'Quer transformarroleta pixbetvida num inferno?' Por que Datena, Huck, Barbosa e Justus estão fora da eleição:roleta pixbet

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O casoroleta pixbetambos se soma ainda ao do apresentador da TV Globo Luciano Huck, que protagonizou mesesroleta pixbetindefinição e desistiu duas vezesroleta pixbetse lançar à Presidência da República, e ao do empresário Roberto Justus, o primeiro deles a recusar, aindaroleta pixbetjaneiroroleta pixbet2017, assédios partidários para disputar o governoroleta pixbetSão Paulo ou mesmo o Palácio do Planaltoroleta pixbet2018.
Em uma eleição na qual seisroleta pixbetcada dez brasileiros não sabemroleta pixbetquem votar ou não se sentem atraídos por ninguém havia uma expectativaroleta pixbetque candidatos neófitos pudessem amealhar mais votos e amenizar a criseroleta pixbetrepresentatividade.
"Há uma demanda por outsiders, uma criseroleta pixbetrepresentatividade, um descrédito nos políticos por conta da operação Lava Jato que os partidos, como estão, não conseguem dar conta", diagnostica o cientista Carlos Melo, do Insper.
As experiênciasroleta pixbetBarbosa, Huck, Justus e Datena mostram no entanto que, por uma sérieroleta pixbetmotivos – que vão da pressão familiar ao modo como o sistema político está estruturado –, os novatos devem mesmo ficarroleta pixbetfora da eleiçãoroleta pixbet2018.
"Depoisroleta pixbettrabalhar tanto, você está disposto a transformarroleta pixbetvidaroleta pixbetum inferno, sem autonomia no partido, sem poder nomear quem quiser, tendo que fazer aliança e conchavo para tentar mudar algo no Brasil? É quase um tiro n'água ser candidato assim", disse Justus à BBC News Brasil.
Embora nunca tenha se filiado, ele chegou a participarroleta pixbetum conselho econômico e político do presidente Michel Temerroleta pixbet2016, períodoroleta pixbetque começou a ser sondado como candidato. Hoje se afirma um desistente convictoroleta pixbetrelação à política.
Pressão da família e questão financeira
Oficialmente, o motivo da desistênciaroleta pixbetDatena foi a pressão familiar. O próprio apresentador afirmou à Folharoleta pixbetS. Paulo: "A mulher (Matilde) não dorme, chora o dia inteiro pedindo que eu desista. O filho (Joel) diz o tempo todo: 'Ô pai, para com isso.' Outro filho, Vicente, também não quer. É difícil. É um jogo contra dentroroleta pixbetcasa".
Seu partido, o DEM, publicamente faz coro sobre o assunto: "Seria muito difícil pra ele fazer campanha com a família azedaroleta pixbetcasa, mas não teve mais nada. Se Datena quiser, pagamos a multa (por aparecer na TVroleta pixbetperíodo proibido pela lei eleitoral) para ele e ele volta à campanha", diz Milton Leite (DEM-SP), presidente da Câmara Municipalroleta pixbetSão Paulo.

Crédito, Divulgação/TV Globo
O mesmo motivo foi alegado por Luciano Huck, que teria sofrido forte pressãoroleta pixbetAngélica para não embarcar na empreitada – a apresentadora e mulherroleta pixbetHuck também acabaria afastada da graderoleta pixbetprogramação global caso ele fosse candidato.
Em um artigoroleta pixbetnovembro, na Folharoleta pixbetS.Paulo, ele se disse atraído pela política como sob efeito da "seduçãoroleta pixbetsereias".
"A tripulação, com seus ouvidos devidamente tapados com cera, esforçando-seroleta pixbetnão deixar que eu me deixasse levar pelos sons dos chamados quase irresistíveis. São meus amores incondicionais. Meus pais, minha mulher, meus filhos, meus familiares e os amigos próximos que me querem bem", explicou Huck, sobre a resistência que enfrentou.
E por Joaquim Barbosa, cujos filhos também pressionaram contraroleta pixbetcandidatura ao Palácio do Planalto, temendo os efeitos da exposição do pai. "Decisão estritamente pessoal", resumiu no Twitter,roleta pixbetseu estilo seco.
Justus reconhece que a pressão da família pesa. "Também ouvi apelosroleta pixbetcontrário. Mas, se você tem um plano viável, a família espera quatro anos", diz o apresentador, relativizando a importância da questão.
Neófitos como Datena, Justus e Huck têm muito a perder na política. A começar pelo contra-cheque, que no casoroleta pixbetDatena é estimadoroleta pixbetR$ 1 milhão mensais. Oroleta pixbetHuck é certamente ainda maior. Ambos teriam que se conformar a salários abaixo do teto constitucional,roleta pixbetR$ 33,7 mil, caso eleitos.
Mesmo que voltasse à TV após uma provável vitória eleitoral, Datena estaria obrigado a declarar publicamente durante a campanha seus recursos e patrimônios, uma exposição a qual jamais se submeteu. Para Huck, que cogitava uma campanha presidencial, um retorno à TV seria ainda mais incerto.
"Todas essas pessoas têm uma vida profissional bem-sucedida, recebem cifras astronômicas, muito acimaroleta pixbetum salárioroleta pixbetpolítico honesto. Teriam que abrir mão desses recursos e ainda aceitar ter a intimidade vasculhada. Esse aspecto pessoal é relevante", diz Melo.
Capturados por interesses políticos
Mas não foram apenas a família ou o dinheiro que empurraram os neófitos para fora da eleição. A compreensãoroleta pixbetque acabariam engolfados pela máquina partidária contou.
No casoroleta pixbetLuciano Huck, houve quem visse na aproximação do PPS, que lhe ofereceu legenda, uma tentativa do partidoroleta pixbetsequestrar o movimento Agora!, ao qual ele se engajara, para renovar seus quadros e aumentar a relevância da sigla.

Crédito, Humberto Pradera/Divulgação
Já Joaquim Barbosa percebeu queroleta pixbetpersonalidade era incompatível com a campanha e a necessidaderoleta pixbetcomparecer a eventos políticos Brasil afora. Acostumado a tomar decisões sozinho e reclusoroleta pixbetum gabinete, era um suplício para Barbosa participarroleta pixbetconvenções ou reuniões da executiva do partido.
"Ele não estava acostumado a esse tiporoleta pixbetevento, ficar ouvindo pedidoroleta pixbetgente, encheçãoroleta pixbetsaco, responder que iria atender. Era muito desgastante pra ele", diz uma liderança do PSB.
Para Datena, a faltaroleta pixbetautonomia foi determinante. Acostumado a comandarroleta pixbetequipe no "Brasil Urgente" – onde é chamadoroleta pixbet"chefão" – e ter a última palavraroleta pixbettudo, ele se viu constrangido a moderar o tom.
Depoisroleta pixbetanos criticando a segurança pública do governo estadual então comandado por Geraldo Alckmin (PSDB)roleta pixbetseu programaroleta pixbettemas policialescos, ele teve que rever suas opiniões depoisroleta pixbetingressar na aliança do pré-candidato à Presidência e do ex-prefeito João Doria, que tentará sucedê-lo no Palácio dos Bandeirantes.
Para mostrar seu apoio, sem consultar seu partido, Datena divulgou um vídeo há uma semanaroleta pixbetque chamava Alckminroleta pixbet"um baita cara honesto", que "tem dois paresroleta pixbetsapatos que ele não troca há duzentos anos".
O problema é que a aliança do DEM com o PSDB vale, por enquanto, apenasroleta pixbetSão Paulo. Aliados históricos, os dois partidos tendem à separação no âmbito nacional: os tucanos tentam fazer Alckmin decolar enquanto o DEM flerta com uma composição com Ciro Gomes (PDT). Ter umroleta pixbetseus maiores cabos eleitorais trabalhandoroleta pixbetfavor do ex-governador paulista, sem consentimento, irritou líderes demistas como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
"Datena percebeu que tinha tamanho para pleitear algo como ser vice do Alckmin. Mas o Rodrigo Maia preferia que ele fosse candidato ao Senado. E para Datena seria difícil apoiar o Ciro, começou a ficar contraditório para ele. Pode ter sentido que estava sendo usado pelo partido", afirma um deputado que acompanhou as negociações do apresentador com o DEM.
As lideranças partidárias perderam a confiançaroleta pixbetDatena, que passou a sofrer pressões da legenda para não dar entrevistas ou declarações que não passassem pelo crivo da direção. Era monitorado por telefonemas diários, tantoroleta pixbetDoria quantoroleta pixbetpessoas ligadas a Maia.
"O Datena, assim como os demais novatos, tinha expectativaroleta pixbetter autonomia e poderroleta pixbetmanobra maiores do que a média dos políticosroleta pixbetpartido. Achou que ia agir como outsiderroleta pixbetdentro do sistema, o que não aconteceu. Ele começou a passar por um processoroleta pixbetenquadramento, percebeu que ia ser só mais um cara", explica o filósofo da Unicamp Marcos Nobre.
"Todos eles começam no jogo dizendo que serão candidatos com as mãos livres, mas descobrem rapidamente que não serão. Se é pra ser um político como todos os outros, por que ser? Seria perder a popularidade, abrir mãoroleta pixbetuma posição segura como ícones públicos para abraçar um caminho incerto", completa Nobre.
Úteis, mas perigosos
Do pontoroleta pixbetvista dos partidos, outsiders são uma ferramenta útil, mas perigosa.
Impopulares, os partidos precisam despertar a simpatia e a atenção dos eleitoresroleta pixbetalguma forma. Mas se por um lado interessa às legendas receber os votos e obter os cargos que eles podem trazer, por outro nenhum cacique partidário está disposto a abrir espaço para disputaroleta pixbetcontrole interno nas siglas.

Crédito, Arquivo pessoal
Nos últimos 30 anos, líderes partidários concentraram grande poder para definir os rumos da democracia nacional. A nova lei eleitoral, do ano passado, aprofundou esse aspecto da política nacional.
"Depois da operação Lava Jato, o sistema político entrouroleta pixbetmodoroleta pixbetautopreservação, priorizando a reeleiçãoroleta pixbetquem já tem mandato e um domínio ainda mais estrito dos caciques sobre os rumos dos partidos", afirma Nobre.
Só pode ser candidato alguém que esteja filiado a uma das legendas nacionais. Não há a possibilidaderoleta pixbetcandidaturas avulsas. Não há prévias partidárias sistemáticas – a escolha dos candidatos é feita, na maioria dos casos, pela Executiva dos partidos, sem participaçãoroleta pixbetmilitantes.
Também cabe aos líderes o controle dos recursos financeiros públicos da legenda – vitais para a eleição desde que o financiamento privadoroleta pixbetcampanhas por empresas foi proibido,roleta pixbet2016.
E são eles ainda que definem como será usado o temporoleta pixbetTV e rádio concedido a cada partido – outro elemento considerado chave para que uma candidatura tenha sucesso eleitoral.
"A verdade é que é impossível alguém (outsider) sobreviver a um negócio desses. Acabam caindoroleta pixbetuma vala comum,roleta pixbetpolíticos, que é difícil sair depois. Ninguém vai conseguir retomarroleta pixbetvida normal depois disso. Eu não tenho estômago para isso – acredito que Datena e os outros também não", resume Justus.




