Aliança com Alckmin é 'vacina' contra ideiabetpix365 classicoque Lula é extremista, diz cientista político:betpix365 classico

Em 2006, por exemplo, Lula e Alckmin disputaram a Presidência da República. Na ocasião, o petista venceu o então tucano no segundo turno.

O contexto atual, no entanto, é outro. Após sobreviver política e juridicamente às acusações e condenações da Operação Lava Jato, Lula aparece como favorito a vencer as eleições presidenciaisbetpix365 classico2022, segundo pesquisasbetpix365 classicointençãobetpix365 classicovoto mais recentes. Mesmo assim, enfrenta resistênciasbetpix365 classicosetores mais conservadores do eleitorado.

Alckmin, por outro lado, acababetpix365 classicodeixar o PSDB, partido ao qual esteve filiado por 33 anos e do qual era uma das principais lideranças.

Desde 2018, no entanto, quando obteve 4,76% e ficou apenasbetpix365 classicoquarto lugar na disputa presidencial, o ex-tucano viubetpix365 classicoinfluência na legenda diminuir ao mesmo tempobetpix365 classicoque seu ex-afilhado político, o governadorbetpix365 classicoSão Paulo, João Doria, ampliou seu poder sobre o partido.

A aliança entre Lula e Alckmin vem sendo costurada pelo PSB, um dos partidos ao qual, especula-se, o ex-tucano poderá se filiar.

Sob os holofotes, tanto Lula quanto Alckmin vêm dando sinalizações positivas sobre a possível união. Em viagem à Bélgica,betpix365 classiconovembro, Lula teceu elogios ao ex-governador, indicando que o caminho para uma união estaria aberto.

"Eu tenho uma extraordinária relaçãobetpix365 classicorespeito com Alckmin. Eu fui presidente quando ele foi governador, nós conversamos muito. Não há nada que aconteceu entre eu e Alckmin que não possa ser reconciliado", afirmou.

Para Cláudio Couto, alémbetpix365 classicomostrar que Lula é um moderado, a aliança com Alckmin poderia trazer benefícios caso a chapa saia vitoriosabetpix365 classico2022. Segundo ele, a presença do ex-tucano no governo poderia criar pontes no Congresso Nacional com setores que, normalmente, poderiam fazer oposição a um governo do petista.

Confira os principais trechos da entrevista.

betpix365 classico BBC News Brasil - Por que juntar Lula e Alckmin?

betpix365 classico Cláudio Couto - Para o Lula, essa aliança sinalizaria muito claramente que ele é um moderado. Assim, aquela acusaçãobetpix365 classicoque ele representaria a extrema esquerda cairia por terra. Como é que você vai dizer que alguém como o Alckmin, sendo um políticobetpix365 classicouma direita moderada, toparia fazer uma chapa com Lula se ele fossebetpix365 classicoextrema esquerda? Isso dá uma sinalização para diversos setores dessa moderação do Lula.

Serve tanto para que o eleitor mais ao centro ou à direita perca o medo do Lula, quanto para os setores das elites econômicas e da mídia que poderiam temer um retorno do Lula. Acho que o objetivo é esse: convencer setores que antes rejeitavam Lulabetpix365 classicoque ele não é nenhum maluco ebetpix365 classicoque ele seria capazbetpix365 classicocompor e fazer um governo amplo.

betpix365 classico BBC News Brasil - Mas como explicar isso para o eleitor históricobetpix365 classicoLula ebetpix365 classicoAlckmin?

betpix365 classico Cláudio Couto - Eu explicaria dizendo o seguinte: "Olha! O que temos diantebetpix365 classiconós hoje é o desafiobetpix365 classicodefender a democracia no Brasil e é preciso se juntar a outros democratas, mesmo aqueles que pensam diferente da gente". Esse é o primeiro ponto.

Num segundo momento eu diria: "Ou a gente constrói um governo amplo ou não vamos dar conta da tarefa que é a reconstrução do país. E isso nos obriga a deixarbetpix365 classicolado as divergências do passado e juntar forças nesse momento". É preciso dizer aos eleitores que essa união não significa que Lula e Alckmin serão iguais, mas que serão capazesbetpix365 classicotrabalhar juntos.

betpix365 classico BBC News Brasil - Esse discurso é comum quando se fala das relações entre Executivo e Legislativo, por exemplo, mas neste caso, trata-sebetpix365 classicouma chapa presidencial. Não seria importante ou necessário que seus integrantes fossem mais "iguais" ou, pelo menos, estarem mais alinhados do que, historicamente, Alckmin e Lula foram?

betpix365 classico Cláudio Couto - Acho que há duas coisas a serem levadasbetpix365 classicoconta. A primeira é que nessa relação com o Legislativo, quando você faz uma coalizão para governar, você necessariamente incorpora essa composição à formação do seu ministério. A diferença, agora, é que você não está falando só dos ministros, mas também do vice-presidente. Mas isso dá um pouco na mesma. Então, ao final, você está dividindo a composição do governo entre aliados.

E o Alckmin poderia representar uma parcela desses aliados. Ainda que ele não esteja dentrobetpix365 classicoum partido. Ele representa um certo campo político. E acho que, dentro desse pontobetpix365 classicovista, é possível montar um governo com integrantes mesmo que eles estejambetpix365 classicocampos políticos diferentes. O segundo ponto é que o PT e PSDB estiveram juntosbetpix365 classicovários momentos da história. Se voltarmos à campanha das Diretas Já (1984), veremos que as lideranças do que seria o PSDB e do PT estavam lado a lado.

Em 1989, quando Lula foi pro segundo turno contra o Fernando Collor, essas mesmas pessoas estavam no palanque do Lula. PT e PSDB começaram a se distanciarbetpix365 classico1994, nas eleições vencidas pelo Fernando Henrique Cardoso, mas há uma trajetóriabetpix365 classicorelativa proximidade. Acho que é essa a questão que precisa ser apresentada.

betpix365 classico BBC News Brasil - Quem tem mais a ganhar com essa aliança? Lula ou Alckmin?

betpix365 classico Cláudio Couto - Em tese, acho que quem teria mais a ganhar seria o Lula porque é ele que tá disputando a Presidência da República e aumenta suas chances com Alckmin na chapa. Mas mesmo que Alckmin não estivesse na chapa, as pesquisas mostram que Lula ainda seria favorito.

Mas tem outra formabetpix365 classicoolhar isso que é verbetpix365 classicoonde parte cada um deles. De um lado, Lula parte da condiçãobetpix365 classicoser um candidato que, segundo as pesquisas, é favorito a vencer as eleições. O Alckmin, por outro lado, é um político que estava escanteado, inclusive no seu próprio Estado e pelo partido que ajudou a fundar. Mesmo assim, ele tinha algum favoritismo na disputa para o governobetpix365 classicoSão Paulo, mas sabe que seria uma eleição difícil pois não teria a máquina a seu favor.

Para alguém nessas condições entrar no jogo nacional novamentebetpix365 classicouma chapa competitiva, isso é um ganho considerável. Então, penso que é um jogobetpix365 classicoganha-ganha. Não acho que haja um perdedor ou um trouxa.

betpix365 classico BBC News Brasil - Apesarbetpix365 classicoter governado São Paulo quatro vezes ebetpix365 classicoter chegado ao segundo turno nas eleições presidenciaisbetpix365 classico2006, Alckmin perdeu o controle do partidobetpix365 classicoque ele já foi uma das principais lideranças. Qual o peso efetivo delebetpix365 classicotermosbetpix365 classicoatraçãobetpix365 classicoapoio ou votos para uma chapa com Lula? O que ele tem a oferecer ao ex-presidente?

betpix365 classico Cláudio Couto - O que Alckmin leva para o Lula é uma espéciebetpix365 classicoselo. Assim como o (ministro da Economia, Paulo) Guedes, que não tinha voto, mas proporcionou um selo do mercado ao Bolsonaro, Alckmin oferece uma espéciebetpix365 classicoselobetpix365 classicomoderação. É um selobetpix365 classicoque Lula é um político capazbetpix365 classicocompor com divergentes,betpix365 classicomontar uma frente ampla. Esse é o ganho imediato.

Esse selo poderia nem ser dado pelo Alckmin, mas por uma figura similar ao que foi dado por José Alencar (empresário e ex-vice-presidente da República, mortobetpix365 classico2011)betpix365 classico2002. Mas o Alckmin, mesmo com uma votação pequenabetpix365 classico2018 e escanteado pelo próprio partido, ele dá uma visibilidade a esse movimento do Lulabetpix365 classicodireção ao centro muito maior do que o que Lula fez com José Alencarbetpix365 classico2002. Não é transferência diretabetpix365 classicovotos, mas a mensagem que isso passa.

betpix365 classico BBC News Brasil - O governadorbetpix365 classicoSão Paulo, João Doria (PSDB) evitou atacar Alckmin diretamente ao comentar essa possível aliança entre Alckmin e Lula. Nabetpix365 classicoavaliação, essa possível união fornece algum tipobetpix365 classicoblindagem para o petista contra críticas a corrupção ou ao suposto radicalismo que atribuem ao PT?

betpix365 classico Cláudio Couto - Eu acho, sim. Para usar o termo mais na moda, essa aliança serve como uma vacina.

betpix365 classico BBC News Brasil - Vacina contra o quê?

betpix365 classico Cláudio Couto - É uma vacina contra a acusaçãobetpix365 classicoextremista. Como você vai dizer que Lula é extremista se ele tiver como vice o Geraldo Alckmin? Que extremistabetpix365 classicoesquerda é esse que se alia com um políticobetpix365 classicodireito, católico praticante,betpix365 classicoperfil conservador? É uma incongruência. Acho que já não faria sentido algum chamar Lulabetpix365 classicoextremista só ao olhar a trajetória dele, mas com o Alckmin do lado fica ainda mais complicado fazer uma acusação dessa natureza.

betpix365 classico BBC News Brasil - Muita gente na esquerda mostra desconfiançabetpix365 classicorelação a essa aliança sugerindo que o ex-tucano poderia atuar para uma queda precocebetpix365 classicoLula a exemplo do que, eles afirmam, aconteceu com Michel Temer e Dilma Rousseff. Há riscobetpix365 classicoAlckmin ser para Lula o que Temer foi para Dilma?

betpix365 classico Cláudio Couto - Eu acho que esse risco é muito baixo e por algumas razões. Primeiro porque Alckmin não é Temer. Ele é um político com outro perfil. Foi governador quatro vezes, foi candidato duas vezes à Presidência e é um político que tem uma trajetória que não permite falarbetpix365 classicodeslealdade. Ele cumpre compromissos.

O segundo ponto é: Lula não é Dilma. Lula é uma raposa da política. Alguém que está fazendo política, negociação e articulação desde os anos 1970. Foi presidente, bem-sucedido nabetpix365 classiconegociação com o Congresso. É uma liderança e um político hábil. Dilma estava longe disso. Então, não temos Michel Temerbetpix365 classicoum lado e nem temos Dilmabetpix365 classicooutro.

Há um terceiro ponto que é o contexto atual. Não estamos mais na situaçãobetpix365 classicouma queda muito grande da popularidade do PT. Estamosbetpix365 classicoum contextobetpix365 classicoque Lula e o PT estão recuperando espaço. Além disso, o próximo governo, caso Bolsonaro não se reeleja, virá logo após uma verdadeira calamidade. Então, penso que há muito mais espaço para esse governo ganhar fôlego e produzir do que o PT tinhabetpix365 classico2015 e 2016.

betpix365 classico BBC News Brasil - Essa aliança entre duas figuras que setores mais radicais chamariambetpix365 classico"velha política" não serve para alimentar o discursobetpix365 classicocandidatos que se posicionam como antissistema sob o argumentobetpix365 classicoque "eles são todos iguais"?

betpix365 classico Cláudio Couto - Sim. Acho que essa união pode alimentar esse discurso. Mas é preciso avaliar outros fatores. O primeiro é que a onda antipolítica começoubetpix365 classico2013, passou por 2016, e chegou ao ápicebetpix365 classico2018 na onda bolsonarista.

Em 2020, no entanto, nas eleições municipais, começamos a ver um refluxo nisso. Acho que essa onda perdeu força. Mesmo o tema "corrupção" já não aparece mais como uma grande questão para os eleitores. Além disso, Bolsonaro se abraçou com o Centrão. Aquilo que ele dizia que iria combater, ele não combate mais. Se ele apontar o dedo para o Alckmin e dizer: "Olha com quem o Lula está se aliando. Olha a velha política, aí", alguém vai dizer: "Olha com quem você está se aliando!".

betpix365 classico BBC News Brasil - Mas num ambientebetpix365 classicoeleição, você acha que Lula, que também já se aliou ao Centrão para governar, faria esse tipobetpix365 classicoréplica?

betpix365 classico Cláudio Couto - Acho que é mais uma questãobetpix365 classicodizer: "Como você vê um problema nisso se você mesmo faz?". A crítica teriabetpix365 classicoser nessa linha e não atacando a aliança,betpix365 classicosi. Talvez o (Sergio) Moro possa ter espaço para fazer esse tipobetpix365 classicocrítica, mas é preciso, também, avaliar quem serão os aliados dele. Afinal, ele também poderá ter suas vulnerabilidades expostas no decorrer desse processo eleitoral.

betpix365 classico BBC News Brasil - Você pontuou todas as vantagens que essa aliança traria, mas quais são as desvantagens que essa aliança pode enfrentar na eleição ebetpix365 classicoum eventual futuro governo fruto desse casamento?

betpix365 classico Cláudio Couto - Diantebetpix365 classicoproblemas que governos normalmente têm, acho que essa aliança tende a ser muito mais benéfica do que ruim porque ela amplia o arcobetpix365 classicoapoiosbetpix365 classicoum eventual governo. Ela cria pontes com setores que poderiam estar na oposição. Há uma possível perda, obviamente, que são os narizes torcidos daqueles que vão fazer reivindicaçõesbetpix365 classicopurismo ideológico. Vão dizer: "É impossível um esquerdista como Lula se aliar a um direitista como Alckmin. Vamos lançar a candidatura do PSOL".

É possível que haja gente cogitando coisas desse tipo, mas eu imagino que isso é muito pouco comparado ao que se vai terbetpix365 classicoganho do outro lado. Pode haver gente fazendo barulho, inclusive no próprio PT, mas, sinceramente, acho que é residual. Pode ser que algo parecido ocorra do outro lado, no PSDB.

Mas o que é o PSDB hoje? É o PSDB do Doria? Do (Eduardo) Leite? Acho que essa aliança deixa os críticos um pouco desarvorados. Não vejo como algo que pode causar prejuízos sérios. E para alguém como Lula, que já se aliou com Valdemar da Costa Neto (presidente do PL) e Paulo Maluf, é muito melhor ter o Alckmin ao seu lado.

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