A alternativa ao açaí que pode ajudar a preservar a Mata Atlântica:bujtas poker

O impacto ambiental não termina aí. Como a juçara é uma importante fontebujtas pokeralimento para os animais que vivem na floresta, áreas sem a árvore perdem também a diversidadebujtas pokersua fauna.

Por isso, abujtas pokerpreservação se tornou uma prioridade entre os defensores da Mata Atlântica. E uma alternativa pode estar ganhando força.

Morador do Vale do Ribeira, Gilberto Ota é um dos ativistasbujtas pokerdefesa da juçara.

O Ota ébujtas pokerorigem materna, e Gilberto conta que seu pai era caiçara da foz do Rio Ribeirabujtas pokerIguape. A decisãobujtas pokerse considerar palmiteiro é mais política.

"Ao reivindicar a profissãobujtas pokerpalmiteiro, estamos dizendo que as gerações anteriores das famílias que hoje vivem da juçara não erambujtas pokercriminosos", diz ele.

"Eram pessoas que trabalhavam com o cultivo da palmeirabujtas pokeruma forma diferente da que fazemos hoje."

Quem visita a casabujtas pokerGilberto no Guapiruvu, bairro próximo a acessobujtas pokerparques estaduais,bujtas pokerSete Barras, logo percebe a relação dele com as palmeiras, seja pelo suco servido ou pelas plantações no entorno.

A conversa vaibujtas pokertemasbujtas pokeragroecologia, vida comunitáriabujtas pokertorno da associação que dirige e as possibilidades econômicas da juçara — mais especificamente, do fruto dela.

O anfitrião só mostra alguma irritação quando é citado o "açaíbujtas pokerjuçara". "A gente planta aqui a juçara, açaí é outra palmeira, lá da Amazônia", explica.

A confusão tembujtas pokerrazãobujtas pokerser. No Sul e Sudeste do Brasil, o açaí é consumido na formabujtas pokerum sorbet, um creme doce e gelado, muito diferente da forma tradicionalbujtas pokerconsumo na Amazônia,bujtas pokerque ele faz partebujtas pokerpratos salgados.

O creme se tornou tão popular no eixo Rio-São Paulo que açaí se tornou sinônimo da maneira como ele é preparado.

A juçara pode substituir o açaí nesta formabujtas pokeralimento com a vantagembujtas pokerser colhido mais perto do mercado consumidor.

São Paulo, Riobujtas pokerJaneiro, Paraná, Espírito Santo e Minas Gerais são os maiores produtores do fruto da Mata Atlântica.

Ao entrar neste mercado, a juçara não compete com o açaí, pelo menos na opinião da pesquisadora Virgínia da Matta, da Empresa Brasileirabujtas pokerPesquisa Agropecuária (Embrapa).

"Na minha visão, os dois se apoiam, porque há mercado para a expansão da produçãobujtas pokerambos", afirma.

Para ela, além do crescimento do mercado nacional, existe uma crescente procura no exterior, onde existe um conhecimento cada vez maior do fruto ebujtas pokerseus benefícios.

Apesarbujtas pokerter uma cadeia mais estruturada, que não depende apenas do extrativismo, a produçãobujtas pokeraçaí ainda é menor do que a demanda.

A junção dos nomes dos dois frutos está na marca da Juçaí, empresa que produz o sorbetbujtas pokerjussara, um projeto que foi desenvolvidobujtas pokerparceria com a Embrapa.

Modelo 'que dá certo'

Segundo o presidente da empresa, Roberto Haag, o projeto foi desenvolvido como uma formabujtas pokerincentivar uma alternativabujtas pokerexploração comercial que mantivesse a palmeirabujtas pokerpé.

Ele destaca que o produto ainda tem como vantagembujtas pokerrelação ao açaí uma maior quantidadebujtas pokercálcio ebujtas pokerantioxidantes.

A empresa começou a atuar no Riobujtas pokerJaneiro, e, hoje, mais da metadebujtas pokersuas vendas é no Estadobujtas pokerSão Paulo.

A Juçaí também contou com uma parceria com a Universidade Federalbujtas pokerSão Carlos (UFscar) para o mapeamento da ocorrência da juçara pelo Brasil e para desenvolver uma capacidade logísticabujtas pokerprodução, armazenamento, produção e distribuição.

As primeiras parcerias foram com fornecedores do Riobujtas pokerJaneiro e depois expandiram para o Espírito Santo e o Vale do Ribeira, regiãobujtas pokermaior concentração da árvore no país.

"A gente vê que o modelo dá certo hoje para o produtor que trabalha a coleta da juçara junto com outras atividades agrícolas, como a produçãobujtas pokercacau e café", comenta.

O Instituto Auá, dono da marca Empório Mata Atlântica, vende o sorbet com um nome sem concessões: cremebujtas pokerjuçara.

Como o nome comercial indica, a especialidade deles são os frutos da floresta costeira, como a uvaia, araçá, grumixama e jerivá.

"A gente começou este trabalho a partir da rota do cambuci, nosso produto com a cadeiabujtas pokerprodução mais estruturada até o momento", diz Gabriel Menezes, presidente do instituto.

O cambuci é usadobujtas pokerbebidas, sorvetes e massas, por exemplo.

Uma das características do projeto é trabalhar apenas com extração a partir do plantio e não com a coleta dos frutos.

"A gente costuma dizer que os frutos que estão na floresta são para alimentar os animais", afirma.

A maioria dos parceiros são pequenos produtores,bujtas pokeragricultura familiar, que se dedicam também a outros cultivos.

"Hoje é difícil alguém sobreviver exclusivamente dessa produção", admite.

No caso da juçara, uma alternativa importante para tornar a produção sustentável é a parceria com o projeto Pró-Juçara da Fundação Florestalbujtas pokerSão Paulo.

É uma formabujtas pokerusar, além da polpa, as sementes da palmeira. O objetivo da fundação é utilizar as sementes para reflorestamento dos parques com a espécie nativa.

A aquisição é feitabujtas pokerprodutores vizinhos aos parques, para manter as características locais das plantas. Depois, as sementes são jogadas por helicópteros ou drones.

O projeto existe desde 2019 e,bujtas poker2021, lançou 31 toneladasbujtas pokersementesbujtas poker620 hectaresbujtas poker11 unidadesbujtas pokerconservação paulistas.

'Arroz e feijão da floresta'

A juçara é importante para a preservação da fauna das áreasbujtas pokerpreservação e costuma ser chamadabujtas poker"mãe da floresta" ou "arroz e feijão da floresta" por servirbujtas pokeralimento para diversos animais da mata.

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) também estão usando as sementesbujtas pokerjuçara para regenerar áreas devastadas dentro das reservas legaisbujtas pokeracampamentos e assentamentos, alémbujtas pokertambém iniciar uma exploração comercial.

Um exemplo desta ação foibujtas pokermeadosbujtas poker2022bujtas pokerQuedas do Iguaçu, no Paraná, quando foram lançadas por dispersão aérea maisbujtas poker4 toneladasbujtas pokersementes.

Os sem-terras estão, nas duas situações, dentrobujtas pokeruma área recuperada pela União que antes era utilizada pela Araupel, empresabujtas pokerpapel e celulose.

O terrenobujtas pokermaisbujtas poker2 mil hectares era usado para o plantiobujtas pokerpinheiros e eucaliptos, e foi permitido à empresa a retirada da madeira antes da devolução da área.

Josué Rocha, um dos assentados, ficou com um lote com juçara nativas, junto das encostas.

Ele já tinha experiênciabujtas pokerunir a produção da palmeira com o cafébujtas pokeruma áreabujtas pokerque trabalhava com o pai e o irmão.

"Estamos trabalhando com extrativismo e fazendo o plantiobujtas pokersementes", conta.

Ele tem sido um dos divulgadores das vantagens da preservação e plantio destas palmeiras no local.

Eles já contam com os equipamentos para a extração da polpa e devem começar nos próximos meses a produzir o sorbet lá mesmo.

Balas, picolés e geleias são outras possibilidades que eles estão desenvolvendobujtas pokervenda. Todos produzidos dentrobujtas pokerparâmetros agroecológicos.