Cartilha da desinformação: como agem os grupos que usam redes sociais para espalhar fake news e mobilizar eleitores:fazer jogo loteria

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Essa ideia não nasceu no 8fazer jogo loteriajaneiro. Por maisfazer jogo loteriaum ano, mensagens que circularam nas redes sociais espalharam a falsa ideiafazer jogo loteriaque as urnas eletrônicas não eram seguras efazer jogo loteriaque a Constituição, por meiofazer jogo loteriaseu artigo 142, autorizaria uma intervenção militarfazer jogo loteriacasos excepcionais para restabelecer a ordem.
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Fim do Matérias recomendadas
O uso das redes sociais para espalhar desinformação e engajar eleitores é um fenômeno deste século 21. E isso vale para todo o espectro ideológico, ressalta Darren Linvill, professor da Universidadefazer jogo loteriaClemson, do Estado americano da Carolina do Sul, e pesquisador do Watt Family Innovation Center Media Forensics Hub.
"Acontece na extrema direita e na extrema esquerda, assim como no centro. Estáfazer jogo loteriatoda parte."
Muitos movimentosfazer jogo loteriadireita e extrema direita, contudo, acabaram se beneficiando do fatofazer jogo loteriaterem sido os primeiros a explorar as redes sociais como plataforma para comunicação política, pontua Lisa-Maria Neudert, pesquisadora do Oxford Internet Institute, ligado à Universidadefazer jogo loteriaOxford.
"Na Europa, os movimentosfazer jogo loteriaextrema direita estão entre os primeiros que olharam para as redes sociais. Quando os partidos políticos começaram a experimentar nesse mundo, também foram os partidosfazer jogo loteriadireita - e acho que isso lhes deu enorme vantagem", avalia.
No Brasil, os estudosfazer jogo loteriaanálise descritiva feitos desde que as redes sociais mudaram a maneira como as pessoas se comunicam e consomem notícias sinalizam que o compartilhamento é maior entre gruposfazer jogo loteriadireita e extrema direita, pontua o cientista social Tiago Ventura, pós-doutorando no Center for Social Media and Politics da New York University.
Foi o que observaram no último ciclo eleitoral Felipe Bailez e Luis Fakhouri, fundadores da Palver, plataforma que fez parte da força-tarefa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra desinformação durante a campanhafazer jogo loteria2022 e que monitoroufazer jogo loteriaforma anonimizada 15 mil gruposfazer jogo loteriaWhatsApp nesse período.
"Do primeiro para o segundo turno, a gente percebia que havia uma estratégia muito clarafazer jogo loteriapropagaçãofazer jogo loteriafake news, e isso era mais difundido nos grupos que tinham um teor maisfazer jogo loteriadireita", relata Fakhouri.
"Nos nossos gráficos conseguimos ver que foi muito superior o númerofazer jogo loteriafake news a favorfazer jogo loteriaBolsonaro quando comparado ao volumefazer jogo loterianotícias falsas a favorfazer jogo loteriaLula. Eles já tinham uma estrutura pra fazer isso — e faziam com muita consistência."
A estrutura e a consistência às quais ele faz referência fazem parte do ecossistema da desinformação que se desenhou no Brasil com a chegada das redes sociais e a ascensãofazer jogo loteriaJair Bolsonaro como liderança da direita conservadora.
Pesquisadores que se debruçam sobre o tema vêm mapeando nos últimos anos as estratégias por trás das campanhas desinformativas ligadas ao bolsonarismo — uma espéciefazer jogo loteria"cartilhafazer jogo loteriadesinformação", que a BBC News Brasil reuniufazer jogo loteriaentrevistas e detalha a seguir:
Produção da narrativa
O ciclo começa com a produção do conteúdofazer jogo loteriasi, que pode ter diferentes origens:fazer jogo loteriaperfis com poucos seguidores ou muito populares nas redes sociais às chamadas plataformasfazer jogo loteriajunk news, sitesfazer jogo loterianotícias que operam sem os rigores e valores do jornalismo.
O tom da mensagem,fazer jogo loteriageral, é polêmico e controverso, e não por acaso — as emoções engajam (especialmente o medo, a indignação e a surpresa, como mostra a pesquisafazer jogo loteriapsicologia social), e a ideia, nesse caso, é mobilizar o máximofazer jogo loteriapessoas possível.
A estratégia vai ao encontro do discurso do escritor Olavofazer jogo loteriaCarvalho, falecidofazer jogo loteria2022 e considerado "guru" ideológico do bolsonarismo, que afirmava que direita e esquerda estariamfazer jogo loteriameio a uma "guerra cultural" e que pautar o debate público seria uma estratégia para fortalecer o campo da direita conservadora.
"Ele costumava dizer que, 'para pautar, você tem que chocar'", diz Pedro Bruzzi, sócio da consultoria Arquimedes, que desde 2018 monitora as redes sociais.
Olavofazer jogo loteriaCarvalho ministrou durante anos um curso onlinefazer jogo loteriafilosofia — apesarfazer jogo loterianão ter concluídofazer jogo loteriaformação universitária na área.
Formou milharesfazer jogo loteriaalunos, alguns dos quais se tornaram parte do primeiro escalão do governo Bolsonaro, como Ernesto Araújo e Abraham Weintraub.
"Você tem que chocar, tem que causar, tem que falar palavrão — ele dizia isso. É a 'chuva dourada', sabe? 'O que é golden shower' pautou o debate no meio do Carnaval. Bolsonaro pautou o debate com um tuíte", diz ele, referindo-se ao episódio ocorridofazer jogo loteria2019. A postagem, que fazia referência a uma prática sexual, foi excluída dias depois.
Bruzzi, que atualmente pesquisa a relação entre política e mídias sociaisfazer jogo loteriaseu doutorado na EAESP-FGV, conta que, quando começou a observar as redesfazer jogo loteria2018, "as campanhasfazer jogo loteriadesinformação eram toscas" nos meios bolsonaristas — algo que vai mudando com o passar dos anos.
"Era a fake news da 'mamadeirafazer jogo loteriapiroca'", ele ilustra, referindo-se à notícia falsa que circulou naquela eleição e que acusava o Partido dos Trabalhadores (PT)fazer jogo loteriadistribuir o objetofazer jogo loteriacreches pelo país.
"Eles não tinham tanto refino, mas tinham uma percepção, já naquela época, dessa construção,fazer jogo loteriapautar o debate. Isso é importante também."

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Testefazer jogo loteriareceptividade
Definido o conteúdo, o passo seguinte é verificar se ele provoca engajamento.
A equação do engajamento tem diversos fatores. Um deles são os influenciadores, gente que cresceu nas redes sociais, seja amparada por uma institucionalidade (como jornalistas e políticos) ou não (perfis que se tornam famosos sem que seus donos já fossem pessoas públicas).
Outro elemento importante é a predisposição que o público tem para embarcar no tema.
"A fake news pode até impactar, mas, se não tiver apelo na sociedade, o assunto vai morrer", ressalta Bruzzi.
É o que apontam as pesquisas na áreafazer jogo loteriapsicologia social. As pessoas estão mais inclinadas a assimilar uma informação que estáfazer jogo loterialinha com mensagens e valores que acreditam ser verdade.
É o fenômeno chamadofazer jogo loteria"viésfazer jogo loteriaconfirmação": as visões e opiniões que confirmam as crençasfazer jogo loteriaquem as está lendo são vistas como mais críveis, independentemente da qualidade do argumento.
Além disso, alguém que acreditafazer jogo loteriaalgo que não é verdade tem menos inclinação para aceitar argumentos que contradigam essa crença, como aponta um estudo publicadofazer jogo loteria2016 pelos pesquisadores americanos Christopher Paul e Miriam Matthews,fazer jogo loteriaque apresentam estas e outras características da psicologia humana que ajudam a entender porque as notícias falsas se espalham mais rápido do que as verdadeiras.
Na fase do testefazer jogo loteriareceptividade, os assuntos que têm maior potencial para gerar impacto passam para a etapa seguinte, a da amplificação, enquanto aqueles que não engajam são remodelados ou simplesmente abandonados.
Felipe Bailez, da Palver, dá um exemplo prático nesse sentido que observou no monitoramento das redes.
Quando, às vésperas do segundo turnofazer jogo loteria2022, a deputada Carla Zambelli sacou uma arma e a apontou para um homemfazer jogo loteriaum bairro nobrefazer jogo loteriaSão Paulo, uma sériefazer jogo loteriaperfisfazer jogo loteriainfluenciadores bolsonaristas se manifestaram inicialmente emfazer jogo loteriadefesa.
"Quando viram que aquilo falhou, todo mundo se colocou contra."

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Credibilidade do porta-voz: desinformação participativa
Para que o conteúdo atinja o maior númerofazer jogo loteriapessoas possível, além do apelo emocional do tema e da inclinação da audiência para engajar nele, a percepçãofazer jogo loteriacredibilidade dos porta-vozes é fundamental.
E, nesse aspecto, dois atores são importantes: quem produz a mensagem e quem a distribui.
O geradorfazer jogo loteriaconteúdo,fazer jogo loteriageral, é alguém com "peso no debate", diz Bruzzi: um influenciador, um político ou alguém que possa ser considerado "autoridade"fazer jogo loteriadeterminado tema.
Aquele que "entrega" a mensagem, porfazer jogo loteriavez — que a compartilha no Facebook, no Instagram ou no grupo da família no WhatsApp —, é geralmente alguém muito mais próximo do interlocutor.
"A desinformaçãofazer jogo loteriaextrema direita, que é muito associada ao bolsonarismo no Brasil, atuafazer jogo loteriamaneira coordenada e difusa ao mesmo tempo", pontua Bruzzi, referindo-se,fazer jogo loteriaum lado, às lideranças que lançam os temas e,fazer jogo loteriaoutro, às pessoas comuns, que os amplificam e colocamfazer jogo loteriaevidência quando compartilham e fazem os conteúdos circularem.
O WhatsApp tem um peso mais relevante no Brasil do quefazer jogo loteriaoutros países no contexto da desinformação.
E essa característica é também um desafio para os cientistas dessa área — como a informação é criptografadafazer jogo loteriaponta a ponta, realizar pesquisa com dados na plataforma é mais difícil do quefazer jogo loteriaoutras, e geralmente envolve acessos a grupos públicos, que são uma janela para apenas parte do que acontece nessa rede.
Ventura ressalta que, nos questionários que aplicafazer jogo loteriasuas pesquisas, é comum que as pessoas digam que a rede por onde mais recebem notícias falsas é o WhatsApp.
Nesse sentido, ele chama atenção para um levantamento recente do Reuters Institute que apontou que quase metade (48%) dos brasileiros entrevistados disse consumir notícias pela plataforma.
"O WhatsApp não tem feed (um campo específico onde o conteúdo é exibido e o usuário pode navegar por ele)fazer jogo loterianotícias, então tudo isso é consumido via envio e compartilhamento."

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Ativação: expansão no debate público
Esse é o momentofazer jogo loteriaque o assunto toma conta do debate público.
Os pesquisadores ouvidos pela reportagem ressaltam terem observado, nos últimos anos, que este costuma ser o momentofazer jogo loteriaque o ex-presidente Jair Bolsonaro entra na conversa.
"Os nomes influentes testam os temas. Se não pegou, 'flopou', eles esquecem, enquanto Bolsonaro só vai na 'bola boa' — a gente viu issofazer jogo loteriavários episódios", diz Bruzzi.
"O casofazer jogo loteriaBolsonaro e a Nicarágua durante a sabatina do Jornal Nacional. Esse tema já estavafazer jogo loteriaalta no WhatsApp,fazer jogo loteriaascendência. Dias antes ele vinha crescendo", ilustra Bailez, da Palver.
A questão da Nicarágua é um exemplofazer jogo loteriacomo o ecossistema da desinformação vai se sofisticando com o tempo e passa cada vez mais usar notícias verdadeiras para construir narrativas falsas.
O governofazer jogo loteriaDaniel Ortega, que está no poder desde 2007, tem uma relação conflituosa com a Igreja Católica. Em agostofazer jogo loteria2022, chegou a prender o bispo Rolando Alvarez, que denunciava violações dos direitos humanos no país.
No Brasil, as mensagens que circulamfazer jogo loteriagrupos bolsonaristas sobre o país nessa época trazem esse histórico acompanhadofazer jogo loteriafotosfazer jogo loteriaLula com Ortega efazer jogo loteriainsinuaçõesfazer jogo loteriaque, se eleito, o petista promoveria perseguição religiosa no Brasil.
Foi esse o teorfazer jogo loteriauma das publicaçõesfazer jogo loteriaEduardo Bolsonarofazer jogo loteriasuas redesfazer jogo loteria19fazer jogo loteriaagostofazer jogo loteria2022, uma montagem com os dizeres "Lula e PT apoiam invasõesfazer jogo loteriaigrejas e perseguiçãofazer jogo loteriacristãos".
A postagem foi removidafazer jogo loteriasetembro por determinação do TSE, por "deturpar e descontextualizar quatro notícias a fimfazer jogo loteriagerar a falsa conclusão, no eleitor,fazer jogo loteriaque o ex-presidente Lula e o Partido dos Trabalhadores apoiam invasãofazer jogo loteriaigrejas e a perseguiçãofazer jogo loteriacristãos".
Em 22fazer jogo loteriaagosto — três dias depois dos posts do filho — Bolsonaro participa da sabatina do Jornal Nacional com a palavra "Nicarágua" escrita na mão.
Em setembro, ao condenar a derrubada do sinal da CNN do ar naquele país, o presidente toca no assunto e afirma que Ortega é apoiado por Lula.
No mês seguinte, já próximo do primeiro turno, questiona o petista sobre o regime na Nicarágua no debate da Band.
"A base já sabe como reagir a um tópico que aparecefazer jogo loteriaevidência quando Bolsonaro o traz. A oposição passa a reagir a partir daquele dia, mas àquela altura ele já está consolidado", aponta Fakhouri.
Bruzzi acrescenta um exemplo da disputafazer jogo loteria2018, também na sabatina do Jornal Nacional: "Bolsonaro não aparece com aquele livro que ele disse que ia mostrar do nada, ele chega já com uma trajetória desse assunto sendo 'esquentado' nas redes".
Trata-se do episódiofazer jogo loteriaque o então candidato trazia um livrofazer jogo loteriaeducação sexual que afirmava fazer parte do material didático usado por determinação do Ministério da Educação (MEC)fazer jogo loteriaescolas — uma fake news que ficou conhecida como "kit gay".
Infraestruturafazer jogo loteriacomunicação multiplataforma
As redes sociais não são o único instrumento usado pelas campanhasfazer jogo loteriadesinformação, diz Bruzzi. Elas fazem partefazer jogo loteriaum sistemafazer jogo loteriacomunicação mais amplo, que inclui a relação das redes entre si e delas com as mídias tradicionais.
"Enxergar a redefazer jogo loteriamaneira apartada do sistema é uma visão limitada da realidade."
O conteúdo desinformativo circula entre as diferentes plataformas — como WhatsApp, Telegram, Facebook, Instagram, Twitter, YouTube, TikTok, Kwai — e as transborda, chegando, por exemplo, nos meiosfazer jogo loteriacomunicação tradicionais, sejam eles mais alinhados ao discurso do campo ideológico que promove o conteúdo desinformativo ou aqueles que se pautam pelos temas que aparecemfazer jogo loteriaalta nas redes sociais.
"No ciclofazer jogo loterianotícias 24 horas por dia os meiosfazer jogo loteriacomunicação estão semprefazer jogo loteriabuscafazer jogo loteriapauta. E o simples fatofazer jogo loteriaalgo estar 'bombando' na internet por si só faz alguns temas virarem assuntos, ainda que aquilo não tenha relevância e independentemente da razão que o tenha levado aos 'trending topics'", afirma Linvill, professor da Universidadefazer jogo loteriaClemson.
"Isso dá ainda mais credibilidade (ao conteúdo), torna a coisa mais real", conclui ele, acrescentando que essa dinâmica também é muito presente no ecossistema da desinformação nos Estados Unidos, onde as emissorasfazer jogo loteriatelevisão são constantemente pautadas pelo debate nas redes.
Campanha permanente
Outra característica é a estratégiafazer jogo loteriacampanha permanente — trabalhar ou reforçar um tema no decorrerfazer jogo loteriameses ou anos.
Um trabalho feito pelo NetLab, laboratóriofazer jogo loteriaestudosfazer jogo loteriainternet e mídias sociais da UFRJ, que se debruçou sobre a disseminaçãofazer jogo loterianotícias falsas durante as eleições presidenciaisfazer jogo loteria2022, chama atenção para esse atributo.
Alguns dos temas que mobilizaram o debate — a alegaçãofazer jogo loteriafraude nas urnas e a ideiafazer jogo loteriaque as pesquisasfazer jogo loteriaopinião são manipuladas para desfavorecer Bolsonaro, por exemplo — já vinham sendo compartilhados nas redes pelo menos desde janeirofazer jogo loteria2021, quando tem início a coletafazer jogo loteriapublicações do estudo para mapear as narrativas desinformativas que usadas nas eleições.
"Conseguimos ver como diferentes temáticas se articulamfazer jogo loteriatermosfazer jogo loteriavolume e aderência ao longo do tempo na campanha permanente e analisar os eventos que desencadearam picosfazer jogo loteriaatividade efazer jogo loteriadesinformação", diz o texto.
"A repetiçãofazer jogo loteriaconteúdos é essencial para familiarizar o público sobre narrativasfazer jogo loteriadesinformação. Evidências indicam que a repetição aumenta a resistênciafazer jogo loteriausuários à correção e à checagem."

Persuasão, mobilização e as perguntasfazer jogo loteriaaberto
Desenhado esse panorama, que tipofazer jogo loteriarisco concreto a desinformação representa às sociedades e,fazer jogo loteriaúltima instância, às democracias?
Em outras palavras, qual o impacto das notícias falsas sobre o comportamento e as preferências políticasfazer jogo loteriaquem as consome?
Essas são perguntas ainda sem resposta definitiva, um campo recente e vastofazer jogo loteriaestudo das ciências sociais e política.
"Acho que essa é uma questãofazer jogo loteriapesquisafazer jogo loteriaaberto. A gente precisa fazer mais pesquisa sobre efeitos causais e atitudinais do consumofazer jogo loteriadesinformação via mídias sociais", avalia Tiago Ventura.
Nesta última eleição presidencial, o pesquisador realizou um experimento com foco no WhatsAppfazer jogo loteriaque os participantes passaram três semanas sem consumir mídias na plataforma (vídeos e fotos).
Entre as conclusões, observou-se que a exposição a notícias falsas entre os usuários reduziu consideravelmente, mas que o efeito dessa reduçãofazer jogo loteriaatitudes (como a preferênciafazer jogo loteriavoto, por exemplo), não foi estatisticamente relevante.
"Mas isso significa que WhatsApp não tem nenhum efeito na política, que a gente não tem que regular a plataforma? Absolutamente não", diz o cientista.
"O WhatsApp é uma formafazer jogo loteriamobilização. Você tem grupos que atuam na margem da lei se organizando a partir da plataforma, é preciso monitorar isso; é preciso controlar o nívelfazer jogo loteriadesinformação que circula. E há outras formas por meio das quais o WhatsApp pode afetar as atitudes que não só a partir do conteúdo,fazer jogo loteriaespalhamentofazer jogo loteriadesinformação", completa.
A professora do Departamentofazer jogo loteriaCiência Política da Universidade Federalfazer jogo loteriaPernambuco (UFPE) Nara Pavão, que tem conduzido com outros pesquisadores uma sériefazer jogo loteriaestudos sobre comportamento político e desinformação, afirma que há hoje uma extensa literatura nos Estados Unidos que aponta que as fake news não têm um poderfazer jogo loteriapersuasão significativo.
"Nem as notícias falsas, nem as verdadeiras. As pessoas acreditam no que 'querem' acreditar, no que confirma suas predisposições políticas e partidárias", destaca.
Na mesma direçãofazer jogo loteriaVentura, ela afirma que essas constatações não significam que a desinformação não tenha impacto social concreto, que não represente uma ameaça à democracia e não deva ser combatida.
Em um experimento recente feito a partirfazer jogo loterianotícias falsas compartilhadas por perfisfazer jogo loteriapolíticos, seu grupofazer jogo loteriapesquisa encontrou evidências que apontam que, ainda que as notícias falsas não tenham o potencial "de mudar drasticamente a opinião das pessoas", elas contribuem para "mobilizá-las politicamente e torná-las mais ativas, mais propensas a adotarem comportamentos políticos" — algo que poderia ajudar a explicar, por exemplo, o caldofazer jogo loteriacultura que culminou nos ataquesfazer jogo loteria8fazer jogo loteriajaneiro.
"A gente encontrou que as notícias falsas ativam as identidades políticas, por isso que elas mobilizam."
Nesse sentido, para ela, a saídafazer jogo loteriaBolsonaro da Presidência por si só não desmobiliza o ecossistema da desinformação.
"Existe, sim, essa ideia, que é embasada empiricamente,fazer jogo loteriaque os bolsonaristas puxam mais essa essa corda da desinformação, mas o que gera demanda pela notícia falsa não é só o bolsonarismo, é o partidarismofazer jogo loteriageral, combinado a esse novo mercado informacional (do qual fazem parte as redes sociais)", avalia.
"Não acho que um enfraquecimentofazer jogo loteriaBolsonaro mude o cenário drasticamente. Há outros países passando pela epidemia da desinformação sem ter um Bolsonaro na jogada. Eu diria que o bolsonarismo não é a principal variável, as principais variáveis são a estrutura das mudanças midiáticas e a polarização política."








