'Faz maisbwin bwin zambiaum ano que trabalho do Brasil e meu patrão na Itália não sabe' :bwin bwin zambia

É o casobwin bwin zambiaDiego*, que foi morar na Itáliabwin bwin zambia2019 e lá começoubwin bwin zambiaum emprego na áreabwin bwin zambiaatendimento ao clientebwin bwin zambiaforma 100% presencial. Com a pandemia, seu cargo passou a funcionar integralmentebwin bwin zambiahome office.

Ele voltou ao Brasilbwin bwin zambiaoutubrobwin bwin zambia2021 – mas até hoje nunca contou a ninguém da empresa.

A decisãobwin bwin zambiamanter seu "anywhere office" às escondidas, diz ele, se deve ao fatobwin bwin zambiaexistir uma lei na União Europeiabwin bwin zambiaque não se pode ter serviçosbwin bwin zambiacall centers fora dos países do grupo.

"A questãobwin bwin zambiareceberbwin bwin zambiaeuro [daqui do Brasil] também foi um grande fator para mim. Mas o grande motivobwin bwin zambiavoltar foi que estava entrandobwin bwin zambiadepressão na Europa. Eu não estava muito feliz, a Itália tem uma população muito idosa e sentia saudades do Brasil", conta o jovem.

Um dos artifícios que Diego utiliza para que não haja desconfiança da empresa é ter dois celulares: um com o número do Brasil e outro com código italiano. "Também ninguém do trabalho tem minhas redes sociais, nunca passei para ninguém, nem quando trabalhava presencialmente".

Todavia, o maior cuidado, afirma ele, tem que serbwin bwin zambiarelação à jornadabwin bwin zambiatrabalho, pois é necessário sempre calcular o fuso horário no momentobwin bwin zambiacumprir as demandas.

O localbwin bwin zambiatrabalho ainda importa?

Uma pesquisa realizada pela consultoriabwin bwin zambiaRH Topiabwin bwin zambia2022 revelou que até 40% dos profissionaisbwin bwin zambiagestãobwin bwin zambiapessoasbwin bwin zambiaempresas com esquemabwin bwin zambiatrabalho flexível do Reino Unido e dos Estados Unidos descobriram que funcionários estavam trabalhando oubwin bwin zambiaoutro Estado ou outro país.

Na mesma pesquisa, 66% dos funcionáriosbwin bwin zambiaesquemabwin bwin zambiatrabalho flexível admitiram que não informaram o RH sobre todos os diasbwin bwin zambiaque trabalharam fora do localbwin bwin zambiaorigem e 94% acham que deveriam poder trabalharbwin bwin zambiaqualquer lugar se isso não afetar a entrega do trabalho.

Segundo Tais Taiga, job hunter (profissional que orientabwin bwin zambiabuscasbwin bwin zambiaemprego e desenvolvimentobwin bwin zambiacarreira) e especialistabwin bwin zambiarecolocação, muitas empresas ainda têm uma cultura muito fortebwin bwin zambiamicrogerenciamento do profissional, querendo saberbwin bwin zambiaonde o funcionário trabalha.

"Essa questãobwin bwin zambiater o trabalho presencial, muitas vezes, vai fazer com que as empresas percam grandes talentos. Outro ponto é que o Brasil pode perder profissionais: muitos países estão abrindo suas fronteiras para trabalhadores estrangeiros, países esses com moedas mais fortes e modelos mais flexíveis".

Para Karen*, que assim como Diego exercebwin bwin zambiafunção do Brasil sem quebwin bwin zambiaempresa europeia saiba, um grande fator positivo é a flexibilidadebwin bwin zambiahorários que seu trabalho permite.

Como não é registrada — atuandobwin bwin zambiaum modelo similar ao freelancer — ela não sentiu que devia a satisfaçãobwin bwin zambiaavisar a empresabwin bwin zambiaonde estava trabalhando.

Mas, ainda sim, toma seus cuidados: possui dois númerosbwin bwin zambiatelefones e mantém as redes sociais longe dos colegasbwin bwin zambiatrabalho.

Karen diz que tem a intençãobwin bwin zambiacontinuar por muito tempo na empresa.

E, apesarbwin bwin zambiaterbwin bwin zambiaacordar para trabalharbwin bwin zambiamadrugada por conta do fuso horário (já que a Europa fica algumas horas à frente), ela não vê isso como algo ruim: "Tenho muito tempo do dia livre, talvez se eu quisesse voltar para a faculdade ou pegar meio turnobwin bwin zambiatrabalhobwin bwin zambiaoutro lugar não seria um problema".

O fluxobwin bwin zambiahoras da trabalhadora depende da época do ano e, mesmo nos mesesbwin bwin zambiamenor demanda, Karen diz que o salário ainda compensa se comparado aobwin bwin zambiaum operador brasileiro.

"Aqui no Brasil, consigo ter uma qualidadebwin bwin zambiavida melhor do que morando na Europa com o mesmo salário".

Tanto Diego como Karen acreditam que não seriam demitidos se seus chefes descobrissem que estão há maisbwin bwin zambiaum ano no Brasil. Mas,bwin bwin zambiatodo caso, não querem arriscar.

Sou obrigado a contar para o meu chefebwin bwin zambiaonde estou trabalhando?

Para Juliana Inhasz, professorabwin bwin zambiaMacroeconomia e Macroeconometria do Insper, a pergunta acima depende do contratobwin bwin zambiatrabalho vigente.

Se o contratobwin bwin zambiatrabalho prevê que a pessoa trabalhe presencialmente, ainda que a empresa tenhabwin bwin zambiaalgum momento permitido o trabalho remoto, ela continua sendo um trabalhador presencial.

Por isso, caso haja uma trocabwin bwin zambiamodelo, a pessoa deve pedir um aditivo no contrato, assim — se não houver nenhuma obrigação presencial — ela tem o livre direitobwin bwin zambiase mudarbwin bwin zambiacidade ou até mesmobwin bwin zambiapaís, comenta a professora.

"Quanto mais a gente aprofundar essa ideiabwin bwin zambiatrabalho realmente remoto e, principalmente, o que é entendido como remoto pelos dois lados da relação, maior fica essa flexibilidade".

Juliana aponta que cada país tem abwin bwin zambialegislação trabalhista vigente, por isso, é preciso ficar atento.

Algumas empresas podem estar sujeitas a impostos adicionais se os funcionários passarem um determinado períodobwin bwin zambiatempo — geralmente mais da metade do ano —bwin bwin zambiaoutro país.

Além disso, também podem enfrentar multas se os funcionários trabalharem no exterior sem a permissãobwin bwin zambiatrabalho adequada.

Para evitar esse risco, juntamente com as preocupações com segurança cibernética e segurança, muitas empresas proíbem os funcionáriosbwin bwin zambiatrabalhar no exterior.

"A pessoa pode estar fazendo com que a empresa esteja incorrendobwin bwin zambiaerros trabalhistas, mas na verdade por puro desconhecimento", esclarece a especialista.

"Estamos falando dessa questão quando há contrato, mas é muito comum vermos cada vez mais a pejotização [referência ao termo "PJ", ou pessoa jurídica, quando trabalhadores são terceirizados e emitem notas fiscais aos empregadores como empresas]. Ela não teria essa obrigação, seria autônoma. Nesse caso, só precisa fazer as declaraçõesbwin bwin zambiaimposto das prestaçãobwin bwin zambiaserviços entre as partes e entender como funciona a declaração do outro país".

*As fontes dessa reportagem Diego e Karen falaram sob condiçãobwin bwin zambiaanonimato para proteger suas carreiras, mas a BBC verificou suas identidades e empregos.