Licença-paternidadejogo da betânia3 meses: brasileiro na Noruega conta como foijogo da betânia'contar as horas para esposa chegar' a 'vínculo incrível' com filhos:jogo da betânia

Atualmente, a licença parental prevista no país soma 49 semanas com pagamento integral.

São 15 semanas reservadas para cada parte do casal, alémjogo da betânia16 semanas que podem ser divididas como a família preferir.

Outras três semanas são reservadas para a gestante tirar antes da data previstajogo da betânianascimento.

A licença parental também se aplica a casais do mesmo sexo e a pais e mãesjogo da betâniacrianças adotadas.

A política prevê flexibilidade no momento da licença. Alguns casais podem decidir, por exemplo, ficar os dois integralmentejogo da betâniacasa ao mesmo tempo, enquanto outros podem escolher revezar o momentojogo da betâniatirar as licenças.

O prazojogo da betânialicença parental pode ser ampliado, se a família abrir mão do pagamento integral, para 59 semanas (sendo 19 semanas reservadas para cada um) com 80% da remuneração.

Também há previsãojogo da betâniaprazo adicionaljogo da betânialicença não-remunerada.

Alémjogo da betâniapelo menos 15 semanasjogo da betânialicença com pagamento integral garantido, Felipe diz que se surpreendeu ao saber que também teria direito a se afastar por duas semanas logo após o nascimento.

"Nesses dias, é opcional para a empresa pagar, mas não conheço ninguém na Noruega que tirou essas duas semanas e que a empresa não tenha pago", diz o brasileiro, que hoje é diretorjogo da betâniaauditoria internajogo da betâniauma empresajogo da betâniaenergias renováveisjogo da betâniaOslo.

'Sem babá ou faxineira'

Felipe diz que a experiênciajogo da betâniaficar com seu filho, "sozinho, cuidando", é uma algo "que não tem preço".

"Você cria um vínculo com seu filho que é impressionante. E não é só a experiênciajogo da betâniacuidar do filho – você cuida da casa também."

Diferente da realidadejogo da betâniapaíses com maior desigualdade, como o Brasil,jogo da betâniaque diversas famílias contratam terceiros para os afazeres domésticos, ele destaca que, na Noruega, "praticamente ninguém tem empregada ou babá".

"É a pessoa que faz tudo", diz, mencionando cuidados como limpeza e alimentação.

Felipe conta que ele e a médica Andrea entenderam que a melhor opção seria que Felipe tirasse a maior partejogo da betâniasua licença quando os bebês tinhamjogo da betâniatornojogo da betânia1 ano.

"Com o Lukas, no primeiro dia que fiquei sozinho com ele, fiquei contando as horas para minha esposa chegarjogo da betâniacasa", lembra.

"Você descobre cada dia uma coisa. Vai criando um vínculo com seu filho, e ele vai se sentindo mais seguro com você também."

Na licença que tirou para cuidar do segundo filho, Felipe conta que "já sabia mais o que esperar".

Apesarjogo da betânianão ser mais um paijogo da betâniaprimeira viagem, no entanto, os cuidados agora eram com dois – jogo da betânia e havia, por exemplo, o desafio logísticojogo da betânialevar o mais velho para a creche.

"É super bacana você ter chancejogo da betâniater seus dois filhos pequenos e não ter preocupação se o salário estará sendo pago", diz, ao defender a importância da licença remunerada.

"Seu salário está sendo pago, e você não tem que se preocupar com mais nada a não ser dar atenção ao seu filho. Você tem tempo para se dedicar a cuidar do seu filho e da casa. A atenção é o principal que a criança precisa nessa idade."

Felipe está com uma nova licença marcada para o meio do ano, referente ao nascimento da terceira filha.

Uma política que prevê licença parental maior que a maioria dos países também acompanha uma diferença culturaljogo da betâniarelação a sociedades mais sexistas.

Felipe diz que, por lá, "ninguém olhajogo da betâniacara feia" quando um pai diz que precisa cuidar dos filhos.

"O pessoal vai assustar se você não falarjogo da betâniatirarjogo da betânialicença. Quando você vai ao parquinho, você encontra vários homens cuidando dos filhos", diz.

"Como todo mundo é mais ou menos nivelado – a distância entre o pobre e o rico não é muito grande –, todo mundo passa o que eu estou passando. Seus chefes passaram por isso."

Além do vínculo com os filhos, ele destaca que a experiência o levou valorizar ainda mais trabalhos tradicionalmente atribuídos a mulheres.

"Nunca desvalorizei o que minha mãe fez pela gente, mas, passando por essa experiência, você valoriza muito mais, entende muito mais."

Licença-paternidade pode mudar no Brasil?

No Brasil, a licença-paternidade éjogo da betâniacinco dias – e as empresas filiadas ao Programa Empresa Cidadã concedem mais 15 dias, totalizando 20 diasjogo da betânialicença-paternidade. Em troca, recebem benefícios fiscais da Receita Federal.

Em entrevista à BBC News Brasil, o diretor do escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para o Brasil, Vinicius Pinheiro, disse que a licença-paternidade no Brasil é uma regra "limitada" e a revisão desse prazo previsto na Constituição há 35 anos é "mais urgente do que nunca".

Em dezembro, o Supremo Tribunal Federal (STF) estabeleceu que o Congresso deve editar uma lei específica sobre o temajogo da betâniaaté 18 meses. (Leia mais sobre a decisão nesta reportagem).

Uma análise da licença paternidade no mundo mostra que a realidade internacional está mais próxima do que ocorre Brasil do que na Noruega - que, junto com outros países nórdicos, está entre as nações com melhores políticas públicas para maternidade e paternidade.

A OIT aponta que, embora os direitos à licença paternidade estejam aumentando no mundo, a duração média da licença para os pais (9 dias) é maisjogo da betânia4 meses (16,7 semanas) menor que a licença-maternidade média (18 semanas).

Além disso, o levantamento da OIT aponta que quase dois terços dos potenciais pais (1,26 bilhãojogo da betâniahomens) vivemjogo da betâniapaíses sem direito a licença-paternidade.

Por isso, diz a agência da ONU, "perdem a oportunidade únicajogo da betâniavidajogo da betâniacriar laços com os seus filhos recém-nascidos".

'Homens podem muito bem estar atentos ao que o chorojogo da betâniaum filho quer dizer'

Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil defendem a importânciajogo da betâniauma licença-paternidade mais ampla e dizem que, ao organizar as divisõesjogo da betâniacuidados, as famílias levamjogo da betâniaconta as particularidadesjogo da betâniacada lar, como as disponibilidadesjogo da betâniacada cuidador,jogo da betâniacasais hétero ou homossexuais.

A psicóloga, psicanalista e professora da Pontifícia Universidade Católicajogo da betâniaSão Paulo (PUC-SP) Isabel Kahn Marin aponta os ganhos para as criançasjogo da betâniacontar com os dois cuidadores.

"É muito bom para criança, o bebezinho, ter essas referências, ritmos diferentes, desafios diferentesjogo da betâniacada um, proteção diferente que cada um pode oferecer", diz Marin.

"Homens podem muito bem estar atentos ao que o chorojogo da betâniaum filho quer dizer e aprender."

Marin, organizadora do livro Quem é o Bebê Hoje: a Construção do Humano na Contemporaneidade, diz que "a alternância entre as figurasjogo da betâniacuidado são boas para o bebê, desde quejogo da betâniarimo previsível".

As famílias devem discutir, segundo ela, o que é possível "dentro da realidadejogo da betâniatrabalho, do momentojogo da betâniavida, do tempojogo da betâniacada um, das disponibilidades internas e emocionais também."

O psiquiatra da infância e adolescência Guilherme Polanczyk, professor da Universidadejogo da betâniaSão Paulo (USP), explica que os três primeiros anosjogo da betâniavida são centrais para o desenvolvimento emocional e cerebral.

"Nesse momento do desenvolvimento, linguagem é uma função cognitiva extremamente importante que se estrutura, que vai ser a basejogo da betâniainteligênciajogo da betâniauma forma geral", diz.

"Também se estruturam habilidadesjogo da betâniacontrolejogo da betâniaimpulsos, memória operacional, regulação do afeto, que vão dar as bases para funções executivas – habilidadesjogo da betâniaplanejamento, organização, que são extremamente importantes para nossa vida –, alémjogo da betâniatodo desenvolvimento da sociabilidade, da percepção do outro, da trocajogo da betâniaemoções ejogo da betâniaafeto."

Por isso, diz o psiquiatra, "ter um desenvolvimento saudável nesse momento da vida aumenta as chancesjogo da betâniaque a gente tenha um indivíduo emocionalmente saudável, com recursos cognitivos maiores".

O resultado, defende, "obviamente se reverte para o próprio país".

Nesse cenário, argumenta Polanczyk, ter "cuidadores disponíveis, que possamjogo da betâniafato exercer um papeljogo da betâniaestimulação positiva ejogo da betâniafornecer segurança, é extremamente importante".

Os efeitos não são positivos apenas para a criança, mas também para a relação futura com os pais.

"Ter nesse momento inicial um espaço para a criança na vida não só da mãe, mas do pai dá chances maioresjogo da betâniaque esse espaço se mantenha ao longo do tempo", diz.

"É um início muito melhor,jogo da betâniamuito mais qualidade, e que deve ter repercussões ao longojogo da betâniatodo o tempo para a relação."

Polanczyk também reforça a importânciajogo da betâniater segurança econômica – como a que pode ser garantida na licença remunerada – para que pais e mães possamjogo da betâniafato se dedicar aos filhos.

"A insegurança econômica, a insegurança alimentar, aumenta o stress e, assim, a qualidade do cuidado será prejudicada", diz.

O nascimentojogo da betâniauma criança, principalmente do primeiro filho, já éjogo da betâniageral um momentojogo da betâniamuito stress na vidajogo da betâniaqualquer pessoa, por ser um período marcado por incertezasjogo da betâniarelação à saúde e à própria vida, que vai ter que mudar, afirma Polanczyk.

"Então, se é um momentojogo da betâniaque alémjogo da betâniatodas essas ansiedades, houver instabilidade econômica – muitas vezesjogo da betâniasobrevivência, com insegurança alimentar –, a qualidade e a disponibilidade emocional ejogo da betâniaestímulo fica prejudicada, por mais que você tenha pai ou mãe que possa estar ali presentejogo da betâniacorpo."

Marin diz que "as pessoas que resolveram (ter um filho) juntas são as melhores pessoas para serem as referências" das crianças, contando com outros apoios.

"Se não é para se envolver com o cuidado dos filhos, para que ter filho?"