Adaptados ao ambiente urbano, escorpiões proliferam e picam cada vez mais:esportenet sp

Escorpião

Crédito, Instituto Butantan

Legenda da foto, Númeroesportenet spmortes por picadasesportenet spescorpiões saltouesportenet sp13 para 124esportenet sp2000 a 2016, segundo Ministério da Saúde

Denise diz que esse aumento do númeroesportenet spescorpiões e, consequentemente, dos acidentes, se deve ao crescimento urbano desordenado, com as cidades se expandindo a custaesportenet spdesmatamentos. "Esses animais estão onde sempre estiveram, onde eles ocorrem naturalmente", explica. "Alémesportenet spabrigo, eles encontram no nosso lixo muitas baratas, que são suas presas. Nessas condições, eles podem se reproduzir com muita facilidade."

Extração do veneno do escorpião

Crédito, Instituto Butantan

Legenda da foto, Extraçãoesportenet spveneno do escorpião; Butantan destaca que esse é um processo realizado por um profissional e que as pessoas não devem manusear estes animais

Além disso, o escorpião-amarelo e escorpião-amarelo-do-nordeste têm como característica peculiar a reprodução por partenogênese, ou seja, sem machos, sem a necessidadeesportenet spque os óvulos das fêmeas seja fecundados pelo espermaesportenet spum indivíduo do sexo masculino. "Isso aumenta muito a capacidadeesportenet spcrescimento populacional, pois cercaesportenet sp90% dos indivíduosesportenet spuma população são fêmeas, com capacidade para produzir descendentes", diz Denise Candido.

Veneno

De acordo com ela, os escorpiões são animaisesportenet sphábitos noturnos, que procuram esconderijos durante o dia. Nas cidades, pode ser, por exemplo, sob um pano úmido, dentroesportenet spum calçado, embaixo ou atrásesportenet spuma estante ou numa fresta. "A pessoa não vê o animal e acaba tocando-o com a mão ou pisando nele", diz. "Para se defender, ele pica."

Ao fazer isso, ele injeta na vítima um veneno neurotóxico, que age no sistema nervoso e provoca sempre muita dor, a princípio no local da picada, e que, na sequência, vai se espalhando para todo corpo. "Em muitas pessoas, geralmente adultas, esse pode ser o único sintoma", informa Lofego. "Mas o quadro pode evoluir para complicações maiores."

Na verdade, diz Lofego, os sintomas dos pacientes pode ser divididoesportenet sptrês categorias: leve (dor local suportável, queimação, formigamento), moderado (dor muito forte, náuseas, vômitos às vezes, respiração acelerada, taquicardia, salivação e sudorese), e grave (sintomas mais intensos, prostração, convulsão, coma, insuficiência cardíaca, edema pulmonar).

Segundo Lofego, a evolução para um quadro mais grave pode ser muito rápida - algo como uma ou duas horas. "Por isso, o atendimento imediato é fundamental, principalmente para crianças, que são as vítimas que geralmente apresentam o terceiro quadroesportenet spsintomas (grave) e podem morrer", alerta.

"Não ocorrendo a morte, normalmente a vítima se recupera sem sequelas."

Escorpião-amarelo

Crédito, Claudio Maurício Vieiraesportenet spSouza

Legenda da foto, Escorpião-amarelo é um dos que mais picam

Prevenção

Para evitar contato com escorpiões e o consequente riscoesportenet sppicadas, o recomendável é manter esses animais longe das residências.

"Para isso, deve-se evitar o acúmuloesportenet splixo e mantê-lo bem armazenado e fechado, alémesportenet spvedar ralos, frestas, soleirasesportenet spportas, afastar as camas das paredes e evitar que cobertas, lençóis e colchas encostem no chão, porque eles podem subir por elas", avisa Candido.

Depois que ocorre a picada, a solução é o soro contra o veneno, que neutralizaesportenet spação. Um dos centrosesportenet sppesquisa que produz esse medicamento no Brasil é o Instituto Butantan, que possui um viveiro com cercaesportenet sp10 mil escorpiões.

Além disso, a instituição realiza pesquisas, com o objetivoesportenet spaumentar o conhecimento sobre a peçonha desses animais, para entender melhor seus efeitos no organismo humano.

Há ainda outras linhasesportenet sppesquisa no país, que buscam desenvolver novos medicamentos a partir do veneno dos escorpiões.

"Como ele é muito complexo emesportenet spcomposição e apresenta ação biológica bastante variada e intensa sobre o corpo humano, tornou-se objetoesportenet spvários estudosesportenet spbiotecnologia no Brasil eesportenet spoutros países do mundo", conta o biólogo Claudio Maurício Vieiraesportenet spSouza, da Divisãoesportenet spArtrópodes do Instituto Vital Brazil, no Rioesportenet spJaneiro, no qual também são realizados estudos sobre esses animais.

Há inciativas, segundo ele, para desenvolver medicamentos imunomoduladores (que modificam a resposta do sistema imunológico e são usados, por exemplo,esportenet sppessoas que tiveram órgãos transplantados), esportenet spcombate à hipertensão,esportenet sptratamentoesportenet sptumores, antimicrobianos e produtos inseticidas, entre outros.

Escorpião-amarelo

Crédito, Antonio Carlos Lofego

Legenda da foto, Aracnídeos já estão bem adaptados ao ambiente urbano

'Mutirões sem nenhum preparo'

Mas há algo mais urgente do que o desenvolvimentoesportenet spnovas drogas. "Tendoesportenet spvista a gravidade da situação, e com a perspectivaesportenet spque possa aumentar ainda mais a incidênciaesportenet spacidentes, as autoridade devem se mobilizar para desenvolver planosesportenet spação, visando o controle desses animais com baseesportenet spinformações técnicas e pesquisas", recomenda Lofego. "Ainda falta muito estudo para entender melhor esse fenômeno, que é recente."

Ele conta que tem visto muitas ações extremamente amadorasesportenet sprelação ao combate ao escorpião.

"Muitas vezes, são mutirõesesportenet sppessoas sem nenhum preparo, procurando pelo animal desordenadamente, depoisesportenet spalguns acidentes mais graves", critica. "Tudo é feito sem um plano estratégico, que inclua ações escalonadasesportenet spcurto, médio e longo prazo, envolvendo as comunidades e campanhas educativas."

Lofego revela que naesportenet spprópria região,esportenet spSão José do Rio Preto, a cercaesportenet sp450 kmesportenet spSão Paulo, por exemplo, a incidênciaesportenet sppicadas é altíssima. "Mesmo assim, nós aqui da Unesp nunca fomos procurados pelos representantes públicos competentes para colaboraresportenet spum planoesportenet spcontrole desses aracnídeos", reclama. "Aliás, até sinalizamos com uma intençãoesportenet spcolaboração e não recebemos nenhum retorno."