Os jovens que encontram nas redes sociais 'válvulaesportiva bet comescape' para luta contra o câncer:esportiva bet com

Guilherme Pagnoncelli no hospital,esportiva bet comfoto publicada por ele mesmo

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Legenda da foto, Guilherme Pagnoncelli informa seus seguidores sobre seu tratamento contra o câncer nas redes sociais

A repercussão do relato fez com que o rapaz passasse a fazer diversas postagens sobre a doença, seu tratamento e o seu cotidiano. "Eu acredito que seja preciso divulgar a doença para que as pessoas se cuidem. O câncer é silencioso e é necessário falar mais a respeito. Imagino que mostrando o meu tratamento, a pessoa vai se interessaresportiva bet comsaber como anda a própria saúde. A minha maior intenção é alertar", conta à BBC News Brasil.

O rapaz é um dos diversos jovens que enfrentam o câncer e compartilham a luta contra a doença nas redes sociais. Os relatos sobre os diagnósticos e tratamentos têm se tornado comum na internet.

Para a chefe da seçãoesportiva bet compsicologia do Instituto Nacionalesportiva bet comCâncer (Inca), Monica Marchese, a interação nas redes sociais faz com que os jovens que enfrentam a doença se sintam menos solitários.

"Eles sentem que estão fazendo alguma coisa com esse momento da vida. Saemesportiva bet comuma posição passiva diante da doença e das perdas que ela traz. Por isso, tornou-se comum os jovens criarem redes, blogs, publicarem vídeos etc. Assim, não ficam simplesmente reféns da doença e do tratamento."

Segundo o Inca, não há dados sobre jovens que enfrentam o câncer no Brasil, apenas uma expectativaesportiva bet comquantos brasileirosesportiva bet comgeral devem ser diagnosticados com a doença neste ano: 600 mil, sendo cercaesportiva bet com170 mil casos relacionados ao cânceresportiva bet compele. A análise não especifica as idades dos pacientes.

Redes sociais como 'válvulaesportiva bet comescape'

O caso mais famoso entre os jovens que compartilharam a luta contra o câncer nas redes é o da modelo Nara Almeida,esportiva bet com24 anos.

Durante nove meses, ela travou uma dura batalha contra um câncer no estômago. Antes, publicava dicasesportiva bet combeleza, registrava treinos na academia e falava sobre dietas. A jovem tinha cercaesportiva bet com400 mil seguidores no Instagram. Após o diagnóstico e os relatos sobre a luta contra a doença, o númeroesportiva bet compessoas que a acompanhavam cresceu para 4,4 milhões, registradosesportiva bet commaio.

Para a jovem, as redes sociais eram a forma que havia encontrado para lidar melhor com a doença e os tratamentos. Em seu perfil, ela comemorava cada melhoraesportiva bet comseu quadro clínico e lamentava quando seu estadoesportiva bet comsaúde piorava. "Deus, mais uma vez seguraesportiva bet comminha mão, minha alma aflita pede tua atenção. Cheguei ao nível mais difícil até aqui. Me ajude a concluir", escreveu Nara,esportiva bet comumaesportiva bet comsuas últimas publicações, feita pouco antesesportiva bet cominiciar tratamento com imunoterapia.

Nara Almeidaesportiva bet comfotos ao longo do tratamento contra o câncer

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Legenda da foto, O caso mais famoso entre os jovens que compartilharam a luta contra o câncer nas redes é o da modelo Nara Almeida,esportiva bet com24 anos

Nara morreuesportiva bet com21esportiva bet commaio. Ela não resistiu às complicações da doença e os tratamentos disponíveis não surtiam mais efeitos.

O engenheiro Pedro Rocha, seu marido, diz que as redes sociais foram fundamentais durante a luta dela contra o câncer. "A Nara usava as redes como válvulaesportiva bet comescape. Ela podia desabafar, conhecer gente que passava pelo mesmo problema, pedir ajuda e auxiliar outras pessoas. Ela também usava esse meioesportiva bet comcomunicação para não se sentir sozinha, quando não podia sair nem receber visitas", conta.

Por meio das redes sociais, o jogadoresportiva bet comfutebol Alexandre Pato, atualmente no Tianjin Quanjian, conheceu o casoesportiva bet comNara. No fimesportiva bet comabril, ele se ofereceu para pagar seis mesesesportiva bet comtratamentoesportiva bet comimunoterapia para a jovem. Antes da ajuda do jogador, a modelo chegou a gravar um vídeo pedindo que fosse contratada para trabalhos como influenciadora digital, para que pudesse arcar com os remédios - que custam R$ 18 mil a dose, a ser tomada a cada 21 dias. "Ela teve tempoesportiva bet comtomar somente duas doses (pagas por Pato)", comenta Rocha.

Além das mensagensesportiva bet comapoio, Nara também recebia críticas por expor a doença. "Todos que optam por abrir suas vidasesportiva bet comuma rede social precisam saber lidar com a rejeição e com as opiniões diferentes. Mas é importante saber a horaesportiva bet comse reservar um pouco", diz o maridoesportiva bet comNara.

O engenheiro acredita que a modelo conseguiu ajudar outras pessoas. "A Nara mostrou que não é preciso ter vergonhaesportiva bet compassar por uma situação assim, porque essa doença é mais comum do que gostaríamos. Conheci muita gente que foi procurar saber mais sobre a própria saúde depoisesportiva bet comconhecer a história dela."

Invasãoesportiva bet comprivacidade

As redes sociais são consideradas ferramentas importantes para Gui Pagnoncelli. Por meioesportiva bet comuma "vaquinha virtual", ele arrecadou R$ 350 mil para realizar futuramente, nos Estados Unidos, um transplante múltiploesportiva bet comórgãos - estômago, intestino, pâncreas e fígado.

Enquanto lidava com a doença e compartilhava o cotidiano nas redes, ele batalhava para manter os planos que tinha para si. Um dos sonhos foi realizado no fim do ano passado: a conclusão da faculdadeesportiva bet comFisioterapia. Gui iniciou o curso pouco após terminar a primeira fase do tratamento contra o câncer. "Em certos momentos, não me imaginava concluindo minha graduação. Meu TCC foi preparado entre uma quimioterapia e outra."

Nara fazendo registros no hospital

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Legenda da foto, Nara recebeu críticasesportiva bet comquem considerou que ela fazia exposição excessivaesportiva bet comsua rotina hospitalar

O jovem mostra-se grato com o apoio que recebe nas redes. Porém, afirma que a exposição tem deixadoesportiva bet comser tão positiva como no início. "Hoje, as pessoas pensam que a minha vida é uma novela,esportiva bet comque eu preciso colocar mais um capítulo todos os dias. Se eu resolvo me desligar e ficar um pouco sozinho, logo recebo inúmeras mensagens questionando onde estou e até ofensasesportiva bet comamigos e familiares por não ter dado notícias. Me sinto um pouco invadido."

Ele, que atualmente tem maisesportiva bet com260 mil seguidores no Instagram, relata que uma das situações que mais o incomodaram aconteceu quando estava internadoesportiva bet comrazão da quimioterapia. "Duas pessoas entraram no leitoesportiva bet comque eu estava e pediram para tirar uma selfie comigo. Aquilo foi muito estranho e novo para mim. Começaram a me tratar como se eu fosse famoso. Isso me assustou", conta.

Apesaresportiva bet comlamentar a faltaesportiva bet comprivacidade, Gui mantém as publicações diárias nas redes sociais. Compartilha o tratamento e detalha cada dificuldade. O jovem comenta com frequência sobre as constantes dores,esportiva bet comrazãoesportiva bet comos remédios não surtirem mais efeitos como antes. Em muitos momentos, Gui precisa ser sedado com anestésicos.

Recentemente, o rapaz iniciou novo tratamento com quimioterapia por tempo indeterminado,esportiva bet comrazão do estágio avançado da doença. "Mesmo com tudo o tenho passado, sempre tive o emocional bastante centrado. Dificilmente choro ou passo o dia triste, busco sempre sorrir e levar a vida como posso, dentroesportiva bet comminhas limitações", diz.

Cânceresportiva bet commama aos 20

A vontadeesportiva bet comlevar a vida da melhor maneira possívelesportiva bet commeio ao tratamento contra o câncer também é um dos objetivos da universitária Isabel Costa, 21. Em julho do ano passado, ela descobriu um nódulo no seio esquerdo, que viria a ser um cânceresportiva bet commamaesportiva bet comestágio intermediário. "Ninguém espera ouvir uma notícia dessas aos 20 anos. Não foi nada fácil."

Ela demorou a aceitar o diagnóstico: "Todos os dias acordava e pensava que tinha sido um pesadelo".

Só depoisesportiva bet cominiciar o tratamento com quimioterapia, duas semanas depois, Isabel entendeu queesportiva bet comvida estava passando por mudanças. "Foi um susto muito grande."

Uma das postagensesportiva bet comIsabel Costa sobre a batalha contra o cânceresportiva bet commama

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Legenda da foto, "Ninguém espera ouvir uma notícia dessas aos 20 anos. Não foi nada fácil", diz Isabel Costa, que retratou online a batalha contra o cânceresportiva bet commama

Ao todo, foram 16 sessõesesportiva bet comquimioterapia. Ela estava no quinto semestreesportiva bet comDireito, mas trancou a faculdade temporariamente e retomou os estudos no início deste ano. A jovem planejava um intercâmbio para Portugal,esportiva bet comjaneiro, porém teveesportiva bet comdesistir. "A minha vida mudou completamente. Tive que parar com todas as atividades que fazia."

Um mês após iniciar a luta contra o câncer, Isabel decidiu falar sobre o assuntoesportiva bet comsuas redes sociais e criou um blog sobre o tema. "Os meus amigos já sabiam, porque eu tinha avisado para eles pouco depoisesportiva bet comdescobrir. Mas decidi criar o blog porque queria que todos soubessem da minha história por mim, não por boatos. Não queria que ficassem pensando que eu estava morrendo ou coisa assim", explica.

Sua primeira publicação repercutiu entre amigos e desconhecidos. Ela, que atualmente possui pouco maisesportiva bet com6 mil seguidores no Instagram, passou a receber diversas mensagens. "Nunca recebi nenhum tipoesportiva bet comcrítica, apenas mensagensesportiva bet compessoas, conhecidas ou desconhecidas, que queriam demonstrar apoio ou dizer que minhas publicações as inspiravam", comenta.

Nas redes, ela compartilhou publicações motivacionais e também os momentos mais complicados do tratamento. Para a jovem, as partes mais difíceis foram o inchaço causado pelos medicamentos - ela chegou a engordar 18 quilos -, a queda do cabelo e a cirurgiaesportiva bet comretirada das mamas. "A mastectomia foi o que mais me afetou, porque meus seios foram retirados totalmente. Ficou um esvaziamento. Fiz reconstrução imediata, mas ficaram cicatrizes, mesmo com as próteses. Isso foi muito duro", lamenta.

Atualmente, Isabel faz quimioterapia oral, na qual toma seis comprimidos diariamente durante 14 dias. Posteriormente, por sete dias, pausa os remédios e depois volta. A parte inicial do tratamento da universitária deve ser finalizadaesportiva bet comagosto. Depois, por cinco anos, ela estaráesportiva bet comfaseesportiva bet comremissão - períodoesportiva bet comque não há sinais do câncer, mas ainda não se pode dizer que ele não regressará. Por meioesportiva bet comconsultas mensais, o médico avaliará a saúde da jovem.

Para Isabel, apesar das dificuldades, a luta contra o câncer teve um lado positivo. "Conheci muita gente bacana e aprendi muito, principalmente por meio das redes sociais. Tenho participadoesportiva bet comvários eventos, para conhecer mais sobre o tema. Além disso, eu criei, junto com uma amiga que também teve a doença, um grupoesportiva bet comapoio a pacientes com câncer."

Períodoesportiva bet comremissão

Nas redes sociais, há também históriasesportiva bet comjovens que lutaram contra o câncer, finalizaram o tratamento e agora estãoesportiva bet comfaseesportiva bet comremissão. É o caso da analistaesportiva bet comcomunicação Anna Narita,esportiva bet com25 anos. Em dezembroesportiva bet com2011, descobriu um câncer no timo, glândula localizada entre os pulmões. Na época, ela fez tratamento com quimioterapia, passou por cirurgias, ficou careca e teve depressão. "A minha maior batalha foi a aceitação da doença."

Na primeira vezesportiva bet comque teve o câncer, ela chegou a fazer publicações sobre o assunto nas redes sociais, porém não deu continuidade aos relatos. "Eu não estava psicologicamente bem. Foi muito complicado. Eu publiquei e me senti mais exposta do que aliviada e acabei desistindo", revela.

Anna Naritaesportiva bet comfaseesportiva bet comremissão do câncer

Crédito, Vitor Manon/ Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Anna Narita concluiu o tratamento e estáesportiva bet comfaseesportiva bet comremissão da doença

Anna terminou a primeira fase do tratamento e passou a fazer acompanhamentos mensais. No ano passado, quatro anos depoisesportiva bet comfinalizar as sessõesesportiva bet comquimioterapia, a doença retornou, agora na cavidade abdominal. "Foi um susto, porque eu não tinha mais nenhum sinal do câncer e ele se refez, ainda mais agressivo. Desta vez, eu estava mais forte, apesar do medo ainda existir."

A jovem retomou o tratamentoesportiva bet comjulhoesportiva bet com2017. Ela conta que o amadurecimento fez com que conseguisse comentar sobre a doença nas redes sociais. "Comecei a fazer anotações nos momentosesportiva bet comque estava mais introspectiva. Essas notas viraram texto e alguns deles, como alternativaesportiva bet comalívio, foram postados nas minhas redes sociais. Neles, eu falava sobre os sentimentos que me agoniavam", diz Anna, que possui pouco maisesportiva bet com1,7 mil seguidores no Instagram.

Ela preferiu não retratar o cotidiano do tratamento e só fazer publicações sobre as crises que tinha após superá-las. "Isso ajudou a diminuir a minha própria cobrançaesportiva bet comestar bem o tempo todo. Isso também reduziu a cobrança das pessoas que estavamesportiva bet comfora, que passaram a lidar melhor comigo e com a minha doença."

Em dezembro passado, Anna encerrou o segundo tratamento. Ela está, novamente,esportiva bet comperíodoesportiva bet comremissão e faz exames para assegurar que o câncer não retornou. "Não gostoesportiva bet comromantizar a minha doença dizendo que tudo deu certo no final. Eu me lembroesportiva bet comtodos os meus sofrimentos e não seria justo comigo esquecê-los, mas saio dessas experiências sendo a melhor versãoesportiva bet commim mesma. Creio que tudo isso foi necessário", afirma.

Registroesportiva bet comAnna Narita no último dia no hospital

Crédito, Reprodução Instagram

Legenda da foto, Anna Narita comemorando o fim do tratamento contra o câncer

A universitária Lívia Oliveira,esportiva bet com19 anos, também superou o câncer. Durante o tratamento, ela detalhou, nas redes sociais, a luta contra a doença. A jovem teve um linfoma não-Hodgkin, que surge no sistema linfático e atinge as célulasesportiva bet comdefesa do corpo. Recebeu o diagnóstico aos 18 anos,esportiva bet comnovembro passado. "Foi chocante, porque eu estava iniciando a vida, tinha acabadoesportiva bet comcomeçar a cursar Direito e não esperava uma notícia dessas."

No dia seguinte à descoberta da doença, ela iniciou o tratamento, pois o câncer foi consideradoesportiva bet comestágio avançado. "Foi tudo muito pesado. Eu fazia 100 horasesportiva bet comquimioterapia sem parar, a cada 21 dias", detalha. Ela passou por quatro cirurgias, ficou internada na UTI, teve uma parada cardiorrespiratóriaesportiva bet com12 minutos e chegou a ficar três diasesportiva bet comcoma induzido.

Lívia se recuperou eesportiva bet comdezembro teve a primeira alta hospitalar. Ela raspou o pouco cabelo que lhe restava, após grande parte ter caído durante o tratamento. Em seguida, fez uma publicação no Instagram. "Eu senti que precisava compartilhar com todo mundo sobre o milagre que Deus fariaesportiva bet comminha vida", afirma. Lívia possui, atualmente, 10,4 mil seguidores no Instagram, sendo que grande parte deles veio após ela começar a falar sobre a doença.

Um dos momentos mais especiais para ela foi uma publicação feitaesportiva bet com13esportiva bet comabril, quando anunciou o fim do tratamento. "Hoje eu só sinto vontadeesportiva bet comgritar para todo mundo que Deus é maravilhoso e me curou", escreveu na postagem. Nos comentários, diversos seguidores comemoraram junto com a jovem.

Atualmente, Lívia estáesportiva bet comremissão e faz acompanhamento mensal para garantir que não há mais sinais da doençaesportiva bet comseu organismo. "Eu não deixo que o medo do câncer voltar me impeçaesportiva bet comviver."

O apoio durante a luta contra a doença

Para a psicóloga Monica Marchese, ainda há bastante desinformação sobre como lidar com pessoas com câncer, o que leva muita gente a ter pena daqueles que enfrentam a doença. "As informações pelas redes devem contribuir para minimizar o estigmaesportiva bet comtorno disso", opina.

De acordo com Marchese, um dos motivos para que os relatos dos jovens atraiam as pessoas é o fatoesportiva bet coma situação fazer com que muitos reflitam sobre o tema. "Esse interesse acontece pela históriaesportiva bet comvida do paciente. Pode ter um efeito do tipo 'poderia ser comigo ou com meu filho'", diz.

Por meio da experiência adquirida nas duas vezesesportiva bet comque enfrentou a doença, Anna Narita orienta que parentes, amigos e pessoas que acompanham pacientes nas redes exerçam a empatia.

"Não existe dor maior ou menor que aesportiva bet comninguém nessa luta. Cada paciente sabe o que vem passando. Respeitar isso é legitimar a luta do outro. É importante oferecer um abraço, companhia no tratamento ou, até mesmo, enviar uma música. A parte principal é não cobrar nada daquela pessoa."