Vacina do futuro será autoaplicável e ‘enviada pelo correio’, apontam cientistas:roleta misteriosa
- Edison Veiga
- De Roma para a BBC News Brasil

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roleta misteriosa Imagine só a seguinte situação: você quer tomar uma vacina roleta misteriosa contra a gripe. Masroleta misteriosavezroleta misteriosaprocurar o postoroleta misteriosasaúde mais próximo, ou mesmo aquela clínica particular que vai cobrar um valor considerável pelo procedimento, você faz uma compra on-line, recebe a dose e uma seringa com microagulha pelo correio e aplicaroleta misteriosasi mesmo o produto.
Simples? Sim. Impossível? Na verdade, não.
Pelo menos é isso que querem mostrar cientistas da árearoleta misteriosaimunologia.
Um gruporoleta misteriosa14 pesquisadoresroleta misteriosauniversidades americanas, canadenses e israelenses publicou nesta quarta-feira um artigo no periódico científico Science Advances explicando a tecnologia - que, no estudo, foi feita para uma cepa letalroleta misteriosagripe, mas que na vida prática poderia ser aplicada a outros tiposroleta misteriosavacinas.
Os pesquisadores criaram um medicamento para injeção intradérmica - ou seja, na pele, entre a derme e a epiderme -, o que facilita muito o esquema self-service: essa aplicação é fácil e pode ser feita mesmo que a pessoa não tenha nenhum conhecimento médico.
A maioria das vacinas hoje é aplicada com injeção subcutânea, que atinge camadas mais profundas do tecido e, por isso, só pode ser administrada por alguém com conhecimento médico.
As vacinas contra a gripe, por exemplo, são aplicadas no músculo deltoide, que recobre o ombro. Para adultos, usa-se uma agulha que pode chegar a 3,8 centímetrosroleta misteriosacomprimento.
O método desenvolvido pela equipe atingiu bons resultados tantoroleta misteriosafurões - usados para verificar a eficácia dos medicamentos - quantoroleta misteriosahumanos, mesmo quando foi testada uma das variedades mais nocivas do vírus da gripe.
O procedimento, conforme explica o artigo, é todo feito sem o auxílioroleta misteriosaum profissional.
Pelo mecanismo, o aplicador utiliza uma microagulha que, a partir da pele, pode penetrar nos tecidos profundos ou vasos sanguíneos.
"Um dia, isto pode ser enviado pelo correio para autoadministração. Isso poderia aliviar grandemente as multidõesroleta misteriosacentrosroleta misteriosasaúde no casoroleta misteriosaum surto ouroleta misteriosauma pandemia", afirmam os cientistas no estudo.
O artigo ainda lembra que, mais do que mutirões para aplicar vacinas, um grande desafio enfrentandoroleta misteriosaperíodos críticos,roleta misteriosapandemias, é justamente a produção e a distribuição das vacinas - e a autoaplicação facilitaria a disseminação dos agentes imunológicos na população.
Vacinas turbinadas
Para melhorar a qualidade das vacinas, os cientistas têm utilizado adjuvantes - aditivos, ou melhor, agentes químicos que tornam as tornam mais eficazes -, que aumentam a resposta imunológica do organismo.
O bioquímico Darrick Carter, do Institutoroleta misteriosaPesquisasroleta misteriosaDoenças Infecciosasroleta misteriosaSeattle, nos Estados Unidos, combinou três tecnologias para obter um produto eficiente e seguro. Sempre, ressalta-se, por meio da tal microagulha.

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Carter utilizou ainda uma técnica alternativa ao uso do vírus inativado, a chamada vacina recombinante, para produzir uma resposta imunológica ainda mais forte.
Por fim, o pesquisador fez com que fosse aplicado, junto à vacina, um adjuvante à baseroleta misteriosaum lipídio que pode aumentarroleta misteriosaeficácia - pelo menos este foi o resultado observadoroleta misteriosafurões.
Depoisroleta misteriosatestadaroleta misteriosaanimais, a vacina contra a gripe foi utilizadaroleta misteriosa100 humanos. Não foram registrados efeitos adversos e os resultados foram positivos.
De acordo com os pesquisadores, o sucesso do teste permite um planejamento para que, num futuro próximo, seja realidade a ideiaroleta misteriosaa população receber um pacote com vacina e dispositivo para aplicação intradérmica com facilidade, pelo correio.
Reforço na produçãoroleta misteriosavacinas
Também hoje, o periódico especializado Vaccine publicou uma pesquisa que pode ser um avanço na outra ponta da questão das vacinas: a produção.
Os cientistas descobriram uma maneira, utilizando feixesroleta misteriosalaser, para medir rapidamente a infectividade viral (a capacidaderoleta misteriosaum agenteroleta misteriosacausar infecção) no desenvolvimento e na produção das vacinas.
Isso significa melhorar a efetividade dos medicamentos, "acertando" com mais destreza a carga viral da vacina.

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No artigo, os pesquisadores, das empresas Thermo Fisher Scientific e LumaCyte, mostram como o laser possibilita que cientistas analisem rapidamente as vacinas virais. Com a maior precisão, a ideia é que o desenvolvimentoroleta misteriosamedicamentos seja acelerado, com um grauroleta misteriosaeficácia mantido.
"Muitas vacinas utilizam o próprio vírus para a criaçãoroleta misteriosauma resposta imunológica no corpo. Assim, a medição da concentração dos vírus infecciosos é crítica para a segurança e eficácia das doses", explicam os cientistas.
A quantificação viral durante uma doença, enquanto ela é manifestada, é muito importante: afinal, atrasos na produção e distribuição da vacina podem ter efeitos sérios no dia a dia das pessoas.
Em geral, hojeroleta misteriosadia, essa medição é feita por meio do que se chama "testeroleta misteriosaplacasroleta misteriosalise". Isso significa que amostras da vacina são colocadasroleta misteriosauma superfície pequena e, por meioroleta misteriosaobservação microscópica, analisa-se a disseminação - ou não - do vírus. Um processo, portanto, menos acurado e menos ágil do que a novidade proposta.
Os cientistas acreditam que, com o novo método, gargalos do processo sejam eliminados. E,roleta misteriosabreve, vacinas mais eficazes estejam disponíveis para males como ebola, zika vírus e influenza, a gripe.
Gripe
A maior dificuldade na imunização contra a gripe é a rápida mutação das cepas do vírus, que mudam praticamente a cada nova temporadaroleta misteriosavacinação.
Cientistas, entretanto, têm trabalhado para que,roleta misteriosabreve, esteja disponível uma vacina "universal" contra a doença - o que eliminaria a necessidade, por exemplo,roleta misteriosacampanhas anuaisroleta misteriosaimunização, como ocorre no Brasil, sobretudo focadas na população mais idosa.
Estudo publicado no ano passado na revista Scientific Reports mostra que uma das estratégias que vêm sendo testadas pelos cientistas é a criaçãoroleta misteriosauma vacina que combata a "raiz" do vírus da gripe,roleta misteriosavez do vírusroleta misteriosamodo geral. Isto faria com que toda a árvore genealógica do agente infeccioso fosse combatida.

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Esta é a ideiaroleta misteriosapesquisadores do centro médico da Universidaderoleta misteriosaRochester, instituição localizada ao norteroleta misteriosaNova York, nos Estados Unidos.
Para explicar o conceito, os cientistas envolvidos no projeto fazem uma analogia com uma flor comum. Eles afirmam que há uma proteína, chamada hemaglutinina, que tem a capacidaderoleta misteriosacobrir o exterior do vírus da gripe. Esse efeito é semelhante aoroleta misteriosauma flor: há o talo e a cabeça, o caule e as pétalas.
Até então, as vacinas são todas focadas na cabeça, ou seja, a parte do vírus que acaba sendo a mais exposta - e, consequentemente, aquela que mais muda evolutivamente, no esforço para escapar das defesas imunológicas.
Os cientistas utilizaram supercomputadores para analisar as sequências genéticas dos vírus da gripe H1N1roleta misteriosacirculação entre humanos desde 1918. Em laboratório, o vírus foi manipulado e juntado com anticorpos humanos. O softwareroleta misteriosacomputador encontrou variações evolutivas no vírus tanto na cabeça quanto no caule - mas, segundo os cientistas, a variação observada na cabeça sempre foi muito maior.
"Uma vacina contra a gripe universal baseada no caule seria mais amplamente protetora do que as que usamos agora, mas essa informação deve ser levadaroleta misteriosaconta à medida que avançamos com pesquisa e desenvolvimento", afirma o professorroleta misteriosamicrobiologia e imunologia David J. Topham, um dos autores da pesquisa.
"É muito mais difícil promover as mutações no caule do vírus, mas não é impossível."
Dados
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mesmo com intensas campanhasroleta misteriosavacinação ao redor do mundo, estima-se que 1 bilhãoroleta misteriosapessoas,roleta misteriosatodo o mundo estejam infectados com o vírus da gripe. Os casos graves estão entre 3 a 5 milhões por ano - que causamroleta misteriosa300 mil a 500 mil mortes decorrentes da doença.
Nos Estados Unidos, as vacinas existentes ainda hoje protegemroleta misteriosa40% a 70% da população, tambémroleta misteriosaacordo com dados da OMS.











