Como se proteger da poluição do ar causada pelas queimadas:bônus de cadastro sem depósito

O médico patologista Paulo Saldiva, professor da Faculdadebônus de cadastro sem depósitoMedicina da Universidadebônus de cadastro sem depósitoSão Paulo (FMUSP) acrescenta que vale também hidratar as mucosas expostas, como os olhos, as narinas e os lábios.

"Além disso, é importante observar a urina. Se ela ficar escura, é sinalbônus de cadastro sem depósitoque o corpo está mais desidratado e o sangue começa a ficar concentrado demais", diz ele.

Esse sangue "concentrado" pode representar um perigo para pessoas que já sofrem com doenças cardiovasculares, pois aumenta o riscobônus de cadastro sem depósitoentupimentos nos vasos que irrigam o coração, o cérebro e outros órgãos vitais.

"Esse cuidado com a ingestãobônus de cadastro sem depósitolíquidos também é importante para idosos, que perdem a sensação subjetivabônus de cadastro sem depósitosede, e para bebês ou crianças pequenas, que dependembônus de cadastro sem depósitoalguém ofertar água para eles", complementa o especialista.

O ministério também sugere que as pessoas reduzam “o tempobônus de cadastro sem depósitoexposição” aos poluentes. Para isso, deve-se permanecer “dentrobônus de cadastro sem depósitocasa,bônus de cadastro sem depósitolocal ventilado, com ar condicionado ou purificadoresbônus de cadastro sem depósitoar”.

Bacias cheias d’água e panos molhados espalhados pelos cômodos podem ser alternativas mais baratas aos purificadores.

"As portas e as janelas devem permanecer fechadas durante os horários com elevadas concentraçõesbônus de cadastro sem depósitopartículas, para reduzir a penetração da poluição externa", continua a nota do ministério.

Saldiva avalia que medidas do tipo — como fechar a casa e ligar o ar condicionado — podem até ajudar, mas elas não estão disponíveis para a maior parte da população.

"As queimadas representam uma vulnerabilidade a mais justamente para aqueles que já correm um maior risco", destaca o patologista.

O ministério pede que a população evite “atividades físicasbônus de cadastro sem depósitohoráriosbônus de cadastro sem depósitoelevadas concentraçõesbônus de cadastro sem depósitopoluentes do ar, e entre 12 e 16 horas, quando as concentraçõesbônus de cadastro sem depósitoozônio [um tipobônus de cadastro sem depósitopoluente] são mais elevadas”.

Outra dica envolve cobrir nariz e boca com máscaras cirúrgicas, panos, lenços ou bandanas para reduzir a exposição às partículas grossas. Isso vale especialmente para os indivíduos que morambônus de cadastro sem depósitoregiões onde há focosbônus de cadastro sem depósitoqueimadas.

Essa medida pode amenizar o desconforto na horabônus de cadastro sem depósitorespirar — a inalação desse material pode causar uma irritação forte no nariz e na garganta (veja mais a seguir).

O governo também indica o usobônus de cadastro sem depósitomáscaras capazesbônus de cadastro sem depósitofiltrar partículas mais finas,. Os modelos são os mesmos que ficaram conhecidos durante a pandemiabônus de cadastro sem depósitocovid-19, como a N95, a PFF2 e a P100.

Atençãobônus de cadastro sem depósitodobro para gruposbônus de cadastro sem depósitomaior risco

Alguns públicos precisam ter um cuidado redobrado, pois os efeitos da poluição podem ser ainda mais graves neles.

É o casobônus de cadastro sem depósitocrianças menoresbônus de cadastro sem depósito5 anos, gestantes e indivíduos acima dos 60 anos.

Alémbônus de cadastro sem depósitotodas as medidas citadas acima, essas pessoas devem ficar atentas a qualquer sintoma — como dificuldades para respirar, mal estar, tosse, entre outros — e buscar atendimento médico o mais rápido possível.

Já os indivíduos que possuem alguma doença crônica — casobônus de cadastro sem depósitoasma, DPOC, diabetes, hipertensão, etc. — podem conversar com o médico que realiza o acompanhamento do quadro para verificar que há necessidadebônus de cadastro sem depósitofazer ajustes nas dosagens das medicaçõesbônus de cadastro sem depósitorotina.

"Muitas vezes, os poluentes que vêm das queimadas geram uma queda na ofertabônus de cadastro sem depósitooxigênio para o corpo e, com isso, representam o fatorbônus de cadastro sem depósitodesequilíbrio, o gatilho necessário para o desenvolvimentobônus de cadastro sem depósitoquadros mais graves, como um infarto agudo do miocárdio", resume o médico Antônio Carlos Palandri Chagas, ex-presidente da Sociedadebônus de cadastro sem depósitoCardiologia do Estadobônus de cadastro sem depósitoSão Paulo (Socesp).

"Portanto, se o indivíduo estiver com sintomas, como uma dor no peito, é importante buscar os serviçosbônus de cadastro sem depósitoemergência o mais rápido possível", reforça o especialista, que também é professor titular da Faculdadebônus de cadastro sem depósitoMedicina do ABC, na Grande São Paulo.

Para as enfermidades que têm medicações usadas especificamentebônus de cadastro sem depósitomomentosbônus de cadastro sem depósitocrise, como a asma, vale reforçar o estoquebônus de cadastro sem depósitodosesbônus de cadastro sem depósitocasa, discutir com o profissionalbônus de cadastro sem depósitosaúde o momento adequadobônus de cadastro sem depósitofazer o uso delas e, claro, buscar o atendimentobônus de cadastro sem depósitoemergência caso os incômodos não melhorem.

O Ministério da Saúde também recomenda que pacientes com quadros crônicos avaliem "a necessidade e a segurançabônus de cadastro sem depósitosair temporariamente da área impactada pela sazonalidade das queimadas".

Outros desdobramentos da fumaça

O médico Paulo Correa, presidente da Comissãobônus de cadastro sem depósitoTabagismo da Sociedade Brasileirabônus de cadastro sem depósitoPneumologia e Tisiologia (SBPT), lembra que, alémbônus de cadastro sem depósitorepresentar um risco à saúdebônus de cadastro sem depósitopacientes com doenças crônicas, os incêndios florestais podem gerar uma sériebônus de cadastro sem depósitooutros problemas secundários.

"Alémbônus de cadastro sem depósitotoda a destruição da biodiversidade, a fumaça gera uma redução da visibilidade, o que pode gerar problemas para o tráfegobônus de cadastro sem depósitoveículos e aumentar o riscobônus de cadastro sem depósitoacidentes", lembra o especialista, que também é professor da Universidade Federalbônus de cadastro sem depósitoOuro Preto,bônus de cadastro sem depósitoMinas Gerais.

Essa, aliás, é uma preocupação que aparece nas notas divulgadas pelo governobônus de cadastro sem depósitoSão Paulo, um dos Estados atingidos pelas queimadas mais recentes.

As autoridades paulistas pedem que a população "redobre a atenção ao dirigir" e "evite atravessar áreas com cortinasbônus de cadastro sem depósitofumaça e fogo".

"Caso seja inevitável, reduza a velocidade, mantenha os faróis baixos acesos e uma distância segura do veículo à frente", diz o texto.

Outra orientação é abônus de cadastro sem depósitoevitar "se deslocar pelas rodovias e rotas com interdições" e, "se for necessário, busque rotas alternativas seguras."

O governobônus de cadastro sem depósitoSP ainda orienta que, ao avistar um focobônus de cadastro sem depósitoincêndio ou fumaça densa, as pessoas devem sair imediatamente da área, buscar um abrigo seguro e informar o Corpobônus de cadastro sem depósitoBombeiros (no número 193) ou a Defesa Civil (192).

Os efeitos imediatos das queimadas no organismo

As queimadas geram uma sériebônus de cadastro sem depósitomoléculas que são inaladas e têm um efeito tóxico no organismo.

Algumas dessas substâncias são conhecidas genericamente como material particulado, ou MP. Dentro desse grupo, alguns desses compostos são tão pequenos que conseguem "escapar"bônus de cadastro sem depósitopraticamente todos os mecanismosbônus de cadastro sem depósitofiltragem do sistema respiratório.

Para ter ideia, alguns desses MPs têm menosbônus de cadastro sem depósito10 micrômetrosbônus de cadastro sem depósitodiâmetro. Isso signfica que um fiobônus de cadastro sem depósitocabelo chega a serbônus de cadastro sem depósito30 a 40 vezes maior do que eles.

"O nosso corpo consegue remover parte dessas substâncias. Mas quando a quantidade ultrapassa os limites, esses poluentes começam a se depositar e geram uma espéciebônus de cadastro sem depósito'tatuagem' nos pulmões, uma marca que você não consegue mais tirar", explica Saldiva.

Parte desses poluentes chega aos alvéolos, as pequenas estruturas pulmonares onde acontece a troca do gás carbônico pelo oxigênio. Com isso, eles caem na corrente sanguínea e podem se espalhar por diversos órgãos.

E os efeitos disso podem ser agudos ou crônicos.

Nos dias que sucedem as queimadas, quando a poluição atmosférica atinge o ápice, a maioria das pessoas que respiram aquele ar pode experimentar sintomas como irritação dos olhos, do nariz e da garganta.

Um estudo realizadobônus de cadastro sem depósito2019 pela Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) acompanhou uma centenabônus de cadastro sem depósitocidades amazônicas afetadas pelo fogo — e descobriu que o númerobônus de cadastro sem depósitocrianças internadas com problemas respiratórios dobrou durante a temporadabônus de cadastro sem depósitoincêndios florestais nesses lugares.

Os autores do levantamento estimam que viver num município próximo aos focosbônus de cadastro sem depósitoqueimada aumentabônus de cadastro sem depósito36% o riscobônus de cadastro sem depósitohospitalizações no público infantil.

"A inflamação causada por essas partículas pode também dificultar os mecanismosbônus de cadastro sem depósitodefesa dos pulmões. Isso abre espaço para que bactérias e vírus 'peguem carona' e causem infecções", explica Saldiva.

Essa mesma inflamação citada pelo patologista também bagunça outras partes do corpo, como o processobônus de cadastro sem depósitocoagulação do sangue — o que aumenta a sobrecarga sobre o coração.

Agora, imagina o que isso pode representar para alguém que já sofre com hipertensão, diabetes, colesterol alto, arritmias...

Ainda sobre os impactos imediatos que as queimadas trazem à saúde, Saldiva fez partebônus de cadastro sem depósitoum timebônus de cadastro sem depósitopesquisadores que avaliou o efeito específicos dos incêndios florestais nas hospitalizações por complicações do diabetes.

O trabalho, publicadobônus de cadastro sem depósitojulhobônus de cadastro sem depósito2024, revela que existe uma relação direta (e pouco conhecida) entre a poluição relacionada às queimadas com internaçõesbônus de cadastro sem depósitopacientes com diabetes.

Para o pneumologista Correa, a queda da qualidade do ar não apenas exacerba as doenças respiratórias, com o agravamentobônus de cadastro sem depósitoquadros como asma e DPOC.

"A qualidade ruim do ar restringe as atividades do lazer, as práticas esportivas, os deslocamentos para trabalho e escola. E tudo isso também traz um efeito psicolóico importante", lembra ele.

Repercussõesbônus de cadastro sem depósitolongo prazo

Os efeitos das queimadas podem se prolongar por semanas, meses ou até anos. Lembra aquela históriabônus de cadastro sem depósitoque os poluentes formam uma espéciebônus de cadastro sem depósito"tatuagem" no sistema respiratório?

"Uma parte das partículas fica no próprio pulmão e gera bronquite, enfisema e câncer. Outra vai para o cérebro, para os rins... Algumas dessas partículas conseguem atravessar a placenta durante a gestação e afetar o desenvolvimento do bebê", exemplifica o patologista.

O professor da FMUSP destaca que pesquisas publicadas nos últimos anos tentam desvendar justamente o papel da poluição atmosférica vinda das queimadas na saúde humana — há suspeitasbônus de cadastro sem depósitoque as partículas geradas nesses eventos têm uma ação diferente do que é visto com as moléculas que vêmbônus de cadastro sem depósitoautomóveis ou das fábricas, por exemplo.

Numa sériebônus de cadastro sem depósitopostagens no X (o antigo Twitter), o epidemiologista Otavio Ranzani, professor do Instituto para Saúde Globalbônus de cadastro sem depósitoBarcelona, na Espanha, destacou alguns desses trabalhos específicos sobre os incêndios florestais.

Alguns deles mostram que as queimadas resultaram num aumento expressivo nas hospitalizações e na mortalidade por problemas respiratórios, cardiovasculares e por todas as causas nas regiões mais afetadas.

Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte e outras instituições publicada no ano passado analisou dadosbônus de cadastro sem depósito2003 a 2018 e relacionou o aumentobônus de cadastro sem depósitoqueimadasbônus de cadastro sem depósitoalguns biomas brasileiros com um excessobônus de cadastro sem depósitomortes nessas regiões.

Os incêndiosbônus de cadastro sem depósitoáreasbônus de cadastro sem depósitoplantaçãobônus de cadastro sem depósitosoja na Amazônia, por exemplo, geraram um aumentobônus de cadastro sem depósito0,64 microgramas por metro cúbicobônus de cadastro sem depósitoMPs, o que gerou 3.872 mortesbônus de cadastro sem depósitoexcesso.

Algo parecido pode ser visto nas queimadasbônus de cadastro sem depósitocamposbônus de cadastro sem depósitocanabônus de cadastro sem depósitoaçúcar na Mata Atlântica, que levaram a 7.600 mortes a mais, e no Cerrado, com 1.632 óbitos extras.

Outras investigações ainda detectaram que os incêndios florestais afetam o pesobônus de cadastro sem depósitorecém-nascidos, estão relacionados com partos prematuros e podem até aumentar a frequênciabônus de cadastro sem depósitoproblemas congênitos, como o desenvolvimentobônus de cadastro sem depósitofenda lábio-palatina ebônus de cadastro sem depósitoproblemas neurológicos.

Ainda entre crianças, há estudos que encontraram uma relação entre os poluentes que vêm do fogo com absenteísmo e baixo desempenho escolar.

No geral, a poluição atmosférica que vembônus de cadastro sem depósitotodas as fontes (incêndios, escapamentobônus de cadastro sem depósitocarros, indústria, queimabônus de cadastro sem depósitolenha, entre outros), provocou maisbônus de cadastro sem depósito8 milhõesbônus de cadastro sem depósitomortesbônus de cadastro sem depósito2021.

O dado, que vembônus de cadastro sem depósitoum relatório feito por instituições como Unicef e Institutobônus de cadastro sem depósitoMétricasbônus de cadastro sem depósitoSaúde da Universidade Washington, nos EUA, ainda revela que a poluição do ar é o segundo principal fatorbônus de cadastro sem depósitorisco para óbitos, atrás apenas da hipertensão.

No Brasil, estima-se que 49 mil pessoas morram todos os anos por causa da poluição atmosférica, de acordo com o Centrobônus de cadastro sem depósitoConsenso Copenhague, uma organização americana que faz análises sobre políticas públicas.

Por fim, Saldiva destaca que as queimadas causam problemasbônus de cadastro sem depósitosaúdebônus de cadastro sem depósitovárias partes do mundo há alguns séculos.

"Temos registrosbônus de cadastro sem depósitoincêndios florestais pelo menos desde a era colonial na América Latina, a partir do século 16. Só que os incêndios nunca chegaram a áreasbônus de cadastro sem depósitogrande visibilidade", diz ele.

"Nos últimos anos, eles passaram a afetar com maior frequência a Califórnia, nos Estados Unidos, e partes da Europa. No Brasil, vemos que eles começam a acontecer agora na região Sudeste."

"E se há algobônus de cadastro sem depósitobom numa história terrível como essa,bônus de cadastro sem depósitoque há destruiçãobônus de cadastro sem depósitobioma, adoecimento e mortes, é o aprendizado. Infelizmente, só melhoramos diantebônus de cadastro sem depósitouma crise,bônus de cadastro sem depósitoum susto, e tomara que a situação atual possa modificar as políticas públicas no futuro", conclui ele.