Águasfifa bet'Caribe amazônico' ficam turvasfifa betmeio a alta no garimpo no Pará:fifa bet

Crédito, Erik Jennings Simões
Imagensfifa betsatélite mostram que nos últimos anos houve um crescimento vertiginoso do garimpofifa betouro no Médio Tapajós, região que fica a algumas centenasfifa betquilômetrosfifa betAlter do Chão.
'Resíduos nocivos à saúde'
"O Tapajós está morrendo!", protestou no Instagramfifa betjaneiro a agência localfifa betturismo Poraquê.
"Águas barrentas, cheiasfifa betresíduos nocivos à saúde, estão sendo despejadas sem piedade alguma", completou a agência, atribuindo a lama à "mineração irregularfifa betinúmeros garimpos ao longo do rio".

Crédito, Reprodução/Instagram
Outras entidades publicaram queixas semelhantes.
Os primeiros alertas sobre a mudança na cor do rio foram feitos pelo médico Erik Jennings Simões e por Caetano Scannavino, coordenador da ONG Projeto Saúde e Alegria.

Crédito, Erik Jennings Simões
Ambos moradoresfifa betSantarém, município que engloba Alter do Chão, eles publicaram nas redes sociais no fimfifa betdezembro fotos aéreas que mostravam o Tapajós com águas turvas. As imagens foram feitasfifa betavião por Simões.
Scannavino, que mora na região desde os anos 1980, diz à BBC que nas décadas passadas as águas do Tapajósfifa betAlter do Chão costumavam ficar barrentas por alguns meses ao ano - mas raramente jáfifa betdezembro.
O fenômeno é associado ao períodofifa betchuvas mais intensas, normalmente entre janeiro e março, quando perde força e as águas voltam a ficar azuladas.
Mas Scannavino diz acreditar que o garimpo está reduzindo a "janelafifa betáguas claras" no rio e cita dados sobre a explosão na atividade no Médio Tapajós. Esse aumento, segundo ele, tem sido estimulado por declarações e iniciativas do governo Jair Bolsonaro simpáticas a garimpeiros.

Crédito, Google

Crédito, Google
Em dezembro, a ONG Greenpeace divulgou o resultadofifa betum monitoramentofifa betrios que cruzam as terras indígenas Munduruku e Sai Cinza e desaguam no Tapajós.
Segundo o levantamento, desde 2016, o garimpo ilegal destruiu 632 quilômetrosfifa betrios dentro desses territórios.
O Greenpeace diz que o impacto equivale ao causado pelo rompimento da barragemfifa betMariana (MG),fifa bet2015, quando 633 quilômetros do rio Doce foram afetados.
O garimpo ilegal está presente no Médio Tapajós desde ao menos os anos 1980. Hoje, porém, a atividade se mecanizou: retroescavadeiras facilitam o revolvimento da terra à margemfifa betrios, abrindo grandes cicatrizes na floresta.
As áreas revolvidas ficam expostas, sem qualquer vegetação. As chuvas então levam a argila do solo para os rios.
Riosfifa betdiferentes cores
Mas será que a mesma lama do garimpo estaria por trás das águas turvas do Tapajósfifa betAlter do Chão, distrito que fica a algumas centenasfifa betquilômetrosfifa betdistância dos garimpos ilegais?
Para o geólogo André Sawakuchi, professor do Institutofifa betGeociências da Universidadefifa betSão Paulo (USP), a mudança na cor das águas pode ter duas explicações.

Crédito, Prefeiturafifa betSantarém
Especialistafifa betrios amazônicos, Sawakuchi afirma que há rios na região cujas águas são naturalmente barrentas (ou "brancas", como se diz na região).
É o caso, por exemplo, do rio Amazonas, onde o próprio Tapajós deságua 30 quilômetros a lestefifa betAlter do Chão.
Mas ele diz que todos os rios naturalmente barrentos da região nascem na cordilheira dos Andes,fifa betáreasfifa betrelevo acidentado e pouca cobertura florestal. Quando chove nas cabeceiras desses rios, a argila do solo escorre para as águas, deixando-as turvas.
Há ainda rios amazônicos com águas naturalmente escuras, como o Negro, coloração que se deve à grande quantidadefifa betmatéria orgânica que eles acessam nas cheias.
Por fim, há os riosfifa betáguas naturalmente claras, que costumam nascerfifa betáreas menos acidentadas, com solo arenoso e pouca argila.
É o caso do Tapajós efifa betseus afluentes, como o Jamanxim, o Crepori e o Ratão.
Hoje, no entanto, vários desses afluentes apresentam águas turvas o ano todo por causa do garimpo, diz Sawakuchi. O Tapajós também se torna mais turvo nos pontosfifa betcontato com esses rios.
Mas o geógrafo afirma que a lama do garimpo tende a decantar no leito do Tapajós antesfifa betchegar a Alter do Chão.

Crédito, Google
Essa lama só poderia chegar a Alter do Chão, diz ele, se houvesse uma diferença entre as vazões do Tapajós e do Amazonas que permitisse à água do Tapajós avançar mais intensamente rumo ao Amazonas.
Por outro lado, um desequilíbrio das vazõesfifa betfavor do Amazonas poderia fazer com que a água naturalmente barrenta do Amazonas avançasse até Alter do Chão - o que também explicaria a mudança na cor do rio.
"Quando o Amazonas está enchendo, ele invade o Tapajós. Essa invasão começa no período chuvoso (novembro) e pode ser mais ou menos intensa, dependendo da vazão do Amazonas", diz Sawakuchi.
Neste ano, tanto o Amazonas quanto o Tapajós estão com níveis superiores às suas médias históricas.
Por isso, segundo Sawakuchi, a melhor maneirafifa betdeterminar a causa da água barrenta no Tapajósfifa betAlter do Chão seria analisar o conteúdo dessa água. Essa análise conseguiria distinguir a argila oriunda do Amazonas da lama provenientefifa betgarimpo, diz o geólogo.

Crédito, Planet Labs
Não há notícias por orafifa betque alguma instituição ou entidadefifa betgoverno esteja realizando essa análise.
Mercúrio no sangue
Ainda que a lama do garimpo não esteja chegando a Alter do Chão, uma pesquisa da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) indica que a populaçãofifa betSantarém apresenta altos níveisfifa betmercúrio no sangue - o que pode ser um impacto da mineração ilegal no Tapajós.

Crédito, Djalma Moreira Lima/Arquivo Pessoal
Coordenada pela bióloga Heloísa Meneses, professora do Institutofifa betSaúde Coletiva da Ufopa, a pesquisa revelou que 80% dos moradoresfifa betSantarém têm nívelfifa betmercúrio no sangue acima do recomendado pela Organização Mundialfifa betSaúde.
O estudo já analisou amostras sanguíneasfifa betcercafifa bet500 pessoas, com idade entre 18 e 80 anos.
Os resultados foram parecidos com os detectados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)fifa betum estudo com moradores do Médio Tapajós - esta, sim, uma região diretamente impactada pelo garimpo.
O mercúrio é usado para facilitar a aglutinação do ouro e, levado aos rios, pode contaminar microrganismos e peixes.
Outras possíveis fontes da substância, segundo a pesquisadora, são o desmatamento e as queimadas, que podem "ativar" o mercúrio inorgânico depositado no solo ou fundo dos rios, permitindofifa betabsorção pela cadeia alimentar.
A população é impactada pela substância principalmente por meio do consumofifa betpeixes contaminados, segundo Meneses. E peixes contaminados numa regiãofifa betgarimpo podem se deslocar vários quilômetros até serem capturados e consumidos - o que põefifa betrisco também moradoresfifa betregiões distantes dos pontosfifa betcontaminação.
Ela afirma que o mercúrio causa danos ao sistema nervoso central e,fifa betgrande quantidade, pode levar à morte. A substância também prejudica coração, rins e fígado, e pode contaminar bebês através da placenta.
Dependência do rio
Para muitos ribeirinhos que vivem à margem do Tapajós, no entanto, deixarfifa betcomer peixe não é uma opção.
Morador da comunidade Suruacá, que fica na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, a poucas horasfifa betbarcofifa betAlter do Chão, Djalma Moreira Lima diz à BBC que os peixes são a principal fontefifa betproteína dos moradores locais.
"A nossa subsistência é peixe, mandioca, milho, feijão. A gente sobrevive desses alimentos", afirma.
Lima diz que o Tapajós tinha águas claras quando ele chegou à região,fifa bet1984.
"Você conseguia enxergar a até dois metrosfifa betprofundidade. Tinha abundânciafifa betpeixes, não precisava ir muito longe pra pescar", diz.
Hoje, porém, afirma que há menos peixes e que o rio ficou "mais seco". Segundo ele, a "terra que vem do garimpo" se assentou no leito e reduziu a profundidade das águas.
Ele afirma quefifa betsetembro, mêsfifa betmenor vazão do rio, alguns barcos chegam a encalhar - o que não acontecia no passado.
Ele conta que, nos pontosfifa betmaior profundidade, o Tapajós costumava ser "quase preto, negro, um riofifa betque você gostavafifa bettomar banho", mas diz que hoje se notam "vários pontos brancos" nas águas.
"É como leite no café", descreve.

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