulo e produçãogreat rhinomovimento. Daí você dá aquela janelagreat rhinooportunidade para ele consolidar o que já está aprendendo."

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