O que são as secas-relâmpago e como cientistas querem prevê-las :m pixbet
Para se ter uma dimensão do agravamento,m pixbetjunho do ano passado, o númerom pixbetcidadesm pixbetsituaçãom pixbetseca severa era 44.
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A previsão para o mêsm pixbetagosto é que este cenário piore ainda mais, especialmente no Amazonas, Acre, Mato Grosso, Pará, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e São Paulo.
No Brasil, as secas são registradas oficialmente desde o fim do século 19. Mas desde o início do século 21, um novo fenômeno relacionado à estiagem vem sendo estudado no mundo: as secas-relâmpago.
"O termo foi definido por um grupo de pesquisadores americanosm pixbet2002", explica o pesquisador brasileiro Humberto Barbosa.
"E desde então, há vários estudos publicados, todos relacionando esse conceito às mudanças climáticas."
Barbosa explica que, enquanto a seca normalmente é "silenciosa", causando efeitos que não são visíveis logo no seu início, a seca-relâmpago é, como seu nome diz, mais rápida.
“A seca-relâmpago ocorre a partirm pixbetuma conjunçãom pixbetfatores que inclui a reduçãom pixbetchuva, o aumento da temperatura acima da média, baixa umidade do solo e alta demanda evaporativa [quando mais água evapora da superfície e transpira das plantas, esgotando a umidade do solo rapidamente]”, explica o pesquisador.
Por ser repentina e causar grande estrago, o desafio é prever esse fenômeno para tentar mitigá-lo. E é nisso que Barbosa vem trabalhando, por meiom pixbetum sistema de inteligência artificial.
O projeto-piloto, que teve início há dois anos, foi desenvolvido tendo como foco o semiárido brasileiro, localizado na região Nordeste, e que historicamente sofre com a escassez hídrica. Mas a ideia é expandir as previsões para todo o território nacional.
Os dados já coletados apontam para secas-relâmpago mais extremas nas próximas décadas na bacia do rio São Francisco,m pixbetrazão do aquecimento global.
A região abrange municípios dos Estadosm pixbetMinas Gerais, Goiás, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, além do Distrito Federal.
A pesquisa foi desenvolvida no Laboratóriom pixbetAnálise e Processamentom pixbetImagensm pixbetSatélites (Lapis) da Universidade Federalm pixbetAlagoas (Ufal), onde Barbosa é professor.
Para entender a dinâmica do fenômeno, alguns parâmetros são analisados, como temperatura, transpiração do solo e das plantas, cobertura vegetal e umidade do solo.
Barbosam pixbetpixbetequipe abastecem a inteligência artificial com essas informações para treiná-la. A ideia é que, futuramente, seja possível prever uma seca-relâmpago, usando essa previsãom pixbetalerta.
Barbosa acredita que, sabendom pixbetantemão, será possível, por exemplo, preparar o solo para a estiagem.
O pesquisador alerta, no entanto, que as secas-relâmpago estão atreladas às mudanças climáticas. Isso significa que o fenômeno deve ser cada vez mais comum.
O cenário desenhado pelo Cemaden para o mêsm pixbetagosto, com o agravamento da estiagemm pixbetespecial nas regiões Sudeste e Centro-oeste, é semelhante ao previsto por Humberto Barbosa.
“A situação é muito crítica para o Sudeste e Centro-Oeste nos próximos meses”, afirma ele.
“Neste momento, há 70%m pixbetchancesm pixbettermos a massam pixbetar seco atuando aindam pixbetsetembro e partem pixbetoutubro sobre a região. Será um ano crítico”.
Ele acrescenta que, inclusive, os fatores são favoráveis para tempestadesm pixbetareia na região. “E podem ser muito mais intensas do que as anteriores”, diz.
Já no Norte do país, no Estado do Amazonas, foi declarado estadom pixbetemergênciam pixbet20 cidades no mês passado devido à seca.
Barbosa explica que as secas repentinas estão inclusive favorecendo o aumento nos focosm pixbetincêndio na Amazônia.
Seca é um processo
Mas, para Gilvan Sampaio, coordenador-geralm pixbetciências da Terra do Instituto Nacionalm pixbetPesquisas Espaciais (Inpe), o que vem acontecendo, tanto na região Sudeste do país, quanto no Amazonas, não tem relação com secas-relâmpagos, fenômeno que ele refuta.
“A seca é um processo que leva meses, por isso eu não considero esse fenômeno das secas-relâmpago como existentes”, diz Sampaio.
De acordo com ele, a estiagem que castiga o Amazonas pelo segundo ano consecutivo é consequência do aquecimento das águas do Atlântico Tropical Norte.
“Quando a temperatura da água fica mais aquecida, o ar sobe, e, quando desce, desce mais quente também, impedindo a formaçãom pixbetchuva”, afirma Sampaio.
“Isso não tem relação com o El Niño, fenômeno que terminoum pixbetjunho e causa um aumentom pixbettemperatura nas águas do Pacífico. O Atlântico Tropical Norte está aquecido há dois anosm pixbetdecorrência do aquecimento global.”
Por outro lado, a seca no Sudeste e no Centro-Oeste é uma característica da estação que estamos vivendo, o inverno,m pixbetacordo com ele.
“Não há nenhuma novidade aí. Exceto por uma sensaçãom pixbetque o clima está mais seco, que é devido à temperatura que está mais alta, isso sim, associado ao El Niño”, diz Sampaio.
De acordo com o pesquisador, o aumento das temperaturas acaba bloqueando as frentes frias, que não conseguem chegar nas regiões m pixbet e, consequentemente, a chuva não cai.
“Foi um bloqueio atmosférico, inclusive, que fez com que as chuvas ficassem presas sobre o Rio Grande do Sulm pixbetabril e maio”, explica.
Seguindo o brilho
Embora as secas-relâmpago não seja um consenso entre os pesquisadores, o fenômeno é reconhecido pela Nasa, a agência espacial americana.
Inclusive, a agência publicou um estudo recente mostrando que era possível detectar seus sinais até três meses antes do início.
Os cientistas descobriram que a chave para isso está no brilho das plantas, imperceptível a olho nu, mas detectados por satélites.
A explicação giram pixbettornom pixbetum processo químico. Durante a fotossíntese, quando a planta capta a luz solar para transformá-lam pixbetenergia,m pixbetclorofila acaba vazando alguns fótons não utilizados.
Trata-sem pixbetum brilho fraco, chamado tecnicamentem pixbetfluorescência induzida pela energia solar.
Quanto mais forte for a fluorescência, mais dióxidom pixbetcarbono uma planta retira da atmosfera para impulsionar seu crescimento.
Esse brilho não é visto a olho nu. No entanto, é detectado por alguns instrumentos a bordom pixbetsatélites. É justamente aí que as previsões das secas-relâmpago começam.
Isso porque, os pesquisadores fizeram uma comparaçãom pixbetanosm pixbetdadosm pixbetcaptação dessa fluorescência com um inventáriom pixbetsecas-relâmpago que atingiram os Estados Unidos entre 2015 e 2020.
O que os pesquisadores descobriram foi que, nas semanas e meses que antecederam uma seca-relâmpago, as plantas emitiram uma fluorescência muito mais forte. Esse sinal era reduzido à medida que o solo ficava mais seco.
Os pesquisadores compararam anosm pixbetdadosm pixbetfluorescência com um inventáriom pixbetsecas repentinas que atingiram os Estados Unidos entre maio e julhom pixbet2015 a 2020 e encontraram um efeito dominó.
Nas semanas e meses que antecederam uma seca-relâmpago, a vegetação inicialmente prosperou à medida que o clima foi ficando mais quente e seco.
De acordo com o estudo, as plantas florescentes emitiram um sinalm pixbetfluorescência "extraordinariamente forte" para a época do ano, o que, para os pesquisadores, foi um sinalm pixbetque a seca-relâmpago estava por vir.
A pesquisam pixbetBarbosa também tem ligação com a Nasa, já que a agência mantevem pixbetbolsam pixbetdoutorado pela universidade do Arizona, nos Estados Unidos.
Para o pesquisador, criar um sistema capazm pixbetprever o fenômeno com alguma antecipação é uma das chaves para o enfrentamento das consequências das mudanças climáticas.
“Mesmo que a gente consiga fazer uma boa redução das emissõesm pixbetgás carbônico, há um resíduom pixbetemissões que vai manter essas secas pelos próximos anos e décadas”, diz o pesquisador brasileiro.
“As pessoas ainda não têm uma dimensão do impacto das mudanças climáticas na formação dessas secas-relâmpago."