Coronavírus: moradores lançam 'banco da favela' para enfrentar quedaslots pagandodoações e fome na pandemia:slots pagando

Logotipo do G10 Bank mostra o nome do bancoslots pagandoletras brancas, sobre um fundoslots pagandocasasslots pagandofavela coloridas

Crédito, Divulgação G10 Favelas

Legenda da foto, 'Nossa vontade é criar o primeiro 'unicórnio' da favela', diz Gilson Rodrigues, presidente da União dos Moradores e do Comércioslots pagandoParaisópolis

Diante desse cenário, que se repeteslots pagandooutras comunidades do país, o G10 Favelas — grupo formado por Rocinha (RJ), Rio das Pedras (RJ), Heliópolis (SP), Paraisópolis (SP), Cidadeslots pagandoDeus (AM), Baixadas da Condor (PA), Baixadas da Estrada Nova Jurunas (PA), Casa Amarela (PE), Coroadinho (MA) e Sol Nascente (DF) — decidiu retomar um projeto antigo.

O grupo das dez maiores favelas do Brasil planeja lançar no próximo mês o G10 Bank, um banco comunitário que terá entre suas funções oferecer microcrédito aos empreendedoresslots pagandofavela, com parteslots pagandosua captaçãoslots pagandorecursos e geraçãoslots pagandolucro revertida para a manutenção financeira da estruturaslots pagandoassistência social criada nas comunidadesslots pagandoresposta à pandemia.

Cozinheira usando máscara rosa e rede preta nos cabelos monta dezenasslots pagandomarmitas para doação dispostasslots pagandouma bancada

Crédito, Divulgação G10 Favelas

Legenda da foto, Paraisópolis começou a pandemia distribuindo 10 mil marmitas por dia, com queda nas doações, agoraslots pagandojaneiro a distribuição foi reduzida a 500 refeições prontas por dia

'O primeiro unicórnio da favela'

"Nossa vontade é criar o primeiro 'unicórnio' da favela", diz Rodrigues, mencionando a expressão usada no mercado financeiro para se referir a startups avaliadasslots pagandomaisslots pagandoUS$ 1 bilhão (R$ 5,26 bilhões).

"Já há algum tempo, nós temos percebido que a favela tem crescido pelas mãos dos seus próprios moradores, principalmente aqueles que sonharam empreender", afirma o líder comunitário, citando pesquisa realizadaslots pagando2015 que mostrouslots pagando40% dos moradoresslots pagandocomunidades têm o desejoslots pagandoter o próprio negócio.

Em camposlots pagandofutebolslots pagandoParaisópolis, moradores recebem cestas básicas

Crédito, Divulgação G10 Favelas

Legenda da foto, Desde o início da pandemia, maisslots pagando700 mil cestas básicas já foram distribuídasslots pagando300 comunidadesslots pagando14 estados brasileiros

Um estudo realizado pela empresa Outdoor Social, divulgadoslots pagando2019, apontou que, somenteslots pagandoParaisópolis, o consumo movimenta R$ 706 milhões, valor que chega a R$ 7 bilhões considerando os montantes movimentados nas dez maiores favelas do país.

"As pessoas estão acostumadas a ver uma favela carente, violenta, cheiaslots pagandoproblemas. Nós queremos mostrar com o G10 uma favela potente, organizada, mobilizada, agente daslots pagandoprópria transformação."

Mas aí veio a pandemia

Com a chegada da pandemia do coronavírus no ano passado, alguns dos planos do grupo tiveram que ser deixadosslots pagandolado. Mas as lideranças das dez favelas conseguiram elaborar um modeloslots pagandoação, replicadoslots pagando300 comunidadesslots pagando14 Estados, diz o presidente da uniãoslots pagandomoradores.

Com o nomeslots pagando"Comitês das Favelas — Presidentesslots pagandoRua", o plano envolve um morador voluntário responsável por acompanhar cada 50 casasslots pagandouma comunidade.

"Com essa rede, conseguimos distribuirslots pagandotodo o Brasil maisslots pagando700 mil cestas básicas, quase 1,5 milhãoslots pagandomáscaras produzidas por mulheres costureiras dentro das favelas, maisslots pagando1 milhãoslots pagandomarmitas e criamos casasslots pagandoacolhimento, transformando escolasslots pagandoespaços para isolar pessoas testadas positivas", conta Rodrigues.

Vista aéreaslots pagandocamposlots pagandofutebolslots pagandoParaisópolis, com dezenasslots pagandopessoas enfileiradas, mantendo o distanciamento social, durante formaçãoslots pagando'presidentesslots pagandorua' e brigadistasslots pagandoParaisópolis

Crédito, Divulgação G10 Favelas

Legenda da foto, Formaçãoslots pagando'presidentesslots pagandorua' e brigadistasslots pagandoParaisópolis: plano é que os presidentesslots pagandorua acompanhem também os empreendedores que tomarem crédito no novo banco

A partirslots pagandosetembro, no entanto, com o discursoslots pagandoretomada da economia eslots pagandoum "novo normal", as doações para manter essa estrutura começaram a minguar.

"Começamos então a pensarslots pagandoiniciativas que possam ser sustentáveis, para manter essa estruturaslots pagandouma segunda fase da crise, já que a perspectiva éslots pagandoque a emergência sanitária vá se estender por mais tempo, até que efetivamente chegue a vacina, o que nós acreditamos que deve demorar mais para o nosso público, já que tradicionalmente somos excluídos e marginalizados", afirma.

Retomando um projeto antigo

Diante desse cenário, o presidente da associaçãoslots pagandomoradores decidiu retomar um projeto antigo,slots pagandocriar um banco comunitário. Em 2018, a BBC News Brasil já havia noticiado que Paraisópolis tinha planosslots pagandocriar um banco e uma moeda própria administrados por seus moradores.

"Tentativas anteriores não foram para frente porque nos conectamos com parceiros da área financeira que não queriam que tivéssemos um banco próprio. Queriam apenas explorar o mercado, oferecendo muito pouco retorno para a comunidade e sem um propósito social", avalia Rodrigues.

"Nossa ideia então é tirar os 'atravessadores', porque as grandes transformações que vão acontecer na favela vão partir dos próprios favelados. Por isso decidimos criar o G10 Bank, que não será um banco sóslots pagandoParaisópolis, mas um banco da favela."

Segundo o líder comunitário, já foi aberta uma empresaslots pagandocrédito e a ideia é oferecer aos empreendedores, alémslots pagandofinanciamento, mentoria e apoio na formação, com acompanhamento desses pequenos empresários pela redeslots pagando"presidentesslots pagandorua".

Parceiros investidores e conselhoslots pagandonotáveis

Em um dia ensolarado, vemos o líder comunitário Gilson Rodrigues e três bombeiros civis, à frenteslots pagandofileirasslots pagandobrigadistas recém-formados

Crédito, Divulgação G10 Favelas

Legenda da foto, O presidente da União dos Moradores e do Comércioslots pagandoParaisópolis, Gilson Rodrigues, durante formatura da primeira brigadaslots pagandoParaisópolis: já foram formadas 248 pessoas aptas a prestar primeiros socorros na favela

O plano é oferecer ainda serviçoslots pagandomaquininhaslots pagandocartão, cartãoslots pagandodébito e serviços como seguros, atravésslots pagandoparcerias com outras empresas. A associaçãoslots pagandomoradores também está conversando com companhiasslots pagandocartão-benefício para que doaçõesslots pagandocestas básicas possam ser feitas atravésslots pagandocartões, numa divisão que deve se chamar G10 Bank Benefícios.

"Isso dá autonomia para que as pessoas possam comprar direto no mercado local, fazendo girar a economia", diz Rodrigues.

A captaçãoslots pagandorecursos para a ofertaslots pagandocrédito deverá virslots pagandoparceiros investidores, que, segundo o líder comunitário, preferem manter o anonimato. O banco também contará com um conselhoslots pagando"notáveis" formado por empresários, economistas e profissionais do mercado financeiro.

Pelo desenho do projeto, 33% dos lucros da nova instituição financeira serão devolvidos para programas sociais das favelas. E os investidores que se comprometerem a apoiar a iniciativa também doarão 33% dos recursos aportados para os trabalhos do Instituto G10 Favelas.

Segundo o líder comunitário, uma rodada inicialslots pagandocaptação já garantiu R$ 1,8 milhão para dar o pontapé inicial ao projeto e, quando o banco for oficialmente lançado, a ideia é abrir para que novos investidores possam participar.

Garantia solidária

Antes executivo da áreaslots pagandomicrocrédito do banco Santander e atualmente consultor da Avante Microfinanças, Jerônimo Ramos está assessorando o G10 na criação do novo banco.

Conforme o especialistaslots pagandomicrocrédito, a iniciativa mira os cercaslots pagando45 milhõesslots pagandobrasileiros hoje desbancarizados. "Sem acesso a crédito, milhõesslots pagandoempreendedores brasileiros vivem atualmente à margem, sendo explorados por um sistema financeiro informal, que são os agiotas", diz Ramos.

Segundo ele, a ideia é que os empréstimos tenham um tetoslots pagandocercaslots pagandoR$ 10 mil a R$ 15 mil, para que os recursos possam chegar a uma base amplaslots pagandopessoas. A expectativa é oferecer a taxaslots pagandojuros mais baixa possível, mas que permita à operação ser sustentável.

Mãos femininas com unhas pintadasslots pagandoesmalte rosa trabalham na confecçãoslots pagandomáscaras

Crédito, Divulgação G10 Favelas

Legenda da foto, Quase 1,5 milhãoslots pagandomáscaras costuradas nas próprias favelas já foram distribuídas

"O projeto não é dar dinheiro, é investir com algum retorno, para que essa operação do G10 Bank seja sustentável", afirma o executivo.

Quanto ao sistemaslots pagandogarantias, Ramos explica que haverá uma linhaslots pagandocrédito individual, voltada para empreendedores com alguma robustez naslots pagandoatividade econômica, e outra linha direcionada para gruposslots pagandoempreendedores que prestarão uns aos outros um "aval solidário".

"Num gruposlots pagandotrês ou quatro pessoas, se uma delas se tornar inadimplente, os demais membros do grupo garantem esse aval", explica Ramos, acrescentando que o sistema é inspirado no modelo criado pelo economista e vencedor do prêmio Nobel Muhammad Yunus, considerado o "pai do microcrédito", pelo projeto desenvolvido por eleslots pagandoBangladesh.

Inspiração do G10 Bank, Banco Palmas completa 23 anos

Segundo Joaquim Melo, fundador do Banco Palmas e presidente da Rede Brasileiraslots pagandoBancos Comunitários, o país conta atualmente com 118 bancos comunitários, com 140 mil usuários cadastrados e 8,5 mil comércios credenciados.

Iniciativa pioneira no Brasil e fonteslots pagandoinspiração para o novo G10 Bank, o Banco Palmas foi criadoslots pagandojaneiroslots pagando1998 no Conjunto Palmeiras, bairro da periferiaslots pagandoFortaleza, no Ceará.

"O bairro surgeslots pagando1973, a partirslots pagandovítimasslots pagandodespejo na época da ditadura militar. A prefeitura foi urbanizar a praiaslots pagandoIracema, na beira-marslots pagandoFortaleza, nós éramos pescadores e fomos trazidos todos para cá, um espaçoslots pagandoque não tinha nada, só mato e lama."

Melo conta que, ao longoslots pagando20 anos, o bairro foi sendo urbanizado atravésslots pagandomutirões comunitários. Com isso,slots pagandomeados da décadaslots pagando1990, as pessoas mais pobres começaram a vender suas casas e partir para outras favelas mais distantes.

"Avaliamos então que, se começássemos a produzir e consumirslots pagandonós mesmos, conseguiríamos gerar trabalho e renda. Aí surgiu a ideiaslots pagandocriar o banco e um dinheiro próprio, para estimular as pessoas a comprarem localmente. Assim surgiu a moeda Palmas e formamos um fundoslots pagandocrédito a partirslots pagandodoações, que emprestava para quem quisesse produzir e consumir na própria comunidade. Com isso, foram surgindo diversas empresas locais."

Conforme Melo, a pandemia tem sido muito difícil para esses pequenos negócios, com muitos deles indo à falência. "Hoje estamos digitalizados e nosso desafio é aumentar a ofertaslots pagandocrédito, temos R$ 3 milhõesslots pagandocarteira, o que é muito pouco. No passado, já chegamos a operar R$ 15 milhões ao ano", lembra.

O fundador do Banco Palmas vê com entusiasmo a criação do G10 Bank. "Acho maravilho, quanto mais modalidades surgirem, melhor. É isso que chamamosslots pagando'ecologia monetária'", diz Melo.

"Precisamos democratizar o sistema financeiro brasileiro. Quanto mais bancos comunitários, quanto mais fintechs locais existirem, melhor será."

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