Como coaches da 'redpill' atraem adeptos na esteira da crise da masculinidade:br loterias

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Ela satirizou um vídeobr loteriasque o coach defende não ceder a uma mulher que sugere cerveja durante um encontro. Na história narrada por Schutzbr loteriasum podcast, o homem preferia beber Campari e deveria ser inflexível sobre seus gostos.
olongada. Umadelito é qualquer Delinquência puível Com uma sentença que cadeia curta -
eralmente até um A cinco anos),ou numa multa; 🔑 As contravenções São ofensas menores”.
os calcanhares. Os logotipos estão localizados no centro do selo do calcanhar, com
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Irritado, o coach mandou uma mensagem à humorista dizendo que, se a paródia não fosse retirada do ar, seria "processo ou bala". Ainda tentou fazer dez ligações pelo Instagram a La Gatto — mais tarde ela registraria um boletimbr loteriasocorrência na polícia.
A repercussão tornou-o conhecido como "o coach do Campari" (em nota, a empresa do aperitivo italiano expressou repúdio e declarou que se solidariza com as mulheres envolvidas nesse casobr loterias"misoginia e ameaças").
Schutz não respondeu aos contatos da BBC News Brasil. Em um vídeobr loteriasjustificativas, afirmou que "não é bala no sentido literal" e que "seria incapazbr loteriasdar um tiro oubr loteriasferir alguém".
O caso evidenciou um aumento da visibilidadebr loteriasmovimentos masculinistas —que alegam serem prejudicados pelo "tratamento privilegiado para a população feminina" no mundo atual — e que, não raro, invocam desprezo, uma postura adversarial ou distanciamentobr loteriasmulheres.
São pensamentosbr loteriaslinhas como redpill (a propagada pelo coach), MGTOW (Men Going Their Own Way, ou homens tomando seu próprio caminho,br loteriasinglês) e incels, que floresceram a partir da década passadabr loteriascantos obscuros e anônimos da internet (fóruns conhecidos como "chans"). Já ganham novas ramificações, como os "homens sigma".
Agora se popularizambr loteriasnova roupagem por meio dos conselhosbr loteriascoaches e influencers nas redes sociais mais conhecidas, partebr loteriasuma indústria que fatura com livros, cursos, palestras e monetizaçãobr loteriasconteúdo.
Eles se oferecem como "guiasbr loteriasmasculinidade"br loteriastemposbr loteriasmudanças sísmicas — sociais, econômicas, tecnológicas, nos relacionamentos ebr loteriasfluidez sexual — e muitos fazem um apelo a uma atitude masculina reativa e à retomadabr loteriasuma sociedade centrada no homem.
O termo redpill (pílula vermelha,br loteriasinglês) faz referência ao filme Matrix (1999). Na ficção científica, o protagonista Neo tem que escolher entre tomar a pílula azul, que permite seguirbr loteriasum mundobr loteriasilusões, e a vermelha, para encarar a realidade.

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Como resume a pesquisadora Michele Prado, autora do livro Red Pill – Radicalização e Extremismo, o movimento promete que o seguidor será "escolhido para supostamente enxergar aquilo que ninguém mais vê; ser despertadobr loteriasum sono profundo com uma pílula que traz a verdadeira compreensão da realidade; sair da Matrix".
É uma metáfora largamente usada pela extrema-direita, não só por gruposbr loteriasexaltação à masculinidade — e, ironicamente, concebida por duas cineastas transsexuais, Lilly e Lana Wachowski.
Mais visibilidade hoje
Mesmo antes da repercussão do caso, Schutz já possuía cercabr loterias300 mil seguidores no Instagram — hoje, aproxima-se dos 340 mil. Ele tem uma operação eficientebr loteriasmídias sociais, com cartelasbr loteriasestilo "clean"br loteriasseus ensinamentos e uma curadoria dos momentosbr loteriasmais impacto das participaçõesbr loteriaspodcasts e programas (os "cortes").
André Villelabr loteriasSouza Lima Santos, do Laboratóriobr loteriasEnsino e Pesquisabr loteriasPsicologia da Saúde da USP Ribeirão Preto e pesquisadorbr loteriasum grupobr loteriasestudosbr loteriasmasculinidades, diz que ideias misóginas ebr loteriasdiscursobr loteriasódio antes restritas a "chans" obscuros agora têm uma circulação mais ampla.
"Para minha surpresa, recentemente vi no Facebook comentários piores do que os encontradosbr loteriasfóruns anônimos e com as identidades abertas associadas ao posts. Ou seja, isso está se escancarando."
"Imagino que haja um aumento do númerobr loteriasindivíduos que propagam essas ideias, mas, mesmo que não houvesse, esses discursos estão tendo mais visibilidade. O resultado acaba sendo o mesmo. Conforme mais pessoas têm acesso a esse tipobr loteriasconteúdo, vão surgindo mais adeptos e se produz mais conteúdo do tipo", diz.
Uma das figuras mais conhecidas hoje no mundo por propagar ideias misóginas é Andrew Tate, um ex-participante do Big Brother britânico. No TikTok, vídeos com a hashtagbr loteriasseu nome já superam 13 bilhõesbr loteriasvisualizações.
Os seguidores são incentivados a compartilhar ao máximo seu conteúdo. Umabr loteriassuas plataformas é que "mulheres são propriedadesbr loteriashomens". Tate está atualmente preso na Romênia acusadobr loteriasexploração e escravização sexualbr loteriasmulheres. Ele nega as acusações.
Os pensamentosbr loteriasTate já foram divulgados na páginabr loteriasThiago Schutz.
'Misandria estatal'

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O advogado Alex Ciqueira,br loterias43 anos, do Riobr loteriasJaneiro, se define como seguidor da filosofia red pill e criminalista "atuante na defesabr loteriashomensbr loteriascasos da Lei Maria da Penha".
Ciqueira afirma repudiar os extremistas do movimento (diversos ataques violentos contra mulheres foram levados a cabo por simpatizantes pelo mundo) e "não concordar 100%" com os preceitos do grupo.
Ele nega que esteja propagando ódio contra as mulheres ao endossar a filosofia red pill. "Discordo. A red pill real não é isso que os extremistas fazem".
Para o advogado, "ser red pill é enxergar a realidade como ela é. Uma questão biológica. Por que a mulher escolhe um homem e não um outro? Para mim, o mais importante é que existe hoje um sistemabr loteriasleis misândricas [contra os homens]. Nada contra a Lei Maria da Penha, mas ela fere o princípiobr loteriasigualdade".
Ciqueira reconhece que há um históricobr loteriasmilharesbr loteriasanosbr loteriasopressão contra as mulheres, mas "essa compensação histórica está passando do ponto".
O advogado considera que o coach errou no episódio ao fazer ameaças, "só que figuras como ele atraem muita gente porque existe essa misandria do poder estatal para que os homens sejam oprimidos".
"O que o Thiago [Schutz] fala é sobre liderança masculina. Não adianta, a mulher quer um homem para liderar. Pode ter exceções, mas isso é para o homem. Acho que, quando a mulher pega a liderança do relacionamento, fica até pesado para ela."
Ele admite que muitos seguidores dos "coachesbr loteriasmasculinidade" são "homens frustrados com a mulher moderna dos relacionamentosbr loteriashojebr loteriasdia. São homens que tentam uma relação séria e não conseguem, que fracassam na questão amorosa. Não podemos fechar os olhos para isso".
A crise da masculinidade

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De acordo com Michele Prado, apesarbr loteriasalgumas diferenças e contradições entre as subculturas da manosfera (o ecossistema digital que reúne movimentos masculinistas), "é ponto pacíficobr loteriastodas elas" a ideiabr loteriasque a ordem social a partir da segunda metade do século 20 ébr loteriascrescente oposição aos homens e que está se instaurando uma "ditadura ginocêntrica", ou seja, que as leis e visõesbr loteriasmundo dão preferência a visões e queixas femininas.
A psicanalista Vera Iaconelli, diretora do Instituto Gerarbr loteriasPsicanálise, diz que, até o último século, "o homem se definia como aquele que tinha uma esposabr loteriasquem ele mandava, os filhos nos quais ele mandava, uma famíliabr loteriasque ele mandava. No espaço público, as disputasbr loteriaspoder eram entre homens, mulheres não entravam nessa seara".
"Na medidabr loteriasque as mulheres exigem uma relação horizontal, a masculinidade tem que ser revista. E, para algumas pessoas, isso não é compatível com o que elas entendem. Não é conveniente aceitar que outro tem o mesmo ponto."
Iaconelli observa que "há 100 anos as mulheres vêm se perguntando o que é ser mulher. A gente já enfrentava uma crisebr loteriasidentidade, e os homens foram empurrados para essa crise e estão tentando fazer a liçãobr loteriascasa atrasada".
Para o psicanalista e professor da USP Christian Dunker, "a masculinidade também se fragmentou" com "as flutuaçõesbr loteriasorientação sexual, com novos tiposbr loteriasrelacionamento, como as relações abertas, e com a ideiabr loteriasque uma mulher pode ganhar mais do que um homem".
Dunker afirma que a filosofia redpill vende a ideiabr loteriasque o mundo real é "uma espéciebr loteriasluta permanente, uma batalhabr loteriastodos contra todos" e legitima uma "narrativabr loteriascompetição"br loteriasque "homens são predadores e, se você quiser a pílula vermelha, você tem que ter dinheiro, cacife e meios para exercer abr loteriasautoridade e assim usar o seu poder para conquistar as mulheres".
Mas existe também a questãobr loteriasrejeição social e frustração que levam alguns homens a buscar movimentos como a redpill.
Há nesses grupos que florescem virtualmente um lugarbr loteriasreconhecimento social, observa Iaconelli.
"Acho que a palavra 'reconhecimento' é importante. Amizades se estabelecem ali, laços sociais, afetivos e também o culto ao ódio, que é um afeto muito poderoso. Dá muito prazer se juntar para odiar um terceiro externo, uma sensaçãobr loteriaspertencimento a um grupo."
Dunker aponta que existe também "o cara bem intencionado que quer estarbr loteriasdia com as pautas e muitas vezes não consegue ser escutado e é criticado e muitas vezes desqualificado".
"Eu compreendo a posição dessa pessoa, mas a gente tem que acolher com muito limite e precisa ver se ela quer se acolher também. Mas eu concordo que a demonstraçãobr loteriasviolênciabr loteriasuma pessoa é a exposição da fragilidade absoluta dela", diz Iaconelli.
Para Dunker, "são pessoas que, no fundo, têm uma masculinidade frágil e que vão procurar uma reduçãobr loteriasmundo como uma espéciebr loteriasdefesa".
O pesquisador André Villelabr loteriasSouza Lima Santos diz que a frustração vem muitobr loterias"uma promessabr loteriasmeritocracia. De que você vai trabalhar, vai ganhar dinheiro, vai ter uma vida boa, vai se casar, vai ter filhos, aquela coisa bem script mesmobr loteriasfilme e, quando não se materializa no mundo neoliberal, vira ressentimento".
"Antesbr loteriasa gente pensar o que fazer com incels e outros grupos, a gente tem que pensar 'bom, o que a gente fazbr loteriasrelação às vítimas deles?'. Temos que conversar sobre raça, gênero, classe, desde criança, para justamente desnaturalizar e perceber que não tem nadabr loteriasnatural nos privilégiosbr loteriasantes."








