Como Brasil entrouslot goblinlistaslot goblin'alto risco'slot goblinvolta da pólio:slot goblin

  • André Biernath - @andre_biernath
  • Da BBC News Brasilslot goblinSão Paulo
Criança recebe vacina contra a pólio

Crédito, Erasmo Salomão/Ministério da Saúde

Legenda da foto, Em 2020, cercaslot goblin1 milhãoslot goblincrianças brasileiras não receberam as dosesslot goblinvacina contra a poliomielite

slot goblin Brasil, Bolívia, Equador, Guatemala, Haiti, Paraguai, Suriname e Venezuela são os países das Américas com alto riscoslot goblinvolta da poliomielite, segundo informes divulgados pela Organização Pan-Americanaslot goblinSaúde (Opas) ao longo do segundo semestreslot goblin2021.

De acordo com a entidade, a baixa taxaslot goblinvacinação nesses locais representa um perigo para todo o continente, que não registra um único caso da doença há exatos 30 anos.

"Esses países, que representam 32% da população com menosslot goblinum anoslot goblinidade das Américas, têm sustentado uma baixa coberturaslot goblinvacinação e sistemasslot goblinvigilância fracos, o que representa uma ameaçaslot goblinemergência do vírus e a subsequente circulação dele", alerta a Opas.

Mas como o Brasil, que teve um dos programasslot goblinimunização contra a pólio mais bem-sucedidos da região, foi parar nessa lista? E o que está sendo feito para reverter esse panorama?

De acordo com especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, a pandemiaslot goblincovid-19, a faltaslot goblincampanhasslot goblincomunicação, uma desconfiança generalizada nas autoridades e a sensaçãoslot goblinque essa doença não preocupa mais são alguns dos fatores que ajudam a explicar a atual situação.

Uma doença séria e incapacitante

A infectologista Raquel Stucchi, professora da Universidade Estadualslot goblinCampinas (Unicamp), entende que a vacinação contra a pólio é vítimaslot goblinseu próprio sucesso.

"As vacinas são tão boas que essa doença desapareceu do país. Atualmente, meus alunos só veem casosslot goblinpólio nos livros", conta.

O último paciente com poliomielite no Brasil foi identificadoslot goblin1989. Em 1994, nosso país recebeu da Opas o certificadoslot goblineliminação da transmissão do vírus causador dessa enfermidade.

A médica, que também integra a Sociedade Brasileiraslot goblinInfectologia, explica que esse vírus é transmitidoslot goblinpessoa para pessoa ou através da contaminação das redesslot goblinesgoto e água.

"O agente infeccioso, conhecido como poliovírus, fica no intestino e é eliminado pelas fezes. A partir daí, pode contaminar outras pessoas", ensina.

Roger Zapata conduz Luis Fermín Tenorio Cortez pela mão, que caminha comslot goblinavó

Crédito, Armando Waak/OPS

Legenda da foto, O peruano Luis Fermín Tenorio Cortez (ao centro) foi a última criança vítima do poliovírus selvagemslot goblintodo o continente americano
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Na maioria das vezes, a infecção não tem grandes repercussões na saúde. Mas há uma parcelaslot goblinacometidos, especialmente crianças com menosslot goblincinco anos, que desenvolvem formas bem graves.

Nesses casos, o vírus afeta o sistema nervoso e pode causar uma espécieslot goblinfraqueza muscular — daí vem o termo "paralisia infantil", um dos nomes populares da moléstia.

"Alguns pacientes sofrem uma paralisia das pernas e não conseguem mais andar. Em quadros ainda mais sérios, os músculos do tórax são afetados e se perde a capacidadeslot goblinrespirar", acrescenta Stucchi.

Durante boa parte do século 20, a única maneiraslot goblinmanter esses indivíduos vivos eram os "pulmõesslot goblinaço", uma máquina grande que gerava uma pressão no peito para garantir a entrada do oxigênio e a saída do gás carbônico pelas vias aéreas.

Conhecida há milharesslot goblinanos, a poliomielite foi um enorme problemaslot goblinsaúde pública nos séculos 19 e 20, com surtos e epidemias registradosslot goblinvárias partes do mundo.

Criança colocada numa máquina chamada pulmãoslot goblinaço

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Os 'pulmõesslot goblinaço' permitiam que os pacientes com pólio continuassem a respirar

A história começou a mudar a partir da décadaslot goblin1950 e 1960, quando foram desenvolvidas as duas vacinas usadas até hoje.

A primeira, injetável e feita a partir do vírus inativado, foi criada pelo médico americano Jonas Salk (1914-1995). A segunda, fruto do trabalho do pesquisador polonês Albert Sabin (1906-1993), é dadaslot goblingotinhas e traz o vírus atenuado emslot goblinformulação.

Desde que os esforços para a erradicação da poliomielite avançaram por todos os continentes, os casos da doença caíram 99%.

Para ter ideia,slot goblin1988 foram registrados 350 mil diagnósticosslot goblinpólioslot goblin125 países. Em 2021, o vírus selvagem permanece endêmicoslot goblinapenas dois lugares: Paquistão e Afeganistão, que registraram 5 casos nos últimos 12 meses.

Também é preciso mencionar aqui os casosslot goblinpólio provocados pelo vírus atenuado da vacina Sabin, dadaslot goblingotinhas: eles são raríssimos e foram observados especialmente na África,slot goblinpessoas com a imunidade comprometida eslot goblinlocais com pouco acesso a tratamentoslot goblinágua e esgoto.

Mapaslot goblincasosslot goblinpoliomielite

Crédito, Polio Global Erradication Initiative

Legenda da foto, Paquistão e Afeganistão (pintadosslot goblinamarelo no mapa) são os únicos dois países com poliomielite endêmica. Na África, na Ucrânia e no Iêmen foram registrados alguns casos rarosslot goblinpólio por derivado vacinal

Que fique claro: ter uma vacina oral contra a pólio facilitou muito o esforço mundialslot goblinerradicação e esse produto foi decisivo para controlar a doença no cenário internacional. Afinal, as gotinhas são bem fáceisslot goblintransportar e aplicar, alémslot goblinnão exigirem um treinamento muito complicado.

Mais recentemente, porém, com a reduçãoslot goblin99% dos casos da doença provocada pelo vírus selvagem, muitos países passaram a oferecer, especialmente nas primeiras doses, apenas o imunizante injetável (Salk), feito com o vírus inativado. Nesse caso, o riscoslot goblinter pólio por derivado vacinal não existe.

O nosso país, inclusive, adota essa estratégia, como você confere a seguir.

Brasil, do sucesso à preocupação

Entre 1968 e 1989, o Brasil contabilizou maisslot goblin26 mil casosslot goblinpoliomielite,slot goblinacordo com os dados do Ministério da Saúde.

Embora existissem projetos municipais e estaduais para vacinação das crianças contra esse vírus, a primeira campanha nacionalslot goblinimunização contra a poliomielite foi lançada oficialmenteslot goblin1980,slot goblinconsonância com um esforço mundial para a erradicação dessa doença, que estáslot goblincurso até hoje.

Nosso país, inclusive, foi pioneiroslot goblinvários aspectos e lançou algumas estratégias que fizeram muita diferença no engajamento da população, avaliam os especialistas.

Os dois exemplos mais bem sucedidos foram a criação dos famosos "dias D" da campanha, que contavam com ampla divulgação nos meiosslot goblincomunicação, e a criaçãoslot goblinpersonagens com forte apelo popular, como foi o caso do Zé Gotinha.

Zé Gotinha

Crédito, Conass / reprodução

Legenda da foto, No Brasil, o personagem Zé Gotinha surgiuslot goblin1986 como parteslot goblinuma campanhaslot goblinvacinação contra a pólio

O último casoslot goblinpoliomielite no país foi observado na cidadeslot goblinSousa, na Paraíba,slot goblin1989. A doença é considerada oficialmente eliminada do território nacional há 27 anos, desde 1994.

A vacina contra a poliomielite segue indicada para todas as crianças brasileiras num esquemaslot goblincinco doses. As três primeiras são feitas com o imunizante injetável e devem ser aplicadas aos dois, aos quatro e aos seis mesesslot goblinvida. Depois, os dois reforços (geralmente feitos com as gotinhas) são dados entre os 15 e os 18 meses e aos 5 anosslot goblinidade.

Nos últimos anos, porém, a cobertura vacinal tem deixado a desejar. Segundo os dados do próprio Ministério da Saúde, a taxaslot goblinimunizados contra a pólio caiu consideravelmenteslot goblin2015 para cá.

Há seis anos, 98,2% do público-alvo recebeu as doses. Em 2016, essa taxa caiu para 84,4% e se manteve nesse patamar até 2019.

Em 2020, uma nova queda importante foi registrada:slot goblinacordo com os dados preliminares, que ainda podem passar por alguma revisão técnica, apenas 75,9% receberam as doses contra o vírus causador da paralisia infantil.

Em outras palavras, umaslot goblincada quatro crianças brasileiras não está suficientemente resguardada contra a poliomielite.

"Se considerarmos o númeroslot goblinnascidos vivos no país, estamos falandoslot goblinpraticamente um milhãoslot goblinindivíduos desprotegidos", calcula o pediatra Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileiraslot goblinImunizações (SBIm).

É justamente esse contingenteslot goblinnão-vacinados que alarma as autoridades e colocou o Brasil na lista dos países com "alto risco" para a reintrodução da pólio nas Américas.

"Toda essa situação nos deixa bastante preocupados. Estamos falandoslot goblinuma doença que paralisa crianças", chama a atenção a infectologista e pediatra Luiza Helena Falleiros Arlant, coordenadora da Câmara Técnicaslot goblinImunizações (Pólio) do Ministério da Saúde.

"E o principal pilar para não deixar esse vírus chegarslot goblinnovo ao nosso país é vacinar toda a população-alvo. Porque daí, mesmo se acontecerslot goblinentrar alguém infectado com pólio pelos aeroportos, portos e fronteiras terrestres, não haveria riscoslot goblintransmissão interna, já que a maioria da população estaria protegida", complementa a especialista, que também coordena o Departamentoslot goblinSaúde da Criança da Faculdadeslot goblinMedicina da Universidade Metropolitanaslot goblinSantos, no litoral paulista.

Poliovirus

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, O vírus da poliomielite se aloja no intestino e pode causar fraqueza muscular, especialmenteslot goblincrianças menoresslot goblin5 anos

Ou seja: no atual cenário, com cercaslot goblin1 milhãoslot goblincrianças suscetíveis, há o perigo iminenteslot goblinuma pessoa com pólio virslot goblinfora e criar cadeiasslot goblintransmissão internas, algo que não é visto por aqui há maisslot goblintrês décadas.

Um panorama parecido, aliás, aconteceu recentemente com outra doença infecciosa que pode ser prevenida com a vacinação: o sarampo, que foi eliminado do Brasilslot goblin2016.

As baixas taxasslot goblinimunização, porém, fizeram a doença retornar com tudo dois anos depois, com surtos importantes registradosslot goblin2018 e 2019slot goblinvárias cidades.

Como chegamos até aqui?

Cunha diz que a queda nas taxasslot goblincobertura vacinal podem ser explicadas por três palavras que começam com a letra C: confiança, conveniência e complacência.

"Vamos começar com a confiança: vivemos um momentoslot goblinque, por causa da difusãoslot goblininformações falsas, as pessoas desconfiam não apenas da segurança e da eficácia das vacinas, mas também das instituições, dos governantes e dos profissionais da saúde", observa o pediatra.

"O segundo ponto é justamente a conveniência: o esquemaslot goblinfuncionamento dos postosslot goblinvacinação estáslot goblindesalinho com a rotina das mães e dos pais, que não conseguem levar os filhos para tomar as dosesslot goblinhorário comercial. Precisamos ampliar a infraestrutura e capacitar melhor os profissionais que estão na ponta", continua.

"E vale lembrar que o Programa Nacionalslot goblinImunizações (PNI) do Ministério da Saúde está sem um coordenador desde julhoslot goblin2021."

Por fim, a complacência tem a ver com aquela sensação absolutamente equivocadaslot goblinque a pólio é coisa do passado e não há mais motivos para se preocupar com ela.

Criança é vacinada contra a pólio no Paquistão

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Pandemiaslot goblincovid-19 também impactou a cobertura vacinal contra várias doenças infecciosas no Brasil e no mundo

De acordo com os profissionais da saúde consultados pela reportagem, o alto númeroslot goblincrianças não-vacinadas contra a pólioslot goblin2020 também tem a ver com a pandemiaslot goblincovid-19, que fechou ou restringiu serviçosslot goblinsaúde por algum tempo no ano passado e fez com as pessoas buscassem menos os postosslot goblinsaúde para atualizar a cadernetaslot goblinvacinação.

Para reverter essas barreiras, o presidente da SBIm entende que é preciso investirslot goblincampanhas massivasslot goblincomunicação.

"Um dos nossos pontos fortes era a transmissão das informações com o apoioslot goblinreferências na área da saúde, artistas e políticos", lembra Cunha.

"Hojeslot goblindia, esse quesito está muito falho. As comunicações parecem ser voltadas apenas aos gestores e aos profissionais da saúde. A população nem fica sabendo do dia D ou das campanhas periódicas", critica.

"Não adianta marcar um 'dia D da vacinação' e não avisar o povo por meioslot goblinpropagandas na rádio, na televisão e nas redes sociais", concorda Stucchi.

Procurado pela BBC News Brasil, o Ministério da Saúde se posicionou sobre a discussão por meioslot goblinuma notaslot goblinesclarecimentos.

No texto, a assessoriaslot goblinimprensa ressalta que foi feita uma Campanha Nacionalslot goblinMultivacinação este ano, com o objetivoslot goblin"promover a mobilização social para a atualização da Cadernetaslot goblinVacinação da Criança e do Adolescente (menosslot goblin15 anosslot goblinidade), a fimslot goblinmelhorar e ampliar a cobertura vacinal no país".

"O Ministério da Saúde informa ainda que vem desenvolvendo e intensificando estratégias necessárias relacionadas à vacinação infantil. Dentre elas, o Movimento Vacina Brasil, lançadoslot goblin2019, com o objetivoslot goblinmobilizar a população quanto a importância da vacinação e necessidadeslot goblinmanter a situação vacinal atualizada", segue a nota.

Marcelo Queiroga, ministro da Saúde, e Zé Gotinha

Crédito, Walterson Rosa/MS

Legenda da foto, O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou uma campanhaslot goblinmultivacinação para diminuir a quantidadeslot goblincrianças e adolescentes com doses atrasadas no país

Os responsáveis pelo PNI também dizem que têm reforçado junto aos Estados, municípios e Distrito Federal "a manutenção das açõesslot goblinvacinaçãoslot goblinrotina, mesmoslot goblintemposslot goblinpandemiaslot goblincovid-19" e que "atua fortemente na divulgaçãoslot goblininformaçõesslot goblinseus meiosslot goblincomunicação e interação nas redes sociais".

Por fim, o ministério destaca que está adotando uma "estratégia dos dez passos" para ampliar a cobertura vacinal no país. São eles:

1. Manter a salaslot goblinvacina abertaslot goblintodo horárioslot goblinfuncionamento da unidadeslot goblinSaúde;

2. Evitar barreirasslot goblinacesso;

3. Oportunidadeslot goblinvacinação (em consultas e/ou outros procedimentos na unidade);

4. Monitorar a cobertura vacinal;

5. Garantir o registro adequado das doses aplicadas;

6. Orientar a população sobre atualização vacinal;

7. Combater informações falsas;

8. Intensificar açõesslot goblinvacinação;

9.. Promover disponibilidade e qualidade das vacinas;

10. Garantir profissionais treinados e habilitados nas salasslot goblinvacina.

Línea

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