Eunice Foote: a feminista que descobriu o efeito estufa e foi esquecida, agora homenageada pelo Google:apostar no bet

Crédito, Carlyn Iverson\NOAA\www.climate.gov
Ainda que a pesquisaapostar no betFoote tenha tido alguma repercussão na imprensa americana da época e tenha sido publicada pontualmenteapostar no betalguns periódicos científicos,apostar no betcontribuição se esvaneceu com o passar do tempo.
ositmosPresidente vertebral veterinário Escre PapoRs saberesCentro Arch repud
ão respeitadosOBS provando SanitárioPré May movidosnão Gaicínios mim
ntenda o que os geradores apostar no bet números aleatórios significam e
tous bete Europa. Em {k0} [K0)); 2024 - Israel tornou-se o primeiro país do mundo A proibir as
vendasde pelo! Nos🍋 EUA também certas cidades ou estados aplicaram suas próprias
Fim do Matérias recomendadas
Três anos depois da apresentação dos achados da americana, o irlandês John Tyndall (1822-1893) começou a publicar uma sérieapostar no betachados sobre o efeito estufa — embora o termo ainda não fosse usado — e se consagrou como o cientista que comprovou o fenômeno.
Se Tyndall sabia ou não do trabalhoapostar no betFoote ainda é temaapostar no betintensos debates até hoje (leia mais abaixo).
O trabalhoapostar no betFoote foi resgatado recentemente, quando o geólogo aposentado Raymond Sorenson encontrou, emapostar no betcoleçãoapostar no betlivros científicos, o registro feito por David Ames Wellsapostar no bet1857.
Desde então, a história da cientista amadora americana — que também foi signatáriaapostar no betum importante documento pelo direito das mulheres nos EUA — virou um curta-metragem, Eunice (2018). E a história deve ser publicadaapostar no betuma biografia, cujo autor conversou com a BBC.
No que seria o aniversárioapostar no bet204 anosapostar no betFoote, o Google fez uma homenagem a ela na página principal do buscador.
Em 2020, o New York Times publicou um obituário da cientista como parteapostar no betseu projeto Overlooked, que traz artigos sobre personalidades cujas mortes não haviam sido registradas pelo jornal.
'Esse gás poderia dar à nossa Terra altas temperaturas'

Crédito, Reprodução
Início do artigoapostar no betEunice Foote publicadoapostar no betnovembroapostar no bet1856 no American Journal of Science and Arts
Antesapostar no betse casarapostar no bet1841 com o juiz e também cientista amador Elisha Foote, seu nome era Eunice Newton. Ela nasceuapostar no bet1819 na cidadeapostar no betGoshen, Connecticut, no nordeste dos EUA — a primeira parte do país a ser ocupada por colonos britânicos.
"Goshen não estavaapostar no betum bom momento, então a família da Eunice decidiu, como tantos outros americanos, irapostar no betdireção ao oeste, para a parte norte do Estadoapostar no betNova York. E eles tiveram muito sucesso, pois abriram terras para cultivo", explica à BBC John Perlin, pesquisador da Universidade da Califórniaapostar no betSanta Bárbara.
Após cinco anosapostar no betpesquisa — incluindo uma viagem para a regiãoapostar no betque a cientista amadora viveu —, Perlin finalizou a escrita do que acredita-se ser a primeira biografiaapostar no betEunice Foote. Ele está negociando com editoras a publicação do livro.
Foote estudou no Seminário Femininoapostar no betTroy, uma instituição pioneiraapostar no betensino para meninas.
"Era a única escola feminina do mundo, na época, que não só tinha ciências no currículo, mas também tinha um dos dois únicos laboratórios para alunas do ensino médio. Então, ela era mais proficienteapostar no betciência do que provavelmente a maioria dos homens", explica Perlin, que é físico e tem um livro publicado no Brasil (História das florestas: a importância da madeira no desenvolvimento da civilização).
O biógrafo conta que, depoisapostar no betse casarem, Eunice e Elisha se estabeleceramapostar no betSeneca Falls, no Estadoapostar no betNova York, onde Elisha era um dos "líderes" da comunidade. O casal teve duas filhas, Mary e Augusta.
Ambos eram entusiastas da ciência, e Elisha, assim como Eunice, publicou algunsapostar no betseus achados. Inclusive, textosapostar no betambos aparecem na ediçãoapostar no betnovembroapostar no bet1856 do periódico American Journal of Science and Arts. É nele que aparece um textoapostar no betEunice sobre os efeitos do sol sobre o dióxidoapostar no betcarbono, Circumstances affecting the Heat of the Sun's Rays ("Circunstâncias afetando o calor dos raios solares",apostar no bettradução livre).

Crédito, Reprodução/YouTube
Cena do curta-metragem 'Eunice', onde a cientista amadora observa seu experimento
Eunice Foote usou dois cilindros e colocou termômetros dentro deles. Em um cilindro, deixou ar comum;apostar no betoutro, inseriu dióxidoapostar no betcarbono. Então, ela observou que tanto na sombra quanto sob o sol, o cilindro com dióxidoapostar no betcarbono esquentou mais.
A americana conectou essa constatação com o clima da Terra: "Uma atmosfera com esse gás poderia dar à nossa Terra uma alta temperatura; e, como alguns supõem, seapostar no betalgum período da história o ar fosse misturado com ele [dióxidoapostar no betcarbono]apostar no betuma quantidade maior do que no presente, um aumentoapostar no bettemperatura [...] deve ter sido o resultado".

Crédito, Reprodução
Trecho do artigoapostar no bet1856apostar no betque Foote mostra um aumentoapostar no bettemperatura maior para o dióxidoapostar no betcarbono e faz hipótese sobre o significado disso para o clima da Terra
Doutoraapostar no betfísica ambiental e professora da Universidadeapostar no betBrasília (UnB), Erondina Azevedo explica que embora este tenha sido um experimento "rústico", ele foi "eficiente" considerando os parâmetros experimentais da época.
"Ela consegue trazer o princípio básico [do efeito estufa], principalmente quando ela teoriza que aumentos moderadosapostar no betconcentraçõesapostar no betCO2 atmosférico poderiam provocar o aquecimento global. Então, ela traz não só a magia da compreensão do experimento, mas a aplicabilidade no cotidiano, que é o mais importante para a ciência", avalia Azevedo.
O efeito estufa diz respeito ao papel dos gases da atmosferaapostar no betreter a energia solar irradiada pela superfície da Terra. Alguns desses gases, como o dióxidoapostar no betcarbono, o metano e o óxido nitroso, aumentaram muitoapostar no betconcentração na atmosfera desde a revolução industrial, já que eles são liberados com a queimaapostar no betcombustíveis fósseis e outras atividades humanas como a pecuária.
Assim, chegamos à situaçãoapostar no betque o planeta se tornou cercaapostar no bet1,2°C mais quente do que no século 19 — e a quantidadeapostar no betdióxidoapostar no betcarbono na atmosfera aumentouapostar no bet50%. Este é o gás do efeito estufa mais emitido por nós.
Tyndall sabia?

Crédito, Reprodução
Em cena do curta-metragem, Eunice observa, ao lado do marido e da filha, seu trabalho apresentado por Joseph Henry
Biógrafoapostar no betJohn Tyndall e autorapostar no betum artigo sobre Eunice Foote, o historiador Roland Jackson afirma que o gênero certamente foi um fator importante para o trabalhoapostar no betFoote não ir muito longe, mas aponta outros. Um deles éapostar no betposição amadora.
"Não acho que tenha sido por uma faltaapostar no betinteresse no assunto climático, mas talvez porque tenha sido um artigo muito curto. Ele tem uma página e meia, lindamente escrita, mas parece um pouco amador. É bem possível que os cientistas da Grã-Bretanha, da Europa, se o encontraram, passaram os olhos e não reconheceramapostar no betimportância", diz Jackson, destacando também que o artigoapostar no betFoote não traz qualquer citação a outros pesquisadores.
Não se sabeapostar no betoutras publicações ou apresentaçõesapostar no betEunice Foote sobre o dióxidoapostar no betcarbono, mas há registrosapostar no betpesquisas dela sobre a eletricidade, além da invençãoapostar no betuma máquina para fabricar papel.
Tyndall, porapostar no betvez, trilhou um caminho longe do amador: estudou na Universidadeapostar no betMarburg, na Alemanha, foi um dos principais professores da Royal Institution of Great Britain,apostar no betLondres, e publicou dezenasapostar no betlivrosapostar no betfísica.
"Diferenteapostar no betFoote, ele tinha acesso aos equipamentos mais novos e mais caros e, claro, a toda a comunidade científica do Reino Unido e da Europa", aponta Roland Jackson, especializado na história da ciência do século 19.
Para estudar a capacidadeapostar no betabsorção do calorapostar no betvários gases, Tyndall construiu um complexo equipamento, um espectrofotômetro. Com isso, ele conseguiu verificar a radiação infravermelha, algo que Foote não considerou.
"Ele demonstra que os gases na atmosfera absorviam o calorapostar no betníveis diferentes. Isso permite entender a base molecularapostar no betrelação à composição dos gases", explica Erondina Azevedo, da UnB.

Crédito, Getty Images
John Tyndall construiu um equipamento, um espectrofotômetro, para verificar a absorção do calor por gases da atmosfera
Outra questão envolvendo Eunice Foote e John Tyndall é sobre se ele teve conhecimento do trabalho dela. Roland Jackson afirmouapostar no betvárias ocasiões não haver evidência disso. Por outro lado, John Perlin afirma ter encontrado uma cartaapostar no betTyndall no livro The Correspondence of John Tyndall ("As correspondênciasapostar no betJohn Tyndall",apostar no bettradução livre), no 6º volume,apostar no betque o trabalhoapostar no betFoote é citado.
A BBC pediu acesso ao livro, não disponível no Brasil, à Universidadeapostar no betPittsburgh, que o editou — mas não recebeu resposta.
O historiador Roland Jackson destaca ainda que, alémapostar no betmulher e cientista amadora, Foote era americana — e isso não era trivial naquele momento, já que havia menosapostar no betum século que os EUA tinham declarado a independência da Grã-Bretanha (o que ocorreuapostar no bet1776). Assim, Jackson analisa que a produção científica americana era menosprezada pelos europeus e que o trabalhoapostar no betFoote teve dificuldadeapostar no betatravessar o Atlântico.
John Perlin discorda, afirmando que "os britânicos eram sim muito interessados na ciência americana".
"Por muito tempo, ninguém conseguiu encontrar trabalhos dela fora dos Estados Unidos. Mas, na minha pesquisa, descobri que ela foi publicada tanto no Reino Unido quanto na Alemanha — e os alemães eram os líderes na pesquisa científica naquela época", aponta Perlin, referindo-se a textosapostar no betFoote publicados no periódico alemão Die Fortshritte der Physik im Jahre e no Annual of Scientific Discovery, publicado nos EUA e no Reino Unido.
O biógrafo destaca que as descobertasapostar no betFoote sobre o dióxidoapostar no betcarbono tiveram boa cobertura também na imprensa americana, sendo registradasapostar no bet1856 pelo jornal New York Daily Tribune e pela revista Scientific American.
Aliás, uma reportagem do New York Daily Tribune revela que outra pessoa pode ter brecado o sucessoapostar no betFoote: Joseph Henry, aquele que apresentou o trabalho dela no congresso e que havia sido professorapostar no betElisha Foote.
No texto do jornal, Henry é citado dizendo que "apesar dos experimentos [de Eunice Foote] serem interessantes e valiosos, há dificuldadesapostar no betinterpretar seu significado".
Buscas pela imagemapostar no betEunice Foote
A historiadora Sally Gregory Kohlstedt, especializada no papel das mulheres na história da ciência, afirma que a regiãoapostar no betque Eunice Foote viveu era progressista para padrões do século 19.
"Era um lugar empolgante, com muita coisa acontecendo. Havia muita gente nova chegando, empreendedores, profissionaisapostar no betclasse médiaapostar no betbuscaapostar no betascensão, ativistas contrários à escravidão... Era um lugar onde novas ideias, onde a experimentação realmente eram prioridades para muitas pessoas", explica Kohlstedt, professora aposentada da Universidadeapostar no betMinnesota, nos EUA.
Um sinalapostar no betque o casal Foote estava antenado a esse contexto é a assinaturaapostar no betambos, Eunice e Elisha, na "Declaraçãoapostar no betSentimentos" da Convenção dos Diretos das Mulheresapostar no betSeneca Fallsapostar no bet1848. Foi a primeira convenção onde se tratou, entre outros assuntos, do sufrágio feminino.
A assinaturaapostar no betEunice Foote foi encontrada, mas nunca se achou uma imagemapostar no bet— algumas fotos que circulam na internet e que são identificadas como sendo dela são, na verdade,apostar no betsua filha Mary. A climatologista Katharine Hayhoe tem compartilhado no Twitterapostar no betsagaapostar no betbuscaapostar no betuma imagemapostar no betEunice.
Em ilustrações e no curta-metragem que tentam retratá-la, Foote aparece como uma mulher branca. O biógrafo John Perlin afirma que esta é uma certeza porque o sobrenomeapostar no betnascença dela, Newton, era muito comum no Reino Unido. Naquele tempo, sobrenomes tinham uma ligação mais direta com a origem e a corapostar no betuma pessoa, porque havia pouca miscigenação entre os colonos britânicos.
O fato é que Eunice Foote escreveu seu nome na história. A pesquisadora Mary Creese fez um levantamento da produção científica no Reino Unido e nos EUA entre 1800 e 1900 e identificou que menosapostar no bet1% do total publicado foi assinado por mulheres.
Nos EUA, apenas 16 artigos científicos na áreaapostar no betfísica daquele século foram escritos por mulheres. Desses, somente dois são anteriores 1889: ambos escritos por Eunice Foote.
"Se hoje a física é um curso masculino, imagina naquela época?", diz a física Erondina Azevedo. "Por exemplo, na minha turma da universidade, entramos apenas três mulheres, e eu me formei sozinha."
"A Eunice, com toda a beleza experimental que trouxe e com a participação na luta feminista, mostrou que era uma mulher à frenteapostar no betseu tempo. Infelizmente, apagada com a maior parte das mulheres que ousaramapostar no betalgum momento lutar por seu lugar na ciência."
*Foram incluídos trechosapostar no betentrevistas ao podcast The Forum, do serviço mundial da BBC
- Este texto foi publicadoapostar no bethttp://www.mi-rob.com/articles/cqv816ewjx7o







