Por que as criançasva roulette2 anos fazem birra - e 10 dicas para lidar com isso:va roulette

  • Paula Adamo Idoeta - @paulaidoeta
  • Da BBC News Brasilva rouletteSão Paulo
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Por que as criançasva roulette2 anos fazem birra - e 10 dicas para lidar com isso

va roulette Tem diasva rouletteque ele só aceita comer a comida se for no prato azul. Em outros, ele não quer comer. Daí ele pede para ver TV ou usar o iPad, mas bem na horava roulettedormir. E quando ouve "não" dos pais, começa a bater e atirar os brinquedos longe, chora desesperadamente e se joga no chão. Depois, ele relutava rouletteentrar no banho e, quando entra, relutava roulettesair.

Birras e situações desse tipo se tornam rotina na vidava roulettepaisva roulettecrianças que se aproximam dos dois anosva rouletteidade, quando começa a fase apelidadava roulette"adolescência dos bebês".

E eis que esses pais, que estavam se acostumando a um bebê que aceitava quase tudo passivamente, se veem surpreendidos por uma criança cheiava roulettevontades e pronta para abrir o berreiro ao ser contrariada.

A boa notícia é que isso não só é normal, mas uma parte crucial do desenvolvimento da criança. E o aprendizado que ela terá nessa idade ajudará a moldar a forma como ela lida com seus sentimentos na vida adulta.

A segunda boa notícia é que há muitas formas inteligentesva roulettelidar com esses comportamentos, desde que os pais se armemva rouletteestratégias eva roulette(muita!) paciência.

A BBC News Brasil conversou com quatro especialistasva roulettecomportamento infantil para aprender a importância dessa fase por volta dos 2 aos 4 anos no desenvolvimento e levantou dez dicas práticas para guiar os paisva roulettesituações do dia a dia.

O que acontece por volta dos dois anos?

"É uma faseva rouletteque a criança faz descobertas incríveis e ganha uma enorme capacidadeva rouletteinteração, mas as áreasva rouletteautorregulação do seu cérebro ainda não se desenvolveram", explica Ross Thompson, professor do Departamentova roulettePsicologia da Universidade da Califórniava rouletteDavis e presidenteva rouletteconselho da organização Zero to Three, dedicada a essa faixa etária.

"O mais importante é os pais entenderem que essa criança é simplesmente incapazva roulettecontrolar suas emoções. Esse entendimento os ajudará a vê-lava roulettemodo mais construtivo,va roulettevezva rouletteachar que ela está desafiando (sua autoridade). Não adianta achar que ela está sendo malcriada e apenas dizer-lhe 'acalme-se', porque seu cérebro ainda é incapazva rouletteseguir esse comando. Cabe ao adulto ajudá-la a colocar seus sentimentosva roulettepalavras e a gerenciá-los."

"A criança começa a perceber que não é uma extensão dos pais, mas sim uma pessoa com vontades. E a esses novos quereres soma-se uma frustração intensa, acompanhadava roulettechoros e gritos", diz a autora e educadora parental Elisama Santos.

Criança comendo

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Crianças dessa idade estão morrendova roulettevontadeva rouletteusarva rouletterecém-descoberta autonomia

Essa maturação do controle emocional no cérebro perdura até os 20 e poucos anos, mas a fase mais crítica dessa "adolescência dos bebês" costuma passar por volta dos 4 anos, quando as crianças aumentam seu repertório para se expressar e entender o mundo.

Até lá, "se os pais se deixam levar pela raiva e se tornam punitivos, as situações tendem a sair do controle", diz Claire Lerner, conselheira parental também da Zero to Three. "Se,va roulettevez disso, eles agirem com calma, empatia e oferecerem estratégias para essa criança, ela aprenderá ferramentas para lidar com suas emoções - algo que a ajudaráva roulettetoda a vida adulta."

1. Quando a criança bate

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Quando contrariadas, muitas crianças a partirva rouletteum ano e meio batem nos pais ou cuidadores. Incapazesva rouletteexpressarva roulettefrustraçãova roulettepalavras ouva roulettese acalmar por conta própria, elas recorrem às reações físicas.

Como resposta, Lerner acha ineficaz o grito "pare jáva roulettebater, você estáva roulettecastigo!" - a criança ficará mais nervosa e não saberá o que fazer com seus sentimentos.

Lerner sugere explicar à criança o que ela está sentindo e dar ferramentas para ela extravasar. "Sei que você está chateada, mas não comemos doce a esta hora do dia. Quando estiver triste, bata neste tamborva roulettevezva roulettebater nas pessoas. Ou morda este brinquedova roulettevezva roulettemorder a mamãe", por exemplo.

Repetindo isso várias vezes, a tendência é que a criança comece a entender os próprios sentimentos e os recursos para administrá-los.

"Quanto mais você validar o sentimento dela, menor será a necessidade delava roulettereagir para demonstrá-lo", explica Lerner.

Criança abraçada à mãe

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Um abraço ajuda a acalmarva roulettemomentosva roulettebirra

Elisama Santos dá dicas semelhantes: ensinar a criança a bater palmas ou rugir como um leão quando precisar liberar a energia da raiva.

"Também sugiro falarva roulettetomva roulettecuriosidade: 'Você viu que ava roulettemãozinha me bateu? Você é o chefe da mãozinha, você que cuida dela'."

2. Calma na hora da birra

Ataquesva roulettebirra, sobretudova roulettelugares públicos, são desconcertantes. Mas Lerner lembra que não somos capazesva roulettecontrolar como nossos filhos vão reagir. Somos, porém, capazesva roulettecontrolar nossa própria reação. E manter a calma e o tomva roulettevoz ajuda a não elevar a tensão ainda mais.

"Isso é difícilva rouletteuma cultura que culpa os pais quando as crianças estão fazendo birra", diz ela. "(Mas) lembre-seva rouletteque seu filho não está propositadamente tentando humilhá-lo - ele simplesmente não consegue lidar com a situação. Seu trabalho não é puni-lo, e sim ter empatia, validar suas emoções, guiá-lo e manter a calma. Deixe as pessoas pensarem o que quiserem."

"Ajude a criança a expressarva roulettepalavras o que ela está sentindo (frustração, raiva, irritação) e ofereça colo e abraço - mesmo que ela evite, dizendo 'a mamãe está aqui quando você quiser um abraço'", sugere Debora Corigliano, psicopedagoga e especialistava rouletteneurociência da educação. "E permita que ela chore, garantindo que ela estejava rouletteum espaço seguro, caso ela esteja se debatendo."

Mudarva rouletteambiente, olhar para o céu, dar uma volta e tirar o foco do motivo da birra muitas vezes ajuda a "desativar a bomba". Mas vivenciar a tristeza decorrente das frustrações é parte do (difícil) processova roulettecrescer. "O choro cura e é uma ferramenta para se acalmar", diz Santos.

O professor Ross Thompson diz que diversos experimentosva roulettelaboratório já demonstraram a eficácia de, passada a criseva roulettechoro, ter conversas construtivas com as crianças. "É dizer a ela: 'Você ficou muito brava quando eu tirei o seu brinquedo e você me mordeu. Vamos pensarva rouletteoutras formasva rouletteagir?'. Você está dando a ela informação e orientação."

Chorova roulettecriança

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Aprender a reconhecer os sentimentos e a lidar com a frustração é um processo que começa nessa idade

3. Estabelecer limites

Ceder aos desejos da criança pode passar a ela uma mensagem contraproducente: ava rouletteque "se eu fizer birra, conseguirei o que quiser".

"Se eu ceder, não vou fortalecer o músculo da resiliência nem ensinar a criança a lidar com a frustração, algo essencial para a vida adulta", diz Santos. "O caminho não é ser permissivo, é dizer 'não' quando necessário e acolher a frustração decorrente desse não."

Para Lerner, "as crianças estão testando seu poder e suas escolhas. Se o pai não mantém o limite que definiu, o comportamento (de birra) continuará. E é preciso mesmo impor limites no tempo diante da TV ou tablets, ouva roulettecrianças que batem, porque certas coisas não são negociáveis. Se ela não quer botar o cintova roulettesegurança, coloque-o, seja impassível e siga adiante. Ela vai perceber aos poucos que, mesmo que não colabore, o cinto será colocadova roulettequalquer jeito".

4. Não enxergar como manipulação

Para crianças tão pequenas eva roulettemomentosva roulettetensão, adianta pouco perguntar "por que você bateu?" ou iniciar grandes discussões - elas são muito pequenas para entender, e a tendência é só aumentar a birra.

"As crianças são provocadoras, vão dizer: 'te odeio', vão te bater. Se enxergarmos isso como manipulação - quando são na verdade comportamentos típicos dessa idade -, tenderemosva roulettereagirva rouletteforma raivosa", diz Lerner.

"Em vezva rouletteentrar na briga, mantenha a calma, explique o que ela está sentindo e siga com a vida. A lição que você estará ensinando é ava rouletteque não vai entrarva rouletteuma discussão destrutiva."

5. Dar chancesva roulettea criança escolher

Para prevenir longas batalhas cotidianas e evitar que a criança tome controle da rotina familiar - nas refeições, na horava roulettese vestir, na horava roulettesair -, Lerner sugere dar escolhas (aceitáveis) às crianças, que estão morrendova roulettevontadeva rouletteexercerva rouletterecém-descoberta autonomia.

Birra

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Birras costumam exasperar os pais, sobretudo quando ocorremva roulettelugares públicos

"A dica é dar sempre duas escolhas às crianças e estabelecer limites. Por exemplo, no caso dos brinquedos espalhados pelo chão da casa: 'Você tem duas ótimas escolhas: guardar ou não os brinquedos. Se você guardar, ótimo. Se não guardar, a mamãe ou o papai terá que gastar tempo fazendo isso, então teremos um livro a menos para ler na horava roulettedormir'."

A ideia é dar consequências às escolhas das crianças, mas apropriadas à situação.

6. Em vez do 'não', o reforço positivo

Para Elisama Santos, as crianças dessa idade dizem "não" para (quase) tudo porque estão acostumada a ouvir muitos "nãos" dos pais - que, embora bem intencionadosva rouletteproteger os filhos, podem usar uma estratégia mais eficiente: o reforço positivo.

"Não adianta falar que ela não deve pôr a mão na tomada, porque o que ela vai fixar é apenas a tomada. É melhor falar 'a mãozinha vai no brinquedo'; 'o desenho é no papel'", sugere Santos.

7. Brincar mais - e escolher as batalhas

Transformar atividades cotidianasva roulettebrincadeiras ajuda a aliviar tensão nas tarefas chatas, diz a educadora parental.

"Se você usar uma vozva rouletterobô ou fizer cosquinhas para vestir ou escovar os dentes das crianças, vai levar essa fase com mais leveza e facilidade", diz Santos.

E evite entrarva roulettetodas as (desgastantes) batalhas com as crianças, diz Lerner. "Se não interfere no funcionamento da família e não machuca ninguém, recomendo deixar para lá - por exemplo, se o seu filho decide sairva roulettecasa com uma camiseta que não combina com a calça."

Birra

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Potenciais causadorasva roulettebirra, tarefas cotidianas ficam mais leves com a ajudava roulettebrincadeiras

8. Planejar para prevenir birra

Debora Corigliano sugere também identificar padrõesva roulettecomportamento para prevenir as crises: por exemplo, mudar o horário do banho ou da refeição caso seja bem na horava rouletteque a criança começa a ter sono.

"E, se você sabe o que causou a birra do dia anterior, também pode tentar impedi-la hoje com conversas. 'Lembra que ontem foi muito difícil a hora do banho? Vamos tentar hoje sem chorar? A mamãe/o papai vai te ajudar'."

9. O tapa 'educativo' vai ajudar?

Os especialistas consultados pela BBC News Brasil acham que a palmada - seja para ensinar limites, seja para tirar a criançava roulettesituações perigosas - não vai ajudar no processo educativo tão crucial nessa etapa.

Para Thompson, a violência tende a tornar as crianças mais raivosas e desafiadoras e os pais, mais punitivos -va rouletteum ciclo vicioso. O mesmo vale para agressões verbais. "A criança só vai achar que não é amada o suficiente - e é muito ruim passar essa fase da vida achando isso."

"Se estou resolvendo uma situação com uma agressão física ou verbal, estou ensinando essa criançava roulettedois anos a agir da mesma maneira", agrega Corigliano. "Ela vai usar a mesma estratégia quando estiverva rouletteoutro contexto (escolar ou familiar). É muito melhor uma conversa firme,va rouletteque os pais deem uma razão simples e fundamentada para o 'não' - 'Agora é horava roulettedormir, e nãova roulettetablet' -, com um vocabulário objetivo e adequado."

Para Elisama Santos,va roulettefato as crianças tendem a recuar dianteva rouletteum tapa ou um grito. "Mas é por medo, e não por ter aprendido a controlar o seu sentimento."

As chantagens - "se você parar eu te dou um doce" - têm o mesmo efeito adverso: "A criança vai fazer pelo doce, mas não vai aprender o valor do comportamento", adverte Corigliano.

Criança batendo no tambor

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'Quando estiver com raiva, bata no tambor' - uma formava rouletteensinar as crianças maneirasva rouletteextravasarva rouletteraiva

10. Perdeu o controle? Tem salvação

Às vezes os próprios pais se deixam levar pela situação e, mesmo sem querer, se veem gritando ou perdendo a paciência com os filhos.

"Pode ser um ótimo momento para ensinar às crianças a assumir responsabilidade por suas ações", diz Claire Lerner. Ela sugere dizer: "A mamãe/o papai perdeu o controle, mas agora eu respirei fundo. Desculpe ter gritado, vamos começar tudova roulettenovo e conversar sobre os brinquedos jogados no chão."

Se a situação permitir, dá também para "fazer um intervalo": "Dizer 'a mamãe vai tirar um momento para pensar' é uma saída possível. Te dá um momento para respirar e elaborar quais escolhas vai oferecer aos filhos", diz a conselheira parental.

E os pais podem se beneficiarva rouletteter outro adulto por perto a quem possam recorrer quando estiverem prestes a perder a paciência - e pedir a eles que assumam as rédeas da situação.

Por fim, os especialistas lembram que as dicas dadas acima terãova rouletteser repetidas algumas vezes até que sejam internalizadas por crianças tão pequenas. Ou seja, prepare a paciência.

"No começo, leva tempo e esforço até que os pais consigam gerenciar suas próprias reações (à birra). Mas a recompensa é enorme: virá na formava roulettemais autocontrole das crianças, mais cooperação nas tarefas diárias e ciclosva rouletteinteração mais positivos", diz Lerner.

"É sempre bom lembrar que as crisesva roulettebirra são um pedidova roulettesocorro deslocado", agrega Elisama Santos. "É a criança dizendo 'não sei lidar com isso sozinha'."