Coronavírus: Sem ventilador, paciente morreu 'roxo por faltabullsbet.netarbullsbet.netfrente a equipe' - o caos descrito por médicosbullsbet.netPernambuco:bullsbet.net

Profissionalbullsbet.nethospitalbullsbet.netcampanhabullsbet.netRecife

Crédito, Andrea Rego Barros/Prefeitura do Recife

Legenda da foto, Médicos dizem que governobullsbet.netPernambuco preocupou-sebullsbet.netabrir leitosbullsbet.nethospitais, mas deixou UPAs sem assistência; acima, profissionalbullsbet.nethospitalbullsbet.netcampanhabullsbet.netRecife

Cinco municípios da região metropolitanabullsbet.netRecife tiveram quarentena decretada pelo governo do Estado, começando neste sábado (16), até dia 31bullsbet.netmaio.

A BBC News Brasil colheu relatosbullsbet.netcinco médicos sobre a difícil situação que têm enfrentado no dia a dia.

bullsbet.net 'Já vi pacientes chegando perto da morte sentadosbullsbet.netcadeira dura durante 48 horas por faltabullsbet.netleito' bullsbet.net - Joabe Oliveira Vasconcelos, 28 anos, médico generalistabullsbet.netUTIs e UPAsbullsbet.netRecife

"Estou trabalhando 72 horas por semanabullsbet.netUTIs e UPAs. As UTIsbullsbet.netcampanha até que estão conseguindo atuar no limite da capacidade, mas a gente está com gargalo muito difícil no atendimento primário, na portabullsbet.netentrada para a emergência, que são as UPAs. Elas ficaram esquecidas.

Não tem ventilador suficiente para todos nas UPAs. Já tive que escolher entre dois pacientes [sobre quem seria intubado e colocado no ventilador] e escolhi pelo que aparentemente tinha melhor chancebullsbet.netsobreviver. Já aconteceubullsbet.netmaisbullsbet.netum plantão, e continua acontecendo, porque o númerobullsbet.netventiladores não é suficiente.

Joabe Oliveira Vasconcelos, 28 anos, médico generalistabullsbet.netUTIs e UPAsbullsbet.netRecife

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, "Um pacientebullsbet.net56 anos disse a mim: 'Eu tenho medobullsbet.netser intubado e nunca mais sair, doutor'. E eu soube quebullsbet.net24 horas ele morreu. Para mim foi muito duro"

Fico com uma sensaçãobullsbet.netindignação com a faltabullsbet.netrecursos para todo mundo receber o atendimento que precisa. É um direito básico.

Os pacientes são transferidosbullsbet.netUPAs para hospitais entre 24 horas e maisbullsbet.net72 horas. Há pacientes que ficam 4 dias ou 5 dias intubados na UPA. A vida deles corre risco.

É muito comum ter pacientes na UPA — uns 10 pacientes no mínimo por plantão — recebendo oxigênio no cateter, mas sem terem leito para ficar, sentadosbullsbet.netuma cadeira dura por 24 horas, 48 horas.

Ficam reclamando do desconforto, olhando para gente, e a gente sem ter como acomodá-los no leito. Isso é horrível, nossa. Ter uma pessoa 48 horas olhando para você lhe pedindo um leito e você não poder oferecer. Os mais velhos e idosos sofrem muito porque a doença agrava bastante, ficam sonolentos na nossa frente e não tem lugar para botar eles. É indigno. Já vi pacientes chegarem muito perto da morte assim.

Um dos maiores medos que os pacientes têm ébullsbet.netserem intubados e nunca mais acordar. Um pacientebullsbet.net56 anos disse a mim: 'Eu tenho medobullsbet.netser intubado e nunca mais sair, doutor'. E eu soube quebullsbet.net24 horas ele morreu. Para mim foi muito duro porque quando eu o intubei eu dei a ele alguma esperança, eu respondi que aquela era a melhor chance que ele teriabullsbet.netsobreviver, e isso não aconteceu.

Na semana passada, atendi um paciente que tinha 33 anos. Quando cheguei no plantão ele tinha sido intubado havia cercabullsbet.net10 horas. Era um paciente obeso e a doença dele agravou-se absurdamentebullsbet.net24 horas. Passei 30 min tentando reanimá-lo, mas infelizmente ele não sobreviveu. E dar a notícia para a família, e para o irmão,bullsbet.netque a pessoa que estava com eles há menosbullsbet.net24 horas não estaria mais nunca, sem terem direito a ver o corpo e ter um momentobullsbet.netluto? Isso para mim foi o mais trágico."

bullsbet.net 'Não é fácil ver paciente morrer nabullsbet.netfrente por faltabullsbet.netventilador' - bullsbet.net Médica generalista anônima, 30 anos, trabalhabullsbet.netUTIs e UPAbullsbet.netOlinda

"A UPA está chegando ao pontobullsbet.netque está impossível dar conta da demanda. As salas estão ficando lotadas com pacientes graves. A gente não tem equipe suficiente nem ventiladores mecânicos para todos. Isso acaba gerando um ciclobullsbet.netcaos.

Os pacientes intubados ficam aguardando leitobullsbet.netUTI, mas tem uma fila gigantesca. Demora para sair a senha desse paciente [para ir para a UTI], demora para sair a transferência e os pacientes ficam mais graves. Às vezes, sai a senhabullsbet.netUTI e não tem transporte. Já é frequente o rodíziobullsbet.netfontebullsbet.netoxigênio, já que são muito pacientes e fontes limitadas.

Já chegamos ao pontobullsbet.netestarmos com todos os leitos ocupados, chegar paciente grave que precisa ser intubado, a gente não conseguir e paciente ir a óbito. E vai acontecer com mais frequência.

A equipe está entrandobullsbet.netestafa mental e emocional porque não é fácil ver um paciente morrer nabullsbet.netfrente, você com capacidade técnica para ajudar, mas falta ventilador mecânico e ele morre. Tristeza, desespero e choro da equipe. Pessoa idosa... jovem sem históriabullsbet.netcomorbidades.

[Um paciente] Chegou levado pela filha que achou estranho a desorientaçãobullsbet.netcasa. Estava com saturaçãobullsbet.netoxigêniobullsbet.net55% [o normal é entre 95% e 100%]. Não havia respirador disponível... Manejamos com o que tínhamos e fazendo medidasbullsbet.netconfortobullsbet.netparalelo. Ele faleceu após 3 horas, roxo por faltabullsbet.netar,bullsbet.netfrente à equipe. Caos para a saúde mental. Ninguém merece viver isso! Nem a pessoa doente nem o profissional que trabalha com o propósitobullsbet.netprimar pela saúde das pessoas.

Eu e a colegabullsbet.netplantão ficamos sem chão, atendendo entre o choro mesmo. Tínhamos mais seis pacientes na sala e mais dois quebullsbet.netbreve estariambullsbet.netinsuficiência respiratória. A gente segue, mas sente no corpo as consequências. A colega está com crises ansiosas. No dia seguinte apenas dormi, apaguei. Sonhei com aquilo — e pior, fica um pensamento persistente do que eu deveria ter feito, se nos esquecemosbullsbet.netalgo… Cansa demais.

Ainda não surtei por algum motivo que só a bagagembullsbet.netterapia e meditação devem explicar mais na frente. A situação realmente está ficando apertada. O cerco está fechando. A perspectiva é que seja uma grande catástrofe."

Everton Abreu Lopes, 32 anos, médico clínico, trabalhabullsbet.netUTIsbullsbet.netRecife

Crédito, Arquivo pesssoal

Legenda da foto, 'Certo dia, falei pra uma mulher sobre a morte do marido e ela estava no meio da rua. Só ouvi a respiração dela ofegante e o barulho da cidade. Não tinha ninguém para abraçá-la'

bullsbet.net 'Nunca vi tanta gente morrer ao mesmo tempo' - bullsbet.net Everton Abreu Lopes, 32 anos, médico clínico, trabalhabullsbet.netUTIsbullsbet.netRecife

"O meu dia inteiro é covid-19, do começo ao final, nos três hospitaisbullsbet.netque trabalho. Em média, por dia, fico responsável por 30 pacientesbullsbet.netUTIs.

E eu garanto que o sistemabullsbet.netsaúdebullsbet.netPernambuco já está colapsado [a conversa com a reportagem da BBC News Brasil foibullsbet.net29bullsbet.netabril]. Os números divulgados, que ficam entre 97% e 98%bullsbet.nettaxabullsbet.netocupação, são completamente enganadores. Eu digo que ébullsbet.net130%. O que está acontecendo é que muita gente fica represada nas UPAs, porque não tem transporte suficiente, não tem UTI.

E isso é uma das principais razões para altabullsbet.nettaxabullsbet.netmortalidade no Estado. É determinante o momentobullsbet.netque o paciente chega à UTI. Os casos graves só chegam na minha mão muito tempo depois do que o necessário, quatro ou cinco dias. Eu não vejo o paciente no início do quadro, quando é possível fazer alguma intervenção mais bem-sucedida. Quando ele chega, já é tarde, muito difícilbullsbet.netreverter a situação.

Eu trabalhobullsbet.netUTI desde que me formei, por isso sou acostumado a ver gente morrer e dar notíciasbullsbet.netmorte, é minha rotina. Mas nunca vi tanta gente morrer ao mesmo tempo. E o piorbullsbet.nettudo, para mim, é dar informação por telefone, já que os parentes não podem estar perto. Pessoalmente, é mais fácil criar empatia. A gente olha no olho, percebe as emoções, e até cria técnicas para conversar, fala pausado. Quando você dá a informação por telefone, as pessoas não estão preparadas. A gente não sabe onde a pessoa está, se tem alguém perto.

Certo dia, falei pra uma mulher sobre a morte do marido e ela estava no meio da rua. É muito angustiante não saber se ela ficou bem, só ouvi a respiração dela ofegante e o barulho da cidade. Não tinha ninguém para abraçá-la. Isso beira a frieza.

Eu nunca tive problemas para dormir, insônia. Mas, agora, não são poucas as vezes que acordobullsbet.netmadrugada, às 1h, 3h, sem conseguir mais fechar o olho.

bullsbet.net 'Chego no plantão me perguntando para quantas famílias darei a terrível notíciabullsbet.netque não vão ver o parente nunca mais' - bullsbet.net Anésia Bezerra da Fonsêca, 31 anos, médica generalistabullsbet.netUTIs e UPAsbullsbet.netRecife

"Estou trabalhando 84 horas por semana. A gente saibullsbet.netcasa todo dia achando que vai ser ainda pior do que já tem sido. Colegas e técnicosbullsbet.netenfermagem estão nervosos, exaustos, cansados, por conta da cargabullsbet.nettrabalho. Vemos o olhar assustado dos pacientes, que não sabem o que vai acontecer… Eles olham para o lado e veem alguém piorando, alguém que estava conversando há pouco tempo e que depoisbullsbet.netalguns minutos precisou ser intubado. Às vezes testemunham mortes.

As famílias levam o paciente para a unidade e não sabem quando é que voltarão a vê-lo. Depois que entram para a unidadebullsbet.netcovid, você não sabe quando que vai ver o paciente, muitas vezes você nunca mais vai ver.

Anésia Bezerra da Fonsêca, 31 anos, médica generalistabullsbet.netUTIs e UPAsbullsbet.netRecife

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, "Paciente me disse: 'Eu não aguento mais. Por favor, doutora, me intube'. Onde que você vê uma coisa dessas? Paciente pedindo para ser sedado, intubado e perder o controle sobre si"

Essa semana comuniquei alguns óbitos. A gente chega no plantão se perguntando: 'Para quantas famílias eu vou ter que dar a terrível notíciabullsbet.netque aquela pessoa que ela já não vê alguns dias, não vai ver nunca mais?'

Em alguns casos, é preciso dar a notícia por telefone, e é terrível. Por mais que a gente tente ser o mais acolhedor, dizer as melhores palavras, fica aquele vazio da presença física, o olhar. É o 'frio telefone'. Teve um comunicadobullsbet.netóbito que a única coisa que a família conseguia dizer era 'obrigado'. Como é que pode ser assim? Eu estou dando a notíciabullsbet.netque o irmão daquela pessoa faleceu e ele está dizendo obrigado porque 'pelo menos meu irmão teve uma chance aqui nessa UTI'.

Nas UPAs a gente pede vaga para um paciente que está estável e pode ir para a enfermaria, mas muitas vezes a demorabullsbet.netconseguir a vaga acaba com que ele piore e precisebullsbet.netleitobullsbet.netUTI. Daí é outra espera para leitobullsbet.netUTI. A gente fica ansioso, esperando que dê tudo certo e saia logo essa vaga. Muitas vezes não acontece, e eu já vi pacientes falecerem aguardando vaga na UTI.

Teve um paciente para quem fizemos tudo o que tinha que fazer na UPA e no fim ele disse: 'Eu não aguento mais. Por favor, doutora, me intube'. Onde que você vê uma coisa dessas? Paciente pedindo para ser sedado, intubado e perder o controle sobre si.

Minha vida, assim como abullsbet.nettodo mundo, parou. Estou vivendo para trabalhar e trabalhando para viver. Me dispus a essa carga horária para poderem abrir mais leitos, mas vou diminuir porque isso realmente está me afetando. Às vezes, a gente tem que comunicar óbitos com maior frequência e não dá tempo nembullsbet.netse recuperar."

Imagembullsbet.netleito hospitalar abertobullsbet.netPernambuco

Crédito, Reprodução/YouTube Governobullsbet.netPernambuco

Legenda da foto, 'Sabe um funil? É assim. A quantidadebullsbet.netpaciente que chega tem um volume muito grande, e a saída é pouquinha'

bullsbet.net 'Vejo o povo na rua, não estão levando a sério, e há cada dia mais pessoas doentes' - bullsbet.net Médica generalista anônima, 32 anos, trabalhabullsbet.netUPAbullsbet.netRecife

"O volumebullsbet.netpacientes nas UPAs é muito mais alto do que a gente consegue dar saída. Quando começou toda essa históriabullsbet.netpandemia, o Estado abriu leitosbullsbet.netenfermaria e UTI porque deve ficar bonito para a imprensa, mas não estruturou as UPAs, a portabullsbet.netentrada, que é para onde o paciente corre, para atender a demanda. A UPA é um serviço que tem que ser temporário. O paciente tem que chegar, ser avaliado e transferido para outro serviço.

Mas demora maisbullsbet.netum dia para transferir pacientes internados na UPA. Não tem respirador e fontebullsbet.netoxigênio suficiente para todos. A gente tem paciente que precisabullsbet.netrespirador, mas seguramos na fontebullsbet.netoxigênio porque não tem respirador disponível.

Às vezes, a gente tem pacientes que estão precisando da fontebullsbet.netoxigênio, mas ficam sem porque não tem suficiente. A equipe médica está muito desfalcada, há muita gente doente. Os plantões que deveriam ter quatro plantonistas, estamos segurandobullsbet.netdois.

Sabe um funil? É assim. A quantidadebullsbet.netpaciente que chega tem um volume muito grande, e a saída é pouquinha.

Cada plantão é uma angústia muito grande. Fora o medobullsbet.netficar doente, se contaminar.

É uma doença que provoca sofrimento muito grande no paciente. Chegam cansados, precisambullsbet.netoxigênio. Os que vão a óbito vão por insuficiência respiratória. É algo muito tristebullsbet.netse ver. É extremamente angustiante, a gente dá suporte, mas ficamos com muita sensaçãobullsbet.netimpotência.

Não estou acompanhando mais notícias porque fico ansiosa. Vejo o povo na rua... Não estão levando a sério, e há cada dia mais pessoas doentes."

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