A estudantefantasia casinomedicina que perdeu os movimentos após AVC e conseguiu concluir a graduação:fantasia casino

Ele diz que a irmã sempre foi uma pessoa muito saudável. "Descobrimos depois uma mutaçãofantasia casinoum gene da protrombina [proteína produzida pelo fígado] que faz com que tenha uma predisposição maior a formar coágulos".

Em novembrofantasia casino2014, Elaine sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) que a deixou com tetraparesia, sem movimentos nos membros superiores e inferiores e também um quadrofantasia casinoanartria, ou seja, sem a capacidadefantasia casinocomunicação verbal.

O irmãofantasia casinoElaine conta que desde o primeiro momentofantasia casinoque a médica pôde se comunicar, voltar às aulas sempre foifantasia casinosua principal preocupação. "Ela fazia muitas coisas ao mesmo tempo e queria retomar logo afantasia casinovida", relata Lucas.

Hoje, o movimento dos olhos é a chave para que Elaine consiga se expressar: ela utiliza uma ferramenta conhecida como prancha alfabética, que forma as palavrasfantasia casinoacordo com a forma que ela pisca.

A ferramenta é uma tabela divididafantasia casinocinco linhas, cada uma contendo um grupofantasia casinoletras, Elaine pisca quando a intérprete diz a letra necessária para construir o que ela quer comunicar. O modelo original sofreu algumas alterações para facilitar o seu uso no cotidiano.

"Meu sentimento éfantasia casinogratidão a todos que passaram no meu caminho, a todas as mãos e vozes emprestadas e principalmente aos pacientes que confiam suas vidas aos meus cuidados", contou Elaine,fantasia casinoentrevista à BBC News Brasil, que ocorreu por meio da prancha alfabética e com o auxíliofantasia casinouma intérprete.

O apoio na volta aos estudos

Essa é a segunda graduaçãofantasia casinoElaine, que também é formadafantasia casinofarmácia pela mesma universidade. Na medicina, a médica passou por diversas fasesfantasia casinoadaptaçãofantasia casinoseu processofantasia casinoretorno após o AVC.

Uma delas, inclusive, foi a fasefantasia casinoquerer ser invisível, para que os colegas não notassemfantasia casinopresença. O longo processofantasia casinoinclusãofantasia casinosalafantasia casinoaula, lembra ela, culminou nos últimos dias da graduação, quando ela quis que todos soubessem dafantasia casinohistória para incentivar outras pessoas que tenham alguma limitação a realizar seus sonhos.

Para conseguir acompanhar as aulas, ela também contou com o apoiofantasia casinooito professorasfantasia casinoeducação especializada durante a graduação.

A docentefantasia casinoatendimento educacional especializado Clarice Palavissini conheceu Elainefantasia casino2017, quando ela ainda não dominava os movimentos do pescoço e cabeça e não controlava a saliva.

Ela conta que o atendimento começava desde a chegada da Elaine ao estacionamento do Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP), com o auxílio no desembarque, condução da cadeirafantasia casinorodas, acompanhamento das aulas teóricas e práticas e auxílio na comunicação com docentes, discentes e pacientes.

"No estágio da Elaine, foi realizado um rodízio entre os profissionais do Programafantasia casinoEducação Especializada (PEE), sempre com bom ânimo. No início fazíamos a mediação para ensinar a comunicação. Quando a comunicação já estava boa, eles interagiam entre si, me solicitandofantasia casinoalguns casosfantasia casinoincompreensão", explica Clarice.

Como os demais acadêmicosfantasia casinosua turma, Elaine era avaliada ao longo do estágio, tantofantasia casinofrequência às aulas quanto realizando provas escritas.

A diferença é que Elaine, por ser pessoa com deficiência, tinha 50% a maisfantasia casinotempo que os outros acadêmicos. A equipe do programa a acompanhava e ela piscava as respostas e enquanto Clarice assinalava ou transcrevia as respostas.

Elionesia, irmãfantasia casinoElaine, destaca que o caso bem-sucedido da irmã não reflete apenas a imensa forçafantasia casinovontade que ela tem, mas também as políticas públicas voltadas a alunos como ela.

"É importante dizer que não basta somente forçafantasia casinovontade, mas são necessárias políticas públicas. Sem a Leifantasia casinoinclusão provavelmente a minha irmã não conseguiria, ela demanda muitos cuidados que são supridos pela família, mas se não houvesse o pessoal da equipe especializada ela não teria acesso à universidade", explica.

De acordo com o coordenador do PEE, Ivan Joséfantasia casinoPádua, a inclusão da pessoa com deficiência no ensino superior está dando certo na universidade porque há espaço para que elas falem sobre as suas reais necessidades.

"A Elaine realizou as mesmas atividades que os outros acadêmicos do cursofantasia casinomedicina fazem, com o apoio do PEE. Que foram sendo construídas com os colegas e profissionais junto com ela", explica Ivan.

Centenasfantasia casinopessoas passaram pelo programafantasia casinodiferentes campus: Cascavel, Toledo, Marechal Cândido Rondon, Foz do Iguaçu e Francisco Beltrão, e vários alunos foram e são atendidos, eles fazem parte do programa, do colegiado, discutem os encaminhamentos, produzem artigos e publicam livros.

"O lema é da Nações Unidas: 'Nada para nós, sem nós'. Eu tenho deficiência visual e já passei pelo programa como aluno, é necessária a nossa participação para garantir o acesso e melhorar o que éfantasia casinodireito das pessoas com deficiência. Para conseguir esses espaços, escrever a legislação e ainda lutar para que essa legislação seja implementada, seja praticada", ressalta.

Leifantasia casinoacessibilidade e inclusão

A Lei Brasileirafantasia casinoInclusão (LBI) afirmafantasia casinoseu Art. 27, que a educação é um direito da pessoa com deficiência e que o sistema educacional deve ser inclusivofantasia casinotodos os níveis. Mas, na prática, muitas instituiçõesfantasia casinoensino não cumprem essas obrigações.

O Ministério da Educação colocou a acessibilidade como um dos requisitos para credenciamento, recredenciamento, autorização, reconhecimento e renovaçãofantasia casinocursos superiores. As universidades precisam estar acessíveis e seguindo a legislaçãofantasia casinovigor para poderem oferecer seus cursos.

Caso não ofereçam acessibilidade no ensino superior, elas perdem pontos e correm até mesmo o riscofantasia casinonão ter seu credenciamento autorizado.

"Nós ficamos tristes por algumas coisas que vemos. A maioria dos locais não são preparados, não têm acesso, falta muita empatia nas pessoas, às vezes algumas pessoas olham com olharesfantasia casinopreconceito", diz Lucas.

Com o surgimentofantasia casinomatérias sobre Elaine, o irmão leu comentários do tipo "ah, por isso que atrasa o hospital".

"Por incrível que pareça, eu li esse tipofantasia casinocomentário, mas faz parte, a gente sempre teve que lidar com isso, mas eu fico feliz que a grande maioria enxerga com bons olhos toda a superação da minha irmã. A inclusão é essencial. E só nos damos conta muitas vezes quando nós precisamos", desabafa.

Pouco espaço nas universidades

Segundo o Instituto Brasileirofantasia casinoGeografia e Estatísticas (IBGE), o percentualfantasia casinopessoas com deficiência nas universidades não chega a 1%, embora elas representem 8,4% da população com dois anos ou maisfantasia casinoidade.

Houve um crescimentofantasia casino70% no númerofantasia casinomatriculados por meio das reservasfantasia casinovagas.

O Censo Superior da Educação mostrou que o númerofantasia casinomatriculados com cotas passoufantasia casino2.962 (0,04%)fantasia casino2017, para 5.033 (0,06% do totalfantasia casinomatriculados)fantasia casino2018.

Apesar do crescimento, esse número só representa 0,52% do totalfantasia casinomatriculadosfantasia casinocursosfantasia casinograduação do ensino superior, com 43.633 estudantesfantasia casino2018.

Para que o número cresça ainda mais nos próximos anos é essencial que as pessoas conheçam seus direitos e exijam que as instituiçõesfantasia casinoensino superior cumpram seu papel diante da Lei.

"Nós não queremos ser a primeira e com certeza não ser a última, mas ser uma instituição que oportunizou e fez parte da história da Elaine. E que outras 'Elaines' pelo país, independente do seu curso, tenham essa mesma oportunidade, seja na graduação, no mestrado ou doutorado, é importante lembrar que as instituições têm a obrigação, quando eu falofantasia casinoinclusão, eu falofantasia casinoinclusão para tudo e para todos", ressalta Araujo.

De acordo com o IBGE, conforme dados divulgadosfantasia casino2021, existem maisfantasia casino17 milhõesfantasia casinopessoas com deficiência no Brasil.

O preconceito ainda é um dos fatores que afasta esse grupo do mercadofantasia casinotrabalho, mas não é o principal. Quase 68% da população com algum tipofantasia casinodeficiência não têm instrução ou possui ensino fundamental incompleto, o que torna difícil a inserção dessas pessoas no mercadofantasia casinotrabalho.

Ainda segundo o levantamento feito pelo IBGE, apenas 28,3% das pessoas com deficiênciafantasia casinoidadefantasia casinotrabalhar (14 anos ou mais) se posicionaram na forçafantasia casinotrabalho brasileira. Entre as pessoas sem deficiência, o índice sobe para 66,3%.

Futuro promissor

Segundo o coordenador do cursofantasia casinoMedicina da Unioeste, Allan Araujo, Elaine sempre participoufantasia casinotodas as atividades: teóricas, ambulatoriais efantasia casinocentro cirúrgico. Ela nunca colocou restrições e toda universidade, o Hospital Universitário e servidores colaboraram para a formação.

Foi essencial o Programafantasia casinoAtendimento Educacional Especializado que possui profissionais capacitados e interessadosfantasia casinodar aos alunos o suporte para formação.

A partirfantasia casinoagora, o sonhofantasia casinoElaine é especializar-sefantasia casinoradiologia, ela conta.

"Eu gostariafantasia casinome especializarfantasia casinoradiologia, por ser uma área que eu posso atuar com relativa liberdade, sem dependerfantasia casinomuito auxílio. Nessa áreafantasia casinoatuação poderei usar meu conhecimento adquirido ao longo do curso, posso fazer diagnósticos por imagens, precisarei apenasfantasia casinoalguém para digitar o laudo", conta Elaine.

O professor Allan explica que são inúmeras possibilidades do exercício da medicina e que ela sempre passou muito bem pelas avaliações, esteve no centro cirúrgico, observando e fazendo perguntas dentro da mobilidade que ela tem, alémfantasia casinointeragir com seu grupo.

"Mas nós sabemos que ela não vai pararfantasia casinoradiologia, Elaine vai ser o exemplofantasia casinouma médica que vai muito alémfantasia casinoqualquer limite que nós possamos imaginar ou visualizar, ela nos ensinou sobre a inclusão no cursofantasia casinomedicina, nós temos muitas dificuldades com muitos alunos e ela fez a gente aprender muito. O cursofantasia casinomedicina se sente honradofantasia casinotê-la como aluna", diz.

- Texto originalmente publicado em http://www.mi-rob.com/brasil-61101740

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