'Meninas': o que aconteceu com adolescentes grávidas que protagonizaram documentáriojoguinho da nuvem2006:joguinho da nuvem

Crédito, Gisela Camara/Montagem BBC News Brasil
Filmadojoguinho da nuvem2005, após ser aprovadojoguinho da nuvemum edital da Petrobras, o documentário foi lançado no ano seguinte. Na época, chegou a ser exibido no Festivaljoguinho da nuvemBerlim, na Alemanha. No Brasil, foi adotadojoguinho da nuvemescolas brasileiras como partejoguinho da nuvemcampanhasjoguinho da nuvemprevenção da gravidez na adolescência.
Sandra Werneck diz à BBC News Brasil que decidiu fazer o documentário pois queria responder a uma pergunta: por que uma menina abre mão da adolescência para ter um filho?
A diretora diz que não há uma resposta exata para o questionamento, mas comenta que descobriu que ter um filho pode ser sinônimojoguinho da nuvemstatus na periferia.
"Eu acho que elas não têm consciência (sobre o que é ser mãe). Mas muitas passam a vida cuidando dos irmãos mais novos e têm uma vontadejoguinho da nuvemter uma coisa delas, porque a vida inteira não tiveram nada", diz Sandra.
"Para essas garotas, ter um filho representa que passarão a ser vistas como meninas mais velhas", acrescenta.

Crédito, Gisela Camara
Do anojoguinho da nuvemque a obra foi lançada aos dias atuais, a gravidez na adolescência continua como um problema no país.
Nos últimos 20 anos, o Brasil registrou quedajoguinho da nuvem37,2% no númerojoguinho da nuvemadolescentes grávidas, segundo estudo da Federação Brasileira das Associaçõesjoguinho da nuvemGinecologia e Obstetrícia (Febrasgo). O levantamento foi feito com basejoguinho da nuvemdadosjoguinho da nuvemnascidos vivos (NV)joguinho da nuvemmãesjoguinho da nuvem10 a 19 anos, entre 2000 e 2019.
Mesmo com a redução nos números, pesquisadores ressaltam que esse cenário continua preocupante. Um dos argumentos é que a taxajoguinho da nuvemgestação entre adolescentes está muito acimajoguinho da nuvempaíses considerados bons exemplos nessa área.
De acordo com o estudo, o Brasil possuía uma taxajoguinho da nuvemmães adolescentes (de 15 a 19 anos)joguinho da nuvem48 a cada mil nascimentosjoguinho da nuvem2019. Nos Estados Unidos, a taxa erajoguinho da nuvem20 a cada mil, ejoguinho da nuvempaíses europeus havia uma médiajoguinho da nuvemoito a cada mil, segundo o Banco Mundial.
A gestação na adolescência afeta o presente e o futuro dessas jovens, porque costuma prejudicar os estudos e a busca por emprego.
Os impactosjoguinho da nuvemser mãe na adolescência foram sentidos pelas protagonistas do Meninas, na época das gravações e também nos anos seguintes.
Até hoje, o documentário é visto por muitos jovens. É possível observar a dimensão da obra por meio do YouTube. Na plataformajoguinho da nuvemvídeos, a produção foi compartilhada por diferentes contas —joguinho da nuvemuma delas, contabiliza maisjoguinho da nuvem2,4 milhõesjoguinho da nuvemvisualizações, enquantojoguinho da nuvemoutra tem maisjoguinho da nuvem790 mil.
15 anos depois do lançamento do Meninas, a BBC News Brasil foi atrás das histórias das protagonistas do documentário para mostrar os rumos que seguiram.
Grávida aos 13 anos
Uma das histórias mais marcantes no documentário é ajoguinho da nuvemEvelin Rodrigues. A jovemjoguinho da nuvem13 anos foi a mãe mais nova entre as meninas. Poucos meses após dar à luz, ela se tornou viúva.
Ela relata que, apesarjoguinho da nuvemter sido alertada pela mãe sobre a possibilidadejoguinho da nuvemengravidar depoisjoguinho da nuvem"ficar mocinha", não obedecia ao conselhojoguinho da nuvemtomar anticoncepcional.
"Tinha medojoguinho da nuvemengordar ou passar mal", conta à BBC News Brasil.
Quando ela descobriu a gravidez, a mãe e a avó chegaram a sugerir um aborto. "Mas eu não quis tirar", relata a jovem, que afirma que tinha medo do procedimento.
"Eu vi amigas abortarem, vi meninas que morreram no processo, eu não queria tirarjoguinho da nuvemjeito nenhum."
No documentário, Evelin contou sobre um episódio no qual ela, quando já estava grávida, apanhou do pai da filha na frente dos amigos por ter saídojoguinho da nuvemcasa sozinha.
"Minha mãe falava que 'mulherjoguinho da nuvembandido apanha', e eu não acreditava", disse a adolescentejoguinho da nuvem13 anos à câmera.
Nove anos mais velho, o pai do filho dela era membrojoguinho da nuvemuma organização do tráficojoguinho da nuvemdrogas na Rocinha.

Crédito, Gisela Camara
Atualmente, ela reconhece que tinha uma relação conturbada com o rapaz. "Ele era um cara ciumento e possessivo, queria me manter presa dentrojoguinho da nuvemcasa e dizia que eu era só dele", lembra. "Quando eu saía, ele queria me agredir", conta.
O pai da criança morreujoguinho da nuvemum conflito com a polícia, dois meses após o nascimento da filha.
Evelin teve ajuda da mãe para criar a filha. "Ela (mãe) disse que a 'responsa' era minha, mas sempre me ajudou", diz. Ela trabalhou como manicure no fim da adolescência e aos 18 anos conseguiu um emprego como vendedora.
Durante quase uma década, Evelin trabalhoujoguinho da nuvemlojas, e hoje investe na carreira como influenciadora digital. Ela acumula 64 mil seguidores no Instagram, sendo a grande maioria composta por pessoas que a acompanharam no documentário e querem saber como está a vida dela atualmente.
Nas redes, Evelin fala com frequência sobre o documentário. Em seu canal no YouTube, onde acumula 48 mil inscritos, os vídeos mais assistidos são relacionados ao Meninas. Entre eles, há conteúdos com perguntas e respostas sobre o documentário e um passeio para mostrar como está atualmente a casajoguinho da nuvemque ela morava na época das gravações.
Evelin se mudou da Rocinha após conhecer o atual marido, paijoguinho da nuvemseus outros dois filhos. A residênciajoguinho da nuvemque ela morava na época do documentário atualmente é ocupada por seu irmão.
Ela considera que a mudançajoguinho da nuvemcasa foi uma formajoguinho da nuvemevitar que a filha, hoje com 16 anos, repetisse a história da gravidez na adolescência. "Sei que isso não define nada, porque se ela quiser seguir o mesmo caminho, vai seguir. Mas eu quis tentar ter uma vida mais tranquila", afirma.
"Eu tive menos escolha. Parece que tem um ímã, você acaba se envolvendo porque aquela é a realidadejoguinho da nuvemque você vive, mas eu quis um outro futuro pros meus filhos", diz.

Crédito, Arquivo pessoal
Hoje, aos 30 anos, Evelin diz que cria os filhosjoguinho da nuvemforma diferentejoguinho da nuvemcomo foi criada. "Eu tinha muita liberdade", diz.
Em meio às regras que criou para os filhos, uma das mais importantes para ela é a transparência sobre assuntos considerados espinhosos.
"Desde quando ela (a primogênita) quis começar a namorar, eu já fui bem clara sobre ter relação (sexual). Quando ela quis saber do pai, eu também falei. Ela assistiu ao documentário, perguntou se o pai me batia, eu contei que sim, batia e era ciumento", conta Evelin. Ela diz ter orientado a filha a "se cuidar antesjoguinho da nuvemse envolver" com alguém.
'Eu realmente quis engravidar'
No início da adolescência, enquanto cuidava da irmã caçula, Luana Santos decidiu que logo se tornaria mãe. "Eu falava que queria ter um (filho) só pra mim por ter cuidado dela", disse no documentário, enquanto estava grávida.
Luana explicou, na produção, que sabia os métodos para evitar uma gravidez, como por meio do usojoguinho da nuvemanticoncepcional oujoguinho da nuvempreservativo. Porém,joguinho da nuvemdeterminado momento quis se tornar mãe e abandonou as formasjoguinho da nuvemprevenção.
Hoje, Luana diz que acreditava que a gestação faria com que ela passasse a ser vista como uma pessoa madura.
"Eu realmente quis engravidar. Eu tinha muitos atritos com a minha mãe e achava que as pessoas entenderiam que eu era adulta se eu também virasse mãe", afirma à BBC News Brasil.
A então adolescente morava junto com a mãe e as quatro irmãs na comunidade Morro dos Macacos, na Zona Norte do Riojoguinho da nuvemJaneiro. O pai das garotas era traficante e morreu durante uma guerrajoguinho da nuvemfacções, quando as filhas ainda eram crianças.
Quando soube da gravidez da primogênita, a mãejoguinho da nuvemLuana ficou triste. "Ela me rejeitou a gravidez inteira. Fiz o pré-natal sozinha, junto com o pai da minha filha. A minha mãe só aceitou a minha gestação quando precisou me acompanharjoguinho da nuvemum exame, por eu ser adolescente, e ouviu o coração da neta pela primeira vez", diz Luana.

Crédito, Gisela Camara
Durante a gestação, a mãejoguinho da nuvemLuana exigiu que a filha continuasse estudando. "Parei quando a minha filha nasceu e voltei dois meses depois, levando ela para a escola", diz. Pouco depois, Luana paroujoguinho da nuvemestudar. Atualmente, ela está concluindo o ensino médio e planeja cursar administração.
Hoje, Luana entende a postura da mãe. "Ela não aceitava que eu me tornasse mãe tão jovem. Agora, eu falo para a minha filha, que tem 16 anos, que não precisa ultrapassar etapas da vida. Ela pode viver cada fase", diz.
"A minha filha namora há dois anos, mas a minha relação com ela é diferente da que eu tinha com a minha mãe. A gente conversa muito e sou muito parceira. Sou a primeira a saber e sempre digo para ela que não há ninguém melhor do que eu para ajudá-la", comenta Luana.
Dois anos depois do nascimento da primeira filha, Luana se separou do então namorado e iniciou um novo relacionamento. Logo engravidou novamente. Nessa época, ela saiu da casa da mãe para viver com o então marido.
Luana ficou por quatro anos com o pai do segundo filho e se separou. Depois, teve um novo relacionamento e teve o caçula. Atualmente, ela mora sozinha com os três filhos (de 16, 14 e nove anos) na comunidade Morro dos Macacos e tem uma microempresajoguinho da nuvemsalgados para festas.
Na adolescência, ela sonhavajoguinho da nuvemser atriz e fazia aulasjoguinho da nuvemteatro. Mas desistiu da atuação desde a primeira gravidez. "Depois que fui mãe, abandonei, porque tive um filho atrás do outro", comenta.
Atualmente, os filhos mais velhos dela fazem aulasjoguinho da nuvemteatro. "Falei pra eles: se vocês conseguirem e for realmente isso que querem, seguem nessa área porque é lindo. Eles cresceram assistindo teatros, porque eu seguia páginas para conseguir ingressosjoguinho da nuvemgraça para a gente assistir peças", diz.

Crédito, Arquivo pessoal
Nas redes sociais, Luana costuma ser lembrada com frequência sobre o documentário. Hoje com 31 anos, ela considera que a produção a acompanhará para sempre.
"Na época das gravações, tudo era muito bom pra mim. Toda vez que a equipe iajoguinho da nuvemcasa para filmar era uma festa, sempre levavam presentes como fraldas descartáveis. Eu gostava muito disso", diz Luana.
"Hoje as pessoas me enchemjoguinho da nuvemperguntas sobre o documentário no Instagram, o pessoal me marcajoguinho da nuvempublicações sobre os filmes e eu sempre tento falar sobre esse assunto", comenta ela, que tem 16 mil seguidores, conquistadosjoguinho da nuvemrazão do Meninas.
O câncer do colo do útero
Quando conheceu o namorado, Edilene Ferreira gostavajoguinho da nuvembrincarjoguinho da nuvemboneca e conversar com as amigas na regiãojoguinho da nuvemque moravajoguinho da nuvemEngenheiro Pedreira,joguinho da nuvemJaperi, na Baixada Fluminense. No documentário, ela conta que o rapaz, na época com 21 anos, foi o primeiro parceiro com quem teve relação sexual.
O namoro durou cercajoguinho da nuvemseis meses, eles se separaram e pouco depois a garota descobriu que estava grávida.
"Vou ficar aqui só até ganhar (o filho), porque ele tem outra mulher grávida", explicou Edilene, no documentário, ao comentar sobre o fatojoguinho da nuvemter se mudado para a casa do rapaz.
Quando o bebê nasceu, a adolescente voltou para a casa da mãe, Maria José Ferreira, que na época estava grávida do quinto filho — ela engravidou do então marido pouco depois da filha.
Após se tornar mãe, Edilene não voltou para o pai do primogênito e teve outros dois filhos — hoje eles têm 16, 13 e oito anos. Nos últimos anos, ela estava casada com o pai do caçula.

Crédito, Gisela Camara
No ano passado, Edilene sentiu dores constantes nas pernas e teve sangramentos, segundo a mãe dela. Quando procurou ajuda médica, passou por exames e foi diagnosticada com câncer do colo do útero.
Ela precisou ser internada e o quadrojoguinho da nuvemsaúde piorou rapidamente. O tumor foi descobertojoguinho da nuvemum estágio muito avançado. "Disseram que não tinha mais como tratar", conta a mãejoguinho da nuvemEdilene.
O câncer do colo do útero, na parte inferior do órgão (entre o corpo do útero e a vagina), é um dos mais frequentes entre as mulheres no país. Na imensa maioria dos casos, é causado por infecção persistente pelo Papilomavírus Humano (HPV) — que pode ser prevenido com vacina — , que caso não tratada pode progredir para alterações graves e evoluir para o câncer.
"O mais importante quando a mulher tem diagnósticojoguinho da nuvemHPV é o acompanhamento, porque caso ela apresente alguma alteração grave é possível fazer o tratamento e a retirada das lesões para não ocorrer a evolução para o câncer", explica a ginecologista e obstetra Laís Yamakami.
No casojoguinho da nuvemEdilene, segundo a mãe dela, o câncer surgiujoguinho da nuvemmaneira inesperada. "Foi tudo muito rápido, ela era totalmente saudável", afirma Maria à BBC News Brasil. Ela diz que a filha não tinha doenças e afirma não saber o motivo do surgimento do tumor.
Edilene morreujoguinho da nuvemjunho do ano passado, aos 30 anos, cercajoguinho da nuvemum mês e meio após descobrir o câncer. "Foi uma tristeza muito grande. Ela era muito amiga. Era uma filha e uma amiga", emociona-se a mãe.
Nas redes sociais, muitas pessoas que assistiram ao documentário lamentaram a morte dela. "Tão triste saber que ela se foi, mas ela sempre será lembrada", escreveu uma mulherjoguinho da nuvemum perfil no Instagram sobre o documentário. "Tão nova e cheiajoguinho da nuvemvida. Que Deus console o coração dos familiares, amigos e fãs", comentou outra, no mesmo perfil.

Crédito, Arquivo pessoal
O filho caçulajoguinho da nuvemEdilene mora com o pai. Os dois mais velhos moram com a avó materna,joguinho da nuvemuma casajoguinho da nuvemEngenheiro Pedreira com outras cinco pessoas: dois tios e três primos.
A principal renda da casa, diz Maria, vem das faxinas que ela faz duas vezes por semana e do valor que tem recebido do auxílio emergencial durante a pandemiajoguinho da nuvemcovid-19. Além disso, ela afirma que recebe R$ 200 mensais do pai do segundo filhojoguinho da nuvemEdilene.
O fim do sonhojoguinho da nuvementrar para a Marinha
Em meio à históriajoguinho da nuvemEdilene surgiu Joice Delfino Rosa, a garota que engravidou do mesmo rapaz.
"Eu sonhavajoguinho da nuvemterminar meus estudos e me alistar para a Marinha. Mas agora não vai mais ser possível", desabafou a jovem, na época com 15 anos, emjoguinho da nuvemprimeira cena no documentário.
Ao longo do filme, Joice aparecejoguinho da nuvempoucos momentos.
"Eu dei graças a Deus que não apareci muito na época, porque eu tenho vergonha", relata à BBC News Brasil.
Primeiro, a produção chegou à históriajoguinho da nuvemEdilene. Quando descobriram que o namorado da jovem havia engravidado outra garota também, a direção foi atrásjoguinho da nuvemJoice para conhecerjoguinho da nuvemhistória.
"A gente resolveu que a gente ia namorarjoguinho da nuvemcasa, mas aí depois aconteceu isso tudo: eu fiquei grávida e a outra menina (Edilene) também ficou grávida. Aí terminamos tudo e eu tento esquecer ele", explicou Joice no documentário. Ela, assim como Edilene, também moravajoguinho da nuvemEngenheiro Pedreira.
Joice diz à BBC News Brasil que não ficou preocupada quando descobriu a gravidez.
"Mas fiquei muito sentida, porque na época eu gostava dele (o paijoguinho da nuvemsua filha)", conta.
Ela comenta que seu maior medo era a reação dos pais, mas diz que eles a apoiaram quando souberam. Além disso, afirma ter recebido apoio do pai da criança e da mãe dele.
Aos 32 anos, Joice atualmente está desempregada. Ela não voltou a estudar após a gravidez e teve várias ocupações: já foi auxiliarjoguinho da nuvemserviçosjoguinho da nuvemhospital, copeira, faxineira e recentemente trabalhou como manicure e como vendedorajoguinho da nuvemsalgados. Depois do nascimento da primeira filha, Joice iniciou um novo relacionamento, se casou e teve outras duas filhas com o então marido, com quem ficou durante 10 anos.

Crédito, Vantoen Pereira Jr
A experiênciajoguinho da nuvemse tornar mãe na adolescência é usada por Joice para conversar abertamente com as filhas — hoje com 16, 14 e 11 anos — sobre sexualidade.
"Eu explico como é, para elas poderem enxergar a vida com outros olhos, não acharem que a vida é feitajoguinho da nuvemflores", diz. "O povo, às vezes, me chamajoguinho da nuvemmaluca porque não tenho 'rodeio' com elas", conta.
Uma das preocupações dela como mãe é sobre a homofobia — a filha mais velhajoguinho da nuvemJoice é lésbica.
"A gente tem que sentar e conversar, porque o mundo aí fora hoje é puro preconceito. Então, tento passar o máximojoguinho da nuvemexperiência", relata.
Na casa da família, o documentário é motivojoguinho da nuvembrincadeira.
"Elas (as filhas) assistem com frequência, ficam zoando e rindo da cara da gente", conta Joice. "Minha filha até tem um vídeo numa rede social dublando uma fala do pai dela no filme".
"Pra mim, foi uma experiência totalmente nova, me olhar nos telões lá do cinema. Uma vergonha que só, mas foi positivo", afirma Joice, ao relembrar a estreia do documentário.
"Foi uma boa experiência, a gente pôde alertar muitos com a nossa história, muitas meninas aprenderam muito com a gente e isso é muito gratificante pra mim."

Crédito, Arquivo pessoal
O atual cenário da gravidez na adolescência no Brasil
As histórias das Meninas mostram também a realidadejoguinho da nuvemmuitas jovens brasileiras depois que seus filhos nascem: grande parte da responsabilidade, ou toda, fica com a mãe e seus familiares próximos. Isso costuma afetar duramente o futuro dessas adolescentes.
"Uma menina pobre grávida vai estudar menos, ela vai pro mercado informal, vai ganhar significativamente menos... Como ela vai sair desse ciclojoguinho da nuvempobreza?", questiona a pesquisadora Ana Lúcia Kassouf, docente sênior do Departamentojoguinho da nuvemEconomia, Administração e Sociologia (LES) da Escola Superiorjoguinho da nuvemAgricultura Luizjoguinho da nuvemQueiroz (Esalq) da USP.
As mais afetadas pela gravidez na adolescência são as meninas pretas e pardas, que correspondem a setejoguinho da nuvemcada 10 mães adolescentes, segundo levantamento da Esalq com basejoguinho da nuvemnúmeros da Pesquisa Nacionaljoguinho da nuvemSaúdejoguinho da nuvem2013 do Instituto Brasileirojoguinho da nuvemGeografia e Estatística (IBGE).
O levantamento feito pela Esalq aponta que mães adolescentes ganhamjoguinho da nuvemmédia 30% menos (em comparação às que não têm filhos) quando chegam ao mercadojoguinho da nuvemtrabalho — esse número é maior nas regiões Norte e Nordeste, áreasjoguinho da nuvemque chega a 34%, segundo a pesquisa.
Os salários menores para essas garotas são explicados pela redução da escolaridade. Segundo o levantamento da Esalq, elas têm 12% menos chances (em comparação às que não são mães)joguinho da nuvementrar no mercado formal.
"Sabemos que há uma grande correlação entre pobreza e gravidez na adolescência", diz Ana Lúcia.

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Em relação às medidasjoguinho da nuvemprevenção da gravidez, especialistas são unânimesjoguinho da nuvemafirmar que apenas campanhasjoguinho da nuvemabstinência não são eficazes.
"Não defendemos a atividade sexual precoce, mas se essa atividade existe, temos que proteger essas meninas da gravidez com contracepção eficaz", diz a ginecologista Denise Monteiro, secretária da Comissão Nacional Especializadajoguinho da nuvemGinecologia Infanto Puberal da Febrasgo, responsável pelo estudo que avaliou os dados sobre gravidez na adolescência nos últimos 20 anos.
"Tem que ter educação mostrando os contraceptivos, ensinar como escolher os mais adequados, mostrar onde buscar… Não permitir que ela tenha a possibilidadejoguinho da nuvemengravidar nessa idade", reforça Ana Lúcia.
O Ministério da Saúde afirma que o acesso à educação e aos serviçosjoguinho da nuvemsaúde foram fundamentais para o declínio da gestação na adolescência nos últimos anos. Entre as políticasjoguinho da nuvemuma estratégia nacional, segundo a pasta, estão "métodos contraceptivos, com destaque aos que protegem por mais tempo".
"Atualmente, o SUS (Sistema Únicojoguinho da nuvemSaúde) oferta os preservativos masculino e feminino, a pílula combinada, o anticoncepcional injetável mensal e trimestral, o dispositivo intrauterino (DIU)joguinho da nuvemcobre, o diafragma, a anticoncepçãojoguinho da nuvememergência (pílula do dia seguinte), a minipílula e o implante subdérmico", detalha a pasta.
Ainda segundo o ministério, existem "estratégiasjoguinho da nuvemplanejamento familiar e reprodutivo, elaboradas no âmbito do Projeto Terapêutico Singular- PTS, com atendimento individual ou coletivo,joguinho da nuvemacordo com as expectativas, valores e necessidades das pessoas".
De acordo com o Ministério da Saúde,joguinho da nuvem2019 foram registradas 987.362 consultasjoguinho da nuvempré-natal para adolescentes no SUS. No ano seguinte foram 879.632 registros — dados preliminares. Não há nenhum recorte socioeconômico sobre esses números, informa a pasta.

Crédito, Gisela Camara
Enquanto o Ministério da Saúde ressalta o declínio nos númerosjoguinho da nuvemgestações na adolescência, pesquisadoras destacam que essa redução está longejoguinho da nuvemrepresentar que o problema está solucionado. Elas mencionam que é fundamental que haja cada vez mais políticas públicas sobre o tema, principalmente entre as mais novas.
Uma preocupação grande é sobre as meninasjoguinho da nuvem10 a 14 anos. Nessa faixa etária, a diminuição nos índices nas duas últimas décadas foi menos expressiva: correspondeu a 26%, enquanto a queda para o grupojoguinho da nuvem15 a 19 anos éjoguinho da nuvem40,7%.
"O númerojoguinho da nuvemestuprosjoguinho da nuvemvulneráveis é muito alto, e sabemos que a realidade é muito maior que os números que são notificados. Então a gente tem que agir nesse público (de 10 a 14 anos) que a gente já detectou que é o problema", explica a ginecologista Denise Monteiro.
As pesquisadoras alertam que alémjoguinho da nuvemorientação sexual para evitar gestações indesejadas, as políticas sociais e educativas precisam conscientizar essas adolescentes sobre os impactosjoguinho da nuvemuma gestação nessa fase da vida.
"Ela (a adolescente grávida) não tem a ciênciajoguinho da nuvemque possivelmente vai ficar sozinha, sem renda, com uma criança, pararjoguinho da nuvemestudar…", aponta Ana Lúcia.
"Uma pessoajoguinho da nuvem11 anos achar que ela tem vontadejoguinho da nuvemser mãe, por exemplo, mostra que essa menina não tem outras perspectivas. Uma menina com perspectivajoguinho da nuvemfuturo,joguinho da nuvemprofissionalização, não vai querer engravidar cedo", afirma Denise.
Para Luana Santos, é fundamental conversar com as adolescentes sobre como a vidajoguinho da nuvemuma jovem muda após se tornar mãe. "Esse tema não pode ser colocado como um tabu e precisa ser falado, sim. Quanto mais falar, melhor", avalia. Ela admite que não pensava muito nisso quando engravidou aos 14.
Desde que o documentário ganhou repercussão, Luana passou a dar palestras para conscientizar sobre os problemasjoguinho da nuvemuma gestação na adolescência. Ela sempre costuma frisar que ajoguinho da nuvemhistória exibida na produção não é um exemplo a ser seguido.

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