As vantagensbetapostaaceitar ser medianobetapostavezbetapostaexcepcional:betaposta

Andrew Greene

Crédito, Arquivo pessoal/Andrew Greene

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Andrew Greene percebeu que não é preciso ser perfeito para cantar

E essa expectativabetapostaexcelência no desempenho não se restringe ao setor acadêmico.

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Greene percebeu que a pressão pela perfeição também permeia muitas das agremiaçõesbetapostaCornell.

Ele queria se dedicar a uma das grandes tradições musicais das faculdades americanas: o canto a capela, sem instrumentos, usando apenas a voz humana.

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As prestigiosas competições entre universidades nessa modalidade inspiraram o filme Pitch Perfect (A Escolha Perfeita),betaposta2012.

Mas, por mais que Greene se entusiasmasse pela música,betapostaempolgação não se traduziabetapostatalento.

"O cenário do canto a capelabetapostaCornell é competitivo", diz ele.

"Sabia que nunca iria conseguir entrarbetapostanenhum daqueles grupos a capela. Por isso, comecei a desenvolver a ideiabetapostatalvez começar o meu próprio grupo."

Greene criou o nome perfeito para o seu grupo: Mediocre Melodies ("Melodias medíocres",betapostainglês).

Ele mencionou a ideia para os seus amigos, fundou a agremiação e 30 pessoas se inscreveram.

Seus integrantes decidiram que iriam convencer as pessoas a apoiar seu grupobetapostaqualidade mediana doando toda a receita para entidades beneficentes locais.

Eles criaram o slogan "maus cantores por uma boa causa".

Mas, mesmo assim, o projeto enfrentou resistência.

Greene se reuniu com uma pessoa influente no mundo do canto a capela, que zombou dabetapostaideia.

Ela disse que eles nunca conseguiriam dinheiro suficiente para pagar os custos, tampouco apoiar entidades beneficentes.

Greene ficou desanimado.

"Voltei e disse ao grupo: 'estamos ferrados'", relembra.

Por que mediano é uma palavra ruim?

Anna Kendrick no lançamento do filme A Escolha Perfeita

Crédito, Getty Images

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Filme A Escolha Perfeita (2012) é uma adaptação do livro do mesmo nome, escrito por Mickey Rapkin, ex-aluno da Universidade Cornell; atriz americana Anna Kendrick é uma das protagonistas

"Por que precisamos ser excepcionais para progredir?", questiona Thomas Curran, professorbetapostapsicologia e ciências do comportamento da London School of Economics (LSE) e autor do livro The Perfection Trap ("A armadilha da perfeição",betapostatradução livre).

Por que "mediano" se tornou uma "palavra ruim"?, insiste o professor.

Curran estuda inúmeros dados sobre estudantes universitários e perfeccionismo desde 1989. Ele encontrou um aumentobetaposta40% do chamado perfeccionismo socialmente prescrito.

"O perfeccionismo socialmente prescrito nos torna obstinadamente hipervigilantes sobre o nosso desempenhobetapostarelação a outras pessoas", explica ele.

Geralmente, não consideramos o perfeccionismo como uma falha. Nós achamos que precisamos dele para ter sucesso.

"Na verdade, observando os dados, você percebe que o perfeccionismo não tem absolutamente nenhuma correlação com o sucesso", explica o professor.

Pelo contrário: o perfeccionismo pode ter diversas desvantagens.

"Prevenção, contenção, procrastinação", afirma Curran.

Podemos ter tanto medobetapostanão parecer perfeitos que acabamos não tentando.

O perfeccionismo não é "o segredo do sucesso que muitas vezes pensamos erroneamente que seja".

É não é só questãobetapostanos tornar ineficientes.

"O perfeccionismo socialmente prescrito pode ter profundos impactos sobre a nossa saúde mental", afirma Curran.

Pesquisas demonstram relações entre o perfeccionismo e o aumento dos níveisbetapostadepressão, ansiedade e burnout.

Luta constante para sentir-se feliz

Pastel divertido pero no perfecto

Crédito, Getty Images

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Aventurar-se a fazer muitas coisas, mesmo que resultado não seja perfeito, faz bem para saúde do cérebro

Essa resistênciabetapostaaceitar ser mediano, enfrentada por Andrew Greene ao formar seu grupobetapostacanto a capela, pode ser observadabetapostatodo o mundo dos negócios.

Os chefes costumam dizer que não aceitarão dabetapostaequipe "nada menos do que a perfeição" ou que "apenas o melhor será suficiente".

Em teoria, parece algo bom, mas, na verdade, ignora a premissabetapostaque, para nos aprimorarmos, precisamos cometer erros.

E, se ficarmos muito concentrados na perfeição, nosso cérebro pode perder todo o sentidobetapostadiversão e criatividade.

"Se você ficar obcecado buscando o que você entende ser a perfeição, irá criar uma enorme desvantagem para si", afirma a coachbetapostavida Leonaura Rhodes, originalmente formadabetapostaneurociências.

Segundo ela, perfeccionistas costumam obter uma imensa dosebetapostadopamina quando atingem bons resultados.

Mas obter esses picosbetapostadopaminabetapostauma única fonte torna difícil obtê-losbetapostaoutras fontes, ressalva Rhodes.

Ou seja, o cérebro só irá liberar dopamina quando você atingir um nível excepcional.

Por isso, como resultado, se você quiser continuar produzindo essa substância e sentindo o bem-estar gerado por ela, precisará continuar sempre se aprimorando.

"Ele (perfeccionismo) rouba das pessoas a capacidadebetapostaestar presente, ser feliz e se sentirbetapostapaz", explica ela. "Vira uma luta constante."

Andrew Greene cantando con Mediocre Melodies

Crédito, Arquivo pessoal/Andrew Greene

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InsistênciabetapostaAndrew Greene trouxe sucesso para seu grupobetapostacanto Mediocre Melodies

Ser mediano mantém saúde do cérebro

Ao tentar coisas novas, você não espera se sair bem logobetapostainício.

E isso pode ter influências positivas sobre a saúde do cérebro.

"Quando aprendemos algo novo, nosso cérebro tem essa incrível capacidadebetapostaformar conexões neurais, que é chamadabetapostaneuroplasticidade", explica Rhodes.

Se fizermos apenas as mesmas coisas todos os dias, teremos muito pouca neuroplasticidade e isso não é bom para nós — especialmente à medida que envelhecemos.

Portanto, passar tempo aprendendo coisas novas e fazendo aquilobetapostaque somos medianos é um grande investimento para a saúde do cérebro no futuro.

Medir sucesso pelo bem-estar, não pelo dinheiro

Curran defende que o perfeccionismo está profundamente enraizado nos nossos sistemas econômicos.

Nossa economia cresce proporcionalmente ao consumo e, para podermos consumir, precisamos sentir que existem coisasbetapostaque precisamos.

Ele afirma que essas sensações nos são condicionadas pela publicidade, "através da sensaçãobetapostaque existe um produto ou solução material para aquilo que achamos que não temos".

Para combater isso, Curran acredita que precisamos pararbetapostamedir o sucesso pelo dinheiro.

Que tal se preocupar com bem-estar e felicidade? Podemos criar economias que permitam que as pessoas deem o melhorbetapostasi, aumentando suas expectativas na vida?

Curran acredita que esses pontos são medidas do sucesso tão importantes quanto o PIB (Produto Interno Bruto, ou somabetapostariquezasbetapostaum país).

Aceite que é impossível ter controle

Como indivíduos, uma estratégia para lidar com o perfeccionismo proposta por Curran é a "aceitação radical".

"Aceitação radical é aceitar realmente que existem limites para aquilo que podemos controlar", explica ele.

Curran usa um barco a vela como analogia.

Em dias com bom vento, você pode viajar por horas. Em outros, você fica simplesmente flutuando. E,betapostaoutros, você tentará seguirbetapostauma direção, mas será desviado do seu curso.

O importante, para o professor, não é o destino, mas a viagem.

"A viagem significa nos forçarbetapostadireção ao destino; a jornada significa ter coragem, estar vulnerável e isso é bom", explica ele.

Aceitar ser mediano pode trazer alegria

Andrew Greene foi corajoso. Ele não desistiubetapostaseu objetivobetapostaformar um grupobetapostacanto a capela mediano, mesmo diante da resistência das pessoas.

Determinado a ganhar dinheiro combetapostaprimeira apresentação, ele ficou ainda mais motivado a provar aos incrédulos que ele estava certo.

Maisbetaposta300 pessoas assistiram à estreia do Mediocre Melodies.

E, quando o grupo apresentoubetapostaprimeira canção — Fat Bottom Girls, da bandabetapostarock britânica Queen — a reação do público foi arrebatadora.

Mediocre Melodies rapidamente se tornou um sucesso entre os estudantes da Universidade Cornell.

Maggie Meister é a primeira mulher presidente do grupo. A estudante do quarto ano declarou que aceitar ser uma cantora mediana foi transformador.

"Ninguém tenta buscar a perfeição", conta ela sobre o grupo, "e é apenas esse ambiente animador no qual eu realmente sinto que posso ser eu mesma."

Concentrar-se na alegria e na camaradagem, não na perfeição, permitiu que os membros do grupo se expressassem livremente.

Eles não são limitados pelo perfeccionismo socialmente prescrito. Eles querem simplesmente se divertir.

Aceitar que somos um pouco menos perfeitos, um pouco mais medianos, pode simplesmente nos ajudar a viver nossas vidas da melhor forma possível.

Afinal, a tragédia na vida não é fracassar. A tragédia é deixarbetapostaaproveitar a vida.

*Ouça (em inglês) o episódio do programa Sideways, da BBC Rádio 4, que inspirou esta reportagem, no site BBC Sounds.