Por que a Unicamp tomou da USP o 1º lugarrankingmelhores universidades da América Latina:

Vista aérea do campus da UnicampBarão Geraldo

Crédito, Perri | Unicamp

Legenda da foto, No último ano, pesquisas da Unicamp foram mais citadas internacionalmente e instituição teve mais rendaparcerias com indústrias

A UniversidadeCampinas (Unicamp) ultrapassou a UniversidadeSão Paulo (USP) e agora está no topo do rankingmelhores universidades da América Latina da revista britânica Times Higher Education (THE), uma das principais publicações dedicadas ao ensino superior no mundo.

A instituição, que apareciasegundo lugar no ranking do ano passado, conseguiu, ao longo do último ano, melhores resultados do que a USPdois dos principais critérios para a avaliação - a influência e a colaboração com o mercado.

Além destes dois critérios, são avaliados ainda ensino, pesquisa e perfil internacional.

"A USP lidera na qualidadeseu ambientepesquisa, mas Campinas a superaquantidadecitaçõesoutros trabalhos internacionais etransferênciaconhecimento para a indústria", disse Phil Baty, editor do ranking.

"Uma delas é a maior e mais estabelecida das duas instituições, e a outra é menor e mais conhecida como especializadapesquisa médica e científica. Essas duas qualidades diferentes representam tanto a diversidade quanto a excelência do setorensino superior no Brasil."

Além da Unicamp, a USP, a Unifesp, a UFRJ e a Puc-Rio estão entre as 10 primeiras da lista, juntamente com duas universidades chilenas, duas mexicanas e uma colombiana. No total, 32 instituições brasileiras aparecem no ranking, que tem, ao todo, 81 universidadesoito países.

O país que mais ameaça a liderança brasileira é o Chile, que tem 15 universidades entre as 50 melhores do ranking - 11 a mais que2016.

Fugacérebros

Apesarainda ser o país latino-americano com mais representantes no ranking, o Brasil perdeu espaço na lista, segundo Baty. Atualmente, só 18 universidades brasileiras estão entre as 50 melhores -2016, eram 23.

"De um modo geral, 20 universidades brasileiras caíramsuas posições. Muitas delas melhoraram seu resultado geral, mas perderam terreno por causa do aumento da competição emelhorias rápidasoutros países."

"O Brasil gasta maispesquisa e desenvolvimento do que outros países na região, mas seu investimento é baixo para os padrões mundiais. Apesar dos níveisprodutividadepesquisa serem muito altos, a proporção que o país gasta especificamenteensino superior é mais baixa do que aArgentina, Chile, Colômbia, México e Uruguai. Os salários dos pesquisadores também são muito baixos para os padrões mundiais e estão entre os menores na região", afirma.

Pesquisadora da USP

Crédito, Rovena Rosa | ABr

Legenda da foto, Pesquisadores brasileiros têm produtividade alta, mas salários baixos para os padrões mundiais, segundo levantamento

A Universidade Estadual do RioJaneiro (UERJ), que desde 2015 enfrenta umasuas piores crises financeiras, caiu quatro posições no ranking da THE entre 2016 e 2017, e agora aparece24º lugar.

A Federal do Rio, que ocupava a 5ª posição no ano passado, caiu para a 8ª, ficando atrásinstituições da Colômbia e do México, que subiram, e da FederalSão Paulo (Unifesp), que entrou na lista pela primeira fez.

Nos últimos anos, a queda do investimento do governo federalpesquisa científica foi alvoprotestos por partepesquisadores, causou a paralisaçãograndes projetos e estimulou a idaprofissionais para outros países.

De acordo com o levantamento, a fugacérebros é um problematoda a região, alimentado, segundo Baty, por "baixos salários, pouco investimentociência, excessoburocracia e políticaspesquisa pouco definidas".

Bandeira do Brasillivro

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Brasil domina ranking latinouniversidades, mas não é considerado um dos países que serão 'estrelas do futuro' no ensino superior

Reputação

O ranking da revista Times Higher Education compara universidades nas suas principais missões: ensino, pesquisa, transferênciaconhecimento e perspectiva internacional. O pesocada item, no entanto, é diferente para a América Latina do que para outras regiões, para "refletir as característicasuniversidadeseconomias emergentes".

Não participam do ranking universidades que não possuem cursosgraduação, que não tiverem publicado pelo menos 200 trabalhospesquisa entre 2011 e 2015 ou se 80% ou maissua atividade se concentrarapenas uma das missões consideradas pelo levantamento.

O ranking latino-americano foi publicado pela primeira vez2016 e os rankings mundiais começaram a ser divulgados anualmente2010.

No atual ranking mundial, as universidades brasileiras começam a aparecer apenas após a posição 251.

Confira o ranking completo aqui.