'Minha mãe foi obrigada a deixar Alemanha para não ser morta, e agora me negam cidadania alemã':download onabet

Ele voltou então à pousada para se vingar, atirando e ferindo seriamente Julius, que tinha 27 anos na época, e assassinando seu pai, Simon.

Baer foi mais tarde condenado à prisão perpétua, mas recebeu anistia após cumprir quatro anosdownload onabetpena.

Assim que conseguiu, Julius fugiu da Alemanha com medodownload onabetser morto e se estabeleceudownload onabetNova York, onde conheceu e se casou com uma refugiada judia alemã. Mas ele nunca se recuperou completamente do ataque — como não foi possível retirar as balasdownload onabetchumbo do seu corpo, ele morreudownload onabetdecorrência dos ferimentosdownload onabet1956, no nono aniversário do seu filho James.

Quase 60 anos depois,download onabet2015, James Strauss decidiu fazer uma viagem a Gunzenhausen.

"Conheci jovens estudantes adoráveis e autoridades locais que trabalham duro para manter viva a memória desse terrível incidente", conta. "Fiquei impressionado com o conhecimento deles."

Strauss retornou aos EUA com "uma sensação boa"download onabetrelação à Alemanha moderna e decidiu que "em homenagem ao pai e ao trabalho positivo que havia sido feitodownload onabetGunzenhausen", reivindicaria o direitodownload onabetobter a cidadania alemã da família.

Ao fazer a solicitaçãodownload onabet2017, ele achava que seu caso era incontestável. "Mas quando cheguei com os documentos ao consuladodownload onabetNova York, fui avisado que havia um problema", diz ele.

Informaram a Strauss que ele não era elegível à cidadania porque seu pai se tornou americanodownload onabet1940 — antesdownload onabetter perdido oficialmente a nacionalidade alemã.

Embora a legislação tenha sido aprovadadownload onabet1933, permitindo privar os judeus alemães da cidadania — bastando para isso publicar seus nomes no jornal —,download onabetmuitos casos, isso só aconteceu na desnaturalizaçãodownload onabetmassadownload onabettodos os judeus que haviam fugido do país,download onabetnovembrodownload onabet1941.

O artigo 116 da Constituição alemã do pós-guerra afirma que os descendentesdownload onabetpessoas privadasdownload onabetsua cidadania durante o nazismo "devem ter, mediante pedido,download onabetcidadania restaurada". Mas as autoridades alemãs estão recusando a solicitaçãodownload onabetdescendentesdownload onabetpessoas como Julius Strauss, alegando que eles deixaram o país "voluntariamente".

É um argumento que vai contra os fatos históricos. Se Julius Strauss tivesse ficado na Alemanha, ele teria morrido no campodownload onabetconcentraçãodownload onabetDachau, como os outros judeus que moravamdownload onabetGunzenhausen.

James Strauss está furioso e determinado a contestar o indeferimento do pedido.

"É uma traição não apenas à minha família, mas à nova Alemanha e aos estudantes que trabalharam tanto", diz ele.

No ano passado, o advogado Felix Couchman, baseadodownload onabetLondres, trabalhou horas extras, viajandodownload onabetum lado para o outro na Alemanha e montando um caso para convencer — ou forçar — o governo alemão a parardownload onabetexcluir várias categoriasdownload onabetjudeus do artigo 116.

James Strauss é um dos maisdownload onabet100 descendentesdownload onabetvítimas do nazismo que tiveram seus pedidos rejeitados e procuraram a ajudadownload onabetCouchman. Essas pessoas — do Reino Unido, Austrália, Canadá, Colômbia, Israel e EUA — se juntaram no grupo Excluídos do Artigo 116, organizado por Couchman com o intuitodownload onabetdefender o caso e, se necessário, levar até o Tribunal Constitucional da Alemanha.

Enquanto a solicitaçãodownload onabetStrauss foi estimulada por uma admiração pela nova Alemanha, no Reino Unido os pedidosdownload onabetcidadania alemã aumentaram após o referendodownload onabet2016,download onabetque a população decidiu pela saída da União Europeia, o chamado Brexit.

Em 2018, 1.506 solicitaçõesdownload onabetcidadania alemã foram feitas no Reino Unido,download onabetcomparação com 43download onabet2015. Mas Couchman diz que, embora o Brexit tenha sido o catalisador da ação coletiva, não é simplesmente um problema do referendo. O Brexit serviu apenas para revelar uma prática "moralmente e eticamente errada", diz ele.

A maneira como o artigo 116 foi interpretado vai contra o espírito da Constituição, argumenta ele, e ignora "o quanto essas pessoas sofreram sob o Terceiro Reich".

A mãedownload onabetJudith Rhodes, Ursula Michel, foi para o Reino Unidodownload onabet1939 no chamado Kindertransport, a operação humanitária que resgatou milharesdownload onabetcrianças judias, deixando seus pais para trás.

"Sua vida foi fraturada e ela nunca superou a culpadownload onabetter sobrevivido", diz Rhodes. Toda a família dela morreu no Holocausto.

Rhodes, que vivedownload onabetYorkshire, participadownload onabetatividades educativas sobre o Holocausto na cidade nataldownload onabetsua mãe, Ludwigshafen am Rhein — ela mostra aos alunos a pequena mala que a mãe foi autorizada a levar com ela.

Para facilitar a continuidade desse trabalho após o Brexit, Rhodes decidiu solicitar a cidadania alemã. Mas foi recusada.

O pedidodownload onabetRhodes foi rejeitado com base no argumentodownload onabetque ela havia nascido antesdownload onabet1ºdownload onabetabrildownload onabet1953,download onabetuma mãe alemã casada com um inglês. Se tivesse sido o contrário (e o pai fosse alemão), é provável que a cidadania tivesse sido concedida.

"Estou furiosa porque acho que a decisão discrimina as mulheres. Estamos no século 21, e esse tipodownload onabetdiscriminação sexual não deveria ser permitido", afirma.

"Acho que a postura do governo alemão édownload onabetque os judeus deveriam ter permanecido no Terceiro Reich e não ter fugidodownload onabetbuscadownload onabetsegurança. É como uma companhiadownload onabetseguros dizer ao proprietáriodownload onabetum imóvel que não vai pagar (o seguro) porque ele não permaneceu na casadownload onabetchamas combatendo o fogo."

A mãedownload onabetFelix Couchman também chegou ao Reino Unido no Kindertransport. Ele criou o grupo Excluídos do Artigo 116 quando, assim como Judith Rhodes, umdownload onabetseus irmãos foi informado pelo Consulado Alemãodownload onabetLondresdownload onabetque não era elegível para solicitar a cidadania alemã. Embora o artigo 116 diga que descendentesdownload onabetalemães privadosdownload onabetcidadania "devem terdownload onabetcidadania restaurada", o consulado argumentou que, segundo a leidownload onabetnaturalização alemã, a cidadania só podia ser transmitida pelo pai até os anos 1970.

Apesardownload onabetnão pensardownload onabetsolicitar a cidadania alemã e nunca ter se envolvidodownload onabetqualquer tipodownload onabetcampanha antes, Couchman decidiu tomar uma atitude.

"Embora minha mãe tenha morridodownload onabet2001, eu tinha plena consciência do que ela esperava que eu fizesse."

"Acho que o governo alemão pensou que éramos um bandodownload onabetsenhorinhas tomando chá", diz rindo, "mas a estrutura moral da nossa campanha significa que não vamos embora. Eles ficaram surpresos com a nossa determinação".

Como o governo alemão interpreta o artigo 116

O direito automático à cidadania é negado a pessoas:

- Nascidas fora do casamento, antesdownload onabet1993,download onabetpai que era alemão e mãe estrangeira;

- Adotadas por pais que eram alemães antesdownload onabet1977;

- Cujo antepassado obteve a cidadania estrangeira antesdownload onabetperder a cidadania alemã;

- Nascidas antesdownload onabet1ºdownload onabetabrildownload onabet1953download onabetpai estrangeiro e mãe alemã, que fugiu da Alemanha antesdownload onabetperder a cidadania;

- Nascidas após 31download onabetdezembrodownload onabet1999;

- Cujos antepassados ​​eram judeus membrosdownload onabetcomunidades alemãs anexadas pelos nazistas durante a expansão militar, como Danzig (Polônia) e Sudentenland (Tchecoslováquia) (os alemães não-judeus nessas áreas foram naturalizadosdownload onabetmassa, mas os judeus não).

O interesse pela campanha ganhou força. A esposadownload onabetCouchman, Isabelle, atende às centenasdownload onabetpessoas que entraramdownload onabetcontato com o grupo. "Alguns são muito idosos e sofreram muito", diz ela. "Alguns perderam toda a família no Holocausto."

Enquanto Couchman e Nick Courtman, estudantedownload onabetdoutorado da Universidadedownload onabetCambridge, no Reino Unido, fazem lobby com partidos políticos na Alemanha, Isabelle administra uma rededownload onabetapoio.

"As pessoas ficam muito emocionadas e costumam chorar no telefone quando me ligam", conta. "Pode levar meses até decidirem se querem levar essa batalha adiante". Alguns são idosos sobreviventes do Holocausto, crianças do Kindertransport, por exemplo, que ainda estão traumatizados por suas experiências.

O ponto central do processodownload onabetCouchman contra o governo alemão é a atmosferadownload onabetque o artigo 116 foi implementado. "Fomos informados por várias fontes sobre a influência nazistadownload onabetrelação à maneira como a lei foi interpretada nas décadasdownload onabet1950 e 1960", afirma.

O chefe do departamento do Ministério do Interior que lidava com os pedidosdownload onabetresidência e asilo na época era Kurt Breull, um ex-nazista que havia deixado claro seu pontodownload onabetvista antissemita na décadadownload onabet1930.

Foi nesse período que pessoas como Julius Strauss, que fugiram do país e adotaram outra nacionalidade antesdownload onabetterem sido privadasdownload onabetsua cidadania alemã, foram consideradas inelegíveis — alémdownload onabetjudeus que viveramdownload onabetterritórios do leste europeu ocupados pela Alemanha, como Danzig (agora Gdansk, na Polônia).

"Temos que entender como essas exclusões surgiram para corrigi-las", diz Couchman.

Nick Courtman estudou as investigações do próprio governo alemão sobre o fracasso da desnazificação — e encontrou documentos que mostram que o Ministério do Interior estava ciente da controvérsiadownload onabettorno do artigo 116 nos anos 1950, quando foi criada uma comissão para analisar possíveis reformas.

Essa comissão foi liderada pelo professor Ulrich Scheuner, um ex-defensor do nazismo que, segundo os documentos, apoiava a práticadownload onabettentar excluir certos grupos.

"Essa influência ainda filtra e afeta as decisões hoje, uma vez que estabelece precedentes", diz Couchman.

Em agosto, o grupo Excluídos do Artigo 116 venceudownload onabetprimeira batalha. O governo alemão publicou dois decretos, após a pressão feita pelo grupo, permitindo que alguns descendentesdownload onabetvítimas do regime nazista solicitem naturalização discricionária sob a Lei da Nacionalidade.

O governo alemão diz que os decretos facilitam a obtenção da cidadania alemã "para os solicitantes que sofreram injustiças históricas semelhantes às estabelecidas no [artigo 116], mas não têm direito a restaurar (a cidadania) sob esse artigo por razões legais".

Em nota enviada à BBC, o governo afirma que "aprecia muito" o fatodownload onabetque descendentesdownload onabetvítimas da perseguição feita pelo Partido Nacional-Socialista agora queiram obter a cidadania alemã e diz que os novos decretos "oferecem uma regra rápida e diretamente aplicável... reduzindo ao mínimo os requisitos da cidadania para as pessoas elegíveis".

Judith Rhodes é uma das pessoas que,download onabettese, pode preencher requisitos, mas apenas se fizer uma sériedownload onabetprovasdownload onabetidioma e cidadania. Ela diz que isso ainda é discriminatório e se ressentedownload onabet"ser convidada a passar por tanta burocracia".

Para Couchman, as concessões são "uma resolução parcial, mas não cobrem todas as exclusões". Crianças adotadas, por exemplo, ainda não são consideradas elegíveis.

"É um ato discricionário que você precisa implorar", diz ele. "O que queremos é nosso direito constitucional nos termos do artigo 116."

O grupodownload onabetCouchman tem alguns aliados poderosos e conseguiu obter o apoiodownload onabetpartidos da oposição — os Verdes, o Die Linke (partidodownload onabetesquerda) e o Partido Democrático Liberal (FDP) — que estão liderando uma investigação parlamentar sobre o assunto. E ainda está buscando o apoiodownload onabetpartidos que integram a coalizãodownload onabetgoverno, a União Democrata-Cristã (CDU) e o Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD).

Couchman lembra quedownload onabetsetembro o Parlamento da Áustria aprovou por unanimidade uma lei que estende a cidadania aos descendentesdownload onabetvítimas do nazismo que fugiram do Terceiro Reich.

"Se a Áustria é capazdownload onabetaprovar uma legislação para corrigir questões relativas à concessão da cidadania passando por cima das divisões partidárias, não vejo por que isso não pode ser feito na Alemanha", acrescenta.

A luta tomou conta da vida dos Couchmans. O casal trabalha nos finsdownload onabetsemana e até altas horas da noite. Os dois filhos adolescentes se encarregam das refeições entre os estudos para as provas.

É a história pessoal da família que os move. O avôdownload onabetCouchman, Fritz Beckhardt, era um aviador alemão e herói da Primeira Guerra Mundial, mas depois que os nazistas chegaram ao poder, seu passado na guerra foi apagado dos livrosdownload onabethistória.

A mãedownload onabetCouchman, Suse Beckhardt, nasceudownload onabet1930download onabetWiesbaden. Quando ela tinha sete anos, seu pai teve um caso com uma mulher ariana, o que era considerado um crime para os nazistas, e foi enviado para o campodownload onabetconcentraçãodownload onabetBuchenwald.

"Um amigo dele da Força Aérea, um proeminente advogado judeu, Berthold Guthmann, decidiu fazer um apelo a Herman Goering, um dos líderes nazistas mais poderosos, que era um dos seus colegasdownload onabetguerra", diz Couchman.

Extraordinariamente, Fritz foi libertadodownload onabetBuchenwalddownload onabet1940 e orientado a deixar o país. Antesdownload onabetpartir, prometeu à irmã e aos sogros que voltaria. Nenhum deles sobreviveu ao Holocausto. Tampouco seu amigo Guthmann, que foi enviado para o campodownload onabetconcentraçãodownload onabetAuschwitz.

Beckhardt e a esposa chegaram ao Reino Unidodownload onabet1940, mas foram confinados com outros cidadãos alemães, na Ilhadownload onabetMan. Somentedownload onabet1943 conseguiram se reencontrar com os filhos, que haviam fugido no Kindertransport antes da guerra.

Determinado a cumprir a promessa feita à família, Fritz Beckhardt retornou à Alemanha na décadadownload onabet1950 para lutar pela retomada da propriedade e dos negócios da família.

"Ele lutou sem parar", diz seu neto, Couchman, cuja mãe permaneceu no Reino Unido.

"A loja não dava lucro porque as pessoas ainda não gostavamdownload onabetfazer comprasdownload onabetestabelecimentosdownload onabetjudeus na décadadownload onabet1950, mas ele não fechou o negócio. Você luta pelo que acredita ser certo."

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