Como análises matemáticas afastam hipótesecasa da denise bet365fraude nas urnas, ao contrário do que diz Bolsonaro:casa da denise bet365

A argumentação exposta nesse vídeo, porém, é contestada pelo TSE e por especialistascasa da denise bet365segurançacasa da denise bet365dados e estatística ouvidos pela BBC News Brasil. Análises matemáticas produzidas por acadêmicos têm identificado, inclusive, o oposto: que não há evidênciascasa da denise bet365fraudes nas urnas eletrônicas.

Nessa reportagem, a BBC News Brasil destrincha os argumentos matemáticos que tentam comprovar as supostas fraudes e explica por que os cálculos são inconsistentes na avaliaçãocasa da denise bet365especialistas. Você vai entender, por exemplo, como o uso da Leicasa da denise bet365Benford nessas análises tem sido aplicadacasa da denise bet365forma controversa para tentar detectar padrões fraudulentos na distribuiçãocasa da denise bet365votos nas urnas.

Ao final, a reportagem mostra também como o cientista político Guilherme Russo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), aplicou uma metodologia desenvolvida por acadêmicos estrangeiros para analisar a distribuição dos votos nas eleições presidenciaiscasa da denise bet3652014 e 2018 e não encontrou evidênciascasa da denise bet365fraudes.

Os especialistas ouvidos enfatizam que análises estatísticas não são capazescasa da denise bet365provar que houve ou não manipulação nas eleições. Elas servem apenas como pontocasa da denise bet365partida para detectar se há algum indíciocasa da denise bet365anormalidade que precise ser melhor investigado.

Bolsonaro tenta provar que houve fraude nas eleições para sustentar a necessidadecasa da denise bet365alterar a urna eletrônica para incluir um comprovante impresso do voto. Segundo ele, apenas isso permitiria a auditoria do resultado eletrônico.

Já o TSE afirma que a urna eletrônica permite a auditoria dos resultados por meio do Boletimcasa da denise bet365Urna que é impresso ao final da votação na seção eleitoral (o documento possibilita comparar os votos computadoscasa da denise bet365cada urna no sistema eletrônico do TSE com os do respectivo boletim).

Críticoscasa da denise bet365Bolsonaro dizem que ele não estácasa da denise bet365fato preocupado com a segurança da votação e deseja lançar desconfianças sobre o sistema eletrônico para contestar o resultado do pleitocasa da denise bet3652022 caso não consiga se reeleger.

Entenda a seguir as falhas nas análises matemáticas que vem sendo apresentadas como "provas"casa da denise bet365fraudes por Bolsonaro e seus apoiadores e como outras aplicações da ciência estatística têm afastado essa hipótese.

Os problemas nos cálculos que tentam provar fraudecasa da denise bet3652014

"Em 2014, a pessoa que eu vou entrevistar, usando apenas as parciais (da apuraçãocasa da denise bet365votos) fornecidas pelo TSE e cálculos matemáticos, descobriu as fraudes nas urnas", afirmou Naomi Yamaguchi ao iniciar o vídeocasa da denise bet365cercacasa da denise bet36515 minutoscasa da denise bet365que fala com um homem anônimo que diz ter provascasa da denise bet365uma suposta ilegalidade na apuração da eleição presidencial.

A imagem do entrevistado não é revelada, sendo possível apenas ouvircasa da denise bet365voz enquanto conversa com Yamaguchi.

A análise partecasa da denise bet365uma premissa falsa: no vídeo, o homem diz ter certeza que a eleição foi fraudada porque o candidato Aécio Neves, no início da apuração, quando um volume ainda pequenocasa da denise bet365urnas tinha sido contabilizado, atingiu um percentualcasa da denise bet365quase 70% dos votos válidos contra cercacasa da denise bet36530%casa da denise bet365Dilma.

Conforme mais votos foram sendo contabilizados, Dilma inverteu a vantagem, conquistando uma vitória por pequena margem: o placar final da eleição ficoucasa da denise bet36551,64% para a petista contra 48,36% do tucano.

Essa inversão, porém, é explicada pela dinâmica da contagemcasa da denise bet365votoscasa da denise bet3652014, segundo o TSE. Por causa do horáriocasa da denise bet365verão que era adotadocasa da denise bet365parte do país naquele ano, zonas eleitoraiscasa da denise bet365estados do Norte e Nordeste fecharam depoiscasa da denise bet365zonas do restante do país.

Dessa forma, a contagem começou com urnascasa da denise bet365regiões onde Aécio era mais forte (Sul e parte do Sudeste), dando vantagem inicial ao tucano. Quando mais urnas do Norte e Nordeste foram contabilizadas, Dilma virou.

"Isso frustrou o país todo, inclusive a mim. E naquela hora eu tive certezacasa da denise bet365que as urnas foram fraudadas", disse o anônimo no vídeo, ao comentar a inversão da vantagemcasa da denise bet365Aécio ao longo da apuração.

O homem conta então que buscou uma formacasa da denise bet365provar a fraude a partircasa da denise bet365uma análise da evolução da contagemcasa da denise bet365votos minuto a minuto, divulgada pelo TSE. "Se eu analisar esses números e descobrir um padrão, eu comprovo que esses números foram frutoscasa da denise bet365uma fórmula matemática,casa da denise bet365um algoritmo", disse.

A partir daí, ele afirmou ter analisado a variação do incrementocasa da denise bet365votoscasa da denise bet365Dilma e Aéciocasa da denise bet365cada minuto e encontrou um padrão que seria praticamente impossível estatisticamente: por 241 minutos seguidos, os dois candidatos teriam se alternando na liderança da variação do ganhocasa da denise bet365votos.

"Aqui nós temos (a alternância) Dilma, Aécio, Dilma, Aécio, Dilma, Aécio, Dilma, Aécio, Dilma, Aécio. Quantas vezes, Naomi? 241 vezes Dilma, Aécio (se alternando)", sustentou o entrevistadocasa da denise bet365Yamaguchi.

"Aqui eu encontrei o padrão que eu procurava. E isso aqui não é o resultadocasa da denise bet365uma eleição natural, aonde se abrem urnascasa da denise bet365vários pontos do país e você tem minuto a minuto uma variação imprevisível. Aqui, é totalmente previsível. E eu concluo com isso que somente uma fórmula poderia produzir este minuto a minuto que a gente enxergoucasa da denise bet3652014", disse ainda o homem.

Ao analisar os dados brutos da apuração minuto a minuto, a BBC News Brasil não encontrou um padrãocasa da denise bet365alternância entre os incrementoscasa da denise bet365votoscasa da denise bet365Dilma e Aéciocasa da denise bet3652014 durante os 333 minutos que duraram a contagem.

Os números oficiais do TSE indicam, na verdade, que Aécio liderou sozinho o ganhocasa da denise bet365votos nos minutos iniciais. Depois, Dilma apresentou maior incrementocasa da denise bet365votos na maior parte do tempo, com o tucano recebendo mais votoscasa da denise bet365alguns momentos pontuais.

O especialistacasa da denise bet365segurançacasa da denise bet365dados Conrado Gouvêa, doutorcasa da denise bet365Ciência da Computação pela Universidade Estadualcasa da denise bet365Campinas (Unicamp), também analisou a apuração minuto a minuto e não encontrou um padrãocasa da denise bet365alternância entre os ganhoscasa da denise bet365votoscasa da denise bet365Dilma e Aécio. Sua análise está detalhadacasa da denise bet365seu site pessoal.

Gouvêa reproduziu as tabelas divulgadas no vídeocasa da denise bet365Yamaguchi para tentar entender a análise sugerida pelo entrevistado e identificou que foi feito um cálculo errado que tem o resultado práticocasa da denise bet365necessariamente levar a alternânciacasa da denise bet365Dilma e Aécio como o vencedor da apuração minuto.

Isso porque,casa da denise bet365vezcasa da denise bet365analisar quem ganhou o maior incrementocasa da denise bet365votos a cada minuto, o homem anônimo elaborou uma metodologiacasa da denise bet365que analisou alternadamente o desempenhocasa da denise bet365cada candidato nos minutos ímpares e pares da apuração.

Ele passou a somar a cada minuto par os votos obtidoscasa da denise bet365todos os minutos pares anteriorescasa da denise bet365cada candidato. E fez o mesmo para os minutos ímpares. Depois calculou a evolução da proporçãocasa da denise bet365votos ímpares e parescasa da denise bet365cada candidato minuto a minuto.

O problema, afirma Gouvêa, é que com o avançar da apuração a proporçãocasa da denise bet365"votos pares" e "votos ímpares"casa da denise bet365cada candidato tende a se estabilizarcasa da denise bet365uma forma que necessariamente um dos candidatos sempre aparece como "vencedor" nas linhas pares e o outro sempre como "vencedor" das ímpares.

Isso explica porque nos 241 minutos finaiscasa da denise bet365apuração, Dilma e Aécio aparecem alternados na análise feita pelo homem anônimo.

"Eu fiz um teste usando o mesmo cálculo aplicado no vídeo,casa da denise bet365que gerei votos aleatórios para Dilma e Aécio, e o resultado alcançado foi o mesmo: dava uma alternância entre os dois. Se a mesma metodologia for usada nos resultados do resultado da eleiçãocasa da denise bet3652018, fatalmente haverá uma alternância por muitos minutos entre Bolsonaro e Haddad (candidato do PT derrotado). Isso não é indíciocasa da denise bet365qualquer fraude", disse Gouvêa à BBC News Brasil.

Ele afirma que é difícil saber se o errocasa da denise bet365cálculo no vídeo apresentado por Yamaguchi foi por desconhecimento do entrevistado ou algo intencional para gerar uma falsa provacasa da denise bet365fraude.

"Tem duas hipóteses: ou a pessoa realmente achou que estava fazendo uma análise certa e não estava, ou realmente foi má fé. É difícil diferenciar uma coisa da outra, mas a consequência é a mesma: levanta essa acusação (de fraude nas urnas) que não faz sentido, colocacasa da denise bet365dúvida todo o processo eleitoral e muitas pessoas caem", lamentou.

Uma conversacasa da denise bet365Bolsonaro no iníciocasa da denise bet365julho com apoiadores na porta do Palácio do Alvorada evidencia que o presidente é um dos que deu crédito a essa análise. "A fraude está no TSE, para não ter dúvida. Isso foi feitocasa da denise bet3652014", disse na ocasião.

"O minuto a minuto, por 271 vezes consecutivas, dá para imaginar? Dá quatro horas e pouco. Momentos antescasa da denise bet365as curvas se tocarem, dava: Dilma ganhou, Aécio ganhou, Dilma ganhou, Aécio ganhou, por 271 vezes. É vocês jogarem uma moeda 271 vezes para cima e dar cara, coroa, cara, coroa. Isso deve ser a quantidadecasa da denise bet365átomos aqui na terra", acrescentou, reproduzindo a tese divulgada no vídeocasa da denise bet365Yamaguchi.

A BBC News Brasil procurou Naomi Yamaguchi por meiocasa da denise bet365sua irmã Nise Yamaguchi. Foram enviadas perguntas por email na segunda-feira (26/7) questionado se ela gostariacasa da denise bet365responder às críticas ao seu vídeo, mas não houve retorno até a publicação desta reportagem.

O uso controverso da Leicasa da denise bet365Benford

Outra análise matemática que tem sido usada para questionar a integridade da urna eletrônica é a aplicação da Leicasa da denise bet365Benford, que é citada na segunda parte do vídeocasa da denise bet365Naomi Yamaguchi como mais uma evidênciacasa da denise bet365que a eleiçãocasa da denise bet3652014 foi fraudada.

Além disso, é usada por Hugo Cesar Hoeschl, ex-procurador da Fazenda Nacional, para sustentarcasa da denise bet365um vídeocasa da denise bet3652018 que "a probabilidadecasa da denise bet365fraude na última eleição presidencial brasileira (2014) foicasa da denise bet36573,14%".

Sua tese é exposta em um textocasa da denise bet36511 páginas, com explicação superficial da metodologia empregada, e ganhou projeção por meio do veículo conservador Brasil Paralelo, que mantém emcasa da denise bet365página do YouTube vídeoscasa da denise bet365que Hoeschl expõe suas conclusões.

A Leicasa da denise bet365Benford, que leva o nome do físico Frank Benford, estabelece quecasa da denise bet365alguns conjuntoscasa da denise bet365números, como tamanhoscasa da denise bet365rio ou da populaçãocasa da denise bet365cidades, o dígito inicial mais comum é o 1 (com 30,1%casa da denise bet365frequência), seguido do 2 (17,6%). A frequência dos demais algoritmos como dígito inicial vai caindo sucessivamente também do 3 até o 9, quando écasa da denise bet365apenas 4,6%.

Ou seja, ao analisar a populaçãocasa da denise bet365todas as cidades do Brasil, por exemplo, há bem mais chancescasa da denise bet365o número começar com o dígito 1 (por exemplo, 100.148 habitantes, ou 13.400 habitantes, etc), do que começar com 8 ou 9.

Essa regra se mostra consistente na análisecasa da denise bet365vários conjuntos numéricos e é aplicada inclusive para detectar possíveis fraudes financeiras. Porém, segundo estatísticos consultados pela BBC News Brasil, não serve para prever a distribuição do dígito inicialcasa da denise bet365todo e qualquer conjuntocasa da denise bet365números.

Por exemplo, se formos analisar a distribuição da alturacasa da denise bet365todos os brasileiros adultos, encontraremos uma frequência inicial do dígito 1 muito maior que 30,1% como sugere a Leicasa da denise bet365Benford, porque o mais comum é que adultos meçam maiscasa da denise bet365um metro e menoscasa da denise bet365dois.

A Leicasa da denise bet365Benford, portanto, tende a funcionar quando se está analisando um conjunto abrangentecasa da denise bet365números que não tenham uniformidade.

No caso do vídeo da Naomi Yamaguchi, o entrevistado diz que aplicou a Leicasa da denise bet365Benford para analisar a distribuição do primeiro dígito "nas parciais minuto a minuto fornecidas pelo TSE" da somacasa da denise bet365votoscasa da denise bet365Dilma e Aécio.

O resultado que ele encontra porém destoa totalmente do previsto na lei porque dá uma baixa frequência para os dígitos iniciais 1, 2, 3 e 4 e mostra como algoritmo mais frequente no primeiro dígito o 5, tanto para os votoscasa da denise bet365Dilma como oscasa da denise bet365Aécio. E do 6casa da denise bet365diante a frequência é próximacasa da denise bet365zero.

A questão é que ele usou na análise a evolução do acumulado dos votoscasa da denise bet365cada candidato minuto a minuto e, para ambos, a soma dos votos foi subindo gradualmente até atingir o patamarcasa da denise bet365maiscasa da denise bet36550 milhõescasa da denise bet365votos, se estabilizando pouco acima disso.

O resultado final ficoucasa da denise bet36554,5 milhõescasa da denise bet365votos para Dilma e 51 milhões para o Aécio, sendo impossível, portanto, que os dígitoscasa da denise bet3656 a 9 aparecerem com frequência relevante.

"O dígito 5 é o mais frequente por um simples motivo: foram 105 milhõescasa da denise bet365votos válidos, resultando cercacasa da denise bet36550 milhõescasa da denise bet365votos para candidato. E a apuração foi ficando mais lenta conforme foi avançando (o que é normal), fazendo com que exista um grande númerocasa da denise bet365parciais na casa dos 50 milhões (primeiro dígito 5), e um número razoável na casa dos 40, 30, 20 e 10 milhões (primeiros dígitos 4, 3, 2, 1). Isso é exatamente o que está ilustrado no gráfico do vídeo (Naomi Yamaguchi)", explicacasa da denise bet365seu site o especialistacasa da denise bet365segurançacasa da denise bet365dados Conrado Gouvêa.

Essa análise, porém, é tratada no vídeo como grande evidênciacasa da denise bet365fraude.

"Nós não temos a Leicasa da denise bet365Benford nas parciais minuto a minuto fornecidas pelo TSE. Isso aqui também tem um embasamento muito forte na Matemáticacasa da denise bet365que praticamente é impossível você ter um universo naturalcasa da denise bet365números aonde a maior parte dos números começam com 5. Isso vai totalmente contra a lógica matemática", diz o entrevistado anônimo.

"O Brasil Paralelo fez um estudo esse ano que falou quecasa da denise bet3652014 houve 74%casa da denise bet365chances das urnas serem fraudadas. Você está nos dando a provacasa da denise bet365que foi 100%casa da denise bet365chancescasa da denise bet365elas terem sido fraudadas", responde Naomi Yamaguchi,casa da denise bet365referência às tesescasa da denise bet365Hugo Hoeschl.

A pedido da BBC News brasil, o professor do departamentocasa da denise bet365Estatística da Universidade Federalcasa da denise bet365São Carlos (UFSCar) Rafael Stern analisou o textocasa da denise bet36511 páginas que Hoeschl assina com mais três pessoas (Tania Cristina D'Agostini Bueno, Gilson da Silva Paula e Claudio Tonelli).

Esse artigo diz emcasa da denise bet365conclusão que "a eleição brasileiracasa da denise bet3652014, sob a ótica da Leicasa da denise bet365Newcomb Benford, encontra-se reprovada na análisecasa da denise bet365conformidade, com graucasa da denise bet365certezacasa da denise bet36573,149%".

Para Stern, "faltou rigor científico" ao texto, já que ele não explica detalhadamente a metodologia utilizada e os cálculos feitos. Isso impede que cientistas reproduzam a análise para testarcasa da denise bet365validade.

"Parece que é um texto científico, mas não mostra muito bem algumas premissas por trás da análise dele. Eu não saberia replicar exatamente o que ele fez ali. Ele não explica como esse valorcasa da denise bet36573% foi calculado. Para um texto rigoroso científico, está faltando muito", disse o professor.

"A Leicasa da denise bet365Benford é complicadacasa da denise bet365um pontocasa da denise bet365vista estatístico. Tem muitos artigos escritos sobre as condiçõescasa da denise bet365que essa lei é satisfeita, mas se o cenário eleitoral com o processamento que ele fez estaria dentro ou não da lei eu não sei te dizer porque ele não explica bem como foi aplicada", disse ainda.

O estatístico Carlos Cinelli, doutorando na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, usou a Leicasa da denise bet365Benford para analisar os resultados da eleiçãocasa da denise bet3652014 e identificou limitações dacasa da denise bet365aplicação.

Em seu blog pessoal, ele mostrou que a distribuição da frequência do primeiro dígito na quantidadecasa da denise bet365votos obtidos por Dilmacasa da denise bet365cada município apresentou boa correlação com a lei quando aplicada para analisar essa distribuição nacionalmente (ou seja,casa da denise bet365todos os municípios do país).

Já quando a análise dos municípios era feita por Estado, foram encontradas discrepâncias grandes com os resultados previstos na leicasa da denise bet365locais como Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Sul.

Segundo ele, isso não serve como indicativocasa da denise bet365fraude, porque a variação do primeiro dígito no númerocasa da denise bet365habitantes das cidades desses Estados também não segue a Leicasa da denise bet365Benford.

Como o númerocasa da denise bet365eleitores (votos) está relacionado ao númerocasa da denise bet365habitantes, logo a lei não seria aplicável nesses casos, ele ressaltacasa da denise bet365seu site: "Deste modo, para o casocasa da denise bet365questão, as grandes discrepâncias entre a Leicasa da denise bet365Benford e o númerocasa da denise bet365votoscasa da denise bet365alguns Estados parecem decorrer,casa da denise bet365grande medida, do próprio desvio já presente nas distribuições da população e do eleitorado".

À BBC News Brasil, Cinelli explicou que isso provavelmente ocorreu porque o tamanho da população nas cidades desses Estados deve ser mais homogêneo. E a Leicasa da denise bet365Benford funciona melhor quando há uma abrangência grandecasa da denise bet365números variados.

"Isso (a faltacasa da denise bet365correlaçãocasa da denise bet365alguns Estados) diminui a utilidade da Leicasa da denise bet365Benford para identificar indícioscasa da denise bet365possíveis manipulações", afirma.

Ele ressalta que, mesmo nos casoscasa da denise bet365que a Leicasa da denise bet365Benford se aplica, ela não serve como provacasa da denise bet365que houve ou não alguma fraude, mas sim como um indicativocasa da denise bet365possíveis focos que devem ser melhor investigados.

Ao analisar o textocasa da denise bet365Hoeschl a pedido da BBC News Brasil, Cinelli também identificou problemas, já que ele diz ter aplicado a Leicasa da denise bet365Benford nos resultados das zonas eleitorais (em vezcasa da denise bet365municípios)casa da denise bet365cada Estado.

"Não teria porque esperar que a distribuiçãocasa da denise bet365votos dentrocasa da denise bet365cada Estado seguisse a Leicasa da denise bet365Benford (para os primeiros dígitos), dado que a própria população não segue. A situação piora ainda mais se olharmos por zona eleitoral. Quanto menor o âmbito da análise, menos a gente espera que a Leicasa da denise bet365Benford se aplique para os primeiros dígitos", disse Cinelli.

Procurado pela BBC News Brasil, Hoeschl respondeu aos questionamentos após a publicação da reportagem. Ele discordou da críticacasa da denise bet365Cinelli e insistiu quecasa da denise bet365análise por zona eleitoral e Estado é adequada.

"Viacasa da denise bet365regra, os estados possuem mais zonas eleitorais do que municípios, o que significa um universo maiorcasa da denise bet365dados para serem comparados com as proporçõescasa da denise bet365Benford, o que torna a análise mais rica e mais distribuída", disse.

No entanto, o portal do TSE mostra que praticamente todos os Estados têm mais municípios que zonas eleitorais (apenas no Riocasa da denise bet365Janeiro ocorre o inverso). O país tem no total 5,5 mil municípios e 2,6 mil zonas eleitorais.

Hoeschl também refutou que falte rigor científico àcasa da denise bet365publicação. Questionado se poderia detalhar como chegou ao resultadocasa da denise bet36573%casa da denise bet365probabilidadecasa da denise bet365fraude na eleiçãocasa da denise bet3652014, disse que isso já estava clarocasa da denise bet365seu texto.

"A forma como o método está descrito no texto está bastante simples, clara e objetiva, e se deve discordar da negativacasa da denise bet365reprodutibilidade do procedimento ali descrito - ou do seu teor conclusivo - sem que tal negativa esteja escoradacasa da denise bet365dados concretos, registroscasa da denise bet365tentativas, logs reconstrutivos, ou resultados diversos dos encontrados até então", afirmou.

A reportagem também questionou o Brasil Paralelo sobre as críticas ao conteúdocasa da denise bet365Hoeschl divulgadocasa da denise bet365seu canal do YouTube. Identificando-se como chefecasa da denise bet365relações institucionais do veículo, Renato Dias respondeu por email que Hoeschl foi um dos entrevistados para o mini-documentário Dossiê Urnas Eletrônicas, motivado pelo "grande movimentocasa da denise bet365pessoas que estavam desconfiadas sobre a auditabilidade das urnas eletrônicas"casa da denise bet3652018.

"Reforçamos quecasa da denise bet365nenhum momento a Brasil Paralelo afirmou que alguma eleição já foi fraudada. O objetocasa da denise bet365pesquisa sempre foi a confiança do eleitor na urna eletrônica", afirmou ainda.

Outras análises matemáticas contradizem hipótesecasa da denise bet365fraudes

O cientista político Guilherme Russo, pesquisador da FGV, aplicou outra análise matemática da distribuição dos votos entre os candidatos nas eleições presidenciaiscasa da denise bet3652014 e 2018 e obteve resultados que afastam a suspeitacasa da denise bet365fraudes nas duas disputas.

A metodologia empregada por ele é detalhadacasa da denise bet365um artigocasa da denise bet3652012 dos cientistas políticos Bernd Beber e Alexandra Scacco, então professores da New York University, nos Estados Unidos. Hoje ambos são pesquisadores do WZB Berlin Social Science Center, na Alemanha.

A metodologia consistecasa da denise bet365analisar como se distribuem os últimos algarismos do númerocasa da denise bet365votos dos candidatoscasa da denise bet365cada urna.

O último algarismo pode variarcasa da denise bet3650 a 9 e, numa eleição não manipulada, a incidênciacasa da denise bet365cada um desses dez algarismos tende a estar próximacasa da denise bet36510%.

Por exemplo, o site do TSE permite ver que, no primeiro turnocasa da denise bet3652018, na 6ª seção da 4ª zona eleitoral São Paulo, localizada na zona leste da cidade, Bolsonaro recebeu 85 votos contra 34casa da denise bet365Fernando Haddad (PT) e 31casa da denise bet365Ciro Gomes (PDT).

O que é levadocasa da denise bet365conta nessa análise é o último dígito do númerocasa da denise bet365votos. Ou seja, 5 no casocasa da denise bet365Bolsonaro, 4 no casocasa da denise bet365Haddad e 1 nocasa da denise bet365Ciro Gomes, considerando essa sessão específicacasa da denise bet365São Paulo.

Segundo a metodologia aplicada, ao se analisar todas as urnas do país, a quantidadecasa da denise bet365vezes que o númerocasa da denise bet365votoscasa da denise bet365Bolsonaro, Haddad ou Ciro acabacasa da denise bet3655, por exemplo, deve ser cercacasa da denise bet36510% para cada um deles. E a mesma coisa para o númerocasa da denise bet365vezes que acabacasa da denise bet365qualquer um dos outros dígitos entre 0 e 9.

Já quando há manipulação nas eleições, essa distribuiçãocasa da denise bet365frequência dos dígitos finais não tende a ser uniforme, argumentam Beber e Scacco.

No artigocasa da denise bet3652012, publicado pela revista científica Political Analysis, da Universidadecasa da denise bet365Cambridge, no Reino Unido, eles usam pesquisas da áreacasa da denise bet365psicologia para mostrar como eventuais fraudes nas urnas tendem a deixar rastros detectáveis por análises matemáticas.

Isso porque os seres humanos são pouco habilidosos para gerar números aleatórios. Dessa forma, ao fraudar os númeroscasa da denise bet365votos, tendem a alterar o resultado das urnas sem respeitar a aleatoriedade que uma votação sem manipulação produz.

Ao testarcasa da denise bet365metodologiacasa da denise bet365eleições da Suécia, Nigéria e Senegal, os dois encontraram evidênciascasa da denise bet365manipulação no pleito nigerianocasa da denise bet3652003 e no senegalensecasa da denise bet3652007.

Ao aplicar essa metodologia para os resultados do primeiro turnocasa da denise bet3652018 no Brasil, Russo identificou que a distribuição do último dígito da quantidadecasa da denise bet365votoscasa da denise bet365cada urna do país entre os três candidatos presidenciais mais votados naquele pleito — Jair Bolsonaro (então no PSL), Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT) — se deucasa da denise bet365maneira bastante uniforme entre os três, semprecasa da denise bet365tornocasa da denise bet36510%.

Outra maneiracasa da denise bet365tentar identificar a interferência humana no resultado das eleições proposta por Beber e Scacco é olhar para os dois dígitos finais do númerocasa da denise bet365votos.

"Humanos tendem a subestimar a repetiçãocasa da denise bet365um mesmo algarismo (por exemplo, 1-1 e 4-4). Também utilizamos parescasa da denise bet365algarismos sequenciais mais do que o acaso criaria (por exemplo, 2-3 e 7-8)", explica Russo.

A aplicação dessa análise à última eleição presidencial também não apontou sinaiscasa da denise bet365manipulação. "Em 2018, a frequênciacasa da denise bet365algarismos repetidos nos dois últimos dígitos é 10,025% nos votoscasa da denise bet365Bolsonaro no 1º turno, 9,674% para Haddad e 10,139% para Ciro Gomes. Ou seja, são muito próximos da expectativacasa da denise bet36510%", nota ele.

"Já a existênciacasa da denise bet365algarismos consecutivos deve acontecer 20% das vezescasa da denise bet365um sorteio, pois há duas entre dez possibilidadescasa da denise bet365que o segundo algarismo seja vizinho do primeiro (considerando 9 e 0 como vizinhos). Os números obtidos são: 19,159% (Bolsonaro), 19,922% (Haddad) e 20,129% (Ciro)", acrescenta.

As mesmas análises foram aplicadas por Russo para votos do primeiro turno presidencialcasa da denise bet3652014 recebidos por Dilma, Aécio e Marina Silva (Rede), com resultados semelhantes. Nacasa da denise bet365visão, esses dados "contradizem a irresponsável alegaçãocasa da denise bet365fraude".

Análises matemáticas não servem para cravar se houve ou não fraude

A pedido da BBC News Brasil, o professorcasa da denise bet365Estatística da UFSCar Rafael Stern também avaliou a metodologia usada por Russo e a considerou "bem consistente" para a análise dos resultados das eleições. Ele ressaltou, porém, que essa análise estatística também não permite cravar se houve ou não fraude.

"Não dá pra concluir categoricamente que não houve fraude. O que essa análise mostra é que não houve um tipocasa da denise bet365fraude que resultaria nessa quebracasa da denise bet365padrão (de frequência dos últimos dígitos da quantidadecasa da denise bet365votos por urna). Você pode imaginar que um fraudador suficientemente sagaz tentaria manter esses padrões", nota o professor.

Isso poderia ser alcançado, exemplifica Stern, se o fraudador subtraísse um númerocasa da denise bet365votoscasa da denise bet365um determinado candidato e transferisse para outrocasa da denise bet365forma idênticacasa da denise bet365uma quantidade suficientemente grandecasa da denise bet365urnas que não alterasse essa distribuição aleatória do dígito final.

Uma sériecasa da denise bet365mecanismoscasa da denise bet365segurança adotados pelo TSE, porém, dificultam as invasões das urnas eletrônicas.

"Não é um processo trivial, é necessário encontrar alguma vulnerabilidade que permita fazer isso sem ser detectado", nota Paulo Matias, professor do Departamentocasa da denise bet365Computação da UFSCar que participoucasa da denise bet365testescasa da denise bet365vulnerabilidade nas urnas eletrônicascasa da denise bet3652017.

"Não existem evidênciascasa da denise bet365fraudes desse tipocasa da denise bet365eleições passadas, nemcasa da denise bet365risco iminentecasa da denise bet365fraude nas eleições do ano que vem", disse ainda.

Apesar disso, Matias é um dos estudiosos da segurança das urnas eletrônicas que defendem a adoção do voto impresso associado à urna eletrônica, como formacasa da denise bet365aperfeiçoar os mecanismoscasa da denise bet365segurança no futuro, com mais um instrumentocasa da denise bet365auditagem. O modelo é usadocasa da denise bet365alguns locais, como Índia e distritos dos Estados Unidos.

"É extremamente irresponsável tentar implementar o voto impressocasa da denise bet365apenas um ano (para a eleiçãocasa da denise bet3652022), pois uma implementação descuidada trará mais riscos ao processo eleitoral que benefícios", diz.

"Por outro lado, justamente por ser um mecanismo que demanda implementação cuidadosa, devemos começar a pensarcasa da denise bet365implementá-lo desde já,casa da denise bet365vezcasa da denise bet365deixar para começar só quando ele se mostrar necessário. Não sabemos se o panorama vai continuar o mesmo daqui a dez anos", argumentou ainda.

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