Do 'fruto proibido' a redentora: como a figurayeti slotEva é ressignificada por teólogas feministas:yeti slot
Mas diversos estudos contemporâneos estão buscando reinterpretar o mítico relato da criação do mundo para limpar a barrayeti slotEva.
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Essa ressignificação do papel daquela que simboliza a primeira mulher da história é parte da argumentaçãoyeti slotmuitas teólogas feministas, alémyeti slottradutoresyeti slottextos sagrados e acadêmicos contemporâneos.
"Hoje, na teologia, se ressignifica Eva. Não tanto no sentidoyeti slotquem desafiou o Deus patriarcal, mas como aquela que é a mãe da vida", esclarece à BBC News Brasil a teóloga Maria Clara Bingemer, professora na Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio).
"Faz-se analogia dela com a terra, da qual brotam todas as formasyeti slotvida."
Autora de, entre outros livros, Vida religiosa: da teologia patriarcal à teologia feminista e As incômodas filhasyeti slotEva na Igreja da América Latina, a filósofa e teóloga feminista Ivone Gebara, freira agostiniana, ressalta que "todos os relatos que surgiram" na antiguidade para explicar "de onde viemos" e "quem nos fez" podem "ser considerados míticos, inclusive a narrativa do Gênesis".
"Nessa narrativa da criação dos seres humanos, as interpretações foram as mais variadas", pontua ela à BBC News Brasil.
"Desde a consideraçãoyeti slotEva como fraca e suscetívelyeti slotser tentada até a Eva como forçayeti slottransgressão às ordens divinas, visto que tomou do fruto proibido."
"Trazer à luz o verdadeiro rostoyeti slotEva eyeti slottantas outras personagens femininas é um grande contributo para a literaturayeti slotgeral e para a teologia bíblicayeti slotparticular", diz à BBC News Brasil a teóloga, filósofa e tradutora Elizangela Chaves Dias, religiosa scalabriniana e professora na Pontifícia Universidade Urbanianayeti slotRoma.
Dias é membro da equipeyeti slottradutores da Bíblia da editora Paulinas. É a autora tanto da tradução quanto dos comentários do texto do Gênesis, do hebraico para o português do Brasil.
Na dissertaçãoyeti slotmestrado "Feminismo do Sagrado", apresentadayeti slot1995 à Universidade Federal do Rioyeti slotJaneiro, a socióloga e antropóloga Fabiola Rohden situa Eva no mesmo patamaryeti slotMaria — a mãeyeti slotJesus — como tema "de fundamental importância para a teologia feminista".
Rohden ressalta que essa importância se dá pelo fatoyeti slotEva "ser responsabilizada pelo 'pecado original', carga que passa a pesar sobre todas as mulheres".
Para ela, contudo, a interpretação do "mito adâmico" parece "um assunto difícilyeti slotser revisto".
A pesquisadora cita a necessidadeyeti slotuma teologia, como a defendida por Gebara, que se proponha ir a fundo "nas raízes do cristianismo para identificar a 'inferioridade sociológica' vivida pelas mulheres até hoje".
A ativista e pensadora britânica Harriet Law (1831-1897) teve papel importante nessa polêmica. Em evento ocorridoyeti slot1869yeti slotNewcastle ela classificou Eva como um símboloyeti slotativismo feminino contra sistemas patriarcais opressivos.
Para ela,yeti slotvezyeti slot"almadiçoar" a personagem bíblica pela queda do paraíso, era melhor lhe prestar "reverência" porque ela trouxe "conhecimento ao mundo, contra a vontadeyeti slotum Deus autoritário".
Essa postura irreverente para a época colocou Eva,yeti slotcerta forma, como a primeira feminista da história. E isso fez com que a personagem bíblica passasse a ser valorizada por muitas mulheres ao redor do mundo.
Considerada profetisa, a religiosa britânica Joanna Southcott (1750-1814) atribuía a Eva um papel redentor. Segundo seu entendimento, como a primeira mulher havia dado o conhecimento ao homem, causando a queda do paraíso, ela agora tinha a responsabilidadeyeti slotderrotar Satanás e libertar a humanidade.
Emyeti slotinterpretação, Eva traiu Adão porque foi, anteriormente, traída por mentiras. Nesse sentido, a serpente — prosopopeia do diabo — seria a origemyeti slottodo o mal.
Eva e a 'fragilidade humana'
Em seu mestrado, Rohden debruçou-se sobre textosyeti slotGebarayeti slotque a freira avalia que, ao longo do tempo, acabou sendo construída uma ligação, por oposição, entre Eva e Maria enquanto "dois símbolosyeti slotfeminilidade".
"Enquantoyeti slotgeral coloca-se Eva como símbolo da mulher pecadora e Maria como símbolo da mulher santa, Gebara propõe uma nova leitura que desloca essas duas valorações", afirma Rohden, completando que "vemosyeti slotEva um resgate do 'poder feminino'".
Ela ressalta que a interpretação cristalizada, contudo, foi ayeti slotEva como "a parte que representa a fragilidade humana, a faltayeti slotresistência ao mal […], a expressão do poder incontrolável, misterioso, desconhecido que o ser humano possui, mas que o atormenta".
"Eva deixayeti slotser o 'princípio feminino' para tornar-se símbolo da mulher", analisa a acadêmica.
"A fragilidade e o mistério associados ao mito Eva são transferidos a todas as mulheres da história. […] Toda mulher torna-se Eva, a responsável pela corrupção da humanidade, pela fraqueza da carne, volúpia, sensualidade, tentação, pecado."
À reportagem, Gebara faz um panorama histórico, lembrando que dependendo da época "e das lideranças religiosas" a interpretação mudou.
"Sem dúvida, nos primeiros séculos do cristianismo a figurayeti slotEva foi tomada como existenteyeti slotfato e não como um mito", contextualiza.
"Acreditavam que ela era transgressora e por isso se destilava desconfiança das mulheres. Isto é patente nos padres da Igreja e,yeti slotespecial,yeti slotSanto Agostinho."
A teóloga conta que, durante a Idade Média,yeti slotespecial a partir do pensamentoyeti slotTomásyeti slotAquino, continuou-se "com essa desconfiança das mulheres", vistas como "portayeti slotentrada do pecado no mundo".
"E, até hoje no cristianismo, a primeira representaçãoyeti slotDeus é sempre masculina", ressalta.
Bingemer lembra que essa narrativayeti slotuma "sedutora que induz o homem, seu companheiro, e junto com ele toda a humanidade ao pecado" não é da Bíblia, mas sim da leitura posterior.
"E como o pecado é o caminho para a morte, então a mulher estaria aliada à morte", completa.
"A Bíblia diz exatamente o contrário", afirma ela. "Eva, atravésyeti slotseu próprio nome, 'mãe dos viventes', é aquela cujo nome não é substantivo, mas verbo: viver. O próprio nome Eva significa 'a que vive', 'a vivente', 'a que tem vida' ou 'cheiayeti slotvida'."
Interpretações
"A partir do século 20, muitas mudanças ocorreram. Começamos a estudar mais seriamente os mitos como expressões que tentam explicar os muitos enigmas humanos e valorizar essas construçõesyeti slotsentido sem dar-lhes uma personificação histórica", acrescenta Gebara.
"Isto é: Adão não foi um personagem histórico, nem Eva, mas construções simbólicas, míticas, para expressar nossas perguntas sobre nós."
Ela situa aí o surgimento da hermenêutica bíblica, definindo como "a arte das interpretaçõesyeti slotmaneira mais científica". Professoryeti slotGebara na Universidade Católicayeti slotLovaina, na Bélgica, o filósofo francês Paulo Ricoeur (1913-2005) teve um papel importante nesse movimento.
"A partir dele, se pode dizer que cada ser é Adão e Eva e cada ser é também a serpente tentadora, o convite à liberdade e à transgressão que está lá", explica a freira.
"Isto significa que somos essa misturayeti slotforça e fragilidade,yeti slotmedo, astúcia, condenação, busca contínua para compreender a nós mesmos. O mito que falayeti slotoutros na realidade falayeti slotnós, nos descreve, nos expressa."
Historicamente, no seio das religiões, não foi o que acabou acontecendo. Segundo ela, "infelizmente" o que se instalou foi "uma estrutura dualista" que faz com que separemos "o homem da mulher, o bem do mal, a justiça da injustiça,yeti slotmodeloyeti slotoposição, como se um lado não coexistisse com o outro".
"Hoje há uma ressignificaçãoyeti slotAdão e Eva a partir dessa ideiayeti slotmistura que nos constitui. Dessa forma, a libertação das mulheres toca os homens e dos homens as mulheres, porque somos os dois gêneros uma só carne diversificada tambémyeti slotoutras expressõesyeti slotgêneros que se manifestam", reflete.
"O ser humano é, portanto, pluralyeti slotsuas formasyeti slotagir,yeti slotse expressar,yeti slotse compreender. É também interdependenteyeti slottodos os aspectosyeti slotsua vida", argumenta Gebara.
Ela defende que a humanidade supere os dualismosyeti slotbuscayeti slot"uma compreensão mais unitáriayeti slotnós mesmos para além das rebeldias, dos heroísmos".
"É muito raso nos diasyeti slothoje ficar no tipoyeti slotreflexãoyeti slotque se distingue Eva como heroína e Adão como fraco e vice-versa. Essa interpretação tem perdido força para muitos grupos, inclusive feministas", adverte. "Temos que ir mais longe."
Pesquisadora na Universidadeyeti slotMachester, a teóloga Holly Morse explica,yeti slotartigo publicado no livro The Bible and Feminism, que um dos grandes desafios das teólogas feministas contemporâneas é "remover os entulhos das interpretações do patriarcalismo tradicional para conseguir chegar ao significado real".
Morse defende que Eva carrega um profundo sentidoyeti slot"autorreflexão e autoliberação", a partir do pontoyeti slotvista feminino.
Patriarcado religioso
A demonização históricayeti slotEva tem suas raízes nas camadasyeti slotpensamento da sociedade patriarcal, muito associada às bases do cristianismo no decorrer dos séculos.
A teóloga Chaves Dias faz a ressalvayeti slotque "toda afirmação radical e com tonsyeti slotacusações são muito perigosas" e diz evitar "levantar bandeiras referentes a patriarcalismos e matriarcalismos".
Mas situa nessa história sobre o mitoyeti slotEva um importante pensador cristão do século 3º: Tertuliano.
Eu seu texto "De cultu feminarum", ele apresentou Eva como "a porta do demônio", acusando-ayeti slotter comido "da árvore proibida" eyeti slotter sido "a primeira a desobedecer à lei divina", tendo convencido Adão "porque o demônio não teve coragem suficiente para atacá-lo".
Tertuliano ainda disse que Eva "destruiu a imagemyeti slotDeus, o homem" e por causa dela "o Filhoyeti slotDeus teveyeti slotmorrer" — aqui a analogia seria pelo entendimentoyeti slotque Jesus foi crucificado para redimir os pecados da humanidade.
"Interpretações como essa cristalizaram um modelo negativo referente à identidade feminina na sociedade e na família, da qual ainda hoje é difícilyeti slotnos libertarmos", pontua a teóloga e tradutora.
Tradução também é culpada
Chaves Dias lembra que os métodos e recursos hermenêuticos "são frutosyeti slotuma época e dos instrumentos que têm àyeti slotdisposição".
"A exegese é também resultadoyeti slotuma sensibilidade", argumenta ela, sobre a interpretação críticayeti slotum texto religioso. "Por séculos o estudo acadêmico foi uma prerrogativa masculina, e mais ainda o estudo teológico e bíblico."
Com as traduções isso não foi diferente. Se hoje mulheres como a própria Chaves Dias também contribuem para traduzir textos sagrados, isso jamais ocorriayeti slotséculos anteriores.
"A tradução e a interpretação do texto bíblico chegou aos ouvidos e aos olhos dos ouvintes e leitores por meioyeti slotsermões, traduções, catequeses e publicaçõesyeti slotabordagem masculina, pessoas com autoridades, grandes oradores, mestres espirituais, pregadores, artistas e outros", contextualiza.
Ao longo da história, contudo, pesquisadores começaram a perceber que as interpretaçõesyeti slotGênesis "se distanciaram notoriamente daquilo que o texto original diz", salienta ela, referindo-se ao texto hebraico.
"Tal feito gerou no imaginário da sociedade uma sérieyeti slotprejuízos e preconceitos referentes ao feminino, levando a projetar a mulher como imagem da tentadora ou da sedutora, inferior ao homem, responsável pela entrada do pecado no mundo", acrescenta Chaves Dias.
Ela ressalta que o texto bíblico "é frutoyeti slotencontros e desencontros culturais".
"Entre a tradição oral e a fixação por escrito e suas posteriores redações e edições transcorreram séculos e até milêniosyeti slothistórias. O texto reflete a experiência da comunidadeyeti slotum determinado momento, visa a interpretar ou dar significado a uma determinada etapa da vida ou responder a questões fundamentais e existenciais", diz.
Nayeti slotavaliação, "reconstruir a história da composição do texto" é tarefa ao mesmo tempo "exigente e especulativa".
"Certamente o texto bíblico não é uma catedral no deserto. Recentes descobertas arqueológicas, estudos intertextuais eyeti slothistória comparada evidenciam o quanto a literatura do antigo Oriente Próximo influenciou a redação dos textos bíblicos", ressalta a tradutora.
Exemplos mais conhecidos são a Epopeiayeti slotAtrahasis, da mitologia Suméria — com narrativas da criação do mundo e do dilúvio — e a Epopeiayeti slotGilgamesh, babilônica.
Chaves Dias observa que o próprio Gênesis traz dois relatos da criação do mundo, um no capítulo primeiro, outro no segundo — este, provavelmente mais antigo na tradição oral.
Em Gênesis 1, "o ser humano é a última obra criada por Deus" e "em momento algum o texto faz referência à primazia ou à superioridade do homem ou à fragilidade da mulher", pontua. "Muito pelo contrário."
O trecho diz que "Deus criou o ser humano àyeti slotimagem e semelhança, macho e fêmea os criou".
"Adão não é nem homem nem mulher, mas o ser humano nayeti slottotalidade", argumenta a teóloga e tradutora.
"Macho e fêmea são imagem e semelhançayeti slotDeus, e o redator bíblico repete duas vezes essa afirmação para enfatizar o conceito."
De acordo com ela, isso evidencia a chamada "teologia da paridade" que iguala homem e mulher como aqueles que recebem a mesma missãoyeti slotDeus.
Não é necessariamente uma visão nova. No fim da Idade Média, a filósofa e poeta italiana Cristinayeti slotPisano (1363-1430) refletiu que a bondade da criaçãoyeti slotDeus não poderia excluir as mulheres.
Ela usou o mitoyeti slotEva para defender a ideiayeti slotque a "perfeição" feminina não poderia ser menos perfeita que a masculina. Por fim, teologicamente, argumentou que caluniar contra as mulheres era equivalente a blasfemar.
A teóloga Chaves Dias ainda lembra que a perspectiva antropológica permite situar a narrativa da criação do mundo naquele contextoyeti slotantigo Oriente,yeti slotque apenas os reis eram vistos como "imagemyeti slotDeus", enquanto os demais seres humanos se limitavam a servir.
Nesse sentido, a narrativa traz a visão revolucionária, colocando todos os seres humanos como "imagemyeti slotDeus". "Podemos imaginar a força dessa afirmação no contexto exílico, quando Israel se encontrava sob dominação babilônica", lembra Chaves Dias.
Já o relato que é trazido no segundo capítulo do Gênesis coloca Adão como o primeiro ser humano criado. Aí fica clara a etimologia do nome Adão, "aquele que é tirado da terra".
Segundo explica a tradutora, ele "corresponde ao ser humano nayeti slottotalidade".
"Tendo verificado a solidão do ser humano, Deus decide fazer um ser que lhe corresponda. Tendo feito o ser humano se adormentar, Deus tira um dos lados, do hebraico 'tsela', e faz a mulher", esclarece ela.
Aqui há uma curiosidade notada pela especialista: na maioria das traduções existentes da Bíblia, somente no capítulo segundo do Gênesis o vocábulo hebraico "tsela" é escrito como "costela".
"Essa tradução, ao longo dos séculos, se tornou a base da interpretação da inferioridade da mulheryeti slotrelação ao homem", explica.
Ela propõe uma tradução literária assim para o trecho: "Tomou, pois, umyeti slotseus lados e,yeti slotseu lugar, fechou com carne. Depois o Senhor construiu, com a parte que tirara do ser humano, uma mulher, e a levou ao homem".
Essa ideiayeti slotparidade estava presente na interpretação feita por Pisano maisyeti slot500 anos atrás. Segundo Morse, a filósofa italiana entendia que "Eva foi feita como seu semelhante", considerando Adão.
A teóloga Morse ressalta que a interpretação da italiana, dado o período medieval, era sofisticada: ela entendia que a mulher também tinha sido feita à imagemyeti slotDeus.
"Segundo o texto hebraico, a mulher é um auxílio para o homem, não uma auxiliar. O texto hebraico usa um substantivo, não um verbo no infinitivo", pontua.
"O significado do vocábulo auxílio,yeti slothebraico 'ezer', é muito interessante. Ele é comumente um atributo divino, Deus é o auxílio do ser humano, sem o qual seria impossível existir e viver: essa é a função da mulher, ela é um auxílio para o homem, sem o qual seria impossível viver."
A tradutora atenta ainda para outro trecho, o que diz que a mulher foi criada para "que lhe corresponda".
Em hebraico, o termo é "kenegdo", que significa "oposto, a contraparte,yeti slotfrente ou contra, ao lado". "Ou seja, alguém que lhe estejayeti slotfrente, à altura", salienta.
"Deus cria a mulher como auxílio ao ser humano, que é homem e mulher, sublinhando a reciprocidade, a paridade, a alteridade com quem se pode interagir", resume.
"Em momento algum o texto hebraico permite afirmar a superioridade do homem à mulher, ou a inferioridade e submissão da mulheryeti slotrelação ao homem."
"Independentemente do gêneroyeti slotquem redigiu o relato, homem e mulher ocupam o mesmo espaço no universo. Ambos correspondem a lados do ser humano moldado por Deus", conclui.
No progressista entendimento da filósofa Cristinayeti slotPisano, a ideia da prioridadeyeti slotque Deus fez primeiro Adão e depois Eva é substituída pela noçãoyeti slotque a força criadora foi aprimorada, ou seja, fez a mulher depois da experiênciayeti slotjá ter feito o homem.
Visões contemporâneas
Em seu artigo, Morse ressalta que ao longo das últimas décadas começou a ficar mais evidente a ideiayeti slotque Eva não foi a única culpada pela queda do Paraíso, mas sim a única incriminada por isso.
Chaves Dias comenta que "soa estranho que, para defender Eva, seja necessário acusar Deusyeti slotpatriarcal, ou que para libertar Eva das acusações passadas seja necessário culpar Deus por hermenêuticas misóginas".
Mas ela reconhece que os diferentes métodos e abordagens contemporâneos, que buscam ressignificar a figurayeti slotEva, "ajudam a escavar as diversas camadas hermenêuticas que, ao longo do tempo, encobriram essa personagem arquétipo da literatura bíblica".
"A Bíblia é um livro aberto. É legítima que este e outros textos continuem a interrogar seus leitores e leituras sobre o sentido da vida e da existência, sobre o papel do homem e da mulheryeti slotrelação consigo mesmo, com Deus, com o outro e com o universo", afirma.
"Eva é um personagem arquétipoyeti slotmuitas facetas e diversos significados a serem explorados. É pertinente que continue a provocar e inspirar homens e mulheres a lidar com questões fundamentais e existenciais."
Para Morse, a "identificação com Eva", enquanto "vítima do sistema patriarcal" parece fundamentar o ânimoyeti slotmuitas mulheresyeti slotprotesto "contra o ambiente social, político e cultural dominado pelos homens milharesyeti slotanos após o Gênesis ter sido escrito".
Nesse sentido, ela entende Eva como "figura poderosa na interpretação bíblica das mulheres",yeti slotbusca "da igualdade e da emancipação".
Eva foi, portanto, vítima do sistema patriarcal. Ao menos no entendimento dessas leituras contemporâneas.