Coronavírus: a rodovia federal que 'levou' a covid-19 para o interioraeaposta esportiva comPernambuco:aeaposta esportiva com

Crédito, Google Street View
As primeiras infecções surgiram no Recife no inícioaeaposta esportiva commarço,aeaposta esportiva combairrosaeaposta esportiva comclasse média alta, como Boa Viagem e Jaqueira — até hoje eles ainda são os mais afetadosaeaposta esportiva comnúmeros absolutos.
"Recife tem um aeroporto internacional. A covid-19 apareceu primeiro nos hospitais particulares, com pacientes que haviam acabadoaeaposta esportiva comchegar da Europa", explica Jones Albuquerque, pesquisador do Instituto para Reduçãoaeaposta esportiva comRiscos e Desastresaeaposta esportiva comPernambuco (IRRD-PE), órgão ligado às universidades federaisaeaposta esportiva comPernambuco (UFPE e UFRPE) e que tem feito análises diárias sobre o cenário da doença.
Depois, o vírus se espalhou para áreas mais pobres e municípios da região metropolitana —aeaposta esportiva comboa parte, ele pode ter chegado nesses pontos por meioaeaposta esportiva compessoas que trabalhamaeaposta esportiva combairros ricos e moram na periferia.
Agora, uma segunda onda atinge o Estado: a interiorização da covid-19 para cidades pequenas e médias do início do sertão e do agreste pernambucano, como Arcoverde e Caruaru.
A maioria dos municípios com novos casos nas últimas semanas, ainda que eles sejam poucosaeaposta esportiva comnúmeros absolutos, está localizada no entorno da BR-232.
A rodovia federal, que tem 552 quilômetrosaeaposta esportiva comextensão, corta Pernambuco do litoral ao sertão — do Recife à cidadeaeaposta esportiva comParnamirim —, embora a estrada continue com outro nome, PE-316, até o municípioaeaposta esportiva comAraripina, na divisa com o Piauí.
"A BR-232 é o nosso grande distribuidoraeaposta esportiva comcoronavírus", diz Albuquerque.

Pesquisadores e médicos apontam dois cenários que podem ter influenciado essa a interiorização.
O primeiro diz respeito a uma característica social do Estado. "As classes mais abastadas do Recife têm casasaeaposta esportiva comveraneioaeaposta esportiva comcidades do interior que são cortadas pela BR-232, ou estão próximas a ela", explica o médico José Luizaeaposta esportiva comLima Filho, diretor Laboratórioaeaposta esportiva comImunopatologia Keizo Asami (Lika), da UFPE.
"Então, há esse trânsitoaeaposta esportiva compessoas que saem do Recife para essas cidades no fimaeaposta esportiva comsemana ou feriados. Se algumas delas estavam infectadas, mesmo que assintomáticas, podem ter levado o vírus para os municípios menores e passado para outras pessoas", diz Lima Filho.
Segundo os pesquisadores, outro fator que pode ter contribuído foi a suspensão das aulasaeaposta esportiva comtodas as universidades do Recife — públicas e particulares —, no dia 8aeaposta esportiva commarço. Boa parte desses estudantes vem do interior e, sem aulas, eles voltaram para suas cidadesaeaposta esportiva comorigem.
"A suspensão foi uma ótima medida, pois ocorreu bem no início dos casos no Estado. Se isso não tivesse ocorrido, é provável que mais alunos tivessem se infectado, o que aumentaria mais os casos e a capacidadeaeaposta esportiva comtransmissão da doença", diz Albuquerque.
Interiorizaçãoaeaposta esportiva comSão Paulo
Essa dinâmicaaeaposta esportiva comdistribuição da covid-19aeaposta esportiva comcidades do interior próximas a grandes rodovias não é exclusivaaeaposta esportiva comPernambuco. Em São Paulo está ocorrendo o mesmo movimento, segundo análiseaeaposta esportiva comdados produzida por pesquisadores da Universidadeaeaposta esportiva comSão Paulo (USP).
Com a quarentena decretada na capital, mas a manutenção das estradas abertas, houve um grande trânsitoaeaposta esportiva compessoas voltando para suas cidadesaeaposta esportiva comorigem, no interior.
"A maior parte dos casos do interior paulista está distribuídaaeaposta esportiva comcidades cortadas por grandes rodovias que ligam esses municípios à capital, como Anhanguera, Dutra, Imigrantes, entre outras", explica Domingos Alves, professoraeaposta esportiva comMedicina Social da Faculdadeaeaposta esportiva comMedicina da USPaeaposta esportiva comRibeirão Preto.

Crédito, Getty Images
Ele cita o casoaeaposta esportiva comSantos, no litoral paulista, que tinha, até a quinta-feira, 56 casosaeaposta esportiva comcovid-19 por 100 mil habitantes — na capital esse índice era 52 ocorrências por 100 mil.
Alves divide a disseminação da pandemiaaeaposta esportiva comtrês ondas no Brasil.
Na primeira, grandes capitais foram atingidas pelos primeiros casos, como São Paulo, Rioaeaposta esportiva comJaneiro e Fortaleza. Depois, eles se espalharam para bairros mais distantes e regiões metropolitanas.
Já a segunda onda, que está ocorrendo neste momento, é a interiorização da doença para cidades médias, próximas a grandes rodovias que ligam esses municípios às capitais.
Um terceiro ciclo seria a chegada do vírus a municípios menores, com poucos habitantes, e mais afastados dos grandes centros — isso ocorreria por meio do trânsitoaeaposta esportiva compessoas acessando esses locais por meioaeaposta esportiva comestradas vicinais.
"É muito preocupante o que pode ocorrer com esses municípios pequenos e médios, pois a maioria deles não tem estrutura hospitalar eaeaposta esportiva comsaúde suficientes para cuidar das pessoas. Há cidades no Brasil que não têm sequer um médico. Se já está difícil nas capitais, que têm mais condições, imagina nessas cidades do interior, do sertão, da Amazônia", explica Alves à BBC News Brasil, por telefone.
Como ocorreu a transmissão entre pessoas?
Parte significativa dos infectados pelo novo coronavírus é assintomática ou apresenta sintomas leves, mas, mesmo assim, eles podem transmitir o vírus para outros — estudos apontam que até 80% das infecções são dessa classe, a depender da idade do paciente.
No início da pandemia, brasileiros que voltaram ao país vindosaeaposta esportiva comlocais com incidênciaaeaposta esportiva comcovid-19 chegaram a se isolar para evitar transmitir o vírus.

Crédito, Prefeituraaeaposta esportiva comCaruaru/Divulgação
Porém, isso não aconteceu — pelo menos nãoaeaposta esportiva commaneira massiva — com viagens entre as capitais e o interior, quando o vírus já circulava nas grandes cidades.
Para Domingos Alves, professoraeaposta esportiva commedicina da USP, esse "sistemaaeaposta esportiva comtransmissão perverso" é agravado pelo fatoaeaposta esportiva como Brasil só testar pessoas com sintomas graves — assim, parte da massaaeaposta esportiva comassintomáticos ou com sintomas brandos pode estar transmitindo o vírus sem nem saber que estava infectada.
"O coronavírus é muito mais contagioso do que a gripe comum. Se você não testa massivamente e não mantém o isolamento social, o vírus se espalha exponencialmente", diz Alves.
Uma projeção da USP, produzida com um modelo estatístico usado por países europeus para medir o alcance da pandemia, apontou que o númeroaeaposta esportiva cominfecções pelo novo coronavírus no Brasil éaeaposta esportiva com12 a 15 vezes maior do que os dados oficiais divulgados pelo governo federal.
Segundo o Ministério da Saúde, até a sexta-feira (16/4), o país tinha 33.682 casos confirmadosaeaposta esportiva comcovid-19 — 2.141 pessoas haviam morrido da doença.
O que cidadesaeaposta esportiva comPernambuco estão fazendo?
Na rota da BR-232, a cidadeaeaposta esportiva comCaruaru tinha 10 casosaeaposta esportiva comcoronavírus confirmados até esta quinta — um homemaeaposta esportiva com87 anos morreu da doença. Outras 40 pessoas apresentaram sintomas, e ainda aguardam o resultadoaeaposta esportiva comexames.
Três desses 10 casos foram "importados": são pessoas que tinham viajado para o exterior e voltaram a Caruaru,aeaposta esportiva comacordo com Francisco Santos, secretário municipalaeaposta esportiva comSaúde.
Diariamente, a cidade costuma receber milharesaeaposta esportiva comturistas por causaaeaposta esportiva comsua famosa feira ao ar livre. Esse mercado é o maior pontoaeaposta esportiva comvendas da importante indústria têxtil localizadaaeaposta esportiva comcidades próximas, como Toritama. Mas, por ora, ele está fechado.
Para tentar frear a entrada do vírus, Caruaru montou barreiras sanitárias nas principais entradas da cidade — algumas delas na BR-232. Quem passa por ali é parado, tem a temperatura medida por agentesaeaposta esportiva comsaúde e responde se apresenta sintomasaeaposta esportiva comcovid-19.
"Já paramos 60 mil pessoas nessas barreiras. Mas nós temos 36 entradas e saídasaeaposta esportiva comCaruaru. Infelizmente, não conseguimos atuaraeaposta esportiva comtodos os locais", diz o secretário Francisco Santos.

Crédito, Getty Images
Segundo ele, a cidade tem aumentado o númeroaeaposta esportiva comleitosaeaposta esportiva comUTI nas redes públicas e privada e feito campanhas educativas sobre a importância do distanciamento social.
Outra cidade afetada pelo vírus na rota da BR-232 é Arcoverde, no início do sertão pernambucano — o município tem quatro casos confirmados, três suspeitos e uma morte por covid-19.
"Estamos visitando as pessoas que vêm do Recife e orientando que elas permaneçamaeaposta esportiva comquarentena", diz Gledemario Cursino, assessor jurídico da Secretaria Municipalaeaposta esportiva comSaúdeaeaposta esportiva comArcoverde.
A cidade também tem apostadoaeaposta esportiva combarreiras sanitárias nas viasaeaposta esportiva comentrada, onde são feitas mediçõesaeaposta esportiva comtemperatura e questionários sobre o quadro clínico.
Pressão na quarentena
Para André Longo, Secretário Estadualaeaposta esportiva comSaúdeaeaposta esportiva comPernambuco, o coronavírus vai se espalhar pelo interior "inevitavelmente".
"O interior vai ser ser atingido. Não adianta alimentar falsas esperanças", disse Longo,aeaposta esportiva comentrevista coletiva. Segundo ele, o governo estadual tem aberto novos leitosaeaposta esportiva comcidades do interior.
"Estamos atentos a esse movimento (do vírus ao interior). É fundamental que as medidasaeaposta esportiva comisolamento social funcionem para enfrentarmos esse momento. Nossa curva estáaeaposta esportiva comaceleração e o númeroaeaposta esportiva comcasos graves têm mais do que duplicado nas emergências, nas últimas duas semanas", afirmou o secretário.
O professor Domingos Alves, da Faculdadeaeaposta esportiva comMedicina da USP, acredita que medidasaeaposta esportiva comisolamento mais rígidasaeaposta esportiva comcidades interioranas podem ser uma das soluções para frear a pandemia no Brasil e desacelerar o colapso no sistemaaeaposta esportiva comsaúde.
"Se tiver um isolamentoaeaposta esportiva com70% nesses municípios médios e pequenos, você diminui as chancesaeaposta esportiva comter novos pacientes graves nesses locais, porque provavelmente eles seriam levados para hospitais das cidades grandes. Com isso, será possível desafogar um pouco o sistema, que já está sufocado", diz.
Em Caruaru, por exemplo, a prefeitura decretou quarentena, fechou o comércio e cancelou a tradicional festaaeaposta esportiva comSão João, que costuma atrair centenasaeaposta esportiva commilharesaeaposta esportiva comturistasaeaposta esportiva comjunho.
Segundo Francisco Santos, secretárioaeaposta esportiva comsaúde, toda a população se mobilizou na quarentena nas primeiras semanas, mas o cenário tem mudado nos últimos dias.
"As pessoas pensam que, como os casos não aumentaram muito na cidade, o problema não é tão grave assim e todo mundo pode voltar à vida normal. Mas não é isso, ainda estamos no início. Já estamos enfrentando muita pressão para reabrir o comércio, porque muita gente depende dele para sobreviveraeaposta esportiva comCaruaru", diz.
Colaboraram Camilla Costa e Cecilia Tombesi

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