Como conter enchentes no Brasil, segundo criador das 'cidades-esponja': 'Barragens estão fadadas ao fracasso':betspeed é confiável

Para Yu, as soluções tradicionais baseadasbetspeed é confiávelbarragensbetspeed é confiávelcimento e tubulações impermeáveis já se mostraram incapazesbetspeed é confiávelacompanhar os efeitos das mudanças climáticas, já que as chuvas são cada vez mais intensas e o nível da águabetspeed é confiávelrios e mares não parabetspeed é confiávelsubir.

Como alternativa, o arquiteto propõe adotar uma infraestrutura verde, baseadabetspeed é confiávelum balanço hídrico artificial que seja o mais parecido possível com o natural e dê espaço e tempo para que a água seja absorvida pelo solo.

Em outras palavras, criar espaços e infraestruturas capazesbetspeed é confiávelabsorver, reter e liberar a chuvabetspeed é confiávelforma que ela retorne ao ciclo natural da água sem causar estragos.

O conceito já foi aplicado pela equipebetspeed é confiávelYubetspeed é confiáveldiversas cidades na China e também na Tailândia, Indonésia e Rússia — e por outros arquitetosbetspeed é confiáveltodo o mundo.

Segundo o chinês, ele pode ser reproduzidobetspeed é confiávelqualquer lugar, inclusive no Brasil.

"Funcionabetspeed é confiávelqualquer lugar. As cidades-esponja são uma solução para climas extremos, onde quer que eles estejam", diz.

"E o Brasil pode se dar muito bem com elas, porque tem muitas áreas naturais, o que dá mais espaço para a água escoar."

De acordo com o arquiteto, alémbetspeed é confiávelimpedir inundações, o modelo também pode ser útil durante os períodosbetspeed é confiávelseca, já que a água armazenada pode ser utilizada para irrigação e para manter as árvores e plantas da cidadebetspeed é confiávelboas condições.

Além das fortes chuvas, períodos mais prolongadosbetspeed é confiávelseca também são efeitos das mudanças climáticas.

Antesbetspeed é confiávelsofrerem com as inundações, muitos produtores gaúchos já haviam sido castigados pela faltabetspeed é confiávelágua no ano safrabetspeed é confiável2021/22.

Mas para que o conceito das cidades-esponja funcione, ele deve se basearbetspeed é confiáveltrês grandes estratégias, segundo Kongjian Yu.

Contenção da água

O primeiro princípio adotado nos projetos do chinês é reter a água assim que ela toca o solo. Segundo Yu, isso pode ser alcançado por meiobetspeed é confiávelgrandes áreas permeáveis e porosas, não pavimentadas.

Da mesma forma que uma esponja com muitos orifícios, a cidade deve conter a chuva com lagos artificiais e áreasbetspeed é confiávelaçude alimentados naturalmente ou por canos que ajudam a escoar a águabetspeed é confiávelrios e represas.

Telhados e fachadas verdes, assim como valas com áreas verdes com camadasbetspeed é confiávelsolo permeáveis ​​por baixo também são usadas para esse propósito.

Kongjian Yu explica que,betspeed é confiáveláreas cultiváveis, reservar 20% do terreno para operar como um sistemabetspeed é confiávelaçude é suficiente para impedir que o restante do lote seja inundado. Essa área pode ainda ser adaptada para colheitas resistentes à umidade e para posteriormente abastecer o restante das plantaçõesbetspeed é confiávelépocasbetspeed é confiávelseca.

Apesarbetspeed é confiávelser algo recente, a base teórica na qual as cidades-esponja resgata as antigas tradições chinesas da agricultura e da gestão da água.

"Temos que aprender com a aquacultura como fazer essa terra fértil, quais culturas podem sobreviver e usar essas áreas para isso", diz. "O arroz é um exemplobetspeed é confiáveluma plantação que pode funcionar."

Redução da velocidade

Em seguida, o arquiteto aconselha pensar no manejo da água coletada. Isto é, desacelerar o fluxo d'água.

Em vezbetspeed é confiáveltentar canalizar a água rapidamente para longebetspeed é confiávellinhas retas, rios tortuosos com vegetação ou várzeas reduzem a velocidade da água.

Eles oferecem mais um benefício, que é a criaçãobetspeed é confiáveláreas verdes, parques e habitats para animais, purificando a água escoada na superfície com plantas que removem toxinas poluentes e nutrientes.

Yu conta que se interessou pelo tema da urbanização e da contenção das águas após vivenciar uma experiência com inundações durante a infância.

Na época com apenas 10 anos, o chinês viviabetspeed é confiáveluma fazenda na Provínciabetspeed é confiávelZhejiang, pertobetspeed é confiávelHangzhou. Durante um períodobetspeed é confiávelfortes chuvas, o córrego da região inundou os camposbetspeed é confiávelarroz da comunidade agrícola e Yu foi pego pelas águas, carregado pela enchente.

Mas as plantas, troncos e salgueiros ao longo do córrego reduziram a velocidade do fluxo do rio, permitindo que ele se agarrasse à vegetação e saísse das águas.

"Se o rio fosse como muitos são hoje, nivelados com paredesbetspeed é confiávelconcreto, certamente eu teria me afogado", contou Yu à BBC.

As técnicas usadas pelo arquitetobetspeed é confiávelseus projetos atuam da mesma forma que a vegetação no córrego na fazendabetspeed é confiávelYu, desacelerando a água.

Escoamento e absorção

A terceira estratégia é adaptar as cidades para que elas tenham áreas alagáveis, para onde a água possa escorrer sem causar destruição.

"Em vezbetspeed é confiávelconstruir barragens e ir acumulando a águabetspeed é confiáveláreasbetspeed é confiávelcimento, precisamos nos adaptar à água, deixa a cidade lidar com a águabetspeed é confiávelforma saudável", diz Yu.

A principal formabetspeed é confiávelfazer isso é criar grandes estruturas naturais alagáveis para que a água possa ser contida por um tempo e, depois, absorvida pelo lençol freático.

Yu defende que essas áreas alagáveis permaneçam desocupadas, evitando-se construções nas áreas baixas.

Nos casosbetspeed é confiávelinfiltração, podem ser feitas caixas infiltrantes, que facilitam a entrada da água no solo.

Algumas cidades usam "jardinsbetspeed é confiávelchuva" que armazenam o excessobetspeed é confiávelchuvabetspeed é confiáveltanques subterrâneos e túneis. A água só é descartada nos rios depois que os níveis diminuem.

Plantas que absorvem água também podem ser usadas para dar conta do alto volumebetspeed é confiávelchuvas.

"A natureza se adapta. O conceitobetspeed é confiávelcidade-esponja é baseado no princípiobetspeed é confiávelque a natureza regula a água", diz o arquiteto. "Não é apenas a naturezabetspeed é confiávelsi. Sistemas feitos pelo homem devem ser certamente usados, mas a natureza deve ser dominante."

Yu afirma ainda que, para conter as grandes inundações previstas para os próximos anos, é preciso expandir essa estratégia por várias regiões e criar um "planeta-esponja" onde a força das águas possa ser dissipada e desacelerada aos poucos.

Ainda na visão do chinês, alémbetspeed é confiávelparques adaptados e áreas cultiváveis capazesbetspeed é confiávelabsorver mais água, lagoas e pântanos podem coexistir com rodovias e arranha-céus.

Experiências

Em 2015, o presidente chinês, Xi Jinping, inaugurou oficialmente o "Programa Cidade-Esponja", que incentivava as cidades a adotar uma infraestrutura verde para conter a água, ao invés das estratégias cinza comuns (feitas com cimento, concreto, aço e asfalto).

Yu é consultor da iniciativa e ajudou a construir centenasbetspeed é confiável"parques-esponja" na China.

Um deles é o Houtan Park,betspeed é confiávelXangai. A faixa verdebetspeed é confiávelquase 2 quilômetrosbetspeed é confiávelextensão ao longo do rio Huangpu foi projetadabetspeed é confiáveluma antiga área industrial.

Terraços plantados com bambu, ervas e gramíneas nativas são cortados por passarelasbetspeed é confiávelmadeira instaladas entre lagoas e pântanos.

As zonas úmidas filtram a água, retardam o fluxo do rio e criam um ambiente propício para aves aquáticas e peixes.

Mas o conceitobetspeed é confiávelcidade-esponja não é exclusivo da China. Um dos projetos supervisionados por Yu fora do país foi nomeado Parque Florestal Benjakitti.

Em Bangkok, na Tailândia, o parque possui um labirintobetspeed é confiávellagos, árvores e pequenas ilhas. Inauguradobetspeed é confiável2022, ocupa maisbetspeed é confiável400 mil metros quadrados e foi construído no lugarbetspeed é confiáveluma antiga fábricabetspeed é confiáveltabaco.

Solução mágica?

Em todo o mundo, cada vez mais lugares estão enfrentando dificuldades com o aumento das chuvas, um fenômeno que os cientistas relacionam às mudanças climáticas.

À medida que as temperaturas se elevam com o aquecimento global, cada vez mais umidade evapora na atmosfera, causando chuvas mais fortes.

E os cientistas afirmam que essa situação só irá piorar. No futuro, as chuvas serão mais intensas que o normal.

Com tempestades cada vez mais fortes, especialistas questionam se as cidades-esponja serão capazesbetspeed é confiávelconter inundações.

Pesquisadores do tema analisaram os resultados das cidades que receberam os projetos incentivados pelo governo chinês desde 2015.

Muitas das iniciativas-piloto tiveram um efeito positivo, com projetosbetspeed é confiávelbaixo impacto, como telhados verdes e jardinsbetspeed é confiávelchuva, desacelerando o escoamento.

Uma das cidades que demonstraram mais entusiasmobetspeed é confiávelrelação ao projeto, Zhengzhou, na provínciabetspeed é confiávelHenan, recebeu 60 bilhõesbetspeed é confiávelyuans (cercabetspeed é confiávelR$ 42 bilhões).

Ainda assim, após a cidade ser atingida por uma das chuvas mais fortes dabetspeed é confiávelhistóriabetspeed é confiável2021, as ruas ficaram inundadas e maisbetspeed é confiável70 pessoas morreram.

Mas Yu insiste que a sabedoria da China antiga não pode estar errada e essas falhas são causadas pela execução inadequada ou fragmentada dabetspeed é confiávelideia pelas autoridades locais.

A enchentebetspeed é confiávelZhengzhou, segundo ele, foi um exemplo clássico. A cidade pavimentou seus lagos,betspeed é confiávelforma que não houve retençãobetspeed é confiávelágua suficiente quando a chuva começou.

O rio principal havia sido canalizado com drenagensbetspeed é confiávelconcreto, fazendo com que a água fluísse com a velocidade "de uma descargabetspeed é confiávelvaso sanitário", segundo o arquiteto. Além disso, construções importantes como hospitais foram construídas sobre terras baixas.

Yu afirma ainda que as soluções podem ser combinadas: manter as estruturasbetspeed é confiávelcontenção que já existem e implementar os elementos das cidades-esponja ao mesmo tempo.

O chinês, porém, não vê vantagembetspeed é confiávelcontinuar construindo novas barragens quebetspeed é confiávelalguns anos se tornarão obsoletas.

"Se [as cidades] já vão investir dinheiro, que sejabetspeed é confiávelum projeto baseado na natureza", diz. "Meus projetos demorambetspeed é confiáveltornobetspeed é confiável1 a 3 anos e podem ajudar as cidades a lidar com a água por muito tempo."

Yu diz ainda que os próprios moradores podem usar seus jardins, terraços e telhados como “esponjas” para ajudar a absorver a água das chuvas.

"Não estou dizendo que vamos solucionar o problema completamente dessa forma, mas vamos certamente mitigar as consequências."