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  • Leandro Machado
  • Da BBC Brasilcasas de apostas com aviatorSão Paulo
Resturantecasas de apostas com aviatorfavela
Legenda da foto, Restaurante do Silvio, na favela Panorama, zona sulcasas de apostas com aviatorSão Paulo, recebe publicitários e gerentescasas de apostas com aviatorempresas da região (Foto: Diego Padgurschi)

casas de apostas com aviator Na cadeira do restaurantecasas de apostas com aviatorJosé Silvane Almeida, o Restaurante do Silvio, quem olha para cima vê os prédios espelhadoscasas de apostas com aviatormultinacionais ecasas de apostas com aviatorum dos shoppings centers mais luxuososcasas de apostas com aviatorSão Paulo. À frente enxerga os barracoscasas de apostas com aviatormadeira ecasas de apostas com aviatoralvenaria sem pintura, cenário típicocasas de apostas com aviatorbairroscasas de apostas com aviatorperiferia.

Moradores da favela Panorama,casas de apostas com aviatorCidade Jardim - bairro nobre na zona sul paulistana -, dividem as mesas com publicitários e gerentescasas de apostas com aviatorgrandes empresas. O encontro entre a classe média e a baixa ocorre diariamente dentro da favela a partir do meio-dia. Por quê?

Ninguém quer gastar muito dinheiro para almoçar, afinal. No self-servicecasas de apostas com aviatorAlmeida, a refeição completa sai por R$ 22 - come-se à vontade. A poucos metros dali, no Shopping Cidade Jardim, um prato executivo não custa menoscasas de apostas com aviatorR$ 35, segundo quem trabalha nas redondezas. Em alguns restaurantes, o preço passacasas de apostas com aviatorR$ 80.

O shoppingcasas de apostas com aviatorluxo era a única opçãocasas de apostas com aviatoralmoço para funcionárioscasas de apostas com aviatorum prédio comercial vizinho ao shopping. Foi então que, quatro anos atrás, Almeida abriu seu ponto na favela. O foco, diz ele, era nos trabalhadores que não têm condiçõescasas de apostas com aviatorpagar todos os dias a alimentação no Cidade Jardim, mas acabou atraindo também quem tem dinheiro mas prefere economizar.

Filacasas de apostas com aviatorrestaurante na favela
Legenda da foto, Por causa do preço baixo, filas se formam na frente do restaurante (Foto: Diego Padgurschi)

Almeida credita o sucessocasas de apostas com aviatorseu restaurante, que tem até fila para entrar, a seu temperocasas de apostas com aviator"comida caseira" e ao seu empreendedorismo, mas também à oportunidade que a crise econômica lhe deu. "Se meus clientes almoçam no shopping, gastam o VR (vale-refeição)casas de apostas com aviator15 dias. Aqui, dura o mês inteiro. As pessoas querem economizar", diz.

O publicitário Guilherme Linares,casas de apostas com aviator26 anos, comia, como entrada, uma porçãocasas de apostas com aviatorbatatas fritas e tomava um refrigerante sentado a uma mesa do ladocasas de apostas com aviatorfora, na viela - o cardápio do dia tinha como pratos principais filécasas de apostas com aviatormerluza, moquecacasas de apostas com aviatorcação e costela com molho barbecue.

"Recebo R$ 30casas de apostas com aviatoralimentação por dia. Se eu comer no shopping, o VR dura 10 dias. Lá, a comida é cara e industrial. Aqui é comida caseira", diz Guilherme Linares,casas de apostas com aviator26 anos, publicitáriocasas de apostas com aviatoruma agênciacasas de apostas com aviatorpropaganda.

Talita Feba, publicitáriacasas de apostas com aviator27 anos, afirma que amigos e parentes estranham quando ela conta que almoça diariamentecasas de apostas com aviatoruma favela. "Dizem: 'mas não é perigoso?' Eu respondo que não, é tranquilo, bom e barato", diz.

Revertendo uma tendênciacasas de apostas com aviatoralta nos últimos anos, os preçoscasas de apostas com aviatoralimentos e bebidas acompanhados pelo IPCA - índicecasas de apostas com aviator inflação calculado pelo IBGE - tiveram quedacasas de apostas com aviator2%casas de apostas com aviatorjaneiro a outubro. O item "alimentação fora do domicílio" também vem cedendo, mascasas de apostas com aviatorritmo mais lento. Nos últimos 12 meses, a inflação agregada no Brasil desacelerou para 2,2%, ante altacasas de apostas com aviator10,67%casas de apostas com aviator2016.

interior do restaurante
Legenda da foto, No Restaurante do Silvio, refeição completa custa R$ 22; no shopping ao lado, preço mais barato é R$ 35 (Foto: Diego Padgurschi)

'Achava que era perigoso almoçar na favela'

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A favela Panorama sobreviveu à transformaçãocasas de apostas com aviatorum terreno ao ladocasas de apostas com aviatorum dos shoppings mais caros da cidade - no mesmo complexo há condomínioscasas de apostas com aviatorapartamentos milionários. Parte da área da comunidade é usada como estacionamento para carros cujos donos também trabalhamcasas de apostas com aviatorempresas da região.

O cozinheiro Almeida,casas de apostas com aviator46 anos, nem mora ali: vivecasas de apostas com aviatorParaisópolis, segunda maior favelacasas de apostas com aviatorSão Paulo. Ele nasceucasas de apostas com aviatorAraioses, no Maranhão, e migrou para São Paulocasas de apostas com aviator1991.

Trabalhou anos como encanador, até abrir seu primeiro negócio na favela Real Parque, também na zona sul. Vendia 3 mil pães por dia emcasas de apostas com aviatorpadaria, mas,casas de apostas com aviator2011, a loja foi consumida pelo fogocasas de apostas com aviatorum incêndio que destruiu parte da comunidade.

"Eu tinha investido R$ 300 mil na padaria, todo o dinheiro que guardei. Fiquei lelé da cabeça", conta. "Abri o restaurante aqui (na Panorama) para os operários do shopping, depois vieram os seguranças. O boca a boca aumentou e os funcionários das empresas começaram a vir também". Hoje, o estabelecimento, que surgiucasas de apostas com aviatoruma garagem, tem três andares e mesas dispostas na frente,casas de apostas com aviatoruma viela.

José Silvane Almeida
Legenda da foto, O ex-encanador José Silvane Almeida hoje tem oito funcionárias para conseguir atender seus clientes no restaurante (Foto: Diego Padgurschi)

O restaurante tem outros oito funcionários e servecasas de apostas com aviatormédia 150 refeições por dia. O sucesso do local entusiasmou outros restaurantes da favela - já existem outros três restaurantes populares, que ficam cheios a pontocasas de apostas com aviatorsurgirem filas do ladocasas de apostas com aviatorfora.

A analistacasas de apostas com aviatorestratégia Fernanda Andrade,casas de apostas com aviator29 anos, conta que, inicialmente, ficou com receiocasas de apostas com aviatorsair do escritório para almoçar na favela. "Eu tinha um poucocasas de apostas com aviatorpreconceito, achava que era perigoso. Hoje, na minha empresa, a maioria das pessoas vem comer aqui", conta ela, que trabalhacasas de apostas com aviatoruma multinacional ao lado.

Quentinhas por R$ 13

O restaurante na comunidade Panorama não é o único com esse perfilcasas de apostas com aviatorSão Paulo. Em Paraisópolis, por exemplo, vizinha ao bairro do Morumbi, existe o Café & Bistrô Mãoscasas de apostas com aviatorMaria, que funcionacasas de apostas com aviatoruma laje da favela. Criado por uma associaçãocasas de apostas com aviatormulheres, o restaurante serve almoço por até R$ 25 e tem showscasas de apostas com aviatormúsica para frequentadores da região e tambémcasas de apostas com aviatorfora.

Bar na favela Coliseu
Legenda da foto, Bar e restaurantecasas de apostas com aviatorRegina Alves dos Santos, na favela Coliseu, recebe funcionárioscasas de apostas com aviatorempresas da Vila Olímpia (Foto: Diego Padgurschi)

Já na favela do Coliseu, na Vila Olímpia - bairro comercial na zona oeste paulistana -, a cozinheira Regina Alves dos Santos,casas de apostas com aviator55 anos, produz suas marmitas dentrocasas de apostas com aviatorum barracocasas de apostas com aviatormadeira. Ao lado, ela administra um boteco cujo happy hour recebe funcionárioscasas de apostas com aviatorgrandes empresas da região.

A comunidade é vizinha do shoppingcasas de apostas com aviatorluxo JK Iguatemi e dos prédios espelhados da construtora Camargo Corrêa, onde Santos entrega suas "quentinhas" diariamente - elas saem por R$ 13. "Pessoal da Camargo Corrêa vem aqui para o happy hour. Até meu cliente do Bradesco aparece", diz ela. "Pessoal vem amuado, com medocasas de apostas com aviatorser assaltado, mas depois vê que é tranquilo, que a comida é boa e a cerveja é gelada."

Santos é pernambucanacasas de apostas com aviatorAraripina e migrou para São Paulo no final dos anos 1970 para casar e melhorarcasas de apostas com aviatorvida. Por uma década trabalhou como metalúrgicacasas de apostas com aviatorSão Bernardo do Campo, no ABC paulista, onde viveu o períodocasas de apostas com aviatorgreves comandadas pelo então sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva.

Cozinheira Regina Alves dos Santos
Legenda da foto, O bar da cozinheira Regina Alves dos Santos faz sucesso entre engravatados que trabalham na Vila Olímpia (Foto: Diego Padgurschi)

Já nos 1990, abriu seu bar na comunidade do Coliseu, quando a maioria dos prédios da região ainda não existia e a favela era bem maior. Hoje, a Coliseu vive espremida entre os prédios espelhados.

Assim como o colega da Panorama, ela também sofreu com um incêndio. Há quatro anos, alguns barracos da favela pegaram fogo. Ela não se lembra como se salvou: quando as chamas começaram, correu para o andarcasas de apostas com aviatorcima do bar. "Acordei na rua, com os bombeiros me atendendo. Meu rosto e minhas mãos ficaram queimados. Dias depois, eu voltei a trabalhar".

Com o dinheiro que ganha no bar e vendendo marmitas, a cozinheira conseguiu comprar quatro carros - umacasas de apostas com aviatorsuas paixões.

'O shopping é que incomoda a gente'

A prefeitura promete há décadas que vai construir habitações sociais na área da Coliseu. A líder comunitária Rosana Maria dos Santos,casas de apostas com aviator47 anos, ainda tem esperança. "Os prédios apareceram e engoliram a comunidade, que existe há 70 anos. Mas parece que agora a construção das moradias vai começar", diz.

Cozinheira Regina Alves dos Santos
Legenda da foto, Marmitas da cozinheira Regina Alves dos Santos custam R$ 13 e são vendidascasas de apostas com aviatordiversas empresascasas de apostas com aviatorSão Paulo (Foto: Diego Padgurschi)
amigos bebendocasas de apostas com aviatorbarcasas de apostas com aviatorfavela
Legenda da foto, Happy hourcasas de apostas com aviatorbar na favela Coliseu atrai funcionárioscasas de apostas com aviatorempresas vizinhas (Foto: Diego Padgurschi)

Nascida na área, a líder comunitária diz que a favela, que ficacasas de apostas com aviatoruma terreno nobre, sofre com especulação imobiliária. "O shopping fica incomodado com a favela. Mas estamos aqui antes deles, quando ninguém queria morar aqui. Eles é que incomodam a gente", diz.

Já a cozinheira Regina Alves dos Santos fica feliz quando vê seu bar cheiocasas de apostas com aviatormoradores da Coliseu ecasas de apostas com aviatorgentecasas de apostas com aviatoroutras classes sociais mais elevadas. "Quando vejo o pessoal das empresas aqui, nem acredito. Mas fecho os olhos e digo: a vida é assim mesmo, pobre aqui e o rico do lado. Todo mundo junto", diz.