'Há uma epidemiacasas de betsolidão porque não nos atrevemos a passar tempo com os outros sem fazer nada':casas de bet

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De acordo com uma pesquisa da seguradoracasas de betsaúde Cigna publicadacasas de bet2020, trêscasas de betcada cinco americanos 'estão sozinhos'
O mesmo documento partilhado pelo médico aponta que,casas de bet2003 a 2020, o isolamento social médio entre os cidadãos cresceucasas de bet142 horas mensais para 166, o que representa um aumentocasas de bet24 horas na média.
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Os mais afetados por esta tendência são os jovens, cujo tempo com os amigos foi reduzidocasas de bet70% nas últimas duas décadas.
Já a seguradora Cigna, num levantamento independente publicadocasas de bet2020, indica que trêscasas de betcada cinco americanos "estão sozinhos".
O problema não diz respeito apenas aos EUA. Outras regiões do mundo, como a América Latina, também são afetadas pela solidão. Uma pesquisa realizada pela consultoria Ipsoscasas de bet2020,casas de betque a empresa escolheu aleatoriamente cinco países latino-americanos nos quais entrevistou maiscasas de bet15 mil pessoas, revelou que, no Brasil, 36% dos entrevistados disseram se sentir sozinhos. No Peru, a taxa ficoucasas de bet32%.
Na sequência do ranking, aparecem Chile (30%), México (25%) e Argentina (25%).
A situação, que pode ser arrasadora, está associada a um "risco aumentadocasas de betdoenças cardiovasculares, demência, acidente vascular cerebral (AVC), depressão, ansiedade e morte prematura", afirmou Murthy.
Embora os especialistas afirmem que a pandemiacasas de betcovid-19 teve um enorme impacto no sentimentocasas de betsolidão, devido ao isolamento social, o fenômeno começou muito antes e está relacionado ao desenvolvimento da tecnologia. Essa é a visãocasas de betSheila Liming, professora do Champlain College,casas de betVermont, Estados Unidos.

Sheila Liming, professora no Champlain College,casas de betVermont.
Liming é especialistacasas de betestudos culturais e, com basecasas de betsuas próprias experiências com a solidão, escreveu o livro Hanging Out: The Radical Power of Killing Time ("Sair Para Se Divertir: O Poder Radicalcasas de betPassar o Tempo",casas de bettradução livre), ensaio no qual teoriza que uma das causas desta crise nos EUA é a "incapacidadecasas de betsair para se divertir oucasas de betse encontrar com outras pessoas" — ou hanging out,casas de betinglês.
Ao longo da entrevista, essa atitude será descrita pelo verbo "sair".
As pesquisas que fez sobre o tema, somada às experiências como professora há maiscasas de bet10 anos e uma carreira que exigiu viagens e um contato constante com dezenascasas de betjovens, permitem que Liming afirme que o tema é muito mais complexo do que se acredita.
Segundo ela, por trás do não "sair" existe toda uma redecasas de betapoio que corre o riscocasas de betse desfazer e não dar respostas a quem sente o abismo da solidão.
Confira os principais trechos da entrevista que a BBC News Mundo (serviçocasas de betnotíciascasas de betespanhol da BBC) fez com Liming a seguir.
casas de bet BBC - O que está por trás da crisecasas de betsolidão nos EUA?
casas de bet Sheila Liming - Ela é causada por múltiplos fatores e acontececasas de betdiferentes frentes. Um dos problemas desta crise tem a ver com o tempo.
As pessoas não têm tempo suficiente para se dedicar à interação social. E, por outro lado, também sentem que a interação socialcasas de betsi é uma perdacasas de bettempo, por isso não a priorizam. Muitos se sentem culpados por não fazer nada, por passar tempo com alguém ou simplesmente por estar na presençacasas de betoutras pessoas.
Acho que outro grande fator é a faltacasas de betespaços ecasas de betacesso a espaços onde as pessoas possam se reunir, sair e existir na presençacasas de betoutras pessoas.
Lugares onde elas podem estar sem sentir que precisamcasas de betum motivo específico para visitar ou que precisam gastar dinheiro para ir.
Tudo isso ficou muito óbvio durante a pandemiacasas de betcovid-19, mas não creio que tenha desaparecido agora.

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A solidão está associada a um risco aumentadocasas de betdoenças cardiovasculares, demência, acidente vascular cerebral, depressão, ansiedade e morte prematura
casas de bet BBC - Como você define esse atocasas de bet“sair”?
casas de bet Liming - Defino sair como ousar fazer muito pouco na companhia dos outros.
O poder radicalcasas de betpassar o tempo reside na ousadia. É aí que entra o subtítulo do meu livro, porque acho que é preciso um poucocasas de betcoragem e audácia para poder dizer: 'Não, vou priorizar esse uso do meu tempo,casas de betvez de, digamos, trabalhar mais.'
Acho que existe um tipocasas de betatitude social que despreza esse tipocasas de betcomportamento.
casas de bet BBC - Ouvi você falar sobre como construímos nossas vidascasas de bettorno do isolamento. De uma perspectiva ampla, como isso é afetado pela forma como os sistemascasas de bettransporte e a arquitetura são projetados?
casas de bet Liming - A vida nos EUA foi concebida para privilegiar condiçõescasas de betsolidão e isolamento.
Mas quando digo que foi concebida dessa forma, não quero dizer que o fizemoscasas de betpropósito. Acho que aconteceu acidentalmente, como resultadocasas de betoutros sistemascasas de betvalorescasas de betjogo.
Nos EUA, por exemplo, a privacidade é vista como um privilégio e também é algo que traz honra e orgulho.
Por isso, cultivamos estas condiçõescasas de betprivacidade para mostrar ao mundo que somos bem sucedidos, que conseguimos chegar lá. Para que todos saibam que somos donos da nossa casa, do nosso carro.
Estar longe dos vizinhos nos permite escolher quando temos interações, e estabelecer limites quando não queremos.

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Liming afirma que os EUA foram concebidos para dar prioridade ao isolamento
Tudo isso é visto como parte do espírito americanocasas de betsucesso. Mas esse espíritocasas de betsucesso acaba por nos deixar mais solitários quando temos uma crise e precisamos da ajudacasas de betoutras pessoas, mesmo que queiramos apenas saber sobre os nossos vizinhoscasas de betvezcasas de betevitá-los e excluí-los.
casas de bet BBC - O conceitocasas de betprivacidade parece estar muito relacionado ao conceitocasas de betser ou não uma pessoa madura. Se você tem 30 anos, como eu,casas de betfamília não te verá da mesma forma se você mora sozinho ou com outra pessoa...
casas de bet Liming - Somos ensinados que a única formacasas de betdar o próximo passo na vida, seja ele qual for — como tornar-se independente, constituir família ou encontrar um parceiro romântico —, é ter o seu próprio espaço. Até que você não tenha isso, você não poderá alcançar nada na vida.
casas de bet BBC - Vivercasas de betespaços compartilhados nos tornaria mais felizes?
casas de bet Liming - Sim, há esse potencial. O problema é que estamos tão habituados a este sistemacasas de betvalores que é uma adaptação muito difícil para as pessoas aceitarem a ideiacasas de betpartilhar um espaço.
casas de bet BBC - Como você acha que a sociedade mudou desde quando passamos a ter menos tempo para "sair"?
casas de bet Liming - Existe um equívoco comumcasas de betque, à medida que a sociedade cresce e progride, teríamos mais tempo livre do que no passado. Mas na realidade há muitos pesquisadores que, depoiscasas de betanalisarem esta equação, descobriram que não é bem assim.
A realidade pode provavelmente ser o oposto. Antes, tínhamos mais tempo livre do que temos agora.
Mas nem sempre reconhecemos a diferença entre tempo livre e tempocasas de bettrabalho.
Agora uma coisa atrapalha a outra muito mais. Antes, você terminava seu trabalho e ia para casa. Você não tinha um e-mail para verificar, nem mensagenscasas de bettexto do chefe oucasas de betum colegacasas de bettrabalho. Havia um espaçamento mais definido entre a jornadacasas de bettrabalho e o tempo livre.

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A professora afirma que todos os grupos demográficos dos EUA são impactados pela solidão
Agora essa separação não está tão clara. Superficialmente, parece que temos tempocasas de betlazer, mas na realidade passamos muito tempo trabalhando ou realizando tarefascasas de betpreparação para o trabalho.
casas de bet BBC - Existe um perfilcasas de betquem vivencia a solidão nos EUA?
casas de bet Liming - Não creio que o problema seja específicocasas de betum grupo demográfico. Acho que é algo generalizado.
Fala-se muito sobre o grupo demográfico mais velho nos EUA ser afetado pela solidão. Diz-se que, ao deixaremcasas de better o núcleo familiar com o qual viviam, acabamcasas de betcentroscasas de betacolhimento onde vivenciam muita solidão. E isso é um grande problema para essa população.
Mas penso que a solidão é igualmente um problema para as populações mais jovens.
Sou professora universitária e trabalho com alunos que têm entre 18 e 24 anos, e isso é um grande problema para eles também. A ironia é que a faculdade deveria ser um dos momentos mais sociais da vidacasas de betuma pessoa.

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Liming afirma que a faltacasas de bettempo é o maior motivo da 'epidemiacasas de betsolidão' nos EUA
Certa vez, li algo sobre o fatocasas de betque a felicidade humana se manifesta aos 26 anos, e a atividade social que leva a isso é supostamente mais vibrante durante esse período
Mas a populaçãocasas de betidade universitária com quem trabalho é tão propensa à solidão, ao isolamento e aos problemascasas de betsaúde mental associados a isso como a população com maiscasas de bet65 anos.
casas de bet BBC - E o que acontece com essa geração mais jovem?
casas de bet Liming - Acho que há dois fatores: a pandemiacasas de betcovid-19 e também a ascensão da tecnologia digital personalizada.
Ambas as coisas fizeram esta geração pensar que basta conhecer outras pessoas pela internet. E isso não é algo negativo, mas certamente não é o suficiente.
Esta é uma geração cujos últimos anos do Ensino Médio foram vividos durante a pandemiacasas de betcovid-19. As vidas foram interrompidas e eles não vivenciaram marcos importantes relacionados à idade, ou tudo foi vivenciado online.
Quando os vejocasas de betsalacasas de betaula, percebo que eles têm hábitos que não necessariamente os ajudam.
Um desses hábitos: quando precisamcasas de betajuda ou companhia recorrem à internetcasas de betbuscacasas de betuma resposta, e não à pessoa que está ao seu lado na salacasas de betaula, aos colegascasas de betquarto, aos amigos ou aos pais.
casas de bet BBC - Há quem se sinta mais seguro interagindo por meio da tecnologia. Afinal, nas redes sociais você tem amplo controle e pode desaparecer instantaneamente...
casas de bet Liming - Isso mesmo, é uma questãocasas de betcontrole. Quando você estácasas de betum ambiente mediado por uma rede social, conhece as regras e as formascasas de betentrar e sair. Se algo fica estranho, você sabe que pode encontrar uma saída sem muitos problemas.
Nas interações pessoais, se você tentar se comportar da mesma maneira, alguém poderá pensar que você é muito rude e julgá-lo.
Além da faltacasas de betcontrole, tememos o julgamento. As interações sociais presenciais estão sujeitas a regras diferentes daquelas que temos nas redes sociais, e isso pode nos deixar com medo.

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Outros países também têm problemas com a solidão
casas de bet BBC - Como as mídias sociais e a internet podem nos ajudar a interagir?
casas de bet Liming - No meu livro, procuro não tratar as tecnologias digitais como uma força maligna, porque elas não são. Acho que elas fizeram muitas coisas por nós, ou pelo menos têm potencial para fazer muitas coisas por nós.
Há uma década, quando eu tinha 30 anos, comecei meu primeiro emprego como professora e me mudei para Dakota do Norte, um Estado muito rural. Eu nunca tinha visitado lá antes e meus contatos se limitavam à minha vida profissional.

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Capa do livro 'Hanging Out: The Radical Power of Killing Time' (Penguin Random House, 2023).
Foi aí que comecei a me envolver com as redes sociais, pois passava muito tempo sozinha. Descobri colegas que trabalhavamcasas de bettemas muito parecidos com os meus, inclusivecasas de betoutros departamentos aos quais eu não pertencia.
As redes sociais são boas para "quebrar o gelo" no escritório. Quando cheguei ao novo espaçocasas de bettrabalho, isso foi extremamente benéfico para mim, porque pude falar sobre o que vi online com as pessoas. Foi muito útil.
Isso não significa que você pode se dar ao luxocasas de betvirar as costas à comunidade física onde mora.
casas de bet BBC - O que você leucasas de betseus estudos sobre o problema da solidãocasas de betoutros países? Essa é uma questão das sociedades ocidentais?
casas de bet Liming - A minha perspectiva é mais ou menos limitada aos EUA, simplesmente porque é o lugar que conheço melhor.
Mas quando viajo, vejo o que acontececasas de betoutros países e tenho a perspectivacasas de betoutras culturas. Isso também acontece quando dou entrevistas à mídia e converso com jornalistas que não são dos EUA.
Repórteres da Alemanha, Noruega e Itália disseram-me que esta é uma questão que afeta também os países deles. É por isso que penso que é algo relacionado com a estrutura cultural dos EUA e do mundo ocidental.
Por exemplo, um jornalista mencionou uma vez que, na Noruega, 50% dos agregados familiares são constituídos por uma única pessoa.
Pode ser que algo que é norma nos EUA seja impostocasas de betoutros países como desejável: o isolamento como uma espéciecasas de betobjetivo final.
casas de bet BBC - Em Porto Rico tenho familiares que tendem a morar sempre perto uns dos outros. Tenho primos que são vizinhos. É algo normal nas zonas rurais da ilha. Isto reduz a capacidadecasas de betencontrar amigos, especialmente devido à nossa tendência culturalcasas de betpriorizar os laços familiarescasas de betdetrimento das amizades. Desconstruir nossa ideiacasas de betfamília nos ajudaria a ter uma vida social melhor?
casas de bet Liming - As famílias podem isolar-se, tanto para o bem como para o mal. Elas podem fornecer estruturascasas de betapoio e proteção. Quando funcionam dessa forma, são consideradas uma coisa boa.
Mas elas também podem isolarcasas de betdemasia, ao criar uma espéciecasas de betrecinto do qual é difícil sair. Como nas situações que você falou, onde está rodeadocasas de bettantos familiares que se torna mais difícil fazer amigos ou conhecer outras pessoas.
Aí entracasas de betjogo também, pelo menos aqui nos EUA, a expectativa que você sempre temcasas de betdeixar a família orgulhosa. Muitas vezes, para que isso ocorra, a tendência é que você precise sair da estrutura familiar, se mudar e descobrir o próprio caminho.
É irônico, porque para deixar a família orgulhosa você tem que se afastar ainda mais dela, sair dessa estrutura.
Sou uma acadêmica, e neste país a tendência é que a minha profissão estejacasas de betconstante mudança. E algo que você ouve das pessoas quando se mudam é o problema que elas enfrentam por ficarem longecasas de betsuas famílias.
Ao investiremcasas de betdeterminada profissão, com o intuitocasas de betorgulhar a família e se tornarem pessoascasas de betsucesso, elas acabamcasas de betuma situação que dificulta o convívio com a própria família.
Esse é o final infeliz das expectativas que temos.
casas de bet BBC - Quando visito Porto Rico, embora seja pertocasas de betMiami, onde moro, vou sempre com muito pouco tempo. E me sinto muito mal se não compartilho um tempo com minha família, embora deva aceitar que às vezes me divirto mais com os amigos. Na verdade, é muito difícil para mim aceitar um pensamento como esse...
casas de bet Liming - Essa também é a minha experiência. Morocasas de betVermont, na costa opostacasas de betSeattle, onde minha família está e onde cresci. Vou duas vezes por ano para lá.
Mas quando vou, sinto que devo compartilhar o tempo com minha família, porque não posso vê-los constantemente, o que significa que deixocasas de betpriorizar todos os amigos que foram muito importantes para mim desde criança.
Tem sido assim a tal ponto que consigo manter muitas dessas amizades, pois não faço com que elas permaneçam na minha vida.

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As famílias podem ser redescasas de betapoio, mas também espaços fechados que impedem a interação, afirma especialista
casas de bet BBC - Quanto tempo as pessoas devem gastar conhecendo outras pessoas?
casas de bet Liming - Não vou colocar um número preciso aqui. Não criarei regras sobre como "sair" para que as pessoas se avaliem como boas ou ruins nisso.
Não se tratacasas de betalgo no qual você é bom ou ruim. É algo que você faz ou deixacasas de betfazer. Você reserva tempo para que isso aconteça.
Mas acredito que é algo que deveria acontecer regularmente na vida das pessoas. Algumas pessoas deveriam fazer isso todos os dias, outras uma ou duas vezes por semana. Talvez o que for melhorcasas de betacordo com a agenda, porque temos que ser realistas quanto a isso também.
Se o "sair" acontecer regularmente, isso deixarácasas de betser estranho. Então você não enfrenta essas expectativas enormes sobre como deveria acontecer e quão perfeito deveria ser. Essa é a única maneiracasas de beto "sair" parecer uma coisa normal, tornando-a uma atividade mais fácilcasas de betrealizar.