Metadesaque na betwaytodo crescimento do Brasil fica com os 5% mais ricos, diz autorsaque na betwaylivro sobre desigualdade:saque na betway
Para se ter uma ideia, analisando a distribuiçãosaque na betwayrendasaque na betwayvaloressaque na betway2021, o livro destaca que metade dos adultos brasileiros não ganha maissaque na betwayR$ 14 mil ao ano (menossaque na betwayR$ 1.200 na média mensal).
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Fim do Matérias recomendadas
Mesmo entre os “mais ricos” dentro dos 80% mais pobres o ganho anual não supera R$ 31 mil (cercasaque na betwayR$ 2.600 na média mensal). Isso significa que quatro quintos da população adulta ganham menos que a médiasaque na betwayum adulto brasileiro (cercasaque na betwayR$ 33 mil ao ano).
Isso acontece porque o topo da pirâmide tem renda tão mais alta que puxa a média da renda para muita acima do que a maioria ganhasaque na betwayfato.
No caso do grupo dos 10% mais ricos, a renda não começa tão elevada. Os “mais pobres” desse grupo ganhamsaque na betwaytornosaque na betwayR$ 50 mil por ano. Isso equivale ao salário aproximadosaque na betwayR$ 3.800 mensaissaque na betwayum trabalhador formal, que recebe décimo terceiro e adicionalsaque na betwayférias, ressalta o autor.
A partir daí, porém, os patamaressaque na betwayrenda começam a crescer num ritmo super acelerado, constata o livro. O 1% mais rico, por exemplo, é um gruposaque na betwaypouco maissaque na betway1,5 milhãosaque na betwaypessoas que ganham, no mínimo, R$ 340 mil por ano – quase sete vezes mais que aqueles que estão no começo dos 10% mais ricos. Mas as rendas do topo desse grupo vão muito além, enfatiza o autor.
“A maior parte da desigualdade do Brasil está nos 10% mais ricos. Eles são um grupo terrivelmente desigual”, resumiu,saque na betwayentrevista à BBC News Brasil.
E a desigualdade no topo não é apenassaque na betwaynívelsaque na betwayrenda, massaque na betwaycomo essa renda é taxada, destaca Medeiros. Trabalhadores assalariados, por exemplo, tendem a pagar um imposto mais alto que profissionais liberais ou investidores.
“Algumas dessas pessoas (no grupo dos 10% mais ricos) estão pagando bastante Impostosaque na betwayRenda, por exemplo, e outras estão pagando muito menos Impostosaque na betwayRenda”, afirma.
Aumentar a progressividade da tributação – ou seja, cobrar maissaque na betwayquem ganha mais – é uma das medidas necessárias para promover a distribuiçãosaque na betwayrenda, defende o sociólogo, mas nemsaque na betwaylonge é suficiente. Nasaque na betwayvisão, enfrentar a colossal desigualdade brasileira tem que estarsaque na betwaytoda a políticasaque na betwaygoverno.
O próprio crescimento da economia, defende, precisa ser pensado como um crescimento pró-pobre. Ou seja, um crescimento que puxe a renda da base ao invéssaque na betwaybeneficiar essencialmente o topo, como vem ocorrendo.
“Mais ou menos metadesaque na betwaytodo o crescimento brasileiro está indo para as mãos sósaque na betway5% da população”, crítica.
Medeiros reconhece que é uma tarefa para décadas, que provocará muita resistência das elites e dependesaque na betway“mobilizar um capital político monstruoso”.
“Reduzir dramaticamente a desigualdade e a pobreza no Brasil vai envolver muita mobilização política porque o problema é político antessaque na betwayele ser enfrentado do pontosaque na betwayvista econômico”.
Confira a seguir os principais trechos da entrevista, feita por telefone e editada por concisão e clareza.
saque na betway BBC News Brasil - É amplamente sabido que o Brasil é muito desigual. O que maioria das pessoas não sabe sobre a desigualdade brasileira?
saque na betway Marcelo Medeiros - O pontosaque na betwaypartida desse livro é a constataçãosaque na betwayque o Brasil é extremamente desigual e há uma grande massasaque na betwaypopulaçãosaque na betwaybaixa renda que é separadasaque na betwayuma elite que é pequena, mas é bem mais rica do que a maior parte da população.
Algo como 80% da população são muito parecidos. A maior parte da desigualdade brasileira está na diferença entre os 10% mais ricos e o resto da população e as desigualdades internas dentro desse grupo dos 10% mais ricos.
Talvez não falte informação técnica (sobre a desigualdade), talvez falte interpretar o que isso significa. Eu vou lhe dar um exemplo. Estatisticamente a gente tem definições com linhassaque na betwaypobreza. Quando você diz que uma linhasaque na betwaypobrezasaque na betway1,9 dólar ppp (taxasaque na betwaycâmbio que levasaque na betwayconta o podersaque na betwaycompra do dinheiro local) define pobreza globalmente e essa linha aplicada no Brasil (o equivalente à cercasaque na betwayR$ 5 por dia por pessoa,saque na betwayvaloressaque na betway2020) dá 12% da população, as pessoas sabem disso. O que elas não conseguem muito bem é ver o que isso significa.
Então eu tentei no livro traduzir essa noção estatística para algo concreto, como dar uma dimensão das privações gigantescas que uma mãe vai ter que fazer para comprar o material escolar dasaque na betwayfilha porque ela é pobre. Quantos dias ela vai precisar pararsaque na betwaycomer para comprar um livrosaque na betwaymatemática, por exemplo.
Então, talvez não seja uma questãosaque na betwaysaber (que há muita desigualdade), talvez seja mais uma questãosaque na betwayincorporar issosaque na betwayforma concreta esaque na betwaycomeçar a exigir a incorporação dessas coisas na formulação das políticas.
saque na betway BBC News Brasil – Você diz que há uma grande massasaque na betwaypessoassaque na betwaybaixa renda não muito diferentes entre si, enquanto há muita desigualdade entre os 10% mais ricos. Qual a implicação para o desenho das políticas contra a desigualdade?
saque na betway Marcelo Medeiros - Isso traz duas implicações iniciais. A primeira é lembrar que uma linhasaque na betwaypobreza (no Brasil) divide uma população muito parecidasaque na betwayforma bastante artificial. E, porque existe pouca diferença entre os pobres e as pessoassaque na betwaybaixa renda, a gente não deve desenhar política ignorando que, ainda que as pessoas não sejam pobres, elas precisam muito das políticas públicas para tudo que elas fazem. Precisam muito da Previdência, dos serviçossaque na betwaysaúde, dos serviços educacionais. Em alguma medida, elas também precisamsaque na betwayassistência (social).
Então, a gente não deve separarsaque na betwaymaneira artificial demais os pobres das pessoassaque na betwaybaixa renda porque, na verdade, a massasaque na betwaypopulação brasileira ésaque na betwaybaixa renda.
Outra coisa é importante é que as pessoas não são pobres, a maior parte das pessoas está pobre. Existe muita entrada e saída continuamentesaque na betwaytorno da pobreza (pessoas cuja renda oscila abaixo e acima da linhasaque na betwaypobreza), e a gente também tem que aprender a lidar melhor com isso.
Isso do lado dos pobres. Do lado dos ricos, é importante pararsaque na betwayachar que existe um ponto a partir do qual se identifica claramente quem são as pessoas ricas. Não é a partir dos 10% (com maior renda), não é a partir dos 5% (com maior renda), não é a partir do 1% (com maior renda), porque todos esses grupos são extremamente heterogêneos.
Uma das implicações disso é que a gente deve focar melhor na progressividadesaque na betwayalgumas políticas como, por exemplo, a tributação. Temos que melhorar nosso sistema tributário para lidar com o fatosaque na betwayque você está arrecadando rendasaque na betwayuma população extremamente desigual.
Tratar uma pessoa que está no 1% (de maior renda) da mesma forma que se trata a pessoa que está nos 10% (de maior renda) não é bom, assim como tratar uma pessoa que está no 0,1% (de maior renda) da mesma forma que você trata uma pessoa que tá no 1% (de maior renda), também não é bom. A gente tem que melhorar os nossos mecanismossaque na betwayprogressividadesaque na betwaytudo, inclusive no Impostosaque na betwayRenda.
saque na betway BBC News Brasil – Como avalia as ações do governo Lula nesses dez primeiros meses para combater desigualdade?
saque na betway Marcelo Medeiros - Eu não estou fazendo acompanhamento das políticas no detalhe que precisaria para te dar uma resposta minimamente sólida sobre isso, e algumas medidas vão sersaque na betwaylongo prazo também. Eu tenho feito muito pouco avaliaçãosaque na betwayconjuntura pelo fatosaque na betwayter saído do Brasil.
saque na betway BBC News Brasil – O que deveria ser priorizado pelo governo para reduzir desigualdade no Brasil?
saque na betway Marcelo Medeiros - Achar que há uma solução simples para um problema dessa magnitude não ajuda a resolver o problema. É um problema incrivelmente difícil, vai levar muito tempo, vai mobilizar um capital político monstruoso, porque, no fundo, você não produz um país com o nívelsaque na betwaydesigualdade brasileira só com um conjuntosaque na betwayfatores isolado.
Toda política tem que levar desigualdadesaque na betwayconta. Portanto, não existe uma prioridade. Não é uma questão, por exemplo,saque na betwayeducação, não é uma questãosaque na betwayapenas tributar as pessoas mais ricas, é uma combinaçãosaque na betwayuma sériesaque na betwaypolíticas que vai tornar o Brasil um país menos desigual.
A ideiasaque na betwayfazer o livro é trazer conhecimentos sobre a desigualdade no Brasil para que esses conhecimentos possam ser incorporadossaque na betwaytodas as políticas, e não apenas um conjunto específicosaque na betwaypolíticas.
saque na betway BBC News Brasil – No livro, você aponta que a redução da pobreza e da desigualdade exige açõessaque na betwayvárias frentes, como mais acesso à educação, mais serviçossaque na betwayproteção social, mudanças na tributação, alémsaque na betwaycrescimento econômico. Como fazer isso com as restrições fiscais que o governo enfrenta?
saque na betway Marcelo Medeiros - Uma coisa que você mencionou, na verdade, não é importante para combater a desigualdade, que é a necessidade do crescimento econômico. Isso porque não existe o crescimento econômico do país. No Brasil, quem cresce (economicamente) são algumas pessoas e outras não, umas mais e outras menos. Então, é errado falar do Brasil crescendo, o certo é falarsaque na betwayquem no Brasil está crescendo mais e quem está crescendo menos.
Um crescimento pró-pobres é completamente diferentesaque na betwayum crescimento pró-ricos, embora o resultado final possa ser a mesma taxasaque na betwaycrescimento (do PIB). Então, na verdade, o que o Brasil precisa não ésaque na betwaycrescimento, o que o Brasil precisa ésaque na betwayum crescimento pró-pobres. No sentido amplo da palavra, pró-pobres significando toda a populaçãosaque na betwaybaixa renda.
saque na betway BBC News Brasil – O que fazer para o crescimento ser mais pró-pobre?
saque na betway Marcelo Medeiros - Realmente, não existe uma resposta simples para isso. A gente vai ter (que enfrentar) barreirassaque na betwaynatureza política, barreiras no conflito distributivo, vai ter limitaçõessaque na betwaynatureza fiscal, muita coisa para ser administrada aí.
Talvez, parte dos nossos problemassaque na betwaynatureza política é acreditar nesse simplismo. Isso resulta, às vezes,saque na betwayalgum populismo, seja ele populismosaque na betwaydireita, seja ele populismosaque na betwayesquerda, seja populismo tecnocrático,saque na betwayadotar essas soluções que aparentemente são simples para problemas que são monstruosos.
Vou fazer uma analogia: como a gente enfrenta o problema da criminalidade no Brasil? Qual a solução simples para um problema dessa magnitude? A respostasaque na betwayqualquer pessoa vai ser: eu não sei.
saque na betway BBC News Brasil – Ao longo da história, geralmente o crescimento foi pró-rico?
saque na betway Marcelo Medeiros - Teve momentossaque na betwaycrescimento pró-pobre e crescimento pró-ricos. O que a gente pode dizer é que ao longo das últimas duas décadas, arredondando um pouco, um quartosaque na betwaytodo o crescimento foi apropriado só por 1% da população.
Ou, se quiser outro número que é equivalente a esse, mais ou menos metadesaque na betwaytodo o crescimento brasileiro está indo para as mãos sósaque na betway5% da população.
Ou seja, temos um crescimento que extremamente concentrado e a implicação disso é que nossa discussão sobre o crescimento, no fundo, é uma discussão que está sendo apropriada por um grupo que não chega a um décimo da população brasileira.
saque na betway BBC News Brasil - Voltando à pergunta anterior: como o governo pode atuar contra a desigualdadesaque na betwayvárias frentessaque na betwayum cenáriosaque na betwayrestrição fiscal?
saque na betway Marcelo Medeiros - Sempre vai haver uma restrição fiscal, por isso negociar dentro do orçamento é tão importante. O Brasil precisa liberar recursos por um lado, ou seja, precisa reorganizar alguns gastos, precisa aumentar a eficiênciasaque na betwayalgumas políticas, mas também precisa aumentar arrecadação. Um problema dessa magnitude vai precisarsaque na betwayalgum aumentosaque na betwayarrecadação.
Inclusive, o problema fiscal brasileiro (para além do combate à desigualdade) vai precisarsaque na betwaymais arrecadação. Simplesmente, porque há um ponto onde cortar gastos se torna extremamente difícil, demora tempo demais. Há coisas, por exemplo, que você não pode fazer. Não pode cortar previdências no Brasil, porque isso implicaria violações importantessaque na betwaycontratos e abriria precedentes para outras violaçõessaque na betwaycontratos muito importantes.
Então há limites no que pode e não pode ser feito para qualquer governo, independente dasaque na betwaymatriz ideológica. E um bom governante tem que lidar com esses limites o tempo inteiro. Mas,saque na betwaytermos gerais, há muita coisa que pode ser feita no Brasil. Eu não quero fazer uma lista. Acho que a discussão é mais sofisticada do que um indivíduo pode fazer isoladamente.
saque na betway BBC News Brasil - Então, para reduzir desigualdade precisa aumentar a carga tributária?
saque na betway Marcelo Medeiros - Na verdade, para resolver o problema fiscal o Brasil precisa ter reduçãosaque na betwaygastos, realocaçãosaque na betwaygastos e aumentosaque na betwayarrecadação. Se isso vai ser via aumentosaque na betwaycarga ou se vai ser simplesmente aumentosaque na betwaybase, que é outra alternativa, cobrar impostosaque na betwayquem tá pagando pouco, também é uma possibilidade.
Não vamos subestimar. Se fosse fácil, alguém já tinha feito. Isso passa por enfrentar o conflito distributivo gigante. Vai haver reação. Reduzir dramaticamente a desigualdade e a pobreza no Brasil vai envolver muita mobilização política porque o problema é político antes dele ser enfrentado do pontosaque na betwayvista econômico.
saque na betway BBC News Brasil – O governo está enfrentando dificuldades para aprovar medidas pontuais, como aumentar impostos sobre fundossaque na betwaysuper ricos que hoje são pouco tributados. Qual seu otimismo sobre reduzir a desigualdade do Brasil quando isso depende não apenassaque na betwayalgumas ações pontuais, massaque na betwayum caminhãosaque na betwaymedidas a serem aprovadas no Congresso?
saque na betway Marcelo Medeiros - Não sou nem otimista, nem pessimista. Acho que ninguém deve ser otimista ou pessimista. As pessoas têm que ser realistas diante da magnitude do problema que está sendo enfrentado. Elas têm que entender que essas coisas são decisões que vão exigir muito mais metassaque na betwaylongo prazo quesaque na betwaycurto prazo.
E que essas metas passam por mobilização política, por escolher bem os representantes políticos e assim, sucessivamente, por várias outras coisas. E, inclusive, por criar, literalmente, jogosaque na betwayforça na política.
saque na betway BBC News Brasil – Quando você fala longo prazo quer dizer décadas?
Marcelo Medeiros - Décadas. Na verdade, são décadas, a não ser que você queria tomar medidas muito dramáticas. Mas a pergunta é se a gente está disposto a tomar medida muito dramáticas. Houve casossaque na betwayquedas radicaissaque na betwaydesigualdade no mundo, mas elas são resultadossaque na betwaymedidas muito dramáticas, como, por exemplo, as quedas que aconteceram durante a Segunda Guerra Mundial na Europa, ou nos Estados Unidos com uma mobilização gigantesca, uma regulação tremenda da economia, ou o que aconteceu nos países soviéticos. Isso faz a desigualdade cairsaque na betwaymaneira rápida.
Mas, obviamente, toda a política tem um preço, todo o benefício tem um custo.
saque na betway BBC News Brasil - Nos Estados Unidos, por exemplo, que tiposaque na betwayregulação dramática na economia foi adotada?
saque na betway Marcelo Medeiros - Toda, geral, não foi uma regulação, foi uma montanhasaque na betwayregulações, primeiro no pós-Grande Depressão (após a quebra da Bolsasaque na betwayNova Yorksaque na betway1929) e, segundo, no esforçosaque na betwayguerra (durante a Segunda Guerra Mundial). Você controlava salários, controlava lucros, controlava a economia inteira. Então, controlou muita coisa, não foi uma medida isolada, foi uma coisa gigantesca.
Se você não regula (a economia), obviamente quem tem poder vai replicar esse poder com velocidade mais alta.
saque na betway BBC News Brasil – O livro aborda quem são os pobres e quem são os ricos no Brasil. O que seria a classe média?
saque na betway Marcelo Medeiros - Eu te respondo com outra pergunta: são essas as divisões certas? Ricos, pobres, e classe média? E a pergunta subsequente é: para que a gente quer dividir a população?
A divisãosaque na betwayuma populaçãosaque na betwaygrupos é uma ferramenta. Essa ferramenta vai ser usada para quê? Porque dependendo do que a gente fizer, uma ferramenta pode ser melhor do que a outra. A gente pode querer dividir a populaçãosaque na betwaytrês grupos, como pode querer dividir a populaçãosaque na betway300 grupos.
E esse que é o argumento central do livro: não é dado que existe um gruposaque na betwaypobres, um gruposaque na betwayricos, e um gruposaque na betwayclasse média. Isso é só um uma maneirasaque na betwaydividir a sociedadesaque na betwayclasses, e a gente tem que pensar para que a gente quer dividir a sociedadesaque na betwayclasses, primeiro. E, segundo, (pensar) o que significam essas divisões.
Se a gente não tem uma definição substantiva do que é ser rico, uma definição substantiva do que é ser classe média, uma definição substantiva do que é ser pobre, isso vai ser simplesmente uma classificaçãosaque na betwayborboletas, onde você atribui arbitrariamente a classe das borboletas por cor, por exemplo.
Não vamos deixarsaque na betwaylado, que, por trás da definiçãosaque na betwayclasse média, existe uma decisãosaque na betwaynatureza política do significado daquilo, porque, no fundo, a nossa cultura política, nosso sistema legal, ele é baseadosaque na betwayideias que não são precisamente definidas. E a gente não deve deixarsaque na betwaylado jamais que essas classificações são classificações políticas.
saque na betway BBC News Brasil – Fiz essa pergunta para introduzir outra questão: uma pessoa com renda individualsaque na betwayR$ 10 mil por mês já está no grupo dos 10% mais ricos do país. Mas essa pessoa provavelmente não se vê como rica. Possivelmente, ela se vê como classe média.
saque na betway Marcelo Medeiros - Há estudos no mundo sobre isso. No geral, as pessoas não gostamsaque na betwayse autoclassificar como pobres nem como ricas. Elas geralmente se classificam como classe média, nesses esquemas sósaque na betwaytrês classes, e elas usam qualificadores: classe média baixa para os pobres, classe média alta para os ricos. É isso que você vai ver no mundo inteiro, o Brasil não é uma exceção.
saque na betway BBC News Brasil - Como as políticassaque na betwaydistribuição devem agir sobre esse grupo, que está no topo da pirâmide, mas não são os mais ricos? São pessoas que vivem confortavelmente, mas não estão necessariamente esbanjando dinheiro. Elas deveriam contribuir maissaque na betwayalguma forma, dada a distribuiçãosaque na betwayrenda do Brasil?
saque na betway Marcelo Medeiros - Não dá para dizer isso porque esse grupo que você definiu é muito grande e heterogêneo. Algumas dessas pessoas (no grupo dos 10% mais ricos) estão pagando bastante Impostosaque na betwayRenda, por exemplo, e outras estão pagando muito menos Impostosaque na betwayRenda. Então, não podemos esquecer que esse grupo é muito heterogêneo. Na verdade, a maior parte da desigualdade do Brasil está nos 10% mais ricos. Eles são um grupo terrivelmente desigual.
saque na betway BBC News Brasil - Um grupo que estaria pagando pouco impostos, na visãosaque na betwayeconomistas saque na betway como Armínio Fraga saque na betway e Samuel Pessoa, seriam profissionais liberaissaque na betwayrenda alta que costumam ter empresassaque na betwayregimes especiaissaque na betwaytributação, casosaque na betwaymédicos e advogados, por exemplo. Isso deveria mudar?
saque na betway Marcelo Medeiros - Não porque é para esse grupo. Tem que mudar porque um bom sistema tributário tributa da mesma forma a renda, independente dasaque na betwayfonte, claro, com algumas poucas exceções. Então, seria importante, por exemplo, que as pessoas físicas e as pessoas jurídicas… ou melhor, que os rendimentos do trabalho e os lucros e dividendos (distribuídos pelas empresas aos acionistas) fossem tributados da mesma maneira.
Assim como também seria muito importante, porque não está na pauta, mas deveria estar, que os rendimentossaque na betwaycapital, que no Brasil se chama rendimentosaque na betwaytributação exclusiva, também fossem tributados como o rendimento do trabalho.
No fundo, tudo tem que ser tributado da mesma maneira. Hoje, no Brasil, a gente paga menos tributos nesse caso, bem menos, 15%, quando muito 22%, se você for sacar rápido demais, mas geralmente paga menos.
Isso também não é nenhuma panaceia. Isso não vai aumentar a arrecadação dramaticamente, mas é o que precisa ser feito. É bom para não criar mecanismos artificiaissaque na betwayreorganização da economia. Ou seja, as pessoas começam a se organizar para ser CNPJ, por exemplo, no lugarsaque na betwayser pessoa física só por causa disso.
saque na betway BBC News Brasil – O livro ressalta que mais educação não é solução mágica pra reduzir desigualdade. Por que essa medida tem impacto limitado?
saque na betway Marcelo Medeiros - Primeiro, porque educação é um investimentosaque na betwaylongo prazo. Leva muito tempo para fazer uma reforma educacional, muito tempo para educar uma criança e, mesmo que isso fosse feito num sistema perfeito, o que a gente vai fazer com todos os trabalhadores que já estão no mercadosaque na betwaytrabalho e que vão ficar no mercadosaque na betwaytrabalho por 40 anos? Então, só vai ser uma solução para alguma coisa talvez daqui a meio século.
A segunda questão é: educação é um termo genéricosaque na betwaymais. Que educação que a gente está falando? Ensino básico primário, ensino médio, ou ensino superior? A diferença salarial entre trabalhadoressaque na betwayensino primário esaque na betwayensino médio é muito pequena. A educação que realmente afeta desigualdade é o ensino superior.
Se a nossa estratégia for usar a educação para reduzir desigualdade, isso vai requerer uma massificação do ensino superior no Brasil, o que vai custar muito caro e vai levar muito tempo. Então, não é que a educação não seja necessária, educação é insuficiente para resolver esse problema.
saque na betway BBC News Brasil – Os governos do PT promoveram expansão do ensino superior com mais universidades públicas e programas como Fies e Prouni. Esse caminho está correto? Precisa ser ampliado?
saque na betway Marcelo Medeiros - O Brasil já vem expandindo seu ensino superior desde pelo menos meados da décadasaque na betway90. E expandiu muito rapidamente a partir dos anos 2000, mas baseado basicamente no ensino à distância, não uma expansão das universidades públicas como algumas pessoas acreditam.
O problema não é o ensino à distância, o problema é que o ensino à distância tal como ele foi implementado ésaque na betwaybaixíssima qualidade. Então, a gente tem problemas importantessaque na betwayqualidade esaque na betwayquantidade para enfrentar. E não vai ser um conjunto pequenosaque na betwaymedidas que vai resolver isso.
saque na betway BBC News Brasil - O Congresso acabasaque na betwayaprovar a revisão da Leisaque na betwayCotas. A reservasaque na betwayvagas para negros no ensino superior é uma política importante para reduzir desigualdade?
saque na betway Marcelo Medeiros - É uma política extremamente importante por uma razão simples: uma alternativa as cotas seria simplesmente investirsaque na betwayeducaçãosaque na betwaybase. O problema é o tempo gigantesco que isso vai levar.
Dois, (outro problema é) o conjunto enormesaque na betwayobstáculos que os negros vão enfrentar à medida que eles sobem. Os negros têm mais dificuldade para avançar na educação porque a vida (dos negros) é cheiasaque na betwayobstáculos, inclusive dentro da escola.
E a educação dos negros é menos valorizada que a educação dos brancos. Um homem branco e um homem negro com exatamente a mesma educação, o homem negro tenderá a ter um salário mais baixo. Portanto, os caminhos têm que ser outros. O sistemasaque na betwaycotas é um complemento a outras medidas que precisam ser tomadas.
saque na betway BBC News Brasil – Alémsaque na betwaydar acesso a profissõessaque na betwaymaior renda, as cotas também são importantes por aumentar o acesso dessas pessoas a espaçossaque na betwaypoder e liderança?
saque na betway Marcelo Medeiros - Existe um fatorsaque na betwaysinalização muito importante que é as pessoas negras poderem se projetarsaque na betwaylideranças negras: nos artistas, nos intelectuais, nos políticos, nos empresários. Porque parte do problema passa pelas barreiras relacionadas a isso.
Existe um outro fator que é osaque na betwayrepresentatividade. Nem todos vão ser representantessaque na betwaycausas negros, mas alguns serão representantessaque na betwaycausas negras e, ao acontecer isso, obviamente isso favorece pessoas que não estão na mesma posição que eles.
saque na betway BBC News Brasil – Você defende que o combate à desigualdade tem que permear todas as ações do governo. O presidente Lula disse que gênero e raça não são critérios para escolher o próximo ministro do STF, um corte dominada por homens brancos. A representatividade do Supremo tem reflexos pra reduçãosaque na betwaydesigualdade?
saque na betway Marcelo Medeiros - Eu sou favorável a ter mais representatividade racial esaque na betwaygênero no Supremo, comosaque na betwayrestosaque na betwayqualquer elite. Agora não sei dizer qual impacto isso vai ter,saque na betwayqual desigualdade e por qual caminho.
saque na betway BBC News Brasil – Idealmente, Lula deveria levarsaque na betwayconta raça e gênero ao indicar uma pessoa para a Corte?
saque na betway Marcelo Medeiros - Idealmente, a sociedade inteira, não só o presidente, todo mundo tem que levarsaque na betwayconta. Os partidos têm que fazer isso, as empresas têm que fazer isso, a televisão tem que fazer isso. A desigualdade racial estásaque na betwaytodos os lugares.