Como Davati negociou vacinas Brasil afora sem avalvaide betfabricantes:vaide bet

Vacinas contra covid-19

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Supostos representantes da Davati ofereceram doses a prefeituras e Estados, alémvaide betnegociação com governo federal, colhendo cartasvaide betintençãovaide betcompra

A AstraZeneca diz que não disponibiliza a vacina por meiovaide betintermediários. E o Brasil já tinha acordo com a AstraZeneca por meio da Fiocruz, que produz as vacinas ou importa doses prontas do Instituto Serum, na Índia.

Em nota, a Davati disse que "não é representante do laboratório AstraZeneca e jamais se apresentou como tal" (leia mais no fim dessa reportagem).

A suposta negociação do governo brasileiro com a Davati veio à tona há duas semanas, quando Dominghetti, suposto representante da empresa, disse ao jornal Folhavaide betS.Paulo que funcionários do Ministério da Saúde cobraram propinavaide betUS$ 1 (R$ 5,26) por dose para fechar o contrato.

Luiz Paulo Dominguetti Pereira

Crédito, Pedro França/Agência Senado

Legenda da foto, Luiz Paulo Dominguetti disse que recebeu ofertavaide betpropina por vacinas da AstraZenecavaide betum representante do Ministério da Saúde do governo Bolsonaro

O diretor exonerado do departamentovaide betlogística do Ministério da Saúde que teria cobrado a propina, Roberto Ferreira Dias, negou na CPI da Covid nesta semana que tivesse pedido propina e disse que não levou adiante a oferta da Davati porque Dominghetti não apresentou documentos comprovando que a empresa tinha vacinas para entregar.

A Davati também diz que nunca tomou conhecimento da alegaçãovaide betpedidovaide betpropina e que Dominghetti não tinha poder para negociarvaide betnome da empresa.

Vendas

Supostos representantes da Davati abordaram o governo federal duas vezes. A primeira, por meiovaide betDominghetti. A segunda, três semanas depois, no dia 9vaide betmarço, pelo advogado Julio Caron, segundo e-mails disponibilizados pelo Ministério da Saúdevaide betresposta a um pedido via Leivaide betAcesso à Informação.

O advogado ofereceu, por e-mail, 300 milhõesvaide betdoses ao governo federal, apresentando a Davati como "distribuidor autorizado da AstraZeneca". Seu e-mail foi encaminhado a outras instâncias do ministério com prioridade "alta".

À BBC News Brasil, Caron diz que também ofereceu vacinas para vários Estados interessados, sem especificar quais.

Mas a Davati diz que só um representante estava "credenciado" para "facilitar a ofertavaide betvacinas contra a covid-19": Cristiano Alberto Carvalho, que "detinha poderes limitados". Caron teria apenas "se oferecido para atuar como representante da empresa no Brasil", mas a empresa "retornou que já possuía representantes no país", segundo nota da Davati.

Segundo o jornal O Globo, uma análise do Ministério da Saúde concluiu que a oferta não teria sido procedente, "uma vez que a própria AstraZeneca informa que apenas realiza negociaçãovaide betofertasvaide betvacina diretamente com os governos".

Procurado por e-mail pela BBC News Brasil para comentar as supostas negociações com a Davati desde sexta (2/7), o Ministério da Saúde não respondeu até a conclusão desta reportagem.

Outras ofertasvaide betvacinas foram feitas por "vendedores" diferentes, que às vezes nem sabiam da existência um do outro.

Uma das entidades procuradas foi o Consórcio Paraná Saúde, por Paulo Ignácio Uhlmann, conhecido como Paulinho Uhlmann emvaide betcidade natal, Taió, Santa Catarina, onde já foi vereador pelo PR. Hoje, tem uma empresavaide betimportaçãovaide betprodutos da China chamada Factoall.

Enfermeira aplicando vacina no braçovaide bethomem

Crédito, Mario Tama/Getty Images

Legenda da foto, Estados e municípios começaram a procurar dosesvaide betvacinas depoisvaide betdecisão que autorizou as negociações; também receberam ofertasvaide betintermediários

É por ter experiência com importação, diz ele, que foi procurado por Caron para prospectar e verificar interessados no sul do país. Se o negócio fosse fechado, ganharia "30 e poucos centavos por dose". Caron confirma que o acordo com Uhlmann era que, caso conseguissem fechar alguma venda, ele teria partevaide betsua comissão.

"Esse pessoal me ofereceu representação para fazer processovaide betimportação. Nossa intenção era buscar clientes", diz Uhlmann. "Nosso trabalho era ter juntado as LOIs e repassado para eles."

LOI, termo usado também por Dominguetti na CPI, significa Letter Of Intent, ou Cartavaide betIntençãovaide betCompra.

"Posso ser bem sincero? Desde o início, para falar a verdade, a gente pouco acredita nesse tipovaide betnegócio. Mas assim, tratando-se da vacina, que era uma solução, e não havia dinheiro antecipado… Nosso trabalho era angariar quem tinha intençãovaide betcompra. Eu não estava fazendo nadavaide beterrado. Só fiz uma busca para eles."

O Consórcio Paraná Saúde chegou a enviar uma cartavaide betintençãovaide betcompra expressando interessevaide bet2 milhõesvaide betdoses. Mas "nenhuma tratativa avançou, tampouco houve qualquer formalizaçãovaide betcompravaide betvacinas por parte do Consórcio Paraná Saúde, inclusive com a informação da inviabilidadevaide betentrega", diz o consórcio. Ao receber um e-mail da Davati, consultaram o site da AstraZeneca, confirmando que o laboratório não usava intermediários.

A cidadevaide betLondrina, no Paraná, também foi procurada, mas por outro "vendedor".

"Não apresentaram nenhuma informação crível. Não havia o mínimovaide betformalidade para prosseguir com uma negociação", diz o secretário municipalvaide betgestão pública da cidade, Fabio Cavazotti. "Como gestorvaide betcompras, via ali todos os elementos para desconfiança."

Um homem que se apresentou como representante da Davati mandou mensagens insistindo no acordo. "Nosso intuito principal é tentar salvar esse pessoal todovaide betLondrina", disse,vaide betum áudiovaide betWhatsApp. "Quem não aproveitar a chance que estamos oferecendo ficarão (sic) sem vacinas e serão (sic) responsáveis por omissão, quando a oportunidadevaide betadquirir chegou até suas mãos", escreveu,vaide betdeterminado momento.

Plenário da CPI da Covid

Crédito, Agência Senado

Legenda da foto, CPI da Covid vai aprofundar investigação sobre negociação com a Davati

O vendedor ofereceu vacinas da Janssen e da Sinovac. Tanto a Janssen quanto o Instituto Butantan, que tem acordo com a Sinovac, dizem só fornecer vacinas ao Ministério da Saúde. Cavazotti pediu diversas vezes documentos que comprovassem que ele tinha autorização para negociarvaide betnome das empresas, mas recebeu apenas um documento mostrando que Cristiano Alberto Carvalho era representante oficial da Davati no Brasil.

O vendedor pediu que o secretário preenchesse um documentovaide betanexo se tivesse interessevaide betcomprar vacinas para Londrina e que então, só depois, ele poderia solicitar todos os documentos necessários.

O documento enviado era um modelo que servia para diferentes municípios. "Municípiovaide betNNONONONNO - SP, 27vaide betabrilvaide bet2021", dizia a primeira linha. "Ao Senhor Cristiano Carvalho, Representante da DAVATI MEDICAL SUPLY no Brasil. ASSUNTO: Interesse na Aquisição da Vacina Jansen. Caro Senhor, Nós do Governo do Municípiovaide betNONONONONNON, pessoa jurídicavaide betdireito público interno, inscrito no CNPJ 00.000.000/0001-22, abaixo assinado manifestamos nosso interesse na aquisiçãovaide bet50 mil doses da Vacina Jansen. Para tanto solicitamos, o enviovaide betPROPOSTA COMERCIAL FORMAL com as condições para o fornecimento da Vacina Jansen."

Cavazotti não preencheu nada e parouvaide betresponder às mensagens.

A BBC News Brasil tentou contato com o vendedor por ligaçõesvaide bettelefone e mensagens no WhatsApp, mas não recebeu resposta.

A Secretariavaide betPlanejamento e Gestãovaide betMinas Gerais também confirmou que foi procurada pela Davati no dia 12vaide betabril. A secretaria diz que o representante que a procurou foi Cristiano Carvalho - o único, segundo a Davati, credenciado para representar a empresa no país.

A pasta manifestou seu interesse por 20 milhõesvaide betdoses, emitindo uma LOI e uma LOA (cartavaide betautorização), mas, ao solicitar documentaçãovaide bethabilitação técnica e jurídica - incluindo a comprovaçãovaide betque a empresa citada representava a indústria — a secretaria diz nunca ter recebido os documentos. A proposta não foi pra frente. Carvalho confirma as tratativas com Minas Gerais.

Davati

A Davati Medical Supply LCC, que negociou com o governo brasileiro, foi criada na metadevaide bet2020. Está registrada no mesmo endereço da Davati Building Products, uma empresavaide betprodutosvaide betconstrução civil, e da incorporadora Impact Developers,vaide betAustin, no estado americano do Texas.

"Para auxiliar com a crise sanitária global, passou a atuar como facilitadora entre governos e instituições e detentoresvaide betcotasvaide betvacinasvaide betCovid e distribuidores autorizadosvaide bettodo o mundo, com representantesvaide betdiferentes países. No Brasil, a empresa atua por meiovaide betrepresentantes e não possui diretores ou sócios locais", disse a Davati,vaide betnota.

Uma reportagemvaide bet2014 descreve Cardenas como um "empreendedor" que vendeu suas "empresasvaide bettecnologia" nos anos 2000 e que, comvaide betincorporadora, queria disponibilizar casas com preços acessíveis para compradoresvaide betprimeira vez. Em seu Linkedin, Cardenas se descreve como "visionário, pioneiro e empreendedorvaide betsérie com paixão por construção e tecnologia" que fundou diversos negócios durantevaide betcarreira. A BBC Brasil entrouvaide betcontato com Cardenas por e-mail, mas não obteve resposta.

A Davati Medical Supply LCC virou notícia pela primeira vez neste ano quando ofereceu seis milhõesvaide betdosesvaide betvacina da AstraZeneca, também por US$ 3,50 cada, a uma nação indígena do Canadá, segundo a imprensa local.

Em nota à BBC News Brasil, os Serviços Indígenas do Canadá (ISC) disseram ter recebido uma solicitação da Federação das Nações Indígenas Soberanas e da nação indígena James Smith Creevaide bet3 e 17vaide betfevereiro com relação à compravaide betvacinas AstraZeneca. Os fabricantesvaide betvacinas confirmaram que essas ofertas não eram legítimas. "Dadas as sérias preocupações com relação à legitimidade dessas ofertas, o ISC procurou a autoridade apropriada."

O negócio nunca aconteceu. Em nota, a Davati diz que apresentou "todos os documentos necessários ao Departamentovaide betSegurança Interna dos Estados Unidos à Polícia Federal do Canadá e não foi encontrado nenhuma inconsistência ou acusação com relação à atuação da empresa".

Na época, Cardenas disse à rede canadense CBC que uma fonte "muito confiável" poderia potencialmente colocá-lovaide betcontato com vacinas da AstraZeneca. "Não somos um distribuidor da AstraZeneca. Temos acesso a pessoas que são e estamos testando esse canal para termos certezavaide betque podem entregar", afirmou.

Nota da empresa

Em nota enviada à imprensa, a Davati Medical Supply disse que "jamais anuiria com qualquer prática indevida".

"A Davati jamais participouvaide betqualquer negociação ilícita", afirma Herman Cardenas, CEO da Davati Medical Supply, segundo a nota.

"A Davati Medical Supply apresentou ao Ministério da Saúde,vaide betfevereiro deste ano, oferta para intermediar a compravaide betaté 400 milhõesvaide betdosesvaide betvacina, restrita àquele período. Como demonstra o documentovaide betoferta (Full Corporate Offer - FCO) enviado à pasta, a Davati Medical Supply não detinha a posse das vacinas, atuando na aproximação entre o Governo Federal e um allocation holder, empresa que possuía créditosvaide betvacinas junto ao laboratório AstraZeneca."

Segundo o texto, "a FCO enviada formalmente ao Ministério da Saúde continha todas as informações, passo a passo, sobre como se daria a intermediação e entrega das vacinasvaide betquestão, ficando claro que a Davati atuava como uma facilitadora".

"A Davati Medical Supply reforça que não é representante do laboratório AstraZeneca e jamais se apresentou como tal."

"A Davati Medical atua como distribuidoravaide betmedicamentos e vacinas. Para auxiliar com a crise sanitária global, passou a atuar como facilitadora entre governos e instituições e detentoresvaide betcotasvaide betvacinasvaide betCovid."

Em outra nota, a empresa disse que seus advogados no Brasil, Silveiro Advogados, "estão analisando o caso".

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