Marina Silva: 'Nunca se juntaram por educação, saúde e segurança e agora se unem para salvar a própria pele':faz o bet aí contato

Legenda do vídeo, Marina chama Bolsonarofaz o bet aí contato'populista' e diz não acreditarfaz o bet aí contatosolução 'a qualquer custo'

Para Marina, o Congresso tem dificuldadefaz o bet aí contatocassar seus integrantes por "corporativismo" e várias legendasfaz o bet aí contatodiferentes espectros políticos se unem para "salvar a própria pele". "Aqueles que nunca se juntaram para defender saúde, educação, segurança pública, infraestrutura, agora estão unidos para evitar a punição dos crimes que cometeram", diz, citando o PT, PMDB, PSDB e DEM.

Evangélica, defende o Estado laico. Ambientalista, diz que os céticosfaz o bet aí contatorelação ao aquecimento global são minoria e deveriam adotar o princípio da precaução para evitar que o homem destrua a natureza.

Leia os principais trechos da entrevista concedida à BBC Brasilfaz o bet aí contatoLondres, onde Marina participafaz o bet aí contatoum debate e tem buscado experiênciasfaz o bet aí contatodiferentes áreas, como educação e meio ambiente, que possam ser aplicadas no Brasil.

faz o bet aí contato BBC Brasil - A senhora tem viajado para fazer palestras na Europa e nos EUA. Na quarta-feira, fala no King's College, aquifaz o bet aí contatoLondres. Que mensagem traz nesse momentofaz o bet aí contatoturbulência política e crise econômica no Brasil, momento que a senhora definiu como "um poço sem fundo, por ser pior que o fundo do poço" faz o bet aí contato ? faz o bet aí contato Há espaço para otimismo?

faz o bet aí contato Marina Silva - Tem espaço para ter persistência. Venho (à Europa) para uma sériefaz o bet aí contatocompromissos. Vim para uma palestra sobre mudanças climáticas, depois fui à Holanda onde conheci uma sériefaz o bet aí contatoexperiênciasfaz o bet aí contatoinovação tecnológica, educação, ativismo social, agricultura, financiamentofaz o bet aí contatonovos projetos voltados para a sustentabilidade. Aquifaz o bet aí contatoLondres, fomos a uma escola interessantefaz o bet aí contatoque o currículo integra valores voltados para a sustentabilidade. Quando disse que a gente parecia estar saindo do fundo do poço para uma espéciefaz o bet aí contatopoço sem fundo, me referia a algo grave acontecendo no Brasil, que é a pressão sobre a Lava Jato, uma das coisas mais importantes depois da nossa redemocratização. O trabalho que estão fazendo ao mostrar que a lei é para todos, que a corrupção sistêmica deve ser combatida pela raiz, agora está sendo ameaçado por uma ação da dita classe política tentando mudar as regras do jogo.

faz o bet aí contato BBC Brasil - De onde exatamente vem essa pressão?

faz o bet aí contato Marina Silva - Essa pressão vem do Congresso, vem do próprio Executivo que acabafaz o bet aí contatoencaminhar um processo para o Supremo propondo que não seja mais válida a prisão daqueles que foram condenadosfaz o bet aí contatosegunda instância. E, agora, o julgamento do próprio presidente Temer pelo Congresso e a decisão do Supremo que deu ao Congresso a última palavrafaz o bet aí contatorelação à punição dos parlamentares. Ou seja, é o único segmento da sociedade que terá poderfaz o bet aí contatofazer o seu autojulgamento. Como se não bastasse o foro privilegiado, agora terão o autoindulto privilegiado. Isso será para o Aécio Neves, mas também será para todos os demais que se encontram na mesma situação que ele, envolvidosfaz o bet aí contatograves denúnciasfaz o bet aí contatocorrupção.

Aécio Neves
Legenda da foto, 'Como se não bastasse o foro privilegiado, agora terão o autoindulto privilegiado. Isso será para o Aécio Neves, mas também será para todos os demais' | Foto: Agência Senado

faz o bet aí contato BBC Brasil - A senhora já foi senadora, conhece muito bem aquela casa. Qual é a dificuldadefaz o bet aí contatose cassar os próprios pares faz o bet aí contato ? faz o bet aí contato Prevalece o corporativismo?

faz o bet aí contato Marina Silva - Além do corporativismo, agora tem outros fatos. Tivemos cassações importantes como a do senador Arruda e do próprio Antônio Carlos Magalhães...

faz o bet aí contato BBC Brasil - Desculpe-me por corrigir a senhora, mas cassados foram o Luiz Estevão, o Demóstenes Torres e, mais recentemente, o Delcídio Amaral. José Roberto Arruda renunciou (Antônio Carlos Magalhães também renunciou)...

faz o bet aí contato Marina Silva - Sim, mas por uma manobra. Renunciou porque sabia que ia ser cassado. A renúncia não foifaz o bet aí contatofunçãofaz o bet aí contatoum atofaz o bet aí contatograndeza; foi porque tinha certezafaz o bet aí contatoque seria cassado e, para evitar perder direitos políticos e ficar inelegível fizeram a renúncia. Agora, para além do corporativismo, temos o fatofaz o bet aí contatoque são muitos os investigados e comprovadamente culpados no âmbito da Lava Jato. Partidos que antes se combatiam agora estão unidos. PT, PMDB, PSDB, DEM, todos estão juntos para salvar a própria pele, a pele dos seus líderes. É por isso que a dificuldade agora é bem maior. Aqueles que nunca se juntaram para defender saúde, educação, segurança pública, infraestrutura, agora estão unidos para evitar a punição dos crimes que cometeram.

faz o bet aí contato BBC Brasil - A senhora falou da Lava Jato e o medo da pressão, mas acha quefaz o bet aí contatoalgum momento a operação cometeu algum erro, alguma falha capazfaz o bet aí contatocolocar a reputação da investigaçãofaz o bet aí contatorisco?

faz o bet aí contato Marina Silva - A Lava Jato vem fazendo um trabalho exemplar e espero que se transforme no novo paradigma para a Justiça brasileira. Todos os mecanismos das instituições públicas têm suas próprias formasfaz o bet aí contatocontrole. A Lava Jato vem trabalhando junto com o Ministério Público e a Polícia Federal e os que são investigados têm direito à ampla defesa. O problema é que as provas são muito contundentes. Pessoas com malafaz o bet aí contatodinheiro, um apartamento com milhõesfaz o bet aí contatoreais dentrofaz o bet aí contatocaixas, comprovaçõesfaz o bet aí contatodepósitosfaz o bet aí contatocontas bancárias no exterior. O documento fala por si mesmo.

Manifestante com cartazfaz o bet aí contatoSergio Moro

Crédito, Agência Brasil

Legenda da foto, Para Marina, Lava Jato faz um trabalho 'respeitável' e juízes não podem ser colocados como se fossem os que cometem irregularidades

O trabalho que está sendo feito é respeitável. E, claro, os juízes não podem ser colocados como se eles estivessem cometendo irregularidades. Infelizmente, uma boa parte dos investigados gostariafaz o bet aí contatoter a prerrogativafaz o bet aí contatoestar julgando seus investigadores e julgadores. Foi por isso que o senador Renan Calheiros apresentou a lei do abuso do poder, que juntou PT, PMDB, PSDB para tentar aprovar o projetofaz o bet aí contatoanistia e é por isso que agora, igualmente, estão juntos para acabar com (a prisão) depoisfaz o bet aí contatojulgamentofaz o bet aí contatosegunda instância.

faz o bet aí contato BBC Brasil - Voltando à pergunta inicial, a senhora está fazendo um tour pela Europa, mas queria saber se pretende fazer o mesmo no Brasil, como Lula está fazendo, como Fernando Haddad, Jair Bolsonaro e João Doria. A senhora pretende dar uma volta pelo Brasil?

faz o bet aí contato Marina Silva - Faço isso há maisfaz o bet aí contato30 anos e não apenasfaz o bet aí contatoperíodo eleitoral. A vida toda me dediquei a andar nos Estados, nos municípios mais pobres, conhecendo a realidade da sociedade brasileira.

faz o bet aí contato BBC Brasil - A senhora faz isso sem climafaz o bet aí contatocampanha?

faz o bet aí contato Marina Silva - Sem climafaz o bet aí contatocampanha e acho que esse é o melhor momento para que possamos fazer as coisas. O problema é que as pessoas deixam para fazer determinadas coisas nos períodos eleitorais. Entendo que as soluções para o mundofaz o bet aí contatocrise que a gente está vivendo têm uma complexidade tamanha... é bom para a gente conhecer outras experiências.

O que está dando certo na educação no Brasil pode ter uma contribuição para a educaçãofaz o bet aí contatooutras regiões do mundo. Não podemos mais nos fechar como se fôssemos uma ilha. O Brasil é ricofaz o bet aí contatoboas ideias. Quando fui ministra do Meio Ambiente, não inventamos a roda. O que fizemos foi transformar as boas ideais da sociedade brasileira, do setor empresarial, da academia, dos movimentos sociais,faz o bet aí contatopolíticas públicas. Foi graças a isso que conseguimos reduzirfaz o bet aí contato80% o desmatamento por dez anos.

faz o bet aí contato BBC Brasil - A gente estava falando do climafaz o bet aí contatocampanha efaz o bet aí contatoaparecer a cada quatro anos e uma das principais críticas que fazem à senhora é que foi omissafaz o bet aí contatomomentos importantes. Dizem que a senhora só se expõe às vésperasfaz o bet aí contatoperíodos eleitorais. Como a senhora responde a essas críticas? faz o bet aí contato É faz o bet aí contato intencional, para se preservar?

faz o bet aí contato Marina Silva - Estou fazendo meu trabalho como sempre fiz, mas não sou parlamentar, não tenho uma função pública. Sou uma professora que sobrevive do trabalho que faz. Conseguimos criar a Rede mesmofaz o bet aí contatomeio às pressões contrárias e tenho me posicionado semprefaz o bet aí contatorelação a todos os temas.

O problema é que o Brasil está tão acostumado com a polarização que quando tem um posicionamento que não está sob o guarda-chuva vermelho ou o azul, as pessoas preferem dizer que não é um posicionamento. Eu sempre defendi a Lava Jato, como eles não defendem, preferem dizer que não é um posicionamento. Eu sempre defendi que o melhor caminho era o da cassação da chapa e que o impeachment não é golpe, estáfaz o bet aí contatoacordo com a Constituição, o problema era que não ia alcançar oobjetivo que é passar o Brasil a limpo, Dilma e Temer são faces da mesma moeda. O PT e o PMDB cometeram os mesmos crimes juntosfaz o bet aí contatorelação à Petrobras, BNDES, Caixa Econômica, Banco do Brasil, aos fundosfaz o bet aí contatopensão. O melhor caminho era a cassação da chapa.

Como existia um grupo que queria abocanhar o poder e um outro que queria permanecer, eles acham que isso não era um posicionamento. É um posicionamento diferente. No Brasil, as pessoas estão tão acostumadas com a polarização que nem admitem que possa existir uma outra voz, um outro lugarfaz o bet aí contatofala, mas essa fala existe. Não tem a mesma audiência daqueles que ficam disputando o poder pelo poder.

faz o bet aí contato BBC Brasil - Ter um mandato facilitaria ecoar seus posicionamentos?

faz o bet aí contato Marina Silva - O importante é ter um posicionamento, porque tem muita gente que tem mandato e está repetindo as mesmas coisas, da mesma forma. Tem muita gente que até fala demais e depois desconstrói tudo o que falou. Tem muita gente que falou tanta coisa e agora estão no mesmo barco.

Estamos numa crise dramática como essa e tudo que vejo são pessoas preocupadasfaz o bet aí contatoganhar o poder. Não estão pensandofaz o bet aí contatocomo combater a corrupção, como prevenir a corrupção e principalmente como promover uma gestão pública eticamente responsável, para resolver o grave problema da educação brasileirafaz o bet aí contatoque a maioria dos jovens não tem acesso à educaçãofaz o bet aí contatoqualidade, para resolver o problema da violênciafaz o bet aí contatoque as pessoas estão perdendo suas vidas nas comunidades por faltafaz o bet aí contatosegurança.

Marina Silva
Legenda da foto, 'O problema é que o Brasil está tão acostumado com a polarização que quando tem um posicionamento que não está sob o guarda-chuva vermelho ou o azul, as pessoas preferem dizer que não é um posicionamento'

faz o bet aí contato BBC Brasil - Como faz para resolver isso, são tantos problemas juntos...

faz o bet aí contato Marina Silva - Em primeiro lugar é preciso dizer claramente na horafaz o bet aí contatodisputar a eleição o que vai fazerfaz o bet aí contatorelação a essas questões. Por exemplo,faz o bet aí contatorelação à educação. Claro que temos problemasfaz o bet aí contatorelação a recursos, mas pior que a faltafaz o bet aí contatorecurso é a faltafaz o bet aí contatoestratégia para que uma educação não fique parada no tempo. O mundo inteiro está atualizando seus processosfaz o bet aí contatoensino e aprendizagem, levando os jovens e as crianças a entenderem a escola não como um lugar onde se adquire uma profissão fixa, mas como uma portafaz o bet aí contatoentrada que possibilita muitas portasfaz o bet aí contatosaída.

Esse debate está sendo feito pelos educadores e por vários movimentos, mas infelizmente o poder público não tem sido capazfaz o bet aí contatoacompanhar. E agora, com a crise, uma boa parte dos nossos jovens que começaram a ter acesso ao ensino superior, mesmo ao ensino privado que não tem a mesma qualidade do público, perderam esses meios que dispunham na crise gerada inicialmente no governo Dilma e agora no governo Temer.

faz o bet aí contato BBC Brasil - Falando neles, a senhora sente que perdeu a oportunidadefaz o bet aí contatoocupar um vácuofaz o bet aí contatopoder que se abriu?

faz o bet aí contato Marina Silva - É muito cedo para dizer o que se perdeu e o que se ganhou. Eu digo que a derrota e a vitória só se mede na história. Temos que ter paciência para aguardar o processo político. Não entendo que a política é um vácuo a ser ocupado. É um processo a ser conquistado no debate, não embate da polarização que tanto mal já fez ao país, mas na trocafaz o bet aí contatoideias dizendo o que a gente acha que é melhor para a saída da crise, para que o país volte a crescer, retome os investimentos, para que se controle o gasto público, a inflação, para que se possa reduzir juros.

A política tradicional tem muito issofaz o bet aí contatodizer que tem que ocupar. Essa ideia às vezes esconde um pensamento autoritário, que subtrai o eleitor, que subtrai o cidadão. Quem ganha uma eleição com base no marqueteiro acha que é só uma questãofaz o bet aí contatoocupar o espaço, não é iss. Éfaz o bet aí contatoconstruir, conquistar, numa relação transparente e aberta com cada cidadão.

faz o bet aí contato BBC Brasil - A senhora já foi ativista política, vereadora, deputada estadual, senadora por dois mandatos e ministra. A senhora conhece muito bem o eleitor, imagino eu. Sente que há uma fadiga com o políticofaz o bet aí contatocarreira, o tradicional faz o bet aí contato ? faz o bet aí contato Sente que o eleitor hoje procura algo diferente? E pontuo aqui que diferente não necessariamente é melhor. Mas há uma busca pelo ainda não testado?

faz o bet aí contato Marina Silva - Acho que a sociedade está procurando algo que dê resposta, que dê efetividade. O problema é que, muitas vezes, esse sentimentofaz o bet aí contatocansaço com a incompetência, com a faltafaz o bet aí contatotransparência, com a corrupção, com a lógica do poder pelo poder é usado para tentar desviar do objetivo principal. As manifestaçõesfaz o bet aí contato2013 foram muito claras. As pessoas querem saúde, educação, transportefaz o bet aí contatoqualidade, emprego para poder viver e criar suas famílias, querem a possibilidadefaz o bet aí contatoum transporte que as leve para o trabalho e facilite o entretenimento.

As pessoas foram muito claras. Aí o que alguns partidos e lideranças políticas fizeram? Disseram que o que a sociedade quer é uma reforma política. Veja bem, retiraram do foco o mais importante e levaram para outro caminho. E agora que estão fazendo a reforma, não é a reforma política que a sociedade brasileira quer para ampliar participação, para sair do papelfaz o bet aí contatoespectador e assumir o protagonismo. É uma reforma para dar mais poderes aos partidos tradicionais, aos caciques, mais dinheiro às campanhas milionárias e aos marqueteiros a pesofaz o bet aí contatoouro e mais espaço para permanecerem no poder independente da vontade do povo.

faz o bet aí contato BBC Brasil - Falandofaz o bet aí contatoreforma política, essas mudanças pontuais feitas no Congresso afetam a Redefaz o bet aí contatoque forma? A senhora sente que a Rede pode estar ameaçada?

faz o bet aí contato Marina Silva - Há um cerco que está sendo feito pelos partidos tradicionais, o PT, PMDB, PSDB, DEM, para que não seja possível uma inovação na política brasileira. Por isso estão direcionando o fundo partidário para eles, o tempo da propaganda eleitoral para eles e a cláusulafaz o bet aí contatobarreira para que os novos partidos tenham dificuldadefaz o bet aí contatose firmar no sistema político brasileiro. É claro que a Rede sofre as consequências dessa articulação para inibir a inovação.

A Rede é um partido que nasce comprometidofaz o bet aí contatomelhorar a qualidade da política, melhorar a qualidade das instituições públicas. Defendemos o voto independente, somos favoráveis, para criar uma concorrência idônea com os partidos políticos. Hoje, eles têm o monopólio da política e é por isso que não estão muito preocupadosfaz o bet aí contatoqualidade,faz o bet aí contatoinovação. Eles põem os mesmos quadros, fazem os mesmos discursos e a lógica é a do poder pelo poder.

Lulafaz o bet aí contatodepoimento à Comissão Nacional da Verdade
Legenda da foto, Lula: 'Os acertos que se teve não podem ser usados para não dar conta dos erros que foram praticados' | Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

faz o bet aí contato BBC Brasil - Quando a gente olha as pesquisasfaz o bet aí contatointençãofaz o bet aí contatovoto, o ex-presidente Lula lidera com folga. Como a senhora explica essa força? Esse discursofaz o bet aí contatovítima que ele e o PT assumiram tem impacto?

faz o bet aí contato Marina Silva - Temos que compreender as pesquisas como registrofaz o bet aí contatoum momento e, obviamente, ainda temos um caminho muito longo pela frente. A sociedade brasileira está formando ainda afaz o bet aí contatoopinião sobrefaz o bet aí contatoescolha. Não acho que seja um dadofaz o bet aí contatorealidade já estabelecido. E, é claro, espero que o debatefaz o bet aí contatotorno das ideias, das propostas, possa fazer com que os eleitores criemfaz o bet aí contatoprópria identificação com esse ou aquele projeto.

faz o bet aí contato BBC Brasil - Mas o que explica o ex-presidente estar liderando mesmo tendo sido condenado por corrupção?

faz o bet aí contato Marina Silva - Eu acho que existe uma parte do eleitorado que trabalha muito com a ideiafaz o bet aí contatosegurança. Boa parte das pessoas está trocando liberdade por segurança. A campanhafaz o bet aí contato2014 foi muito violenta, com muito dinheiro, calúnia e difamação. Havia a históriafaz o bet aí contatoque se não fosse eleita a presidente Dilma, as pessoas iriam perder o Bolsa Família, o Pronatec, o Minha Casa Minha Vida, perder todas as conquistas sociais. Isso criou uma insegurança nas pessoas.

Mas essa lógicafaz o bet aí contatose fazer uma escolhafaz o bet aí contatofunção do medo, não é a melhor formafaz o bet aí contatoconstruir uma sociedade que temfaz o bet aí contatoprópria autonomia. As conquistas feitas no governo do PT, do PSDB,faz o bet aí contatoquem quer que seja, não são para ser fulanizadas nem pelos partidos nem pelos governantes. São para ser institucionalizadas. Se são direitos, as pessoas os têm assegurados e têm a liberdadefaz o bet aí contatoescolher aquele que acham que é o melhor para dirigir o país.

faz o bet aí contato BBC Brasil - A senhora acha que (a liderança do Lula) vem do medofaz o bet aí contatoperder benefício adquirido oufaz o bet aí contatose acreditar que ele é inocente, que é vítima, que está sendo perseguido faz o bet aí contato ?

faz o bet aí contato Marina Silva - Acho que pode ser um mistofaz o bet aí contatovárias coisas. Lula foi presidente por duas vezes, uma liderança sindical histórica. O importante nesse momento é pensar que pessoas virtuosas devem criar instituições virtuosas para lhes corrigirem quando falharem. Os acertos não podem ser usados para não dar conta dos erros que foram praticados. Nesse momento a reflexão ainda estáfaz o bet aí contatocurso no Brasil. Vamos ter, me parece, uma disputa com muitos candidatos.

faz o bet aí contato BBC Brasil - Jair Bolsonaro. Ele é um candidato com posições conservadoras, às vezes extremas. O que explica ele estar empatado tecnicamente com a senhora e que tipofaz o bet aí contatosegmento da sociedade ele representa? Tem alguma chance dele ir para o segundo turno?

faz o bet aí contato Marina Silva - Como eu disse, ainda é muito cedo. Nesse momento há uma exacerbação,faz o bet aí contatovárias regiões do mundo, do populismo, tantofaz o bet aí contatodireita, comofaz o bet aí contatoesquerda. E acho que a sociedade haveráfaz o bet aí contatoter a sabedoriafaz o bet aí contatofazer a correta mediação para encontrar um novo caminho para seus problemas que não seja o populismofaz o bet aí contatodireita, nem o populismofaz o bet aí contatoesquerda.

faz o bet aí contato BBC Brasil - Por que a senhora acha que ele é populista?

faz o bet aí contato Marina Silva - Porque acho que quando você sinaliza para a sociedade que pode resolver as coisas a qualquer custo, a qualquer preço, como se isso fosse apenas uma questãofaz o bet aí contatoforça, isso tem um viés populista muito forte. Não acredito nas coisas que são resolvidasfaz o bet aí contatoforma violenta, excludente. Os processos políticos são muito mais complexos. O Brasil é um país com uma diversidade cultural fantástica. Um país que reconquistou afaz o bet aí contatodemocracia a duras penas. Não acho que exista espaço para o autoritarismo, pelo menos eu espero que não exista espaço para saídas autoritárias, para saídas preconceituosas, contra índios, contra mulheres, contra negros, contra quem quer que seja, quer porfaz o bet aí contatocondição social, porfaz o bet aí contatoorientação sexual ou porfaz o bet aí contatocondição econômica.

Jair Bolsonaro
Legenda da foto, Para Marina Silva, popularidade Jair Bolsonaro não a assusta | Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Ag. Brasil

faz o bet aí contato BBC Brasil - Lhe assusta a popularidadefaz o bet aí contatoBolsonaro neste momento?

faz o bet aí contato Marina Silva - Eu acho que numa democracia a gente tem que estar aberto para lidar com essa diversidade. Em vezfaz o bet aí contatoficar assustado, a gente deve é debater as ideiasfaz o bet aí contatoque acredita, apresentar alternativas. Eu sou professora, e acredito muito na Pedagogia. Acho que, nesse momento, vivemos no Brasil um processo altamente pedagógico.

Gosto muito da ideiafaz o bet aí contatoque sábios são os que aprendem com os erros dos outros e estúpidos são os que não aprendem nem com seus próprios erros. Já vivemos graves problemasfaz o bet aí contatoerrosfaz o bet aí contatocorrupção, já vivemos o gravíssimo problema do autoritarismo com a ditadura. Se não fomos capazesfaz o bet aí contatoaprender com os erros dos outros, pelo menos não temos o direitofaz o bet aí contatodeixarfaz o bet aí contatoaprender com nossos próprios erros.

faz o bet aí contato BBC Brasil - A senhora disputou a eleição presidencial duas vezes. Que erros a senhora cometeu e que agora não repetiria?

faz o bet aí contato Marina Silva - Não sei bem se isso foi um erro, mas nas duas campanhas entrei acreditando que iria haver um debate, mas o que houve foi um embate. Eu acreditava que os candidatos iriam apresentar um programafaz o bet aí contatogoverno e eles não apresentaram. Agora, mesmo que eles não tenham apresentado, eu jamais poderia deixarfaz o bet aí contatoapresentar, porque não se pode concorrer à eleição para um país como o Brasil sem apresentar um programafaz o bet aí contatogoverno. Sem dizer o que se vai fazer para a saúde, a educação, segurança pública, infraestrutura, proteção do meio ambiente. Mesmo que eles escolhessem o embate, a calúnia, a desconstrução, eu não poderia ir por outro caminho. Eu sempre digo que é melhor sofrer injustiça do que praticar a injustiça.

faz o bet aí contato BBC Brasil - Algum motivo para achar que vai ser diferentefaz o bet aí contato2018?

faz o bet aí contato Marina Silva - A realidade já deu uma indicação muito fortefaz o bet aí contatoque há uma tendênciafaz o bet aí contatose aprofundar a violência, a mentira, a desconstrução e as assimetriasfaz o bet aí contatotermos dos meios para se fazer a campanha, como por exemplo o tempofaz o bet aí contatotelevisão. Se for candidata, terei apenas 12 segundos na televisão, contra os muitos minutos dos grandes partidos.

faz o bet aí contato BBC Brasil - O que a senhora pode falarfaz o bet aí contato12 segundos? Meu nome é Marina, votefaz o bet aí contatomim?

faz o bet aí contato Marina Silva - Eu acho quefaz o bet aí contato12 segundos dá para pelo menos dizer que você está ali, e tentar fazer o processo por outras alternativas, nas redes sociais, no contato direto com as pessoas. Enfim, você tem uma realidade que é difícil, mas não pode se render a essas circunstâncias, senão eles já estarão vitoriosos a priori. Eles criaram todas as cercas. E eu espero que o povo brasileiro possa criar todos os meios para que fique sob seu controle a prerrogativafaz o bet aí contatoque o poder emana do povo, não do marqueteiro, não do dinheiro, não das estruturas.

faz o bet aí contato BBC Brasil - Quando a senhora vai lançarfaz o bet aí contatocandidatura? Vamos ter que esperar até março?

faz o bet aí contato Marina Silva - Estoufaz o bet aí contatoprocessofaz o bet aí contatodecisão e com um sensofaz o bet aí contatoresponsabilidade muito grande com a crise política, econômica,faz o bet aí contatovalores, que está acontecendo no Brasil.

faz o bet aí contato BBC Brasil - Essa decisão é do tipo quando lança ou se lança?

faz o bet aí contato Marina Silva - A decisão é sobre a melhor formafaz o bet aí contatocontribuir. Como seria mais efetiva a minha contribuição. Porque assim que chegar à convicçãofaz o bet aí contatoonde ela é mais efetiva, é ali que estarei.

Marina Silva e Dilma Roussefffaz o bet aí contatodebate presidencial
Legenda da foto, "Se for candidata terei apenas 12 segundos na televisão, contra os muitos minutos dos grandes partidos"

faz o bet aí contato BBC Brasil - Mas o que impediria a senhorafaz o bet aí contatoconcorrer? O que lhe tiraria do jogo?

faz o bet aí contato Marina Silva - É essa a avaliação que eu lhe falei. Se eu chegar à conclusão que a forma mais efetivafaz o bet aí contatoajudar a melhorar essa situação que o Brasil está vivendo, e digo ajudar, porque não acredito que ninguém sozinho possa ter uma saída para a crise. Se chegar à conclusãofaz o bet aí contatoque a melhor saída é não ser candidata, então, é isso que hoje está ocupando parte do meu tempo.

faz o bet aí contato BBC Brasil - Mas a Rede lhe pressiona para participar?

faz o bet aí contato Marina Silva - Com certeza a Rede tem desejofaz o bet aí contatoter uma candidatura e a sociedade brasileira quer uma candidatura que não esteja identificada com a crise que aí está. E eu tenho um sensofaz o bet aí contatoresponsabilidade coletivo e pessoal com os maisfaz o bet aí contato20 milhõesfaz o bet aí contatovotos que tive, mesmo concorrendo com adversários que tinham condiçõesfaz o bet aí contatoestrutura muito maiores do que eu, e além dessas estruturas legais, ainda contavam com o mundo do crime, com montanhasfaz o bet aí contatodinheiro para fraudar as eleições, como fraudaram.

faz o bet aí contato BBC Brasil - A senhora tem conversado com o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, e eu lhe pergunto se ele vai sair candidato e se for, será candidato a quê?

faz o bet aí contato Marina Silva - Eu nunca conversei com o ministro Joaquim Barbosa sobre política. Estou falando sério! Eu conversei com o ministro, sim, mas foi no contexto da rebelião que o presidente do Senado, Renan Calheiros fez,faz o bet aí contatonão cumprir a ordem do Supremo. E naquele momento delicado eu conversei com ele e com o ministro Ayres Brito sobre aquela crise.

Não falamosfaz o bet aí contatofiliação, não falamosfaz o bet aí contatocandidatura. Mas eu acho que o ministro Joaquim Barbosa é uma pessoa altamente relevante para a política brasileira e se ele desejar darfaz o bet aí contatocontribuição, será bem-vinda e necessária para ajudar a melhorar a qualidade da política, melhorar a qualidade da democracia. Mas essa é uma decisão que ele próprio está avaliando, e até esse momento não conversamos especificamente sobre isso.

faz o bet aí contato BBC Brasil - Conhecendo bem o Executivo e o Legislativo, como seriafaz o bet aí contatorelação com o Congresso? Pois o ex-presidente Lula e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso já falaram que é muito difícil negociar com o Congresso, e que muitas vezes você é forçado a firmar alianças, colocar cargos e emendas no meiofaz o bet aí contatonegociações. Enfim, nesse atual modelo político, haverá outra formafaz o bet aí contatose conseguir aprovaçãofaz o bet aí contatoprojetos e reformas ou o presidente será eternamente refém do Congresso?

faz o bet aí contato Marina Silva - Eu acredito profundamente que existe outra forma. Se não acreditasse, não teria saído candidatafaz o bet aí contato2010 e nemfaz o bet aí contato2014. O problema é que a forma com que se ganha determina a formafaz o bet aí contatoque se governa. Se para ganhar, você se junta a todos que têm uma visão fisiológica do processo político, é dessa forma que vai governar.

Não imagine que você vai ganhar uma eleição com fisiológicos e vai conseguir fazer um governo não fisiológico. Não imagine que você vai ganhar uma eleição com base no abuso do poder econômico e que depois esse mesmo abuso do poder econômico não vai aparecer no momentofaz o bet aí contatogovernar. É fundamental ganhar, mas com base num programa, com basefaz o bet aí contatoalianças programáticas.

Não sou daqueles que acham que não se deve fazer alianças. E também não acho que só existem pessoas boas no meu partido. Existemfaz o bet aí contatotodos os partidos. O problema é que eles ficam no bancofaz o bet aí contatoreservas. Tem gente boa no PT, no PMDB, no PSDB,faz o bet aí contatotodos os lugares. E essas pessoas precisam vir à cena política e talvez este seja o momento para que aqueles que não traíram os ideais do seu partido, possam ajudar a melhorar a qualidade da política, possam inclusive contribuir para que seus partidos reconheçam seus erros e se reinventem.

Não há como ter uma boa árvore se o ecossistema estiver doente. É preciso mudar o ecossistema político brasileiro. A Rede pretende ser uma força política que quer contribuir com essa mudança. Por isso, defendemos as candidaturas independentes, para que as pessoas possam dispor do processo político, criar uma concorrência idônea com os partidos e a gente ter novos quadros na política. Quadros que virão com basefaz o bet aí contatoum programa, quadros que virão com uma plataforma registrada na Justiça Eleitoral, com basefaz o bet aí contatouma históriafaz o bet aí contatovida na sociedade voltada para a saúde, educação, inovação, enfim, para os temasfaz o bet aí contatointeresse do cidadão.

faz o bet aí contato BBC Brasil - Um passo já foi dado nesse sentido. A Procuradora-Geral da República deu parecer favorável à candidatura independente.

faz o bet aí contato Marina Silva - Eu acho que é um caminho a ser perseguido. Eu defendo essa ideia desde que,faz o bet aí contato1996, conheci as candidaturas cívicas na Itália. Depois conheci os jovens que foram eleitos no Chile pelas listas independentes, e outras experiências. Acho que para o Brasil isso vai fazer muito bem, para quebrar o monopólio dos partidos sobre a política, e para fazer com que eles também estejam mais atentosfaz o bet aí contatorelação à qualidadefaz o bet aí contatoseus quadros,faz o bet aí contatorelação à renovação política e à inovação política, buscando uma nova linguagem.

Eu digo que está surgindo um novo sujeito político. Existe um outro ativismo que não é mais o ativismo que conhecemos, do passado, dirigido pelo partido, pelo sindicato, pelo líder carismático. É o ativismo das pessoas, o que chamofaz o bet aí contatoativismo autoral. É preciso criar instituições políticas atualizadas, para poderem ter uma relação, alguma conectividade com esse novo ativismo, com esse novo sujeito político.

Marina Silvafaz o bet aí contatoentrevista à BBC
Legenda da foto, Marina Silva diz que ela e a Rede defendem candidaturas independentes

faz o bet aí contato BBC Brasil - Mudando um poucofaz o bet aí contatoassunto, a senhora já se manifestou favorável a uma reforma da Previdência, e que se ainda fosse senadora votaria a favor, mas mudaria os pontos "esdrúxulos". Que pontos seriam esses?

faz o bet aí contato Marina Silva - O Brasil precisafaz o bet aí contatoreformas, tanto é que a Dilma fez reformas, o Lula fez reforma da Previdência, o Fernando Henrique fez reforma da Previdência, e o Temer está tentando fazer. O problema é que a reforma dele padecefaz o bet aí contatovários problemas, como por exemplo, está sendo feita por um governo que não tem credibilidade, não tem legitimidade, e usa as reformas para tentar se sustentar no poder, ouvindo apenas um lado, que é o lado do empregador, negligenciando o lado dos trabalhadores.

Um outro problema é que a reforma que ele apresentou, sem debate com a sociedade, tem questões que são completamente inaceitáveis, como, por exemplo, uma pessoa ter que trabalhar 49 anos ininterruptos para poder fazer jus afaz o bet aí contatoaposentadoria integral. Isso por si só já contaminou todo o debate da reforma.

Eu acho que o Brasil tem que ter reformas, não esta que está sendo feita. Reformas que sejam pactuadas com a sociedade para que tenham legitimidade na horafaz o bet aí contatosua implementação. Esse aspecto do tempofaz o bet aí contatoserviço demonstra o desprezo que se tem pelo debate e pelas conquistas históricas dos trabalhadores.

faz o bet aí contato BBC Brasil - A reforma da Previdência é apontada como necessária para o equilíbrio das contas públicas, a senhora já alertou várias vezes para a necessidadefaz o bet aí contatose cobrir o deficit público. Uma outra fontefaz o bet aí contatorecursos seriam as privatizações. A senhora é contra ou a favorfaz o bet aí contatose privatizar faz o bet aí contato ? E faz o bet aí contato por que o tema privatização virou um grande tabu no Brasil?

faz o bet aí contato Marina Silva - Eu acho que esse tabu quem acaba criando são os partidos da polarização. Durante suas campanhas, esses partidos trabalham com rótulos ao invésfaz o bet aí contatoapresentar um programa. Um diz que o outro é Estado demais, e o outro diz que aquele é Estadofaz o bet aí contatomenos. Em lugarfaz o bet aí contatopensar o que é melhor para os trabalhadores, para os empresários, para os homens, mulheres, crianças e idosos.

Não gosto desse debate entre Estado máximo e Estado mínimo. Temos que ter o Estado necessário. Eu defendo inclusive a ideiafaz o bet aí contatoque seja um Estado mobilizador. Porque o Estado provedor, que faz tudo e ainda faz o resto, é um tipo que não deixa espaço para o empreendendorismo, para a inovação. Ele quer ser o donofaz o bet aí contatotudo. Mas (a resposta) também não é um Estado que acha que basta a regulamentação, que vai resolver pela dinâmica do mercado. O Estado tem um papelfaz o bet aí contatorelação à preservação dos direitos,faz o bet aí contatoassegurar direitos.

Num país como o nosso,faz o bet aí contatoque a educação é estratégica para o desenvolvimento, ela é uma obrigação do Estado. Num país como o nosso,faz o bet aí contatoque as pessoas não têm acesso à saúdefaz o bet aí contatoqualidade, o Estado é fundamental para prover saúdefaz o bet aí contatoqualidade. Eu acredito num Estado que é capazfaz o bet aí contatomobilizar as melhores forças da sociedade civil, iniciativa privada, da academia, enfim,faz o bet aí contatotodos os setores, principalmente daqueles que fazem o processo produtivo. Claro que no Brasil há espaço para empreendedorismo, e isso deve ser estimulado, mas não significa que deva acontecerfaz o bet aí contatoprejuízo das funções estratégicas e necessárias do Estadofaz o bet aí contatotemas que nos são muito caros.

faz o bet aí contato BBC Brasil - A Petrobras é um bom exemplofaz o bet aí contatouma empresa controlada pelo governo e que acabou capturada politicamente, usada, atravésfaz o bet aí contatosuperfaturamento para financiamentofaz o bet aí contatocampanhas e pagamentosfaz o bet aí contatopropina e suborno. A senhora acredita que se a Petrobras fosse uma empresa privada a Lava Jato não existiria?

Fachada da Petrobras
Legenda da foto, Marina Silva diz que, se eleita presidente, não privatizaria a Petrobras

faz o bet aí contato Marina Silva - Em primeiro lugar, os problemasfaz o bet aí contatocorrupção não são apenas da Petrobras. Existem também na Eletrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica, nos fundosfaz o bet aí contatopensão,faz o bet aí contatovários setores,faz o bet aí contatoBelo Monte. É um problema sistêmico, quase generalizado. Portanto, o problema não é a forma da composição da Petrobras.

A Petrobras já é um processo misto, mas o Estado tem o controle acionário. Esse não é o problema. O problema é da faltafaz o bet aí contatocompetência,faz o bet aí contatohonestidade,faz o bet aí contatoética pública. Não se pode querer resolver problemas estruturais com manobras para se deslocar o assunto para um outro terreno. Se a Petrobras fosse privatizada não resolveria o problema.

O que resolveria é ter gestores honestos, políticos que não nomeiem diretores para desviar recursos da empresa para os seus partidos, para suas campanhas, para enriquecimento ilícito. É engraçado que as pessoas que fazem esse debate,faz o bet aí contatomorrerfaz o bet aí contatoamores pela Petrobras, foram exatamente aquelas que levaram a empresa para essa situaçãofaz o bet aí contatopenúriafaz o bet aí contatoque está hoje com esta corrupção.

faz o bet aí contato BBC Brasil - A senhora privatizaria a Petrobras se fosse presidente?

faz o bet aí contato Marina Silva - Não. Acho que a forma como ela está instituída é uma forma que, numa gestão pública, correta, republicana, dá certo.

faz o bet aí contato BBC Brasil - Para terminar, queria tocar no assunto ambiental. É possível compatibilizar crescimento e desenvolvimento sustentável? O Brasil é um grande exportador agrícola, tem uma indústriafaz o bet aí contatoporte razoável e muita pressão por subsídios. Como compatibilizar interessesfaz o bet aí contatoruralistas, industriais e ambientalistas?

faz o bet aí contato Marina Silva - Não acho que é uma questãofaz o bet aí contatocompatibilizar, é uma questãofaz o bet aí contatointegrar. Não tem como ter desenvolvimento com destruição das bases naturais. Só somos uma potência agrícola porque somos uma potênciafaz o bet aí contatorecursos hídricos. Se destruirmos as florestas, vamos destruir o regimefaz o bet aí contatochuvas. Sem chuvas, sem água, não tem como ter agricultura, indústria, desenvolvimento. A nova economia já não faz essa separação entre economia e ecologia. Isso é um pensamento do século 19 que perdurou há até bem pouco tempo.

Marina Silva
Legenda da foto, Perdeu a chancefaz o bet aí contatoocupar um vácuofaz o bet aí contatopoder? "É muito cedo para dizer o que se perdeu e o que se ganhou"

O mundo inteiro está numa corrida para ver como viabilizar as metas do desenvolvimento sustentável; 195 países assinaram esse acordofaz o bet aí contatocomo vamos implementar essas metas na política agrícola, energética, industrial,faz o bet aí contatotodos os setores. Quem está andando na contramão da história é quem quer manter a velha economia. Essa economia não é mais sustentável, porque logo logo vão precificar o carbono.

As economiasfaz o bet aí contatocarbono intensivo vão pagar um preço muito alto por não terem feito o deverfaz o bet aí contatocasa e o Brasil pode resolver isso da forma mais adequada, porque já temos uma matriz energética limpafaz o bet aí contato45%, somos um país com uma base tecnológica razoável. Temos uma basefaz o bet aí contatoconhecimento agrícola dentro da Embrapa que permite duplicar a produção sem precisar derrubar mais uma árvore. É só uma questãofaz o bet aí contatovisão,faz o bet aí contatoestratégia correta,faz o bet aí contatocolocar os investimentos da forma certa para o Brasil do século 21.

faz o bet aí contato BBC Brasil - Existe um debate nas redes sociais com muitos dizendo que evangélicos têm um planofaz o bet aí contatotomar poder. De onde veio essa ideia? Ela tem pertinência?

faz o bet aí contato Marina Silva - Primeiro há um desconhecimento da contribuição dos protestantesfaz o bet aí contatorelação à criação do Estado laico. A reforma protestante deu uma grande contribuição para que tivesse a separação entre igreja e Estado. Portanto, esse debate não deve nem precisa ignorar esse fato. Eu defendo o Estado laico, ele é bom para quem crê e para quem não crê, é bom para todos. É fundamental que numa democracia as pessoas tenham direitofaz o bet aí contatose expressar livremente.

faz o bet aí contato BBC Brasil - Então isso não existe?

faz o bet aí contato Marina Silva - É um debate que está colocado, mas o fundamental é defendermos o Estado laico e recuperar suas origens.

faz o bet aí contato BBC Brasil - Queria muito saber se a senhora vai ser candidata. Quando podemos ter uma definição?

faz o bet aí contato Marina Silva - Logo.

faz o bet aí contato BBC BRASIL - Logo esse ano, ano que vem...

faz o bet aí contato Marina Silva - Logo, logo.