Lula oferece Brasil para sediar mediação entre Venezuela e Guiana:bonus sem deposito

"O que precisamos é construir a paz porque somente com muita paz a gente pode desenvolver nosso país", disse Lula.

Lula também sugeriu que a Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) possa intermediar o conflito.

A crise ganhou novos contornos na quinta-feira, com o anúnciobonus sem depositouma operação militar na Guiana.

Em meio a essa escaladabonus sem depositotensões, Lula se reuniu com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e com o assessor para assuntos internacionais da Presidência da República, o embaixador Celso Amorim.

Lula sugeriu que a crise por Essequibo seja incluída no comunicado da cúpula a ser divulgada ao fim do encontro.

O Mercosul é formado por Brasil, Uruguai, Paraguai, Argentina e Venezuela, mas o país comandado por Maduro está suspenso do grupo desde 2017 por supostas violações ao regime democrático no país. A Bolívia estábonus sem depositoprocessobonus sem depositoadesão ebonus sem depositoinclusão, já aprovada pelos parlamentosbonus sem depositoBrasil, Paraguai, Uruguai e Argentina, pode ocorrer nos próximos dias.

A outra alternativa avaliada pelo governo brasileiro para tentar diminuir as tensões é o acionamentobonus sem depositoum foro regional que reúna Guiana e Venezuela para que os dois governos possam dialogar sobre o assunto.

Uma possibilidade seria o acionamento da Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), do qual tanto Venezuela e Guiana fazem parte.

Aindabonus sem depositoacordo com essa fonte, o governo brasileiro avalia que os movimentosbonus sem depositoMadurobonus sem depositorelação a Essequibo têm motivações eleitorais, uma vez que o país deverá realizar eleições presidenciaisbonus sem deposito2024.

Governo preocupado com escalada

Em entrevista ao Canal Meio, Celso Amorim manifestou preocupação com a perspectivabonus sem depositoum conflito armado na América do Sul e com as consequências dos movimentos feitos até agora.

"Você ter alguma perspectiva, ainda que remota,bonus sem depositoconflito bélico, entre dois países vizinhos entre si, vizinhos do Brasil, é algo extremamente perturbador", disse Amorim.

"Essa é uma questão antiga [...] Agora (no momento)bonus sem depositoque você mistura uma questão jurídica, histórica, diplomática com uma questão popular, eleitoral, isso tem sempre consequências perigosas."

O embaixador disse não acreditarbonus sem depositouma intervenção militar da Venezuela na região, especialmente se ela envolver algum tipobonus sem depositopassagem pelo território brasileiro.

Amorim disse ainda temer que a escaladabonus sem depositotensões entre os dois países possam criar um pretexto para a instalaçãobonus sem depositobases militares estrangeiras na Amazônia.

"O que eu temo mais, para falar a verdade, é que se crie um precedente para termos bases estrangeiras e tropas estrangeiras na região", disse Amorim.

"Não estamos falandobonus sem depositoqualquer região. Estamos falando da Amazônia, que sempre foi objetobonus sem depositopreocupaçãobonus sem depositonossa parte."

Nos últimos dias, Maduro chegou a criticar uma eventual ajuda militar americana à Guiana.

Porbonus sem depositovez, o Ministério da Defesa do Brasil anunciou o enviobonus sem depositotropas para a fronteira com a Venezuela,bonus sem depositoRoraima. Ao todo, foram acionados cercabonus sem deposito200 militares e veículos blindados para região.

O que causou a crise

A crise entre Guiana e Venezuela se agravou nos últimos dias, especialmente depois que o governo venezuelano realizou, no domingo (3/12), uma consulta popular sobre a possibilidadebonus sem depositocriar um novo Estado na regiãobonus sem depositoEssequibo, uma área disputada pelos dois países atualmente administrada pela Guiana e que corresponde a 70% do território do país.

A regiãobonus sem depositoEssequibo tem aproximadamente 160 mil quilômetros quadrados, pouco maior que o Estado do Ceará.

A área é reivindicada pela Venezuela há maisbonus sem depositoum século, mas foi incorporada ao território da Guiana no século 19.

A pressão venezuelana para retomar a área recomeçoubonus sem deposito2015, depois que reservas bilionáriasbonus sem depositopetróleo foram descobertas na costa da região.

De acordo com autoridades da Venezuela, o referendo terminou com o "sim" obtendo 95% dos votos.

Depois disso, o presidente Nicolás Maduro nomeou um governador para o futuro Estado e anunciou que determinou a emissãobonus sem depositolicençasbonus sem depositoexploraçãobonus sem depositopetróleo na região.

Em resposta, o governo da Guiana acionou o Conselhobonus sem depositoSegurança da Organização das Nações Unidas (CSNU) e conversou com membros do governo dos Estados Unidos sobre a crise.

Na quarta-feira (6/12), o presidente do país, Mohamed Irfaan Ali conversou, por telefone, com o secretáriobonus sem depositoEstado americano, Antony Blinken.

Em comunicado emitido pelo Departamentobonus sem depositoEstado dos Estados Unidos, Blinken disse que o país pediu que os dois lados respeitem as fronteirasbonus sem depositovigor até que um novo acordo seja firmado ou que um "órgão legal competente" tome uma decisão.

Na quinta-feira, os Estados Unidos anunciaram que enviaram aviões militares para exercícios sobre a regiãobonus sem depositoEssequibo e a Guiana, com auxílio da Força Aérea do país. Os dois países têm parceria militar desde 2022.

Os exercícios fazem partebonus sem depositooperações "de rotina" para garantir a segurança da região e devem acontecer na sexta (7/12), disse a embaixada americana na Guianabonus sem depositoum comunicado.

Os militares americanos e a Força Aérea da Guiana vão continuarbonus sem depositocolaboraçãobonus sem depositoáreas como "preparação para desastres, segurança marítima e aérea e o combate à organizações criminosas internacionais".

O que é Essequibo?

Essequibo é uma região é ricabonus sem depositominerais como ouro, cobre, diamante e, recentemente, lá também foram descobertos enormes depósitosbonus sem depositopetróleo e outros hidrocarbonetos.

A votação na Venezuela realizada no domingo remonta uma disputa iniciada ainda durante o processobonus sem depositoindependência das ex-colônias espanholas.

Em 1811, a Venezuela tornou-se independente, e a regiãobonus sem depositoEssequibo passou a fazer parte do país.

Três anos depois, porém, o Reino Unido comprou a então Guiana Inglesa por meiobonus sem depositoum tratado com a Holanda.

O tratadobonus sem depositocompra, no entanto, não definiu com precisão qual seria a linhabonus sem depositofronteira do país com a Venezuela.

Em 1840, o Reino Unido nomeou o explorador Robert Shomburgk para definir essa fronteira, e uma linha, chamada Linha Schomburgk, foi estabelecida.

Com ela, a então Guiana Inglesa passou a ter 80 mil quilômetros quadrados adicionaisbonus sem depositorelação ao território inicialmente adquirido da Holanda.

Em 1841, começou oficialmente a disputa pelo território com denúncias sobre uma incursão indevida do Reino Unido no território.

Nas décadas seguintes, a controvérsiabonus sem depositotornobonus sem depositoEssequibo passou a fazer parte da disputa por influência na América do Sul entre os Estados Unidos, uma potênciabonus sem depositoascensão na época, e o então poderoso Império Britânico.

Os americanos expandiram seus interesses pela região e usavam como argumento a chamada Doutrina Monroe, cujo slogan era "América para americanos".

A postura representava, na prática, uma tentativabonus sem depositolimitar a influência das potências europeias sobre o continente.

Em 1886, uma nova versão da Linha Schomburgk foi traçada, incorporando uma nova porçãobonus sem depositoterritório à Guiana Inglesa.

Nove anos depois,bonus sem deposito1895, os Estados Unidos, então aliados da Venezuela, denunciaram a definição da fronteira e recomendaram que o caso fosse definido por meiobonus sem depositouma arbitragem internacional.

Três anos mais tarde,bonus sem deposito1899, foi emitida a Sentença Arbitralbonus sem depositoParis, que decidiubonus sem depositoforma favorável ao Reino Unido.

Em 1949, porém, veio a público um memorandobonus sem depositoum advogado americano que atuou na defesa da Venezuela no processobonus sem depositoarbitragembonus sem depositoParis. O documento denunciava uma suposta imparcialidade dos juízes do caso.

A divulgação desse memorando ebonus sem depositooutros documentos do processo passaram a ser usados pela Venezuela para pedir que a Sentençabonus sem depositoParis fosse considerada "nula e sem efeito".

Em 1966, porém, o país e o Reino Unido firmaram o Acordobonus sem depositoGenebra, que reconheceu a reivindicação venezuelana e assumiu o compromissobonus sem depositobuscar soluções para resolver a disputa.

A Guiana solicitou que a Corte Internacionalbonus sem depositoJustiça, sediadabonus sem depositoHaia, na Holanda, arbitre a disputa, mas o governo venezuelano vem, reiteradamente, negando a legitimidade da instituição para decidir o futurobonus sem depositoEssequibo.

Na sexta-feira (30/11), a Corte Internacionalbonus sem depositoJustiça expediu uma decisão sobre um pedido feito pela Guiana que solicitava que a corte impedisse a realização do referendo.

A corte não se manifestou sobre a suposta ilegalidade da consulta popular, mas disse,bonus sem depositosentença, que a Venezuela não poderia tomar nenhuma medida que "modificaria a situação que atualmente prevalece no territóriobonus sem depositodisputa".