Por que cada vez mais russas viajam ao Brasil para dar à luz:betfairesportes

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Anastasia Knyazeva teve seu segundo filhobetfairesportesFlorianópolis após uma experiência não tão boa na Rússia
“Foi tudo tão bom que agora recomendo para todas as minhas amigas que vão ser mães. Mas até agora nenhuma delas seguiu meus passos, elas acham que fiquei maluca”, comenta, rindo.
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Fim do Matérias recomendadas
A surpresa diante da escolhabetfairesportesdar à luzbetfairesportesum país estrangeiro relatada por Anastasia não é algo incomum quando o assunto é o chamado ‘turismobetfairesportesparto’. A prática, porém, cresce no Brasil, segundo relatos, e vem atraindo especialmente o interessebetfairesportesfamílias russas.
Os motivos relatados para a busca pelo Brasil envolvem o desejobetfairesportesum atendimento mais exclusivo e amistoso, um crescente interesse pelos partos humanizados e realizadosbetfairesportescasa, além da possibilidadebetfairesportesdar aos filhos a nacionalidade brasileira.
“Descobri essa possibilidade quando uma amiga próxima me contou que daria à luz ao segundo filho no Brasil. Inicialmente fiquei chocada – tudo que eu conhecia sobre o país era Carnaval e Pelé”, conta Anastasia.
“Mas depois entendi que era uma ideia perfeita para nossa família.”
Russos não precisambetfairesportesvisto para entrar no Brasil para estadiasbetfairesportesaté 90 dias, segundo o Ministério das Relações Exteriores.
Não há dados oficiais sobre a entradabetfairesportesmulheres grávidas no Brasil. Os serviçosbetfairesportessaúde também não registram a nacionalidade da mãe no momento do nascimento do bebê, apenas se ela é estrangeira ou não.
Mas segundo a pesquisadora Svetlana Ruseishvili, da Universidade FederalbetfairesportesSão Carlos (UFSCar) e que acompanha o tema há anos, o fluxobetfairesportesrussas que viajam ao Brasil para dar à luz não parabetfairesportescrescer desde 2015.
“As cidades que mais têm atraído famílias russas são RiobetfairesportesJaneiro, Florianópolis e Santos”, diz a socióloga russa que mora no Brasil há maisbetfairesportesuma década.

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Anastasia e a famíliabetfairesportesFlorianópolis antes do nascimento do segundo filho
A enfermeira obstetra Marli Nascimento atende famíliasbetfairesportesFlorianópolis e, só no mêsbetfairesportesmarço, recebeu sete novas clientes da Rússia.
“Cada vez mais russas me procuram. Só no ano passado acho que atendi maisbetfairesportes50 mulheres que vieram dar à luz no Brasil”, diz a enfermeira, que também oferece serviçosbetfairesportesatendimento pré-natal e consultoriabetfairesportesamamentação.
“Se eu somar as clientes que me procuraram após o parto, para ajudá-las com a amamentação, foram maisbetfairesportes80.”
Por que o Brasil?
Segundo dados do Ministério da Saúde e da revista científica The Lancet, o Brasil é vice-campeãobetfairesportescesarianas no mundo, atrás apenas da República Dominicana e com um índice bem acima do indicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) - esse procedimento representa 57,7% dos partos realizados no país, contra a recomendaçãobetfairesportes15% da organização.
Mas então porque o Brasil é destino preferencialbetfairesportestantas famílias russas?
Para Svetlana Ruseishvili, é uma alternativa melhor do que a Rússia para muitas mulheres. “As mulheres que vêm ao Brasil querem principalmente quebetfairesportesvoz seja ouvida no momentobetfairesportesdar à luz. Todas relatam que na Rússia isso é impensável”, diz.
A pesquisadora explica que muitas mães sentem faltabetfairesportesum atendimento mais exclusivo e amistoso no país do leste europeu,betfairesportesespecial nos hospitais públicos. E os serviços particulares podem ser caríssimos.
Além disso, há um crescente interesse pelos partos humanizados e realizadosbetfairesportescasa, mas o parto domiciliar é proibido por lei na Rússia e obstetrizes pegas realizando o procedimento fora do hospital podem enfrentar processos criminais.
Segundo Ruseishvili, as famílias russas que buscam o Brasil sãobetfairesportesclasse média ou alta e trabalhambetfairesportesáreas que permitem o trabalho à distância. Justamente por isso, têm condições financeiras para buscar serviços mais especializados e humanizados – algo que não está disponível para a maioria das brasileiras.
“Mas há também aquelas que vão aos serviços públicos brasileiros – e muitas dizem ser melhor do que na Rússia”, diz.

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Segundo Ruseishvili, as famílias russas que buscam o Brasil sãobetfairesportesclasse média ou alta e trabalhambetfairesportesáreas que permitem o trabalho à distância
As mulheres que viajam ao Brasil afirmam ainda buscar uma alimentação mais saudável, um clima amigável e o contato com a natureza.
“Alémbetfairesportesfazer o partobetfairesportescasa - que é proibido na Rússia - queria fugir do inverno, ver o oceano, comer frutas frescas e conhecer um novo país e uma nova cultura”, diz Anastasia.
“Eu sei que no Brasil muitas mulheres escolhem a cesariana. Mas o Brasil também tem uma tradição profundabetfairesportesajuda às mulheres. Uma das parteiras mais famosasbetfairesportestodo o mundo por defender o parto natural vive no seu país. É incrível e fiquei felizbetfairesportesfazer parte disso”, diz, se referindo à parteira mexicana Naoli Vinaver, que popularizou várias técnicasbetfairesportesparto natural e hoje mora e trabalhabetfairesportesFlorianópolis.
Passaporte brasileiro
Mais um ponto-chave para muitas das famílias - inclusive para a da russabetfairesportesSochi - é a possibilidadebetfairesportesdar aos filhos a nacionalidade brasileira.
“Dar mais oportunidades ao nosso bebê nos pareceu uma boa ideia, especialmente agora com a guerra na Ucrânia.”
Desde a invasãobetfairesportes2022, a União Europeia (UE) passou a dificultar a emissãobetfairesportesvistos para turistas russos. Antes disso, os EUA já haviam encerrado seus serviços consularesbetfairesportestodo o país.
Por outro lado, o passaporte brasileiro permite o acesso sem visto a maisbetfairesportes150 países.
E o Brasil, diferente da grande maioria dos países da Europa, África e Ásia, concedebetfairesportesforma irrestrita o direito à cidadania apenas pelo nascimento – o chamado "jus soli".
“Trata-sebetfairesportesum fenômeno americano, justamente porque é nas Américas que fica a grande parte dos paísesbetfairesportesque a cidadania é atribuída pelo localbetfairesportesnascimento”, explica Ruseishvili.
Mas Brasil, Argentina, México e Chile aparecem entre os destinos mais buscados, principalmente por conta dos valores e qualidade dos serviçosbetfairesportesmaternidade.

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Anastasia afirma que natureza, clima e frutas brasileiras a atraíram
“Houve um aumento dessa migração desde que a guerra começou, especialmente depoisbetfairesportes21betfairesportessetembro, quando houve a mobilização parcial”, diz a pesquisadora da UFSCar.
“Mesmo antes da guerra, muitas famílias buscavam uma alternativa para os seus filhos, porque existe essa percepçãobetfairesportesque a Rússia não tem futuro, vai viver fechada e sem oportunidades, inclusive econômicas.”
Ainda segundo Ruseishvili, muitas chegam ao Brasil com a intençãobetfairesportesficar definitivamente ou usar o país como destino intermediário antesbetfairesportesmigrar para outro local.
E a facilidadebetfairesportesregularização dos paisbetfairesportescrianças nascidas no Brasil é parte importante do processo.
A lei brasileira concede a paisbetfairesportesbebês nascidos no país autorizaçãobetfairesportesresidência imediata. É possível ainda pedir a naturalização após um ano vivendo no Brasil, desde que se prove um nível básicobetfairesportesproficiência no português.
Anastasia e o marido obtiveram autorizaçãobetfairesportesresidência após o nascimentobetfairesportesseu bebê, mas decidiram retornar à Rússiabetfairesportesmaiobetfairesportes2022.
“Sabemos que podemos voltar ao Brasil para tentar o processobetfairesportesnaturalização, mas ainda não decidimos se esse é o caminho que queremos seguir”, diz. “A vidabetfairesportesimigrante não é fácil e eu amo meu país.”

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Um ponto-chave para muitas das famílias é a possibilidadebetfairesportesdar aos filhos a nacionalidade brasileira
Serviço profissional
A procura das famílias russas pelo Brasil cresceu tanto que foram criadas agências específicas para atendê-las.
Entre os serviços oferecidos estão tradução, auxílio para encontrar moradia, indicação da equipe médica, aluguelbetfairesportesberço, assistência para obtençãobetfairesportesdocumentos e até motorista particular, sessãobetfairesportesfotos e outros ‘extras’.
O preço variabetfairesportesacordo com a assistência escolhida, mas a média ébetfairesportesmaisbetfairesportesUS$ 5.000 (R$ 23 mil).
As famílias também costumam trocar experiências e indicar serviços por meiobetfairesportescomunidades nas redes sociais.
“Tive uma tradutora para me ajudar, embora minha parteira falasse inglês. Foi útil, porque me senti mais confortável usando minha língua nativa durante o trabalhobetfairesportesparto”, contou Anastasia à BBC Brasil.
A russa também aprendeu um poucobetfairesportesportuguês e conheceu mais sobre a cultura local durantebetfairesportespassagem pelo país. "O Brasil se tornou parte da nossa vida. Eu até comecei a fazer aulasbetfairesportessamba depois que voltei. Eu adoro!”.

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Agências, geralmente gerenciadas por russos, oferecem auxílio para as famílias que querem ter seu bebê no Brasil
'Turismobetfairesportesparto'?
A pesquisadora Svetlana Ruseishvili afirma que, feita da maneira correta, a prática não é considerada ilegal.
Na Argentina, o movimento gerou muitas críticas após o anúncio pelas autoridades locaisbetfairesportesuma investigação sobre um "negócio milionário e rede ilícita" que supostamente fornecia a mulheres russas grávidas e seus parceiros documentos falsos emitidosbetfairesportestempo recorde para permitir que elas viessem morar na Argentina.
Mulheres também foram detidas ao chegarem no país por "problemas com a documentação", segundo a agênciabetfairesportesmigração argentina.
“Mas não existe ilegalidade nenhuma nessa prática no Brasil”, opina Ruseishvili. “E é preciso tomar cuidado para que essas mulheres não se tornem vítimasbetfairesportesum discurso xenofóbico.”
Para ela, o termo ‘turismobetfairesportesparto’, usado para descrever o movimentobetfairesportesmulheres grávidas que dão à luz forabetfairesportesseu país, também não é o melhor.
“Creio que o melhor termo para descrever seja ‘mobilidadebetfairesportesparto’, pois não é um fenômeno simplesmente turístico. Turismo significa um deslocamentobetfairesportescurta duração, mas essas mulheres não necessariamente estão voltando para seus países”, diz.
“Aqui estamos falandobetfairesportesuma formabetfairesportesimigração extremamente contemporânea.”







