Não mexe no DNA nem causa câncer: entenda como a vacina da Pfizer age no corpo:roleta

Crédito, NurPhoto/Getty Images
Mas não precisa ficar preocupado: essas vacinas não chegam nem perto do nosso DNA e os estudos demonstram que elas são bastante seguras, afirmam especialistas ouvidos pela BBC News Brasil.
Mas para entender como os cientistas conseguem fazer afirmações do tipo, é preciso dar alguns passos para trás e explicar um aspecto bem interessante sobre o funcionamentoroletanosso corpo.
A receita da vida
Todas as nossas características físicas (e até algumas psicológicas) são determinadas pelo DNA, um conjuntoroletabilhões e bilhõesroletabases nitrogenadas organizadasroleta46 cromossomos, que estão guardados no núcleoroletatodas as células que compõem nosso corpo.
E nosso genoma é dotadoroletauma simplicidade fascinante: ele é compostoroletaapenas quatro tipos diferentesroletabases nitrogenadas (conhecidas pelas letras A, T, C, G), que geram sequências intermináveis e determinam a cor do cabelo, a altura, o funcionamento do intestino grosso e até a propensão a desenvolver um tumor ou uma doença neurodegenerativa.
O funcionamento do nosso corpo é basicamente regido pelo código genético: quando uma célula do estômago precisa secretar uma substância ácida, que vai ajudar na digestãoroletaum alimento, por exemplo, a sequênciaroletagenes responsável por essa função se manifesta no local e dita o que deve ser feito.
Para que isso ocorra dentro do esperado, esse pequeno trecho do código genético responsável por essa "tarefa" cria uma fitaroletaRNA mensageiro, que sai do núcleo da célula e se dirige para uma estrutura chamada ribossomo.
É justamente ali que esse talroletaRNA mensageiro (ou mRNA para os íntimos) é interpretado e gera uma reaçãoroletacadeia para chegar a uma resposta adequada — seguindo no nosso exemplo anterior, será a partir daqui que a célula gástrica vai produzir o ácido digestivo.
Mas o que isso tem a ver com as vacinas? Bem, você se lembra que os imunizantesroletaPfizer/BioNTech e Moderna se baseiam justamente na tecnologiaroletamRNA?
É isso mesmo: esses produtos são feitos a partirroletauma fitaroletaRNA mensageiro criadaroletalaboratório.
Os especialistas montaram uma sequência genética com instruções detalhadas para que as nossas próprias células, a partir do contato com esse mRNA específico, sejam capazesroletafabricar a proteína S, que está presente na espícula do coronavírus.
Essa espícula (ou spike,roletainglês,roletaonde deriva o "S") é uma estrutura que fica na superfície do vírus e permite que ele se conecte com receptores das nossas células e dê início à infecção.
O que acontece na vacinação?
Quando tomamos as doses dessas vacinas, portanto, esse mRNA entra nas células e vai até o ribossomo, que lê aqueles comandos e desencadeia a produção da proteína S.
"É como se essas vacinas trouxessem uma receita, que ensina nossas células a preparar um determinado produto", compara o imunologista Carlos Zárate-Bladés, pesquisador do LaboratórioroletaImunorregulação da Universidade FederalroletaSanta Catarina.
Quando está pronta, essa proteína S sai das células e é detectada pelo sistema imunológico, que vai gerar anticorpos contra ela.

Crédito, JUAN GAERTNER/SCIENCE PHOTO LIBRARY
Assim, o organismo fica "treinado" e sabe como reagir numa situação real: caso um coronavírusroletaverdade apareça, as célulasroletadefesa já conhecem a espícula e sabem como lidar com ela antes que a invasão seja consumada.
E isso, porroletavez, vai prevenir o surgimento dos sintomas ou a evolução do quadro para estágios mais complicados da covid-19, que exigem internação e intubação.
Toda essa explicação nos sinaliza uma coisa muito importante: o RNA mensageiro da vacinaroletaPfizer/BioNTech ou Moderna não chega nem perto do núcleoroletanossas células, onde está guardado nosso DNA.
"Depoisroletausadas, essas moléculas [o mRNA] acabam degradadas e não são mais encontradas no organismo após dois a sete dias", estima Zárate-Bladés
"E não há risco nenhumroletainteração entre esse mRNA e nosso DNA, pois o genoma está protegido no núcleo das células", reforça Bonorino, que também integra a Sociedade BrasileiraroletaImunologia.
Considerando então que essas vacinas não interagem diretamente no nosso código genético, também não há perigoroletaelas provocarem o surgimentoroletaum câncer, como acusam algumas das teorias da conspiração divulgadas por aí.
Tecnologia nova?
Outro argumento comumroletacorrentesroletaWhatsApp e conteúdos falsos nas redes sociais é oroletaque esses produtos são muito novos e a ciência não possui experiência suficiente para justificar seu usoroletabilhõesroletaseres humanos.
Sim, é verdade que essa é a primeira vez que as vacinasroletamRNA são aprovadas para usoroletalarga escala e seu processoroletadesenvolvimento e aprovação aconteceuroletatempo recorde.
Mas pouca gente sabe que essa tecnologia é estudada há muitas décadas.
"Nos anos 1950, quando se descobriu a estrutura do DNA, alguns gruposroletapesquisa já avaliavam a possibilidaderoletamanipular material genético e, a partir disso, obter tratamentos, imunizantes e maneirasroletaconsertar mutações", recapitula Zárate-Bladés.
As vacinasroletamRNA se tornaram uma realidade palpável ainda na décadaroleta1990 e diversos protótipos já foram desenvolvidos para fazer frente a outras doenças, como gripe, zika, raiva, catapora e herpes.
O grande desafio, explica Bonorino, era desenvolver uma fórmula estável e com capacidaderoletagerar uma resposta imune forte e duradoura.
Isso só foi obtido mais recentemente, graças aos esforçosroletainúmeros cientistas e aos investimentosroletapesquisa.

Crédito, Sopa Images/Getty Images
Mas a infectologia não é a única área a se beneficiar dessa ferramenta: desde 2010, especialistasroletaoncologia estão criando terapias baseadas no RNA mensageiro para tratar alguns tiposroletacâncer.
Os especialistas, portanto, possuem muita experiência nessa área.
Outro ponto que traz alívio é o fatoroletadiferentes agências regulatórias, como a Anvisa do Brasil, terem aprovado as vacinas e se mostrado bastante confiantes sobre seu uso nas campanhas.
Apesarroletatodas essas informações, os envolvidos nesse processo seguem atentos e acompanham dezenas milharesroletapessoas já vacinadas.
Essa é a chamada fase 4 da pesquisa clínica e acontece depois da liberação para usoroletadiferentes países.
Caso qualquer efeito colateral seja notado, os especialistas e os órgãosroletacontrole e fiscalização serão os primeiros a saber e notificar para toda a sociedade.
Mas tudo indica que um cenário desses é bastante improvável dianteroletatodas as evidências disponíveis até o momento.
Reações esperadas
Um último ponto importante para entender as vacinasroletamRNA é saber os efeitos colaterais que ela pode causar no nosso corpo.
No geral, as reações mais comuns são dor no local da aplicação e um poucoroletafebre. Algumas pessoas também podem sentir calafrios, dorroletacabeça e incômodos musculares.
Mas a boa notícia é que essas sensações costumam durar no máximo dois ou três dias e logo se resolvem.
Vale notar, inclusive, que um cenário muito parecido se repete com outros tiposroletaimunizantes, como aquelesroletavírus inativados, caso da CoronaVac, e osroletavetor viral não replicante, como a AZD1222,roletaAstraZeneca e UniversidaderoletaOxford.
Por isso, nem adianta escolher ou preferir algum tiporoletavacina: quando chegar aroletavez, tome a dose que estiver disponível na hora, é o que recomendam especialistas da saúde. Todas as opções tiveram a eficácia e a segurança comprovadas e foram liberadas pela Anvisa.

Crédito, Rodrigo Paiva/Getty Images
Essas reações pós-vacinação podem até não ser muito agradáveis, mas elas representam um sinalroletaque o sistema imune está reagindo e gerando uma resposta satisfatória.
É por isso que os médicos só sugerem o usoroletaremédios, como anti-inflamatórios e antitérmicos, quando os sintomas estão muito fortes mesmo — uma febre baixa não justifica o usoroletadipirona, por exemplo.
"E aquelas pessoas que foram imunizadas e não sentem nenhum incômodo também não precisam ficar preocupadas. Isso não significa que a vacina não funcionou nelas, pois cada sistema imune reageroletauma maneira diferente", esclarece Bonorino.
E, claro, aquela clássica recomendação do final das propagandasroletamedicamentos continua a valer: se persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado.
Ou seja, caso os incômodos não melhorem após dois ou três dias, ou se surgirem outras manifestações, vale procurar um especialista ou o postoroletasaúde onde você tomou a dose para uma investigação mais detalhada e para receber orientações personalizadas.

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