Exploração50 rodadas grátisouro no Brasil começou50 rodadas grátisSão Paulo - e a região pode conter pepitas até hoje, dizem especialistas:50 rodadas grátis

  • Marcus Lopes
  • De São Paulo para a BBC News Brasil
Duas pepitas50 rodadas grátisouro extraídas50 rodadas grátislocal próximo ao Pico do Jaraguá

Crédito, Marcelo Lerner

Legenda da foto, Estas pepitas50 rodadas grátisouro foram extraídas50 rodadas grátislocal próximo ao Pico do Jaraguá,50 rodadas grátisSão Paulo

50 rodadas grátis Parte da população paulista pode estar sentada sobre um pote50 rodadas grátisouro sem saber. A região metropolitana50 rodadas grátisSão Paulo 50 rodadas grátis já foi a mais importante região aurífera do Brasil colonial.

Mais50 rodadas grátisum século antes do ciclo do ouro50 rodadas grátisMinas Gerais - este sim bem conhecido -, já se garimpava metais preciosos na base do Pico do Jaraguá, na atual zona oeste da capital, e50 rodadas grátisáreas próximas.

Segundo historiadores e geólogos, muitas pepitas ainda podem estar enterradas50 rodadas grátiscidades como Guarulhos, Itapecerica da Serra, Mogi das Cruzes e Embu-Guaçu, além da própria capital paulista.

Na região onde está o Aeroporto50 rodadas grátisCumbica,50 rodadas grátisGuarulhos, havia um grande garimpo que funcionou até o século 19. Em Iguape, no sul do Estado50 rodadas grátisSão Paulo, a atividade mineradora era tão grande que, no século 16, havia uma casa50 rodadas grátisfundição nos mesmos moldes da instalada tempos depois50 rodadas grátisOuro Preto, durante o Ciclo do Ouro50 rodadas grátisMinas Gerais, no século 18.

"A mineração do ouro no Brasil começou50 rodadas grátisSão Paulo, e não50 rodadas grátisMinas Gerais, como acreditam muitas pessoas", explica o arquiteto Nestor Goulart Reis, professor titular da Faculdade Arquitetura da Universidade50 rodadas grátisSão Paulo (FAU-USP) e um dos mais respeitados especialistas50 rodadas grátishistória do urbanismo do país.

Autor do livro As Minas50 rodadas grátisOuro e a Formação das Capitanias do Sul, Goulart Reis fez um levantamento50 rodadas grátismais50 rodadas grátis150 minas50 rodadas grátisouro descobertas a partir50 rodadas grátismeados do século 16 e localizadas entre São Paulo e o norte50 rodadas grátisSanta Catarina.

Exploração50 rodadas grátismão50 rodadas grátisobra

Algumas jazidas, como a50 rodadas grátisEmbu-Guaçu, pertenciam aos padres jesuítas que, assim como outros mineradores portugueses e brasileiros da época, contratavam índios para explorá-las50 rodadas grátistroca50 rodadas grátisobjetos como facas, anzóis, machados, utensílios domésticos e outros materiais úteis às tribos.

"Essa história50 rodadas grátisque os índios eram apenas escravos não é verdadeira. Eles ganhavam para trabalhar", diz Reis, que destaca a participação paulista na produção do minério.

Lavagem50 rodadas grátisouro no sítio Congonhal, no município50 rodadas grátisItapecerica da Serra, numa ilustração da obra Ouro no Estado50 rodadas grátisSão Paulo,50 rodadas grátisautoria50 rodadas grátisTheodoro Knecht, editada pelo Instituto Geográfico e Geológico,50 rodadas grátis1939.

Crédito, Carlos Cornejo / acervo pessoal

Legenda da foto, A gravura mostra uma operação50 rodadas grátisextração50 rodadas grátisouro50 rodadas grátisItapecerica da Serra, perto da capital paulistana.

Entre 1600 e 1820, foram produzidas na província50 rodadas grátisSão Paulo um total50 rodadas grátis4.650 arrobas50 rodadas grátisouro. Os números referem-se apenas ao minério registrado pela Coroa portuguesa para cobrança50 rodadas grátisimpostos, o quinto.

É pouco quando comparada à produção50 rodadas grátisouro50 rodadas grátisMinas Gerais durante o Ciclo do Ouro: 35.687 arrobas, entre 1700 e 1820. Mas é superior à produção total50 rodadas grátisMato Grosso (3.187 arrobas, entre 1721 e 1820) e metade50 rodadas grátisGoiás (9.212 arrobas, entre 1720 e 1730).

Se os paulistas não ganham50 rodadas grátisquantidade, podem se orgulhar do pioneirismo. Os primeiros registros começaram logo após a fundação50 rodadas grátisSão Vicente,50 rodadas grátis1532. Em cartas enviadas à Coroa, os portugueses da Colônia e os jesuítas falavam sobre as "itaberabas" (pedras que brilham,50 rodadas grátistupi) trazidas pelos índios. Hoje, Itaberaba é nome50 rodadas grátisuma importante avenida na zona norte50 rodadas grátisSão Paulo.

A mineração se espalha

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Em 1562, o fundador da vila50 rodadas grátisSantos, Brás Cubas, também citou a possível existência50 rodadas grátisouro no vilarejo50 rodadas grátisPiratininga, a cerca50 rodadas grátis30 léguas do litoral mato adentro. Os primeiros exploradores do ouro do Jaraguá teriam sido o português Afonso Sardinha, o Velho, e seu filho, Afonso Sardinha, o Moço. Eles começaram a extrair as jazidas nos arredores da atual cidade50 rodadas grátisSão Paulo e na Serra da Mantiqueira por volta50 rodadas grátis1580.

"É possível que a própria fundação50 rodadas grátisSão Vicente esteja relacionada com indícios da existência50 rodadas grátisminas50 rodadas grátisouro. Esses indícios teriam sido revelados pelos índios que desciam do planalto ao litoral", diz o pesquisador50 rodadas grátisgeologia Carlos Cornejo, um dos autores do livro Minerais e Pedras Preciosas do Brasil, um calhamaço50 rodadas grátismais50 rodadas grátis700 páginas sobre mineração no Brasil desde os primórdios da colonização.

Ele lembra que a área do atual bairro na zona oeste e do Pico do Jaraguá era conhecida entre os europeus como "o Peru do Brasil", por causa das riquezas minerais encontradas pelos espanhóis no país andino.

Ocorrências50 rodadas grátisouro nos arredores da cidade50 rodadas grátisSão Paulo, numa ilustração da obra Ouro no Estado50 rodadas grátisSão Paulo,50 rodadas grátisautoria50 rodadas grátisTheodoro Knecht, editada pelo Instituto Geográfico e Geológico,50 rodadas grátis1939.

Crédito, Carlos Cornejo / acervo pessoal

Legenda da foto, O mapa é50 rodadas grátisum livro editado50 rodadas grátis1939, e mostra locais onde o ouro teria sido extraído50 rodadas grátisSão Paulo

O ouro paulista também era alvo50 rodadas grátiscobiça dos piratas que atacavam a costa50 rodadas grátisSantos e São Vicente. "Por que motivo os corsários iriam se interessar50 rodadas grátisatacar o litoral paulista? Com certeza não era pela cana-de-açúcar", diz Cornejo. Não era mesmo. O corsário inglês Thomas Cavendish, que fez vários ataques a vilas do litoral paulista entre 1585 e 1590, levou muitas riquezas do Jaraguá para a Europa.

Diários da tripulação50 rodadas grátisCavendish relatam que, entre os produtos saqueados50 rodadas grátisSantos e São Vicente, havia ouro extraído50 rodadas grátisum lugar chamado pelos índios50 rodadas grátisMutinga, onde os portugueses tinham minas. Atualmente, uma das principais artérias viárias da região do Jaraguá é justamente a avenida Mutinga.

Confecção50 rodadas grátismoedas

A casa50 rodadas grátisfundição50 rodadas grátisSão Paulo, instalada pela Coroa portuguesa50 rodadas grátis1601 nas proximidades do atual Pátio do Colégio, no Centro50 rodadas grátisSão Paulo, também abrigou a primeira casa da moeda do Brasil. Essa rudimentar casa da moeda antecedeu a50 rodadas grátisSalvador, fundada50 rodadas grátis1694 e que se transformou na atual Casa da Moeda do Brasil. As moedas paulistas eram feitas com autorização do governo50 rodadas grátisPortugal para suprir a circulação50 rodadas grátisdinheiro na isolada vila50 rodadas grátisPiratininga.

"Desde o começo da colonização houve uma atividade mineradora intensa50 rodadas grátisSão Paulo,50 rodadas grátisouro e outros minérios", explica o jornalista e historiador Jorge Caldeira, autor50 rodadas grátislivros sobre História do Brasil e biografias50 rodadas grátispersonagens como o Barão50 rodadas grátisMauá e o jornalista Julio50 rodadas grátisMesquita. Em seu livro O Banqueiro do Sertão, Caldeira conta a trajetória do padre Guilherme Pompeu50 rodadas grátisAlmeida (1656-1713), um religioso que virou grande capitalista e fazia negócios com os mineradores e índios da época50 rodadas grátisque viveu.

O pesquisador Carlos Cornejo

Crédito, Carlos Cornejo / Acervo pessoal

Legenda da foto, O pesquisador Carlos Cornejo

O biógrafo lembra que a família do padre Guilherme foi uma das maiores produtoras50 rodadas grátisferro na região50 rodadas grátisSantana do Parnaíba e, desde aquele período, São Paulo já exibia riquezas e um vigoroso mercado interno e externo,50 rodadas grátisdecorrência da mineração e do comércio.

"O capitão Guilherme Pompeu50 rodadas grátisAlmeida, pai do padre Guilherme, era um dos maiores fornecedores50 rodadas grátisferro para negócios com índios50 rodadas grátisSão Paulo", explica Caldeira, descartando o mito50 rodadas grátisque a capitania50 rodadas grátisSão Vicente,50 rodadas grátisespecial a vila50 rodadas grátisSão Paulo50 rodadas grátisPiratininga, era pobre e despovoada nos primeiros séculos.

"Nenhuma capitania no Brasil foi pobre. A economia (da Colônia) era muito maior que a dos Estados Unidos no mesmo período", completa o jornalista.

Opinião semelhante é do urbanista Goulart Reis. "Em 1700, as capitanias ao sul da Colônia possuíam quase a mesma quantidade50 rodadas grátisvilas, povoados e cidades das capitanias do norte, que englobavam Bahia e Pernambuco e eram as principais da época", diz Goulart Reis, autor50 rodadas grátismais50 rodadas grátis30 livros sobre história e urbanismo no Brasil.

"Essa proliferação50 rodadas grátisaglomerados urbanos se deve à mineração e ao comércio nesses locais", completa Reis, que destaca outros dados curiosos sobre a mineração no Brasil. Um deles é que a primeira pessoa a descobrir ouro na região50 rodadas grátisOuro Preto foi um mulato50 rodadas grátisCuritiba - que também nasceu50 rodadas grátispovoados ligados à mineração no sul do país. O mulato, cujo nome se perdeu no tempo, acompanhava os bandeirantes paulistas50 rodadas grátisexpedições pela região das minas, no começo do século 18. Ele descobriu ouro por acaso ao "bater a gamela" (minerar)50 rodadas grátisum córrego da região.

Mas há chance50 rodadas grátisencontrar ouro na Grande São Paulo? Sim, garantem os pesquisadores, pois as minas não foram totalmente exauridas. "Na época, o ouro era mal explorado e50 rodadas grátismaneira superficial e rudimentar. O subsolo paulista, com certeza, ainda é rico", diz o pesquisador Cornejo, lembrando que até na década50 rodadas grátis50 ainda havia alguma atividade mineradora no Jaraguá e outras regiões da Grande São Paulo, como Itapecerica da Serra.

"Com certeza há ouro50 rodadas grátisterras paulistas", concorda Goulart Reis. Mas isso não deve despertar a cobiça dos eventuais exploradores que resolverem abrir buracos no próprio quintal. "Diante das complexas dificuldades50 rodadas grátismineração na profundidade do solo, não haveria qualquer viabilidade econômica nesse tipo50 rodadas grátisatividade hoje50 rodadas grátisdia, mesmo50 rodadas grátisgrande escala", completa o professor da FAU-USP. "Isso sem contar a questão ambiental e a densa urbanização, que tornariam a atividade50 rodadas grátismineração muito difícil50 rodadas grátisser executada e com pouco retorno financeiro", completa Cornejo.